Bem Vindo

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sábado, 24 de março de 2012

Porto Alegre - 1750 à 1775 - Parte VII (Em Montagem)

Cronologia- 1750/1775

1750
Chegada dos Casais Açorianos

Em 1750, na Europa, Grã-Bretanha, fazendeiros cercam suas terras para agricultura e criação de gado, o sistema de “cercados”. Intensificam-se o uso do arado puxado por animais e o fornecimento de matérias-primas para manufaturas.
São os primórdios da Revolução Industrial.

Em 1750, o Brasil produz a metade do ouro obtido no mundo inteiro.

- Os reinos de Portugal e Espanha pelo Tratado de Madri, determinavam que cada reino, conservaria as terras que já tivesse ocupado pelo princípio do “Uti Possidetis” (aquilo que possuis), pertenceria o território a quem efetivamente provasse sua ocupação.
A Coroa Portuguesa consegue que a região chamada Sete Povos das Missões, região contígua do Rio Grande seja incorporada aos seus domínios e resolve enviar colonos açorianos para povoá-la, e a Colônia do Santíssimo Sacramento volta à Espanha.
Era necessário reforçar a autoridade e o contingente populacional das povoações existentes nas áreas em disputa, Sacramento e Rio Grande pelos portugueses e Maldonado e Montevidéu pelos espanhóis.

- Os Índios Guaranis seriam retirados das Missões Jesuíticas para evitar revolta, Colonos Açorianos seriam colocados na região no lugar dos índios. As Missões contavam com uma população de 30 mil almas, com férteis plantações e construções notáveis.
Os padres jesuítas espanhóis não se conformam com a troca e os índios missioneiros se revoltam, algumas tribos aceitaram se deslocar para outras regiões outros não. Vai começar a chamada Guerra das Missões ou Guerras Guaraníticas (1754-1756) e os açorianos que estavam a caminho das terras tiveram de esperar.

As Reduções ou Missões foram à experiência mais brilhante da comunidade cristã (jesuítica) no Novo Mundo.”

- A disputas pelo controle da região eram por terras que originalmente pertenciam à Espanha, mas que era cobiçado pelos luso-brasileiros do sul.

- Em Portugal, o Marquês do Pombal, governa como 1º Ministro do Rei D. José I. Impõem-se à nobreza e a Igreja através de uma política de repressão, com o fortalecimento do poder monárquico e redução dos privilégios.
Consegue, com sua política, reorganizar a economia e a monarquia jurídico-administrativa portuguesa.
Coloca sua marca na reconstrução da capital Lisboa após o grande terremoto de 1755.
Expulsa os jesuítas do Império Português.
Ordena a queima de teares nas Colônias, que levou ao confisco e queima dos teares trazidos pelos açorianos.

Em 26 de outubro de 1750, no Brasil, no Rio de Janeiro, foi criado por Alvará Régio na Capitania de Santa Catarina a Freguesia de São José da Terra Firme (São José) de origem açoriana, pertencente ao Termo da Vila de Desterro (Florianópolis).

Em 1750, após a assinatura do Tratado de Madrid, na Europa, Portugal, o governo de Lisboa ordenou ao governo da Capitania de Santa Catarina que mandasse para o continente, particularmente para o povoado da Lagoa do Viamão, no Porto do Dorneles uma leva de casais dos que estavam a chegar. Era governador Manuel Escudeiro de Souza que recebia as famílias açorianas no Porto do Desterro (atual Florianópolis), vindos das ilhas do Arquipélago do Açores e da ilha da Madeira, que se dirigiam para o Sul do Brasil, para então distribuí-las.
Neste período desembarcaram na ilha de Santa Catarina mais de 6.000 homens, dos quais 4.000 fixaram-se no litoral catarinense, os demais foram reembarcados para a Capitania do Rio Grande de São Pedro.

Em abril de 1751, em meados, no Brasil, na Capitania de Santa Catarina, o governador Manuel Escudeiro de Souza querendo antecipar a ordem e agradar ao El’Rey enviou um grupo de casais dos radicados em Terra Firme (atual São José – SC) e não esperou a nova leva e comunicou sua resolução a Corte, este porém não gostou e censurou:  
- “Mas pareceu dizer-vos que não fizeste bem em mandar para o Rio Grande os casais que já estavam estabelecidos em outra paragem, nem esta é a ordem que vos deu por não ser da Minha Real intensão esta espécie de violência...” (carta de 22 de março de 1752, conf. Walter Spalding – Traduções e Supertições, págs. 14 e 15).

- Os casais partiram da Villa de Desterro (Florianópolis) um grupo de açorianos, cujos nomes ainda são ignorados. Ao aportarem no final do mesmo mês a Villa de Rio Grande, estavam descontentes com a arbitrariedade do Governador, resolveram desembarcar naquele porto, espalhando-se em seguida pelo interior.
Somente um casal decidiu seguir até o Porto do Dorneles (na Lagoa do Viamão) na península (atual Porto Alegre) era a família de Francisco Antônio da Silveira, o futuro “Chico da Azenha” o primeiro açoriano a chegar as terras de Porto Alegre.

- Seu lote de terras se localizava na sesmaria de Sebastião Chaves Barcelos além do Rio Jacareí (arroio Dilúvio), ali construiu sua casa (local do antigo Cine Castello) e sua futura azenha de moagem do trigo junto ao riacho (local do Hospital Ernesto Dorneles). Plantou trigo e outras culturas por toda a região desde as margens do Rio Jacareí até os altos (na atual Colina Melancólica, região dos cemitérios).

- O contrato da Coroa com o agenciador Feliciano Velho Oldenberg, exigia:
- A remessa de gente apta para o trabalho,
- Quanto possível moça,
- Principalmente muito sã.
Apesar disso, velhos, enfermos e aleijados eram enviados a Santa Catarina, com as primeiras levas (1749-1751) o que fez o governador de Santa Catarina Manoel Escudeiro de Souza reclamar.
Com os açorianos do contrato juntaram-se os casais vindos anteriormente como simples imigrantes-colonos, desde a fundação de Rio Grande em 1737, por Silva Paes.

No final de 1751, no Brasil, Capitania de Santa Catarina, chega nova leva de casais açorianos, desses o governador Manoel Escudeiro de Souza que distribuía os casais açorianos para o Sul do Brasil, escolheu a leva que de acordo com as ordens reais, e a embarcasse para o Porto do Dorneles, encarregou o Tenente Francisco Barreto Pereira Pinto para trazer, casais açorianos em número de 60, aproximadamente 300 pessoas, para a Capitania do Rio Grande de São Pedro (atual Rio Grande do Sul).

Em janeiro de 1752, no Brasil, Capitania de Santa Catarina, os 60 casais açorianos (aproximadamente 300 pessoas) faziam vela para o Extermo Sul na “nau Nossa Senhora da Alminha”, seguindo uma tradição.
Mas o conflito com os índios Guarani nas Missões manteve os açorianos retidos aguardando na Villa do Rio Grande, na costa do litoral atlântico, vindos do Desterro em Santa Catarina, por ordem de Gomes Freire de Andrade, general das forças de operações para execução do Tratado de Madrid (1750), representante d’Rey de Portugal nos trabalhos demarcatórios.

