Bem Vindo

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sábado, 24 de março de 2012

Porto Alegre - Século XVII - Parte V (Em Montagem)

Cronologia- 1600/1699

Século XVII

Brasil Colônia

1600
Império luso-espanhol (1580-1640)

Em 17 de fevereiro de 1600, na Europa, Itália, em Roma Giodorno Bruno é condenado à fogueira pela Igreja por heresia.

Em 1601, no Brasil, a Bandeira de André Leão em busca de minas de prata.
Em 1602, na Ásia, o Império Otomano (atual Turquia) e o Império da Pérsia entram em guerra que durará até 1618.

A partir de 1602, no Brasil, Nordeste, há notícias de expedições comandadas pelo oficial português Bartolomeu Bezerra que resultaram na destruição de “Mocambos” (Quilombos) e na apreensão de alguns fugitivos.
Os manuscritos são de natureza pública, tratando-se de pareceres, alvarás e relatos de comandantes sobre estratégias de guerra, e pouco revelam detalhes do cotidiano Palmarino. Nos documentos, essas pessoas são chamadas de “negros alevantados”, principalmente por negros fugidos, na Serra da Barriga (AL).

Em 1603, Europa, Escócia, o rei escocês Jaime VI assume o trono, passando a se chamar Jaime I e a governar a Escócia e a Inglaterra.

Em 1603, no Brasil, a Expedição de Pero Coelho em busca de índios e segue pelo interior até 1605.

A partir de 1605, no Brasil, no Sul, Jesuítas provenientes de Portugal tentaram estabelecer reduções entre os índios Carijós e Patos, na região de Laguna (atual Santa Catarina), mas a ação dos bandeirantes aprisionando os indígenas e afastando os padres, destruiu as missões.

Em 1606, no atual continente da Oceania, os tripulantes de navio holandês são os primeiros europeus a avistar as terras da futura Austrália.

Em 1607, na América, no Norte, ingleses fundaram Jamestown, na Virgínia (atual EUA).

Em 1608, na América, no Norte, franceses fundam Quebec (no atual Canadá).

Em 1609, na Ásia, Portugal toma o Reino do Ceilão (atual Sri Lanka) dos holandeses.

Em 1609, na Europa, Kepler formula as leis do movimento planetário.

Em 1609, na Europa, Países Baixos, a Espanha concede independência as Províncias Unidas - Holanda.

Em 1609, na América, no Sul, na Província do Tape lado espanhol das terras do atual Brasil, os “Jesuítas” fundam as primeiras missões a margem do Paranapanema.

1610

Em 1610, na América, no Sul, do lado espanhol das terras do atual Brasil, são fundadas missões pela Companhia de Jesus nas margens dos rios Paraná, Uruguai e Iguaçu.

Em 1610, na América, Província do Paraguai, nas missões espanholas, a erva-mate foi praticamente excomungada por uma facção jesuíta, pois para o jesuíta Ruiz de Montoya era considerada a “erva-do-diabo” e para os Guaranis era a “erva-sagrada” ou “erva-de-Tupã”.

Em 1612, na Europa, Kepler desenvolve as lentes astronômicas para observação.

Em 1612, no Brasil, Daniel de La Touche, “Senhor de La Ravardiére” construiu um forte o qual foi dado o nome de São Luis, na ilha do Maranhão, em homenagem ao jovem rei francês, e declarou estabelecida a França Equinocial.

Em 1615, no Brasil, os franceses são expulsos de São Luis no Maranhão pelo exército luso-brasileiro, Daniel de La Touche é levado preso a Lisboa (Portugal).

Em 23 de agosto de 1617, na Europa, Inglaterra, Londres, foi criada a “primeira rua de mão única” do mundo.
Um decreto do Common Council foi aprovado com o objetivo de regulamentar a desordem e o comportamento grosseiro das carroças nas outras vias da cidade.

Em 1618, na Europa, na região da Boêmia, tem início conflitos religiosos entre “protestantes e católicos” que se espalham pela Europa (Guerra dos Trinta Anos).

1620

- Durante a união ibérica entre os reinos de Portugal e Espanha pela morte do jovem rei português, Dom Sebastião, e a partir de 1621 as Capitanias do Brasil foram agrupadas em dois estados:
- O Estado do Maranhão, com a capital São Luis,
- O Estado do Brasil, com a capital Salvador.
São criadas as Câmaras para ajudar na administração.

Em 1620, na América, no Norte, famílias de “católicos ingleses” desembarcam do navio May-flower à costa leste na Nova Inglaterra (atual Estados Unidos), começa a colonização inglesa na América.

Em 1621, na Europa, é fundada pelos holandeses a Companhia das Índias Ocidentais, com o objetivo de tratar dp comércio batavo em terras européias.

Em 1621, no Brasil, é criado o Estado do Maranhão (que inclui os atuais estados do Maranhão, Ceará, Amazonas e Pará) separados do Brasil.

Em 1624, no Brasil, no Nordeste, uma frota holandesa toma a Bahia de Todos os Santos, e lá ficam por um ano, até serem atacados em 1625, pelos espanhóis e capitularem.

Em maio de 1626, na América, no Sul, o pioneiro padre jesuíta Roque Gonzalez de Santa Cruz, chamado de o “bandeirante de Deus”, nascido no Paraguai, e outros espanhóis, partindo de Assunção, cruzaram o Rio Uruguai e penetraram a região chamada de Província do Tape, nesta região fundaram um rosário de povoados (18 no total) que seguindo a calha do Rio Jacuí, avançavam em busca do Guaíba e uma saída para o mar (oceano Atlântico).
A primeira fundação de redução (missão) foi a de “São Nicolau”, as margens do rio Piratini, afluente do rio Uruguai, assinalando oficialmente a chegada o homem branco ao território gaúcho.
Iniciaram o povoamento entre os rios Uruguay e Pardo, aldeando os Guaranis em direção ao oceano Atlântico.

Em novembro de 1628, na América, no Sul, no Continente de Tape (lado espanhol do atual Rio Grande do Sul) o padre Roque González foi trucidado pelos indígenas, mas sua obra teve continuidade pelos padres Pedro Romero e Cristovão de Mendonza, sendo eles que introduziram o gado, tendo adquirido em Corrientes no Vice Reino do Prata (atual Argentina), quinze mil cabeças do fazendeiro português Manoel Alpoim, chegaram a criar 40 mil cabeças de gado.

- Havia ainda muitas dúvidas a respeito da fixação da linha do Tratado de Tordesilhas. Para alguns geógrafos todo o território do Prata pertenciam a Coroa Portuguesa.

- No nordeste do Brasil já existem 235 engenhos de cana.

-Os padres jesuítas Romero e Mendonza foram supliciados e esquartejados pelos nativos.
Com eles e seu gado estão ligado o surgimento da “Vacaria dos Pinhais” (nos Campos de Cima da Serra) e da “Vacaria do Mar” (nas planícies costeiras vizinhas a Lagoa Mirim).

- Ataque em grande escala dos paulistas ao Guairá.

1630
Terras de Sant’Ana

Em 1630, no Brasil, no Nordeste, os holandeses atacam Olinda e Recife e ocupam a Capitania de Pernambuco.

Os primeiros anos (1630-1637), no Brasil, Nordeste, da ocupação holandesa, a guerra  marcou e provocou desordens no cotidiano dos engenhos de açúcar espalhados pela Capitania.
A Capitania do Pernambuco cobria parte dos atuais estados de “Pernambuco, Alagoas e Sergipe”.
Ali, depois de expulsar as tropas portuguesas, os holandeses se deparariam com a “resistência de escravos” que fugiam para as matas e formavam quilombos que desafiavam, com suas táticas de guerrilha, as habilidades militares desses temidos conquistadores.

- Moendas destruídas, tachos de cobre jogados aos rios e evasão de boa parte dos moradores daquelas propriedades facilitariam a fuga de muitos escravos.

- Um relatório oficial, enviado em 05 de janeiro de 1634, aos Países Baixos, narrava um dos episódios dessa guerra:
“O incêndio proposital de um navio de bom tamanho, vindo de Angola com 300 negros para Barra Grande, onde haviam sido desembarcados os negros”.

- Esses escravos, que chegavam num momento em que os holandeses tentavam se fixar em Pernambuco, deveriam ser distribuídos para as lavouras de cana-de-açúcar que ainda não haviam caído nas mãos da Companhia das Índias Ocidentais - WIC

- À medida que as tropas da WIC conquistavam o interior da capitania de Pernambuco, vários engenhos foram confiscados.
Daqueles trezentos cativos que desembarcaram no Sul de Recife, certamente alguns tomariam o rumo das matas fechadas.
Os fugitivos assaltavam propriedades e moradores do interior.
Os documentos holandeses os chamam “bosnegers” (negros da mata) e não é improvável que muitos deles tenham escapado para o quilombo de Palmares.
Uma vez ganhando as matas, os “bosnegers” não tardariam a ocupar as várzeas através de ataques-surpresa aos engenhos e casas de moradores do interior.

- Em Pernambuco, desde fins do século XVI, as fugas de escravos já causavam dores de cabeça ao poder local. Com a conquista holandesa, em 1630, esse problema apenas mudava de mãos.

As tropas da Companhia das Índias Ocidentais enfrentaram a guerra de emboscadas, estratégia dos escravos quilombolas, que usavam armadilhas, pequenos efetivos e operações pontuais. Era uma tática bem diferente do modelo de combate frontal entre grandes exércitos, comum na Europa. Os soldados holandeses deveriam conhecer bem a geografia local, para tanto contaram com a ajuda de “índios Tupi” (brasilianen) e Tapuias, recrutados no Rio Grande do Norte e Ceará.
Os índios conheciam os caminhos, as matas, os rios e podiam rastrear fugitivos.

- Após cinco anos de guerra contra os luso-brasileiros sitiados no Arraial Velho do Bom Jesus, os holandeses já podiam empregar a tática da guerrilha na busca de quilombolas.
Muitos escravos passaram para o lado holandês e serviram à WIC em diversos trabalhos. É possível que alguns deles tenham se tornado livres após três anos de serviço militar para a WIC.
Um ex-escravo, Manuel Fernandes, chegou a tornar-se, em 1635, soldado remunerado da companhia. Outros, ao contrário, permaneceram com os seus antigos senhores e ingressaram como soldados na resistência aos holandeses. Acreditavam que assim seriam soldados de sua própria liberdade.
Os soldados holandeses enfrentaram situações muito difíceis.  No inferno da guerrilha, segundo o cronista Diogo Lopes Santiago, “andavam muitos flamengos perdidos pelos matos, onde cada dia os matavam os negros que os encontravam”.
O curioso é que vários soldados desertores da WIC formariam, também nas matas, bandos de salteadores.

- Mesmo após o inicio da guerra holandesa, muitos escravos continuaram entrando em Pernambuco através de portos ainda não ocupados pelos batavos.

Em 1630, na América, no Sul, no Continente do Tape ou Província, lado espanhol do atual Rio Grande do Sul, a caá-i (em guarani) ou erva-mate (Ilex paraguaensis) já havia se transformado no produto mais lucrativo das Missões nos 7 Povos (o primeiro erval floresceu em Imembuí, atual cidade de Santa Maria). Conhecida como “Erva de São Bartolomeu”, a erva-mate dos jesuítas possuía aspecto, aroma e sabor inigualáveis, inveja dos fazedores de ervas paraguaios.

Conforme o Visconde de São Leopoldo, primeiro historiador gaúcho:
- Os rios Paraguai e Uruguai ficaram coalhados de barcas jesuíticas que partiam do Guairá, carregadas daquele mate (erva mate) em direção aos povoados vizinhos. Só nas vilas argentinas de Santa Fé e Corrientes, a exportação atingiu quarenta mil arrobas anuais.

- Os antigos reis da erva-mate platina não conseguiam produzir nada que se aproximasse do produto jesuítico. Ao mesmo tempo, não podiam suportar o amargo gosto do progresso da indústria ervateira das Missões. Foi então que apelando para os governos de Assunção e Buenos Aires, os chamados “encomenderos” conseguiram que fosse baixada uma ordenança limitando os jesuítas a uma exportação anual de 12 mil arrobas. Tal medida não foi suficiente para acalmar os ânimos.