- Para ajudar na construção de barcas para conduzir as tropas lusas à região missioneira os açorianos foram transferidos para o Porto d’Ornellas (Dornelles, atual Porto Alegre) na lagoa do Viamão.

Em abril de1752, no Brasil, no Sul Meridional, no Continente do Tape, nas Missões, pelo Tratado de Madri (1750) mediante Portugal sederia a Colônia de Sacramento (atual Uruguai) à Espanha em troca das reduções “orientais” (Missões), os índios Guaranis e os padres Jesuítas deveriam se retirar da região das Missões para a margem oriental do Rio Uruguai (atual Argentina), o que não foi aceito, e resistiram à expulsão dos portugueses, e rebentou a Guerra Guaranítica que durou 4 anos.

Porto Alegre vai Nascer.”

Em 19 de outubro de 1752, no Porto do Viamão ou d’Ornellas (atual Porto Alegre), nas terras de Jerônimo de Ornellas, chegaram “60 milicianos” da tropa do coronel Cristovão Pereira de Abreu, comandados pelo capitão Matheus de Camargo Siqueira (a primeira tropa que se instalou em Porto Alegre, após a chegada dos casais açorianos), para dar assistência aos habitantes, que foram destacados para construir barcos junto a Lagoa do Viamão (Lago Guaíba) que levassem tropas lusitanas e os Casais Açorianos as terras que deveriam ocupar na região das Missões.
Destes 8 eram “negros” (talvez os primeiros da região).

- Junto com os milicianos veio um capelão militar nomeado, da Ordem Carmelita, Frei Faustino Antônio dos Santos Alberto Silva para servir de capelão aos casais das ilhas, foi erguida uma pequena capela, com a invocação a “São Francisco Xavier”, homenagem ao santo jesuíta.

Em 23 de novembro de 1752, no Porto de Viamão (atual Porto Alegre), se lê na Provisão de Gomes Freire de Andrade:
“Fico entregue de 60 pessoas que consta na lista acima, todos com suas armas e assim mais oito machados, sete facões, dois caldeirões e cinco tachos, dois surrões de bala e um dito de munição que de tudo conta como também de um barril de pólvora encapado e outro encestado o que recebi do coronel Cristovão Pereira de Abreu.”
Margem do rio de Viamão, 23 de novembro de 1752.
(Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul)

Porto do Viamão
Do Além Mar, “depois de 80 dias de viagem” e passagem por vários povoados no Sul do Brasil, os Açorianos aqui chegaram ao Porto d’Ornellas à Lagoa do Viamão (Lago Guaíba) vindos das ilhas do Arquipélago dos Açores, principalmente São Jorge, Faial e Terceira, e alguns madeirenses (Ilha da Madeira) fugindo da carestia e colheitas frustradas.
Das mil famílias das ilhas que atravessaram o Atlântico, algumas aqui aportaram, eram 60 Casais Açorianos, que desembarcaram da nau Nossa Senhora da Alminha no Porto do Viamão (atual Porto Alegre) na lagoa no lado norte da península, junto ao espigão no ancoradouro do Porto d’Ornellas (cuja variante do sobre nome, d’Ornellas, resultou no nome do Porto Dornelles) nos fundos da sesmaria de Jerônimo de Ornellas Meneses e Vasconcellos, no porto natural junto à atual Praça da Alfândega (atual coração de Porto Alegre).
Os açorianos tinham dois objetivos estabelecidos pela Coroa Portuguesa:
- Plantar trigo,
- Ocupar os Setes Povos das Missões.

- Desses 60 casais, conservamos os nomes de 59 homens, eram eles:
Gregório Gonçalves, Gregório Machado, Francisco Pereira, Bernardo Machado, Manoel de Espindola, Antônio Martins de Souza, José Nunes, André Silveira, Manoel de Mendonça, Manoel Gonzaga, Manoel Machado, Antônio Machado, Joaquim de Bittencourt, Luis José Viegas, João Nunes, Teresa Nunes, Francisco Garcia, Manoel de Aguiar Laranja, Antônio Francisco, Manoel Nunes Goulart, Manoel Cardoso, Francisco da Fonseca, Antônio Machado Figueiredo, José Silveira Pereira, Antônio de Souza, José Silveira da Luz, João Inácio, Francisco Garcia (II), Antônio de Souza Brasil, Manoel Furtado, Antônio Silveira, Manoel Pereira Pinheiro, Manoel Lemos, Tomé Teixeira, Simão Dias, Tomé Machado, Manoel Machado da Silveira, Henrique José, Maria Inácia, Jerônimo de Oliveira, José M. Torrão, Manoel Pereira Soares, Mariana da Silveira, Antônio L. Fernandes, Manoel Silveira, José de Borba, Antônio da Cunha, Francisco de Borba, Antônio da Silveira (II), Manoel de Borba, Francisco Machado de Borba, Caetano de Borba, Silvestre Vieira, José Antônio da Silva, Manoel Cardoso Beirão, José Silveira de Brito, Vital de Oliveira, Bernardo de Oliveira, Manoel Ferreira Gonçalves, Manoel Pinheiro.

- Quando os casais açorianos aqui chegaram várias famílias já habitavam a região, mas não haviam formado um núcleo, moravam separados em suas propriedades.
Na região da atual Porto Alegre já moravam as famílias:
Jerônimo de Ornellas Meneses e Vasconcellos (1732),
Dionísio Rodrigues Mendes (1735),
Sebastião Chaves Barcelos (1736),
Francisco Antônio da Silveira, o futuro “Chico da Azenha” (1751), entre outros.

- Os Casais Açorianos acamparam as margens da Lagoa do Viamão (Rio Guaíba), na margem norte do promontório na peninsula mais protegida do vento sul e a costa mais profunda o que permitia navegabilidade.

- Aos casais seriam instalados definitivamente no Morro Sant’Ana e adjacências no local designado como “Sítio d’Ornelles”, no arraial do Viamão, próximo a sede da propriedade de Jerônimo de Ornellas, mas não quizeram principalmente pela escassez de água e retornaram para as margens da península na Lagoa do Viamão onde aportaram. 
Como anota Guilhermino César (História do Rio Grande do Sul):
- “Ai eles não se deram bem, sendo atraídos para a margem da Lagoa do Viamão (Guaíba), no lugar onde hoje se assenta Porto Alegre.”

- Esta área compreende a Ponta das Pedras (atual volta do Gasômetro) se espalhando em direção da futura Praça da Quitanda (atual Praça da Alfândega).
Os casais aguardaram o fim dos conflitos na chamada Guerra Guaranítica, entre os índios Guaranis e os Portugueses na Região das Missões (destino final dos açorianos), designado pelo Tratado de Madri (1750) para poder seguir viagem; mas acabaram ficando.