Em fevereiro de 1630, no Brasil, no Nordeste, uma esquadra holandesa ataca e invade a Capitania do Pernambuco, conseguindo conquistar a Villa de Olinda, é criada a Nova Holanda.

- O inimigo dos portugueses no sul, são os espanhóis, em vez de franceses e holandeses no norte.
A partir da Capitania de São Vicente, em direção ao Rio da Prata, ficavam as terras chamadas de “Santana”, doadas a Pero Lopes de Sousa, que durante o século XVI ficaram abandonadas.

Depois de 1630, no Brasil, durante a ocupação do Nordeste pelos holandeses. Aproveitando a desordem provocada pela invasão flamenga, os “negros” fugiam das senzalas, indo se refugiar nos mocambos da região ao Norte da Serra da Barriga, no atual território de Alagoas.
A área era povoada por “palmeiras”, advindo daí a denominação do quilombo, que ao longo dos tempos cresceu, estendendo-se pelas ribeiras do Rio São Francisco, adentrando o Agreste Meridional e a Mata Sul pernambucana além dos limites do Cabo de Santo Agostinho.

- Nesse período, conforme escreveu José Antônio Gonsalves de Mello, bandos de negros promoviam ataques nos caminhos; eram os chamados “boschnegers”, ou negros da mata.
Contra eles se bateram capitães-do-mato brasileiros, já que os holandeses eram tidos como inábeis para tal função.
O “negro da mata” parecia não ser um negro qualquer porque, no tempo do Conde de Nassau (1637-1644), quem conseguia capturá-lo recebia um prêmio maior que o pago por um escravo comum.
Há divergências quanto ao número da população de Palmares nessa época. Estima-se que existiam entre 6 mil e 20 mil habitantes. A falta de “mulheres” foi um grande problema. Por isso se raptavam escravas e índias, sendo essa uma das causas dos constantes conflitos entre os palmarinos e os grupos indígenas das redondezas.

Barleus, autor de uma História dos feitos recentes praticados durante oito anos no Brasil, falava da existência de dois quilombos na Serra da Barriga:
- Palmares Grandes, deveria contar com uma população em torno de 6.000 pessoas, e,
- Palmares Pequenos, com uma população de 5.000 pessoas, segundo revelou o trabalho de espionagem realizado em 1637 pelo mulato ou mestiço Bartolomeu Dias, que tinha vivido entre os palmarinos.
No diário do Capitão Blaer escrito em 1645, há informes da existência de dois mocambos em Palmares. Um dos quais, designado por ele de “Velho Palmares”, teria sido abandonado pelos moradores porque estava situado em um terreno insalubre, dando margem para a fundação do Palmares Grandes. Esse povoado deveria contar com umas 200 casas e foi atacado pelas tropas do citado capitão, que contava com um efetivo de centenas de homens e com o apoio dos índios tapuias. Durante o ataque, cem palmaristas tombaram no campo de batalha e outros tantos foram capturados. Uma parte daquele povo conseguiu se embrenhar nas matas e como resposta passou a atacar as propriedades da vizinhança.

Dentro desse universo, diversos quilombos existiam, sendo o mais importante o mocambo chamado “Macaco”, espécie de capital de Palmares Grandes, populosa e fortificada.
Muitos estudiosos disseram que os quilombos foram a única via de resistência à escravidão. Entretanto, os quilombos não foram a única forma de protesto, como sugere o historiador Flávio Gomes. Segundo esse autor, olhar a história dos quilombos apenas por esse ângulo é não perceber o legado e a história deles, bem como a possibilidade de entender o “funcionamento das sociedades nas quais se estabeleceram”, as formas de domínio, transações, negociações, astúcias políticas, violências e experiências de vida.

Palmares, a exemplo de outras comunidades quilombolas surgidas no país, não vivia isolado. Sua capacidade de interação com outros segmentos sociais impressionou as autoridades e os proprietários de terra. Os mocambos desenvolveram atividades econômicas que interagiam com as economias locais. Pouco se sabe sobre as lideranças da localidade. Os relatos sobre aquelas figuras são os produzidos pelos comandantes das expedições que estiveram na área do quilombo com a finalidade de destruí-lo.
Os quilombolas conseguiram vencer as matas e paulatinamente foram tomando conhecimento da topografia da região. A princípio viviam da caça, da coleta e da pesca, mas, com o crescimento da população, passaram a praticar a agricultura (milho, feijão e cana-de-açúcar), comercializando esses produtos e trocando-os por armas e munições.
A comunidade palmarina era hierarquizada, havendo indícios de se tratar de uma “monarquia eletiva”, cujo rei ou “chefe de macacos” comandava os chefes dos outros mocambos.

Em 1633, na América, no Sul, Buenos Aires, o governador D. Pedro d’Ávila, pressionado pelo bispo de Assunção D. Cárdenas, proibiu totalmente a exportação da erva-mate missioneira por 20 anos.

- Quando novamente a caá-mini pode entrar livremente em Buenos Aires, aquele “foi o dia mais feliz que teve esta cidade” (conforme assegura Barbosa Lessa em sua História do Chimarrão).

Em 1634, na América do Sul, o padre jesuíta Cristobal de Mendonza Orellana (Cristóvão de Mendonza) introduz o gado nas Missões Orientais, o que vai justificar mais tarde o surgimento do gaúcho.

Em 1635, no Brasil, no Nordeste, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ocupa Recife para monopolizar o comércio de açúcar.

É provável que, a partir de 1635, no Brasil, Pernambuco, com a invasão holandesa, tenha havido uma diminuição brusca na importação de escravos para Pernambuco, pois todos os portos da capitania passaram para as mãos dos batavos.

Em 1635, no Brasil, a Expedição de Luis Dias Leme se dirige a Laguna e Rio Grande na América, no Sul Meridional, na Província de Tape.