- Não se tem certeza a data da chegada e se eram realmente 60 casais ou 52, mas se sabe que dias antes, a 19 de novembro de 1752, com a incumbência de construir canoas para o transporte dos açorianos chegaram 60 soldados.
O primeiro filho do casal açoriano Manuel Pereira Soares e Mariana da Silveira, naturais da ilha de São Jorge (Arquipélado dos Açores), existe o registro do batizado do recém nascido “Matheus” no dia 08 de dezembro de 1752.
- Logo é certo que os açorianos desembarcaram entre os dias 19 de novembro e 08 de dezembro de 1752.

- Alguns casais açorianos foram embora com as tropas para o interior do Continente, e os que ficaram aguardando o fim dos Conflitos Guaranis, receberam autorização de Jerônimo de Ornellas Meneses e Vasconcellos (dono das terras) para plantar pequenas hortas para subsistência em cantões de sua estância, outros se empregaram como artesões no reparo e construção de “sumacas, fragatas, brigues e fazer canoas” junto a Ribeira (área próxima ao Mercado Público), este ofício que originou uma tradição que perdurou por séculos, os estaleiros na orla do Guaíba.
Na espera, abandonados a própria sorte, em pleno “Verão”, as margens da Lagoa de Viamão (Guaíba) montaram choupanas de taipa e barro, coberta de capim erguendo-se aqui e ali, na pressa do colono em construir seu abrigo, e aguardaram, mesmo após o término dos conflitos, durante quase 20 anos, quando por final irão receber suas “Datas” (lotes de terras) de 281.250 braças quadradas (2.200 m x 616 m = 135,5 hectares).

Porto do Viamão
(Ribeira - Porto dos Casais – Porto Alegre)
- A “Jóia da Coroa” - Um Pôrto, enfim. Se a natureza fora avara, quase mesquinha, ao traçar com descaso a monotonia inóspita da costa gaúcha, concedera à região um vasto mar interior. Coroado por um lago cujos cincos rios formadores, fluindo para conduzir viajantes e exploradores aos remotos rincões da “Província do Tape”, espanhol e do “Continente de São Pedro”, português.
Deste acampamento açoriano provisório nos ondulados campos de Viamão, as margens da Lagoa do Viamão (Rio Guaíba) nas terras do sesmeiro Jerônimo de Ornellas, colonos açorianos que foram abandonados a própria sorte, pois nunca ganharam as terras prometidas pela Corte na região das Missões; - nasce Porto Alegre, sem ato Solene, sem Patrono, sem Fundador, apenas um ponto de espera numa viagem interrompida.

- Esse contingente açoriano, propiciou a fundir a organização civil e religiosa de uma sociedade que nascia. A cultura açoriana logo sobrepujou das tribos e dos gaúchos andarilhos, lançando raízes no Pampa, dando poder ofensivo à Língua Portuguesa.
O Rio Grande se integrava a sua matriz Lusa.

- O afinco na plantação do trigo pelos açorianos, logo recobriu de grãos o morro acima do Porto d’Ornellas (ou Viamão), com os trigais avançando até os altos da praia que seria a Matriz, seguindo pela colina onde girariam os primeiro “moinhos de vento”.
Ficaram acampados no trecho de uso público por ser margem de rio navegável (1/2 légua).
O sesmeiro Jerônimo de Ornellas Meneses e Vasconcellos, considerado o fundador e patrono de Porto Alegre, mesmo autorizando a permanência em suas terras dos casais açorianos, ele se irritou.

No final de 1752, no Porto de Viamão (atual Porto Alegre), é feito o primeiro relato sobre a povoação pelo sargento-mor Luiz Manoel de Azevedo e Cunha na expedição de Gomes Freire:
“...onde se tinha feito havia hum arrayal de cazas de palha habitadas por cazaes das ilhas.”

Entre 1752 e 1753, no Porto do Viamão (atual Porto Alegre), funcionou na Ponta das Pedras, na Praia do Arsenal onde se formou o primeiro “Largo”, ali se instalou o primeiro Cemitério (antiga Praça da Harmonia, atual Praça Brigadeiro Sampaio).

Em 1754, no Brasil, Capitania de Santa Catarina, em São José da Terra Firme, quatro anos transcorridos da chegada dos Casais Açorianos, em plena paz organizadora, chega à notícia da guerra das “Reduções Jesuíticas” ou dos “Sete Povos das Missões”, no Sul do continente, depois de firmado o Tratado de Madri (1750).

- A formação de um corpo de tropa cujo alistamento foi encarregado o coronel Cristovão Pereira de Abreu que convocou 200 homens, às quais foram incorporados os destemidos desterrenses (do Desterro, atual Florianópolis) e partiram para Castilho Grande local do início das demarcações.
Foram enviados 160 sertanejos paulistas para apoiar o trabalho de demarcação do Tratado na Capitania do Rio Grande de São Pedro. Parte do destacamento, 60 homens, foi para o Porto do Viamão, na Ribeira, para construir barcos junto a Lagoa do Viamão ou Rio do Viamão (atual Lago Guaíba).

- Com a partida dos bravos do Desterro (atual Florianópolis-SC), verificaram-se numerosos claros na Praça da Freguesia. O governo convocou forçosamente milicianos do povoado josefense (São José da Terra Firme) que estava próximo para compor a Praça da Capital.

Em 1754, na América, no Sul, a oeste da Comandância do Rio Grande de São Pedro, os portugueses suprimem as reduções (Missões) jesuíticas no Paraguai e no Vice-Reino do Prata (atual Argentina).

Em julho de 1754, no Porto do Viamão (atual Porto Alegre) o coronel de engenharia e cosmógrafo Miguel Ângelo Blasco, da comitiva de Gomes Freire, registra:
“A 15 velejamos e fomos dar fundo no Arraial de Viamão (atual Porto Alegre), às quatro horas da tarde... A povoação é um arraial de casas de palha habitadas de casais da ilha e é bastante fértil”.

Em 1754, no Brasil, na Comandância do Rio Grande de São Pedro, foi utilizada pela “primeira vez uma ponte flutuante” de 12 e após 18 lanchões, sobre o Rio Pardo, junto a atual cidade, para permitir a passagem do Exército Demarcador de Gomes Freire de Andrade, rumo ao passo de São Lourenço.

Em 1755, na Europa, Portugal, em Lisboa, o Marquês do Pombal impulsiona uma política de modernização, após o grande terremoto que destruiu a cidade.

Em 1756, na Europa, a Prússia, aliada à Grã-Bretanha, invade a Saxônia e declara guerra ao Sacro Império Romano e à França (Guerra dos Setes Anos).

De 1748 a 1756, no Brasil, na Capitania de Santa Catarina, desembarcaram “vivos”, cerca de seis mil imigrantes das ilhas dos Açores e Madeira, para povoarem o Brasil Meridional, que deram origem a várias povoações no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A saída dos Açores de forma clandestina trouxe um volume de casais, quase igual aos números de oficiais.
O costume de denominar “açoriana” a imigração procedente das ilhas atlânticas fez-se sentido, pois foram registrados poucos madeirenses.
A distribuição dos casais foi feita de forma a criar núcleos populacionais que pudessem produzir alimentos e outros produtos comerciáveis que interessavam ao Rei de Portugal, além de contribuir com os soldados para a defesa das terras do sul do Brasil.