Entre 1636 e 1638, no Brasil, São Paulo, comandada por Raposo Tavares, a primeira “Bandeira” (homem que impunha a bandeira – bandeirante) os “Piratas do Sertão” em direção ao Sul (atual Paraná e Rio Grande do Sul), eram escravagistas da caça ao índio e a busca por ouro; - em território da Província do Tape (lado espanhol, atual Rio Grande do Sul), inicia a destruição das 18 Reduções (Missões) jesuítas, os jesuítas são expulsos da região pelos bandeirantes, os índios que não foram mortos, foram escravizados (cerca de 40 mil).
Eram levados em filas de até 3 mil prisioneiros para venda até Sorocaba e São Paulo.

- O Gado Missioneiro deixado, uma parte foi escondido na Vacaria dos Pinhais, outro parte levaram para a atual Argentina na fuga e a maior parte se esparramou, logo tornado “chimarrão” ou “xucro”, que quer dizer selvagem. Graças ao padre Cristóvão Mendonza, esse gado que não tinha marca nem sinal também chamado “orelhano” e espalharia pelas coxilhas e serrarias do Continente de Tape, junto à chamada Vacaria do Mar, os animais se criaram soltos por 40 anos, servindo de alimentação para os povoados missioneiros na margem direita do rio Uruguai (atual Argentina).
No futuro dariam origem às estâncias e às charqueadas sulinas e ao próprio “Gaúcho”.

Em 1636, na América, no Sul Meridional, na Província de Tape, a expedição de Francisco Bueno chega aos vales do Taquari e Jacuí (atual Rio Grande do Sul).

- Cananéia (na costa de São Paulo), era o último ponto de ocupação portuguesa em direção ao Sul do Brasil.

Em 1636, no Brasil, Fortaleza (atual Ceará), é conquistada pelos holandeses.

Em 1637, no Brasil, no Nordeste, o Conde João Maurício de Nassau é nomeado governador-geral dos territórios conquistados pelos holandeses, outorgado pela Companhia das Índias Ocidentais, pelo período de 5 anos, Recife é a capital.

Até 1637, no Brasil, Pernambuco, uma das principais formas de inserção dos batavos no comércio de escravos era através do ataque a embarcações portuguesas que cruzavam o oceano Atlântico abarrotadas de “negros”.
Dessa maneira, muitos negros que eram vendidos em Nova Amsterdam na segunda década do século XVII, pela Companhia das Índias Ocidentais - WIC tinham originalmente nomes portugueses.
A maior comunidade quilombola representada pelos Palmares teria se formado em fins do século XVI e inicio do XVII. Ela surgiu, como observou o historiador Flávio Gomes, “com o mundo do açúcar do Brasil e posterior aumento do fluxo do tráfico negreiro”

- Entre os anos de 1570 e 1590, o número de engenhos pernambucanos havia praticamente dobrado, passando de 23 para aproximadamente 70. Para atender ao crescimento vertiginoso da produção, que respondia por mais da metade do açúcar consumido na Europa, foi necessário aumentar a mão-de-obra, que misturava escravos vindos da África centro-ocidental e nativos.
Em 1630, no Brasil, quando os holandeses invadiram a região, já existia mais de uma centena de engenhos, com alguns milhares de escravos.
O aumento da produção levaria os portugueses a incrementar o comércio de escravos. A invasão holandesa interrompeu o abastecimento de mão-de-obra para os engenhos pernambucanos, que antes de 1630 recebiam aproximadamente 4.000 escravos por ano.

- Maus tratos e fome faziam parte do cotidiano dos cativos das grandes lavouras açucareiras. Para remediar essa situação, foi permitido que os escravos plantassem suas próprias roças, nas quais se privilegiava o cultivo da mandioca. Essa prática atravessaria boa parte do período colonial. A farinha de mandioca seria o pivô numa luta entre moradores locais, tropas da Companhia das Índias Ocidentais e os escravos salteadores. Tudo isso pela escassez alimentar que iria marcar praticamente todo o período de permanência batava no Brasil.

- O Brasil era uma realidade nova que desafiava a racionalidade administrativa da WIC. Se na América do Norte, a companhia obtinha, sem muito esforço, lucros com o comércio de peles no Rio Hudson (na região do atual estado de Nova Iorque), no Brasil a sua atividade não foi tão fácil. Aqui, os holandeses não podiam escapar aos meandros de uma sociedade essencialmente escravista, na qual capturar quilombolas era quase tão natural como fazer comércio. 
Por serem onerosas, as capturas não era bem vindas aos princípios de uma companhia semi-privada.
Para os holandeses, era impossível vigiar as propriedades do interior, pois grande parte de seu efetivo estava quase sempre de prontidão para a defesa da costa.
Qualquer notícia de um eventual ataque ibérico – (vale lembrar que Portugal esteve sob o domínio espanhol, a chamada União Ibérica, de 1580 até 1640), causava uma espécie de paranóia que mobilizava todas as tropas para a costa.
Com isso, os moradores do interior ficavam desprotegidos. À medida que crescia a área conquistada pelas tropas mercenárias da WIC, crescia a vulnerabilidade desse território.
Ainda pouco adaptados, os holandeses perceberam que não poderiam prescindir da experiência de meio século dos luso-brasileiros na região.

Em 1638, no Brasil, Pernambuco, o madeirense João Fernandes Vieira conhecer da historiografia colonial, obteve da Companhia das Índias Ocidentais o direito de capturar escravos fugidos e traze-los às autoridades holandesas “para lhes serem vendidos a 130 reais a peça, no estado em que se achassem, fossem moços ou velhos, homens ou mulheres”

- Essa cooperação entre batavos e luso-brasileiros seria uma marca da política holandesa em relação aos “inconvenientes” da escravidão.
As duas partes lucravam: - A WIC obtia os escravos de volta, enquanto João Fernandes Vieira se tornava um dos homens mais ricos de Pernambuco.

Em 1638, no Brasil, Pernambuco, o Capitão Lodij, ajudado por índios, armou uma expedição e tentou avançar mata adentro para surpreender os mocambos do quilombo. O foco da ação seria o interior de Pernambuco em sua porção Sul, mais ou menos à altura da Vila de Porto Calvo – parte da conquista mais vulnerável aos ataques dos “bosnegers”.

Em 1638, no Brasil, ataque dos holandeses a Salvador (frustado) e a Sergipe (bem sucedido).

1640
Reino de Portugal

Em 1640, na Europa, Inglaterra, estoura a guerra civil.

Em 1640, na Europa, Portugal recupera sua independência de Castela (Espanha), e chega o absolutismo (centralizador) com a proclamação do Rei D. João IV, e funda a dinastia de “Bragança”.
A Colônia do Brasil perde poder administrativo.
É criado pela Corte de Lisboa o Conselho Ultramarino que centralizou a administração; para o Brasil foi nomeado governadores ou vice-reis.
As Câmaras perdem poder e o juiz vem nomeado da Corte, chamado “Juiz de Fora”.

- O Brasil é atacado por todos os lados pelo os mais variados interesses, principalmente a conquista e colonização das terras portuguesas, por espanhóis, franceses, ingleses, holandeses e os piratas.

Em 1640, no Brasil, os “padres jesuítas” são expulsos de São Paulo por se oporem a escravidão dos índios.

Em 1641, no Brasil, Maranhão, domínio holandês da região.

Em 1641, no Brasil, no arroio M’bororé, índios Guaranis entram em conflito com bandeirantes e vencem o confronto, matando mais de 200 mamelucos.

Em 1641, no Brasil, viajando ao sul de Pernambuco para visitar as guarnições que se encontravam até o Rio São Francisco, o conselheiro político holandês Adrien van Bullestrate foi informado um morador na altura do rio São Miguel que o interior, além de desabitado, estava exposto aos “ataques de negros” e outras moléstias. 
Correspondendo ao Norte do atual estado de Alagoas, era uma região rica em peixes, gados soltos e roças de mandioca.

- Alguns moradores dessa área pediam que as autoridades holandesas permitissem que índios aldeados (submetidos à autoridade colonial) morassem na região para que tivessem aliados no combate aos quilombolas.
De acordo com o Relatório de Bullestrate, “todos os moradores queixam-se de que diariamente alguns negros invadem suas roças e plantações e levam tudo quanto podem”.

- As reclamações dos atacados pelos “negros da mata” era um sintoma de que nem tudo ia bem no governo de Mauricio de Nassau (1637-1644).
A situação de insegurança nos campos contrastava com o que se via na Cidade Maurícia, construída junto ao Recife e rodeada de fortificações.
De um lado, tínhamos uma corte renascentista que recebeu intelectuais de diversas áreas. Do outro, uma situação de constante tormento.

- É bem verdade que foi durante o governo de Mauricio de Nassau que a Companhia das Índias Ocidentais - WIC conseguiu retomar a produção de açúcar, ocupar a cidade de Luanda, em Angola, empreendendo um vultoso comércio de escravos no Atlântico Sul e aumentar ao máximo os territórios conquistados.

- Os ataques quilombolas, entretanto, não foram contidos: - contra os “bosnegers” não havia manual de guerra que desse jeito.

Em 1641, no Brasil, no Sul, Expedição de Jerônimo Pedroso de Barros até a Banda Oriental do Prata (atual Uruguai).

Em 1642, na Europa, Blaise Pascal inventa uma máquina de calcular.

Em 1642, na América, no Norte, os ingleses fundam Montreal (capital do atual Canadá).

Em 1644, na Ásia, China, o imperador Ming se suicida, encerra-se a dinastia Ming e sobe ao trono a dinastia Qing.

Em 1644, no Brasil Holandês, no Nordeste, Maurício de Nassau renuncia ao cargo de governador-geral.

Entre 1644/ 1645, no Brasil, expedições holandesas contra o reduto de Palmares.

Em 1645, na Europa, em Portugal, foi conferido pelo Rei D. João IV ao filho Teodósio, o título de “Príncipe do Brasil”, que daí por diante passou a ser usado por todos os herdeiros presuntivos da Coroa.
Tendo o Brasil elevado a principado recebeu como emblema a “Esfera Armilar as Coroa”.

Em 1645, no Brasil, Pernambuco, a expedição do capitão Jan Blaer atingiu alguns mocambos na região palmarina, os holandeses já estavam no Brasil há quinze anos.
A chegada aos “domínios dos quilombolas” deixou-os impressionados com as roças de mandioca e feijão, sem contar as armadilhas dispostas pelo caminho.
Encontraram e destruíram o que julgavam ser o “Palmares Novo”.
Mas outros palmares haveriam de surgir e desaparecer até sua destruição definitiva, em 1694.

Entre 1644/1646, na América, no Sul, Expedição de Fernão Dias Pais por todo o território da Banda Oriental (atual Uruguai).

Em 1648, na América, no Sul, Expedição de André Fernandes até a atual Santa Fé (Argentina).

Em 1648, no Brasil Holandês, no Nordeste, na Batalha dos Guararapes cerca de 2.500 luso-brasileiros vencem as forças de 5.000 holandeses, mas não os expulsam.

Em 1649, na Europa, Inglaterra, o Rei Carlos I é decapitado sob acusação de traidor, assassino e inimigo do povo.
A Grã-Bretanha é declarada um Estado livre; o Conselho de Estado passa a tratar dos assuntos de Governo.

Em 1649, na Europa, Portugal, Lisboa, é criada a Companhia Geral de Comércio do Brasil.

Em 1649, no Brasil, acontece a Segunda Batalha dos Guararapes contra os holandeses.

1650

Em 1650, na América, no Norte, os franceses iniciam a colonização do Canadá.

Em 1650, no Brasil, no Sul, dizem que o capitão-mor de Paranaguá, Antônio Babosa de Soto-Maior, teria vindo ao Continente de Viamão, depois Campos de Viamão, designando a região das terras do norte da atual Porto Alegre ao rio Mampituba.

Entre 1648/ 1651, no Brasil a Expedição de Raposo Tavares percorre 12.000 quilômetros território à dentro.

Em 1651, na Europa, Inglaterra, é proibida a entrada de “produtos que não sejam transportados por navios britânicos”. A medida visa enfraquecer o porto de Amsterdã na Holanda, o maior da Europa.