Em 07 de fevereiro de 1756, na Améica do Sul, atual Rio Grande do Sul, morre em uma escaramuça o índio José Tiarayu, o “Sepé”, junto a Sanga da Bica (hoje dentro do perímetro urbano de São Gabriel), morto pelas forças espanholas e portuguesas.
Três dias mais tarde ocorre o massacre de Caiboaté (ainda no município de São Gabriel) onde, em uma hora e 10 minutos os exércitos de Espanha e Portugal mataram quase 1.500 índios e tiveram apenas 4 baixas.
Em Caiboaté foi vencida a resistência missioneira definitivamente. Ao abandonarem as Missões, os Jesuítas carregaram o que puderam e incendiaram lavouras, casas e até igrejas.

Em 1757, no Porto d’Ornellas, Porto dos Casais (Porto Alegre), Jerônimo Vasconcelos Menezes de Ornellas passou a administração da propriedade ao filho Raimundo de Ornellas e mudou para Villa de Santo Amaro (Triunfo).

Jerônimo de Ornellas
- Não teve uma relação afetiva com o povoado do Porto dos Casais (Porto Alegre), pelo contrário, detestou a criação, pois seu plano era criar a família e gado e não fundar uma cidade.
Nascido em Villa de Santa Cruz na Ilha da Madeira, casou-se em Guaratinguetá, São Paulo, com Lucrécia Leme Barbosa, com a qual teve 8 filhas, tinha mais 2 filhos homens, mas não descendentes legítimos. As oito filhas casaram os dois filhos morreram solteiros. Veio de São Paulo para Laguna, onde nasceu o quarto filho e de lá para Viamão.
Morreu em 27.09.1771, em Santo Amaro (Triunfo), um ano antes de Porto Alegre se tornar Freguesia.

- A Ribeira, no Porto dos Casais torna-se um povoado sem programação para nascer, até se transformar em Porto Alegre.

Em 1759, na Europa, Portugal, em Lisboa, o Marquês do Pombal, 1º Ministro do Reino Português ordena a expulsão dos jesuítas da Companhia de Jesus de Portugal e de suas Colônias. Os efeitos serão sentidos no Sul do Brasil, onde as Missões Jesuíticas, sem a proteção da Coroa, serão alvos preferidos dos Bandeirantes, que se apossam dos índios e de seu gado, onde havia os 7 Povos das Missões, com muitas das aldeias em território considerado português.

Nota:
- A muitas lendas no litoral catarinense referentes a possíveis enterros de tesouros, por parte dos padres jesuítas, em sua fuga do território português.
Estes padres em fuga cruzaram o território de São José da Terra Firme na Capitania de Santa Catarina, junto à trilha conhecida dos campos de cima da serra.

Em 1759, no Brasil, na Comandância do Rio Grande de São Pedro, o comandante Gomes Freire, para agradar os Guaranis que haviam se passado para o lado português, assentou-os na Aldeia de Nossa Senhora dos Anjos (atual Gravataí), São Nicolau do Rio Pardo e São João da Cachoeira, e, para os açorianos aportados no Porto do Viamão (atual Porto Alegre), onde aguardavam, nada foi dado.

- Na Ribeira, as famílias açorianas, abandonados a própria sorte, mesmo depois de encerrado o conflito nas Missões, então se revoltaram com todos, - o clima ficou tenso, entre muitas brigas, o filho de “Jerônimo de Ornellas”, Raimundo de Ornellas, matou o açoriano Antônio Castel Branco, que estava acampado em suas terras e fugiu para São Paulo.

1760
A Ribeira

- O povoado crescia em bom ritmo, a Ribeira (Porto Alegre) já era conhecida como local de construção de barcos.

- Os espanhóis nunca aceitaram a perda do território do Continente de São Pedro para os portugueses.

- Na Europa ocorria a Guerra dos Setes Anos, repercutiu na América por causa do pacto da Família Bourbon. Os espanhóis iniciam os ataques com a invasão da Colônia de Sacramento, depois atacaram o Forte de Santa Teresa.

Em 1760, na Europa, Portugal, o Marquês do Pombal, 1º Ministro de Portugal, deporta para o Vaticano 119 de 550 padres jesuítas que estão no Brasil, na tentativa de acabar com a Companhia de Jesus.

Em 13 de agosto de 1760, no Brasil, Rio de Janeiro, o Conde de Oeiras (Marquês do Pombal) comunicava em carta ao Conde de Bobadela, Governador e Capitão-General das Capitanias do Rio de Janeiro e das Minas Gerais, que o Rei de Portugal fora servido criar de novo o governo da Capitania do Rio Grande e nomear o coronel Inácio Elói de Madureira para exercer por tempo de três anos.

Em 29 de agosto de 1760, no Brasil, Rio de Janeiro, o próprio Rei em Carta Régia comunicou ao Conde de Bobadela a nomeação do coronel Inácio Elói de Madureira para Governador do Rio Grande de São Pedro.

Em 09 de setembro de 1760, na Europa, Portugal, Lisboa, pela Carta-Patente da Corte, introduzira a elevação da categoria ao Continente de São Pedro de governo independente, igual à Santa Catarina e a Colônia do Sacramento, mas subordinada ao Governo do Vice-Rei no Rio de Janeiro, uma espécie de “capitania de segunda ordem”.
Com a reforma foi criando a Capitania do Rio Grande de São Pedro, separando de Santa Catarina.
A nova capitania passa a ter mais autonomia e a sede instalada em seu próprio território, no caso a “Villa de Rio Grande de São Pedro” (Rio Grande), assim terminava a Comandância Militar de São Pedro do Rio Grande.

- A emancipação do Rio Grande era uma resposta do d’El Rey de Portugal aos espanhóis, acirrando os ânimos, que revidaram com ações militares buscando neutralizar o avanço português na bacia do Prata.

Em 11 de dezembro de 1760, no Brasil, Rio de Janeiro, capital da Colônia, é nomeado pela Corte em Lisboa (Portugal), o coronel Inácio Elói de Madureira, como novo governador na nova Capitania de Rio Grande de São Pedro, independente de Santa Catarina, mas com subordinação direta ao Rio de Janeiro, não mais Comandância Militar.
O coronel Madureira que já exercido o governo na Praça de Santos (SP), era auxiliar imediato do governador do Rio de Janeiro Gomes Freire de Andrade e de influência na Corte, sua nomeação foi comunicada ao Conde de Bobadella não apenas pelo Ministro do Reino, o Conde de Oeiras e Marquês do Pombal, mas pelo próprio soberano. Substituiu o último “Comandante Militar do Continente do Rio Grande” o tenente-coronel Pascoal de Azevedo.

Em 17 de janeiro de 1761, no Brasil, Capitania de Rio Grande de São Pedro (atual Rio Grande do Sul), na Villa de Rio Grande, assume o governador Inácio Elói de Madureira, para instalar a “primeira administração”.