Em 1652, na Europa, holandeses impedem que ingleses revistem um de seus navios, Inglaterra declara guerra a Holanda. Os combates durarão dois anos.

Em 1653, na Europa, a Inglaterra passa a ser governada por um lorde protetor, Oliver Cromwell, um Conselho de Estado e um Parlamento Eleito.

Em 1654, no Brasil, Nordeste, acontece a rendição dos holandeses com o armistício da Campina do Taborda, se retiram da Villa do Recife e Olinda, reconquistada pelos portugueses.

Em 1654, no Brasil, Nordeste, com a capitulação dos holandeses, os “negros palmarinos” continuaram a desafiar, agora, o poder colonial português.

Em 1655, na Europa, Portugal, em Lisboa, a Coroa concede aos Jesuítas o poder secular para administrar suas reduções (missões).

Em 1655, na América, no Caribe, os ingleses conquistam a Jamaica aos espanhóis.

Em 1658, na Europa, Portugal, a Coroa decreta o monopólio do “Sal” a seu favor.

1660

Em 1660, na Europa, França, foi criada a primeira “Sorveteria” do mundo em Paris.

Em 1661, na Europa, França, Luis XIV é coroado rei, conhecido como “Rei Sol”.

Em 1661, na Europa, Portugal, a Corte indeniza com 4 milhões de cruzados as Províncias Unidas (Holanda) que deixa em definitivo o Brasil.

Em 1661, no Brasil, Expedição de Fernão Dias Pais pelas regiões de Espanha, no antigo Guairá (atual Paraná).

Em 1668, na Europa, a Espanha concede a Independência a Portugal.

Em 1668, na Europa, Isaac Newton desenvolve o telescópio de espelho plano.

Entre 1669/1673, no Brasil, no Sul, é fundado pelo bandeirante paulista Francisco Dias Velho, a povoação de Nossa Senhora do Desterro, da Ilha de Santa Catarina, na Capitania de Sant’Ana, importante porto natural de aguada e abastecimento das frotas que demandavam ao extremo Sul do Brasil e ao Rio da Prata, marcando o domínio português sobre o território que era reivindicado pelos espanhóis.

- É criado Feitoria ou povoado de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), desmembrando-a de Laguna. Seus limites originais compreendiam ao norte a Enseada das Garoupabas (Rio Camboriu), ao sul a Ponta do Ouvidor (Garopaba) e o planalto até as proximidades da atual cidade de Lages.

1670

Até 1670, o Brasil é o “maior produtor de açúcar”; com a concorrência das Antilhas, Portugal perdeu sua fonte de lucro, assim é incentivada a procura das minas de ouro e a penetração para dentro do continente.

As diferenças no Brasil Colônia, na região litorânea:
- O Norte se desenvolveu mais rápido com grandes propriedades, trabalho feito por escravos negros, grande criação de gado, inicio da cultura do fumo e da pesca da baleia, comércio bastante ativo com a Europa.
- O Centro da Colônia, a busca das Bandeiras por metais preciosos, escravos, e aventuras, desenvolveu o quase vazio território em guerras entre portugueses e espanhóis.
- O Sul foi mais lento, pequena lavoura de subsistência, trabalho feito por escravos índios, captura de gado solto das reduções jesuítas, busca a metais e pedras preciosas, o comércio se desenvolveu com a região espanhola no Prata, não havia fixação na terra.

Nos anos de 1670, no Brasil, o apogeu do “Quilombo dos Palmares”, duas expedições contra Palmares não cantaram vitória:
- 1675, chefiada pelo capitão Manoel Lopes Galvão,
- 1677, comandada pelo capitão Fernão Carrilho, que pensou ter derrotado os negros, quando na verdade apenas pôs as mãos em alguns palmarinos, entre eles os parentes do chefe Ganga-Zumba.
Com essa façanha, o governador pernambucano Aires de Sousa conseguiu pressionar o dito chefe, firmando em 1678, o “acordo do Recife”, que concedia:
- Alforria aos nascidos em Palmares,
- A desocupação da área num prazo de três meses para viverem nas terras concedidas pela coroa em Cucaú, na ribeira dos rios Sirinhaém e Formoso.
Nessas terras, ficava assegurado aos ocupantes o direito de participar do comércio com os vizinhos e dos foros de vassalos do rei de Portugal.

- Algumas lideranças de Palmares não aceitaram esse acordo, gerando cisões e inaugurando uma nova fase na história daquelas comunidades com o surgimento de uma nova liderança – Zumbi

Em 1672, no Brasil, no Centro-oeste, o português, Pascoal Pais de Araújo explora o Rio Tocantins no interior do território.

Em 1674, no Brasil, Expedição de Fernão Dias Pais pelo sertão de Sabarabuçu (em Minas Gerais) em busca de esmeraldas.

Em 1674, no Brasil, no tempo de D. Pedro de Almeida (1674-1678), governador de Pernambuco, foi posto em atividade todo o empenho para destruir o quilombo de Palmares. Organizaram-se algumas forças contra os “mocambos”. Para isso, munições bélicas e víveres foram estocados em Sirinhaém, Porto Calvo, Una e São Francisco, pontos eqüidistantes do Centro de Palmares. As lutas foram acirradas, havendo baixas em ambos os lados.
Em um desses combates, o líder Zumbi foi ferido, mas conseguiu fugir.
O cansaço e o estrago causados às tropas fizeram-nas recuar, trazendo consigo alguns prisioneiros.

Em 1675, no Brasil, no Nordeste, é encontrado “jazidas de ouro” no Rio São Francisco.

Em 22 de janeiro de 1676, na Europa, Sacro Império Romano, a “Bula Romano Pontificis”, cria o bispado do Rio de Janeiro, dando-lhe como limite austral a Bacia do Prata.

Em 1678, no Brasil, no Nordeste, na Capitania de Pernambuco, Zumbi assume a chefia do Quilombo dos Palmares, a maior e mais desenvolvida colônia de escravos fugidos em território do Brasil.

Por volta de 1678, no Brasil, na costa Sul, Domingos Brito Peixoto descobriu a laguna que dará origem ao povoado de Santo Antônio dos Anjos de Laguna (Santa Catarina).