Em 1762, na Europa, Catarina II sobe ao trono do Império da Rússia.

Em 1762, no Brasil, nas Minas Gerais, Villa Rica há a primeira derrama, o “ouro” começa a escassear.

Em 14 de novembro de 1762, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), Jerônimo de Ornellas recebe proposta de compra de suas terras da Sesmaria de Sant’Ana de Ignácio Francisco de Melo, um jovem açoriano, solteiro, por 800$000 mil réis, que após a compra fez novos acordos com os Casais Açorianos hospedados em suas terras.

Ignácio Francisco de Melo
- O novo proprietário da Sesmaria de Sant’Ana (dentro da área de Porto Alegre), nascido na ilha de Santa Maria (1733), batizado na Matriz da Villa do Porto, no Arquipélago dos Açores, casado com Rosa Inácia em 25 de novembro de 1772 em Triunfo, teve 10 filhos, 4 varões e 6 moças nascidos na Fazenda do Arroio dos Ratos e batizados em Triunfo, tiveram 42 netos. Faleceu na sua casa em Porto Alegre em 05 de novembro de 1811, casa que tinha na Rua da Praia perto do arsenal de guerra, que construiu em 1795, foi sepultado no Cemitério da Matriz.

Em 1763, na Europa, França, é assinado o Tratado de Paris, que encerra a Guerra dos Setes Anos.

Em 1763, no Brasil, a capital muda-se de Salvador na Bahia de Todos os Santos, para o Rio de Janeiro, na baia da Guanabara.

Em 24 de abril de 1763, no Brasil, no Sul Meridional, acontece a “Invasão Espanhola” como revide as invasões portuguesas na Região do Prata.
Com um grande contingente de mil homens comandada pelo futuro 1º Vice-Rei do Rio da Prata o espanhol D. Pedro de Zeballos Cortez y Calderon ataca a Villa do Rio Grande, e os fortes de São Miguel e Santa Teresa.

- Na Ribeira no Porto dos Casais (atual Porto Alegre) e a Capela Grande de Viamão receberam a maioria da população em fuga, conhecida como a Corrida do Rio Grande.

- De Rio Grande D. Pedro Cevallos levou 140 famílias, totalizando 603 açorianos como prisioneiros para estabelecê-los na região do atual Uruguai, onde deram origem à povoação de San Carlos (próxima a Maldonado).

- O primeiro governador da Capitania do Rio Grande de São Pedro, coronel Inácio Elói Madureira, foge para o Arraial do Viamão, onde é instalada a capital da Capitania.
No período de dominação espanhola começa a brilhar um “herói autenticamente gaúcho” Rafael Pinto Bandeira.

Em 12 de maio de 1763, no Brasil, na Capitania do Rio Grande de São Pedro, pela fuga ao ataque dos espanhóis, o Governo da Capitania se instala no Arraial de Viamão, por ser um ponto mais central, onde permaneceria até 25 de julho de 1773.

Conforme Isabelle Àrsene – 1833:
- A Villa de Viamão, situada a três léguas a sul este de Porto Alegre, foi à capital da Província, quando Porto Alegre era nada ou quase nada.
Nesta época Viamão era uma pequena cidade bastante ampla, mas agora é somente uma Villa, da qual desertaram os habitantes, devido à falta de comunicações.
Não existem mais de quinhentas pessoas em todo o distrito.
Esta colocada no meio de um grupo de morros, dominando enorme área da região. Chega-se a ela por três caminhos diferentes, passando pelas altas colinas de pouco mato. A indústria principal, além da cultura da mandioca, é o fabrico de jarros, vasilhas e tijolos. A Capela de Nossa Senhora da Conceição é digna de ser visitada (esta a segunda capela construída e atual matriz).

Em 10 de junho de 1763, no Brasil, Capitania de Rio Grande, na Capela Grande de Viamão, assume a Guarda do Norte da Capitania, interinamente o tenente-coronel Luis Manoel da Silva Pais, em substituição ao coronel Inácio Elói de Madureira, governador da Capitania, que teve ordem de se retirar par Santa Catarina por estar em estado deplorável na defesa da Guarda do Norte.

Em 26 de junho de 1763, na América, no Sul, no Vice Reino do Prata, em Maldonado, desembarcam o grupo de açorianos aprisionados na Villa de Rio Grande, para povoamento.
Pela falta de defesas na região o espanhol D. Pedro Cevallos toma a histórica responsabilidade:
- Fundar em domínios espanhóis, uma povoação com gente de origem portuguesa, principalmente açorianos, - San Carlos (atual Uruguai).

- Os espanhóis não avançaram da Villa de Rio Grande de São Pedro sobre o território, mas logo foram por mar até a Ilha de Santa Catarina e invade a capital Nossa Senhora de Desterro (atual Florianópolis).
Os espanhóis eram uma ameaça constante e ficaram em Rio Grande 13 anos. A idéia conhecida dos espanhóis era chegar e atacar a Villa de Rio Pardo e expulsar os portugueses do Sul.

Em 01 de setembro de 1763, no Brasil, Capitania do Rio Grande, assume como governador interino no Arraial de Viamão o tenente-coronel Francisco Barreto Pereira Pinto, devido a doença do governador Inácio Elói de Madureira que está em Santa Catarina e depois transferido para o Rio de Janeiro.

Em 24 de fevereiro de 1764, no Brasil, Rio de Janeiro, quase um mês após a morte do governador oficial da Capitania de São Pedro o coronel Inácio Elói de Madureira, o Vice-Rei do Brasil e capitão-General da Capitania do Rio de Janeiro, D. Antônio Álvares da Cunha, Conde da Cunha, nomeava para governador da Capitania do Rio Grande de São Pedro o coronel José Custódio de Sá e Faria, que era comandante de um regimento de cavalaria da sede da Capitania.

Em 16 de junho de 1764, no Brasil, Capitania de Rio Grande, Arraial de Viamão, no lugar do coronel Inácio Elói de Madureira foi empossado o coronel José Custódio de Sá e Faria, já na Capela Grande de Viamão.
Custódio de Sá era considerado pelos espanhóis como o maior arquiteto do Período Colonial.

Em 18 de junho de 1766, no Brasil, na Capitania de São Pedro, a Câmara em vereança já realizava sua primeira sessão no Arraial de Viamão segunda capital da Capitania, três anos após a invasão espanhola na Villa de Rio Grande, antiga capital.

- No Brasil Colônia, as Câmaras também denominadas Conselhos, regiam a área civil, criando códigos de postura que normatizavam a vida da população.
Na Capitania de São Pedro, começou sua história na Villa de Rio Grande, em 1745, a primeira capital da Capitania.

Nota:
- Sendo que as primeiras capitais do Continente de Sant’Ana ou São Pedro, foram:
Madrid – Espanha (a partir de 1480 pelo Tratado de Tordesilhas),
Buenos Aires - Vice-Reino do Prata (espanhol),
Lisboa – Portugal (português),
Rio de Janeiro – Estado do Brasil,
São Paulo – Capitania de São Paulo (até 1710),
Nossa Senhora do Desterro (Florianópolis) – Capitania de Santa Catarina (1738), 
São Pedro de Rio Grande – Comandância de São Pedro do Rio Grande (1745), subordinada a Santa Catarina,
Nossa Senhora da Conceição do Viamão – Comandância de São Pedro do Rio Grande (1763), subordinada ao Rio de Janeiro,
Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre – Capitania do Rio Grande de São Pedro (1773).

Em 21 de agosto de 1766, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), José Silveira da Rosa foi nomeado recebedor do Fisco.

Em 1767, na Europa, Portugal, em Lisboa, o ministro Mendonça Furtado, escreveu ao Vice-rei no Rio de Janeiro, sugerindo que os colonos “os brutos homens das ilhas, que vivem como feras, em choças”, fossem transferidas do Porto na Ribeira (atual Porto Alegre) para a Aldeia dos Anjos (atual Gravataí), para repartir o lugar com os Guaranis, mas orgulhosamente não concordaram e permaneceram no Porto de Viamão.
Os açorianos eram tratados quase como um estorvo 15 anos depois da chegada a península.

- Gomes Freire de Andrade, governador do Rio de Janeiro, a que a Capitania de São Pedro estava vinculada, garantiu a fixação do Porto (atual Porto Alegre) de grande importância estratégica.

- O Povoado do Porto dos Açorianos ou Porto do Viamão (atual Porto Alegre) já era conhecido, pela construção de barcos, seu largo já estava transformado em um mercado de escambo, com o nome de “Quitanda”.

Em 1767, no Brasil, no Continente de São Pedro, o comandante José Marcellino de Figueiredo comandava o forte de São Caetano das Barrancas, no Estreito, o recém construído na faixa entre a Lagoa dos Patos e o mar na margem norte do canal.

- Neste ano o comandante José Marcellino de Figueiredo partindo do forte São Caetano com 32 embarcações e 530 homens, para atacar sem ordens a Villa de Rio Grande dominada pelos espanhóis desde 1763, mas não teve sucesso.
Devido à trapalhada do comandante José Marcellino de Figueiredo, principalmente pela grande derrota diante os espanhóis e por violar o Tratado de Paris (1763).
A Espanha protestou – o ministro da Corte em Lisboa, Marquês do Pombal (num jogo de cena típico da tradição política luso-brasileira), demitiu sumariamente:
- O Vice-Rei do Brasil, Dom Antonio Álvares da Cunha, o Conde Cunha,
- O Governador da Capitania José Custódio de Sá e Farias e o
- O coronel José Marcellino de Figueiredo, que mostra sua influência junto a Corte em Lisboa, que no final da trapalhada feita por ele, vai ganhar o cargo de governador no lugar exatamente de Custódio de Sá.

Em 1768, no Brasil, nas Minas Gerais, acontece a “segunda derrama sobre o ouro” em Villa Rica, já em decadência.

Em 10 de janeiro de 1768, no Brasil, na Capitania de São Pedro, na Vila de Viamão em carta ao Vice-Rei o governador José Custódio de Sá e Faria, manifesta pela primeira vez, a idéia de erigir um povoado no Porto do Viamão (atual Porto Alegre):
 - “Pois quando mais povoada estiver, haverá mais meios para defendê-la”.

- E ainda na carta, o governador Custódio de Sá, diz ter feito um grande forte no Passo de Tebiquary (rio Taquari) para 16 peças de artilharia e no Acampamento de São Caetano das Barrancas, norte de Rio Grande para 20 peças, para proteger a faixa entre o mar e a Laguna dos Patos até o rio Jacuy.
Fundou em 1767 a atual cidade de Taquari na barreira natural do rio Taquari, levando alguns casais açorianos do Porto do Viamão.

- Os portugueses fizeram fortificações de terra batida, para a defesa da região, que posteriormente serviram de ponto de partida para as investidas para a Região do Prata.

Em 18 de agosto de 1768, no Porto de Viamão (atual Porto Alegre), assume José de Alencastro o posto de Almoxarife da Fazenda Real.

Em 1769, no Brasil, Maranhão, intensifica-se a cultura do “algodão” na região.

Em 1769, no Porto do Dorneles ou Porto dos Casais (atual Porto Alegre), é erguida a primeira Capela do povoado por padres Franciscanos de Viamão, capital da Capitania, em invocação a São Francisco das Chagas, no Largo da Quitanda (Praça da Alfândega), centro do povoado (local da atual Caixa Econômica Federal), o povoado é elevado à categoria de “Capela” (Freguesia).
O Porto de São Francisco dos Casais desempenhou sua missão geográfica, ponto de passagem para as demais partes do Rio Grande.

Em 09 de março de 1769, no Brasil, Rio de Janeiro, o comandante José Marcellino de Figueiredo, com apenas 34 anos é nomeado governador da Capitania de São Pedro.

Em 16 de março de 1769, no Brasil, Rio de Janeiro, o comandante José Marcellino de Figueiredo rendeu preito e homenagem perante o Vice-Rei do Estado do Brasil, Conde de Azambuja pelo Continente do Rio Grande de São Pedro, conforme termo:

“Eu, José Marcellino de Figueiredo, faço preito e homenagem a S. Mjte. E V. Exa. Em seu nome, como seu Vice-Rei e Capitão General de Mar e Terra deste Estado, pelo Continente do Rio Grande de São Pedro, para que tenha, guarde e governe, ao dito Senhor recolherei no dito Continente, no alto e no baixo dele, de dia ou de noite, a pé ou a cavalo, a quaisquer horas ou tempo que seja, irado ou pagado com poucos ou com muitos, vindo em seu livre poder, e dele farei guerra, manterei tréguas e paz, segundo por S. Mjte. ou V. Exa. Me for mandado, e o dito Continente não entregarei a pessoa alguma.”
 (Publicações do Arquivo Nacional – Vol. III, pág. 94)

Em 23 de abril de 1769, no Brasil, na Capitania de São Pedro, em Viamão capital da Capitania assume nas casas da Câmara como governador o coronel José Marcellino Figueiredo, após muita relutância do governador demitido José Custódio de Sá e Faria, para compensar o Vice-Rei Conde de Azambuja promoveu Custódio de Sá a brigadeiro.

- O coronel José Marcellino de Figueiredo permaneceu por dois anos à testa do governo, em um período de luta quase incessante, com grandes dificuldades e muita falta de recursos. Certas providências foram tomadas para melhor e mais segura defesa da margem norte do Canal.

- Os espanhóis planejavam atacar a Villa de São Nicolau de Rio Pardo (a maior e mais importante Villa da Capitania de São Pedro), expulsando os lusitanos do extremo sul do continente. Sabendo deste plano o novo Vice-Rei do Brasil Marquês do Lavradio, ordenou ao coronel José Marcellino de Figueiredo que povoasse a região, criando núcleos urbanos.