Em 04 de fevereiro de 1678, no Brasil, em uma carta escrita pelo governador D. Pedro de Almeida ao regente de Portugal D. Pedro, consta que, por ocasião dos ataques contra Palmares que resultaram na morte de Ganga-Zumba, suas mulheres, filhos e “cativos”, abriu-se a possibilidade de se pensar na inexistência de um “igualitarismo” em Palmares, dada a vigência da escravidão nos quilombos. 

Em 1679, no Brasil, o controverso padre jesuíta Antônio Vieira inicia a publicação de seus “Sermões”.

Em 1679, no Brasil, no Sudeste, por ordem d’El Rei D. Afonso VI, o governador do Rio de Janeiro, Dom Manuel Lobo, partiu para o Sul, a partir da Colônia de Sant’Ana (Rio Grande do Sul) para fundar uma colônia fortificada na margem setentrional (norte) do grande rio (Rio da Prata).

1680

- Até este momento a região de Santos (SP) até a foz do Rio da Prata (Uruguai), por quase dois séculos foi deixado em quase total estado de abandono, tanto por Portugal, quanto Espanha. Agora se inicia os conflitos armados e diplomáticos pela Província Oriental do Rio da Prata.

Em 20 de janeiro de 1680, na América, no Sul, do lado oriental do Rio da Prata, no Sul Meridional, os portugueses para estenderem suas posses muito além da linha do Tratado de Tordesilhas (1494), e proteção das fronteiras, é criada por Dom Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro, uma colônia fortificada na pequena ilhota chamada de São Gabriel em terras de Espanha, surgia a Colônia do Santíssimo Sacramento (no atual Uruguai) na margem esquerda do Rio da Prata, de frente para Buenos Aires (1580), espanhola, com objetivo de expansão militar lusa (portuguesa) e de contrabando no Rio da Prata.
Este povoado do Sacramento, fundado por portugueses e dominado por espanhóis está ligado à história da Argentina, Uruguai, Paraguai e do Sul do Brasil, é a capital histórica do MERCOSUL.

- A nova fortaleza é atacada pelo governador espanhol de Buenos Aires D. José de Garro junto a três mil índios missioneiros em seu exército, que captura Manuel Lobo, governado português, que morreria pouco depois no cativeiro.

- Num primeiro momento a Coroa Portuguesa estava interessada no lucrativo contrabando no Prata, mas com o tempo a Coroa viu com bons olhos a possibilidade de povoar e tomar posse definitiva do território que se estendia ao sul de Laguna até Sacramento. Portugal queria conquistar e colonizar terras com o marco indefinido. Foram 97 anos de lutas diplomáticas e guerras abertas pela fixação da fronteiras.
Era mais difícil para a Coroa Espanhola administrar, pois seus territórios eram maiores e vinham desde a América do Norte até o Sul.
O palco no qual vai se desenvolver nossa história está vazio quando chegam os primeiros colonizadores europeus, no início do século XVIII.
Os Guaranis não possuem mais aldeias estabelecidas nos Campos de Viamão (área entre o rio Guahyba e o rio Tramanday), pois estas tribos já haviam subido o rio Jacuy e a encosta do Planalto, fugindo dos caçadores de escravos.
Conforme Leonardo Truda (1928):
“...o choque de predador contra predador, de contrabandista contra contrabandista, de colono contra colono na zona indecisa de fronteiras se transfere para o campo diplomático e militar, agita as chancelarias, move os exércitos e dá origem às guerras platinas.”

- A situação de guerras e conflitos armados e tratados se prolongaria por cerca de 120 anos, com avanços e retrocessos das linhas demarcatórias, entre Portugal e Espanha. Toda a atenção está voltada para o Rio da Prata e os territórios orientais da Capitania de Santana. No cruzamento dos interesses entre o gado solto “xucro” e o contrabando, foram sendo concedidas terras em “sesmarias” tanto a tropeiros quanto a soldados que quisessem afazendar (formar uma fazenda).

Em 1681, na Europa, França, é inventada a “panela de pressão” por Denis Papin, que lhe deu o nome de “novo digestor”.

Em 07 de maio de 1681, na Europa, Espanha, em Badajoz, é assinado o Tratado Provisional que determinou que a Colônia de Sacramento a “cidadela da discórdia” na região do rio da Prata fosse devolvida a Portugal. - Assim se fez.

Em 1682, na Europa Oriental, Alexandre “O Grande” torna-se czar de todas as Rússias.

Em 1682, na América, no Sul Meridional, na Província de Tape (lado espanhol do atual Rio Grande do Sul), para deter o avanço lusitano (português) na região em direção ao Rio da Prata, enquanto os bandeirantes estão ocupados com o ouro e as pedras preciosas das Gerais (atual Minas Gerais), esquecendo os índios, os espanhóis determinaram a fundação dos Sete Povos das Missões pelos padres Jesuítas da Companhia de Jesus, restauraram São Nicolau e fundaram São Francisco de Borja, hoje a cidade de São Borja, o mais antigo núcleo urbano do Rio Grande do Sul, São Luis Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Martin, São João Batista e Santo Angelo Custódio, a margem esquerda do rio Uruguai, este aldeamento foi mais pujante e dramática que a primeira em 1626, dos quais 7 prosperaram que se tornaram os 7 Povos das Missões.

- As Missões Guaranis foram o berço do progresso nesta região, havia:
- Fundição de ferro, obras arquitetônicas, esculturas, partituras, instrumentos musicais, experimentos agrícolas, estâncias, curtumes, pomares, ervais, vinhedos – tudo floresceu nas reduções (missões), e por um século o único negócio a dar certo nos verdejantes rincões do atual Rio Grande do Sul.

- Esta segunda encarnação das Missões lançou a base da primeira indústria rural a vingar, a da erva-mate.
O que seria do atual Rio Grande do Sul, caso, a chamada “Utopia Guarani” houvesse vingado, seria uma província autônoma, um império teocrático, uma república comunista e cristã, um paraíso terrestre ou um espécie de campo de concentração de luxo para os guaranis aculturados.
Os Guaranis estavam pressionados de um lado com os implacáveis bandeirantes portugueses paulistas e do outro os espanhóis, só lhes restava os jesuítas.
Mas esta utopia não seria luso-brasileira ou castelhana, pois como teria dito o guarani Sepé Tiarajú:
“Esta terra tem dono.”