A Outra Cidade
O governador José Marcellino de Figueiredo tentou assentar famílias fugitivas de Rio Grande junto a Laguna dos Patos (Lagoa dos Patos), chegou a desapropriar terras da sesmaria concedida em 1746, ao Padre José dos Reis.
O Capitão Alexandre José Montanha demarcou as glebas (272 hectares) e assentou os casais.
Esse núcleo, chamado de Sant’Ana do Morro Grande, quase foi o embrião de uma cidade, pela sua localização estratégica na saída do Guaíba junto a Laguna dos Patos poderia ter sido concorrência ao Porto dos Casais. Mas não deu certo: - o local, conhecido por Sumidouro, era só areia e estava tomado de formigas.
Sobrou então para ao povoado do Porto dos Casais (atual Porto Alegre) a defesa da entrada da região diante dos espanhóis.

A distribuição no Porto dos Casais (atual Porto Alegre):
- O povoado crescia em bom ritmo, da Ribeira (atual Praça Parobé) à ponta da península (Ponta das Pedras) estava o porto principal no decorrer dos anos 1760.
- O Largo da Quitanda foi o primeiro do Porto (Porto Alegre) já estava transformado num mercado de escambo.
- O povoado se concentrava na Rua da Praia, a rua começava a receber sua configuração; na Ribeira, atual Praça Parobé, funcionava a pleno em calhas onde se construía barcos; o Largo dos Ferreiros (atual Praça XV e Montevidéu) ficava ao lado.
- Entre o Largo dos Ferreiros e a Quitanda (Alfândega), moravam os mestres de menor hierarquia, seus oficiais e alguns comerciantes.
- Ao lado da Ribeira, moravam os oficiais e pessoal militar.
- Nas extremidades, Ponta das Pedras (Gasômetro) e o futuro Caminho Novo (1806) (Rua Voluntários da Pátria) ficavam os diaristas (chamados de jornaleiros) e refugiados.
- Os militares de maior posição ficavam acima da Quitanda nos Altos da Praia, próximo a atual Rua Caldas Junior, ali já estavam às autoridades do Fisco desde 1766.

- No Pôrto (Porto Alegre), construía-se freneticamente.
Com a Villa de Rio Grande nas mãos dos espanhóis o Porto dos Casais ou Porto do Mar de Dentro (Lagoa dos Patos), torna-se o único acesso aos povoados e fortificações do rio Jacuy.
O coronel José Marcellino Figueiredo sabia da posição estratégica do Porto dos Casais, nesse sentido, encaminhou ao novo Vice-Rei Marquês do Lavradio, no Rio de Janeiro, um pedido para criar um núcleo de colonizadores no Porto do Dorneles (Porto Alegre), nele seria instalado a sede do Governo, da Câmara e da Provedoria da Fazenda Real.
Nesta época já existiam, aquartelamento, armazéns, os casais e lavouras.
Mas o Vice-Rei só concordou com a instalação dos colonizadores, mas José Marcellino de Figueiredo não se deu por vencido.

- Os Açorianos do Pôrto (Porto Alegre) se aliaram ao coronel José Marcellino de Figueiredo para se separarem da Villa de Viamão, um dos motivos alegados era a falta de Capela, embrião pelo qual, Povoados e Villas começavam.
Nesta época a situação era confusa no Porto dos Casais:
- Os açorianos do Porto clamavam pela terra prometida por El Rey em 1746,
- o coronel José Marcellino de Figueiredo se movia para transformar o lugar em área militar para poder atacar os espanhóis em Rio Grande,
- Os Políticos e a Igreja faziam de tudo para continuarem na Villa de Viamão, longe da guerra e mais perto de Laguna (Santa Catarina) em caso de fuga.

1770
Porto Alegre - Povoado, Freguesia, Capital

Em 1770, na Europa, Joseph Cugnot constrói o primeiro veículo a vapor.

Em 13 de maio de 1770, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), é realizado o primeiro batizado de quatro crianças na Capela de São Francisco das Chagas, celebrada pelo pároco de Viamão.

Em 07 de agosto de 1771, no Brasil, na Capitania de São Pedro, na Villa de Viamão, a Câmara enviou Ofício a José Marcellino de Figueiredo cobrando apoio a pastoral do Vigário da Paróquia de Viamão contra o Porto dos Casais (Porto Alegre), que pretendiam erigir uma Igreja.

Em 29 de agosto de 1771, no Brasil, Rio de Janeiro, o Vice-Rei do Estado do Brasil, Marquês do Lavradio, ordena para o governador José Marcellino de Figueiredo recolher-se ao Rio de Janeiro, entregando o cargo ao novo comandante, conforme comunicação enviada:

“Nesta ocasião, passa, por ordem minha, o tenente-Coronel Antônio da Veiga Andrade a governar interinamente esse Continente. E, logo que ele chegar, V. S. lhe dará posse do governo do mesmo Continente e se recolherá a esta capital, onde receberá as minhas ordens. – Deus guarde a V. S. – Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1771.
Marques do Lavradio.”

Em 08 de outubro de 1771, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), os artesões do maior estaleiro da Ribeira junto a Lagoa de Viamão, realizam um grande feito, lança n’água a Fragata São José e Belona.
Era o primeiro grande barco totalmente feito aqui.
O Porto dos Casais fez uma grande solenidade, desceram todas as autoridades de Viamão.

Em 25 de outubro de 1771, no Brasil, na Capitania de São Pedro, na Villa de Viamão, o agora ex-governador José Marcellino de Figueiredo da posse ao novo governador o tenente-coronel Antonio da Veiga Andrade, nomeado pelo Vice-Rei do Brasil Marquês do Lavradio, e retorna ao Rio de Janeiro.

- Antes do comandante José Marcellino de Figueiredo partir para o Rio de Janeiro, oedenou ao capitão Alexandre José Montanha para demarcar uma área de 141,5 hectares, com ruas no estilo português, limitadas pelas atuais ruas (ao sul pela atual Rua Demétrio Ribeiro e ao leste pela Rua Marechal Floriano), uma rua “direita”, isto é, ligou à entrada da Freguesia, na Ponta das Pedras até a Praça da Quitanda.
Pequenas vielas desceram pelos flancos do promontório, o que favoreceu o escoamento das águas. Algumas poucas ruas paralelas completaram a rede viária incipiente.
O traçado obedeceu mais à conformação do terreno do que às “Ordenações Manuelinas”, o que é raro no Rio Grande do Sul.
Paralelo a Rua da Praia foi aberta a Rua do Cotovelo (Riachuelo), próximo onde havia moradores graduados como do Fisco, por último como divisor de águas surgiu a Rua Formosa (Rua da Igreja, Duque de Caxias).
“Esta foi à primeira organização do espaço urbano, três ruas paralelas projetadas que ainda hoje estão no coração de Porto Alegre.”

- Os moradores do Pôrto ajudavam o Capitão Montanha que subia e descia o espigão (morro) central da península para demarcar a grande praça no lugar conhecido como Altos da Praia (depois Largo da Matriz), onde estava também o cemitério, ali foi lançada posteriormente a pedra fundamental da matriz Nossa Senhora Madre de Deus, substituindo a capela São Francisco das Chagas na Rua da Praia.
Os moradores do Porto dos Casais aguardavam a vitória sobre Viamão, a fim de serem uma Freguesia (1772) e alcançarem a autonomia.