- Dos chamados 7 Povos, o maior e mais fulgurante foi a Redução de São Miguel, que, além de uma estância de criação de gado com dois milhões e quinhentos mil hectares, possuía uma fabulosa igreja, cujo projeto foi feito pelo jesuíta e arquiteto italiano Gian Battista Primoli (1673-1747).

Em 1683, na Europa, acontece novo cerco turco sobre a cidade de Viena, capital do Império Austríaco.

Em 1684, no Brasil, Maranhão, Revolta de Manuel Beckman, o “Bequimão”, motivada principalmente pela concessão do monopólio do comércio da região a uma companhia portuguesa e pela proibição da “escravização dos índios”.

Em 1684, no Brasil, no Sul, para apoiar militarmente a Colônia de Sacramento é fundado por Portugal o povoado de Santo Antônio dos Anjos de Laguna (Santa Catarina), na “esquina do Atlântico Sul”, no último porto natural antes que se inicie a temida costa do Continente de São Pedro.
A povoação é iniciada por Domingos de Brito Peixoto, seu filho Francisco Brito Peixoto foi nomeado capitão-mor da região do “Rio Grande de São Pedro”.

Em 1687, na Europa, é fundada a Dinastia Austro-Húngara, unindo a Áustria (influência germânica) e Hungria (eslava) em um só Império.

Em 1687, na Europa, Inglaterra, após experiência, Isaac Newton formula a “Teoria da Gravitação Universal”.

1690

- No Brasil os lagunenses partem em longas marchas por terra rumo ao Sul, fincando estâncias entre as dunas e o cordão de lagoas litorâneas. Seu objetivo é apoderar-se da estreita “barra” por onde a Laguna dos Patos joga suas águas contra o oceano Atlântico.
São dois movimentos antagônicos e em pinça – o avanço espanhol das reduções (missões) em direção a Lagoa de Viamão (Guaíba) e os portugueses pela ocupação da costa litorânea (Vacaria do Mar) em avanço para o interior do continente.

- No século XVII, a população do Brasil não passava de 100 mil pessoas, nas capitanias onde funcionavam os engenhos o número de negros era maior que o de índios.

Em 1690, no Brasil, no Sul, está estabelecida a ligação por terra junto ao litoral entre Laguna e Sacramento no rio da Prata, o Caminho da Praia e da Vereda das Missões, descobriu-se a riqueza do gado da Vacaria do Mar na Capitania de São Pedro. Imediatamente tropeiros começaram a levar este gado pelo litoral até Sorocaba, na Capitania de São Paulo.

- Muitos moradores de Laguna, candidatam-se às sesmarias que a Coroa Portuguesa estava distribuindo nos Campos de Viamão (três destas seriam divididas e dariam origem no que hoje é a cidade de Porto Alegre).
O elemento que fixou a população desde o sul de São Vicente (SP) até os Campos de Viamão (RS) foi o Gado (pecuária).
O comércio da Capitania de São Pedro era feita, sobretudo com os espanhóis da região do Rio da Prata, onde produtos agrícolas e escravos eram trocados por prata peruana.

Em 1694, no Brasil, montada na Bahia a “primeira” Casa da Moeda.

Nos fins de 1694, no Brasil, no Pernambuco, ao Norte dos Alagoas, entendia-se que a aniquilação de Palmares era um assunto que merecia atenção.
Nesse ano, foram atacados os “mocambos” de Una, Catingas, Pedro Capacaça e Quiloange, ocasião em que cerca de duzentos negros foram presos.
As tropas chegaram a localizar o esconderijo de Zumbi, mas ele conseguiu fugir a tempo, reorganizando nas matas a resistência.
O aniquilamento de Palmares figurava entre os diversos planos do governo de Caetano de Melo de Castro (1696-1699), que contratou os serviços do experiente bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, que residia no Piauí, para aniquilar os mocambos da Serra da Barriga.
As tropas militares partiram de vários pontos e conseguiram, depois de obter informações, localizar a Serra de Dois Irmãos, onde se encontrava Zumbi.

Em 20 de novembro de 1695, no Brasil, em Palmares nas Alagoas, apesar de protegido, Zumbi foi morto em combate.
Sua cabeça foi cortada e enviada ao Recife.

- A carta do governador Melo de Castro ao monarca datada de 24 de junho de 1696, dava ciência dessa façanha, relatando a guerra e a morte de Zumbi, cuja cabeça foi exposta como troféu de guerra em um mastro “no lugar mais público” do Recife, na tentativa de satisfazer os patrocinadores da guerra, como também para “atemorizar os negros que supersticiosamente” se recusavam a acreditar na morte do líder negro.
Julgavam-no “imortal”.

- Zumbi morto? - Impossível.
Muitos criam que um deus da guerra não pode morrer.

- Após a destruição de Palmares, os soldados foram recebidos com honras pelo governador e as terras do quilombo foram posteriormente aquinhoadas em lotes no regime de sesmaria e distribuídas entre os que participaram do cerco ao dito quilombo.  

- A tomada de Palmares e o assassinato de seu principal líder, Zumbi, não puseram fim às atividades quilombolas na região. Uma parte da população migrou para as capitanias vizinhas e a outra passou a viver no entorno do antigo quilombo.

- Cartas do governador pernambucano Fernão Martins Mascarenhas de Lancastre (1699-1703) ao rei português D. Pedro II relatam a existência de um “reduto negro” na antiga região de Palmares comandado por Camoanga, que se recusava a cumprir uma promessa feita ao bispo Francisco de Lima (1695-1704) de se “reduzir”.

Em 1697, no Brasil, nas Minas Gerais, são descobertas as primeiras jazidas de ouro em Villa Rica (atual Ouro Preto).

Em 1699, na América, no Norte, os franceses iniciam a colonização da Louisiana (no atual sul dos Estados Unidos).

Continua na Parte VI

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