Capitão Montanha
- O capitão-engenheiro Alexandre José Montanha, era braço direito do governador José Marcellino de Figueiredo, veio de Portugal em 1766, para servir como capitão durante seis anos, mas acabou ficando 16. Deixou importantes realizações a assessorou o governador em todos os seus planos, montando bases militares e fixando populações. Além de demarcar as datas de terra aos casais açorianos em Porto Alegre, também em Santana das Lombas, em Taquari (primeiro povoado açoriano do RGS), em Estreito e Santo Amaro (Triunfo).
Em 02 de setembro de 1780 foi promovido a Sargento-Mor, dois anos depois pediu para voltar a Portugal onde deixou família.

No dia 26 de março de 1772, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), a Provisão Régia, desmembrando o Porto dos Casais da Capela Grande do Viamão, criou a freguesia do Porto dos Casais e anexou Viamão a nova freguesia, a primeira boa notícia que os casais açorianos receberam em 20 anos acampados a margem do Guaíba foi que Dom Antonio do Desterro, do bispado do Rio de Janeiro, havia assinado pastoral, transformando o povoado do Porto dos Casais (Porto Alegre) em Freguesia (Capela) de São Francisco das Chagas do Porto dos Casais.

- Esta é considerada a data oficial da fundação de
Porto Alegre
(26.03.1772)

- Agora o povoado começaria a solucionar seus problemas, haveria a instalação de serviços públicos e sonhar com a denominação de “Villa”. Mas o principal era resolver a questão da posse da terra.

- Com a elevação a Capela, a Freguesia de São Francisco das Chagas, o povoado do Pôrto ou Porto dos Casais (atual Porto Alegre) foi buscar a condição de Paróquia, um passo importante para a criação de um povoado.
O comandante José Marcellino de Figueiredo não perdeu a chance, pois era o que queria; - e combinou com os moradores um abaixo-assinado para pressionar o Vigário de Viamão. Mas o Vigário de Viamão se irritou e publicou uma pastoral contra a idéia.

- De acordo com as Ordenações do Reino, as terras do Brasil estavam sob jurisdição eclesiástica da Ordem de Cristo, que recebia o dízimo para a propagação da fé. Assim a base para qualquer núcleo urbano era a “Freguesia”, que poderia se transformar em Conselho Comunal (Villa ou Município).

- A Freguesia era uma divisão territorial que tinha como sede um povoado com uma igreja matriz e diversas capelas disseminadas em sua área geográfica. A Igreja Matriz registrava os batismos, casamentos e óbitos.

Em 22 de maio de 1772, no Brasil, Rio de Janeiro, o Bispo Dom Antônio do Desterro, cria oficialmente a Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais (Porto Alegre), com a posse do Padre José Gomes de Faria, a Capela de São Francisco das Chagas do Porto dos Casais virou sede de Freguesia sem nunca ter sido “curada” (sem ter padre fixo).

Á 12 de julho de 1772, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), o governador Antônio da Veiga Andrade recebe ordens para iniciar o processo de desapropriação da sesmaria de Ignácio Francisco de Melo (proprietário atual da antiga sesmaria de Jerônimo de Ornellas) e demarcar os lotes de terra para os “casais açorianos” instalados, reservando área para a futura sede da Freguesia.

- O antigo governador José Marcellino de Figueiredo já havia deixado instruções para o capitão-engenheiro Alexandre José Montanha para preparar a demarcação dos lotes e avaliar as benfeitorias da sesmaria de Ignácio Francisco de Melo.
Na zona rural do Pôrto surgem novas chácaras a partir de invasões a propriedade do sucessor de Jerônimo de Ornellas, isto era verdade, pela desapropriação das terras de Ignácio Francisco de Melo, reclamou:
... “em minhas terras se vão introduzindo os vizinhos, com cercas e benfeitorias”.
O Capitão Montanha demarcou terras e dividiu em meias datas para os casais em número, e para outros que se candidatassem e também marinheiros a serviço de Sua Majestade.
Ignácio Francisco de Melo foi indenizado em 579$360 réis, uma data de terra junto à sede da Freguesia e uma propriedade próxima a Villa de Rio Grande.

Em 1º de agosto de 1772, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), é iniciada a distribuição de terras através de Certificados pelo capitão-engenheiro Alexandre José Montanha aos Casais Açorianos e aos demais interessados.

- Foi reservado terreno para os órgãos oficiais, localizado no topo do espigão existente na península do Pôrto, mais precisamente tomando como centro os Altos da Praia (atual Praça da Matriz), destinado no traço da nova freguesia, para suas primeiras ruas e igrejas.
Com comprimento sentido norte-sul 730,5 braças e largura no sentido leste-oeste 400 braças, tomando a braça como sendo 2,20 metros, teremos 1.607 x 880 m.
Essas medidas formariam um triângulo que abrange 141,5 hectares.

A 08 de agosto de 1772, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), nova distribuição de terras, mas nem todos compareceram para pegar o Certificado.
O primeiro açoriano a receber o título das terras foi Antão Pereira, faleceu logo depois, a viúva assumiu a posse.

- Assim, por estes primeiros açorianos que fincaram pé sem abater-se, se fortalecera, o povoado prosperou e finalmente receberam a posse de suas merecidas terras.

- Na distribuição de terras pelo capitão Alexandre José Montanha, por compensação Ignácio Francisco de Melo recebeu também uma das frações de terra nos arredores da Freguesia do Porto dos Casais (Porto Alegre), com o nome de “Chácara Cerca de Pedra”, onde nunca residiu.

Em 07 de novembro de 1772, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), uma nova data foi marcada com o prazo de um mês para requerer a terra, cada colono recebeu 135,5 hectares.

Em 18 de janeiro de 1773, no Brasil, Rio de Janeiro, o Bispo Dom Antônio do Desterro, substitui a invocação de “São Francisco das Chagas” por “Nossa Senhora Madre de Deus”, e o nome de Porto dos Casais para Porto Alegre, elevando o povoado de “Capela” à categoria de “Paróquia”, assim muda para:
- Freguesia Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre.

- José Marcellino de Figueiredo no Rio de Janeiro continuava com a idéia de transformar o Porto dos Casais em Villa e Capital, foi ele que convenceu o Bispo e o Vice-Rei Marquês do Lavrádio, da importância estratégica e militar do povoado.

Em 05 de abril de 1773, no Brasil, Rio de Janeiro, capital da Colônia, o coronel José Marcellino de Figueiredo é indicado novamente governador da Capitania de São Pedro pelo Vice-Rei Marquês do Lavradio.

- Nesta época o Vice-Rei não achou comandante mais capaz, senão o mesmo chefe que sua má vontade retirara desse governo em 1771, acrescentando em seguida:
- “E acertada foi sua nomeação, pois, já conhecedor do meio e dos habitantes do Rio Grande de São Pedro, bem saberia escolher e tomas as necessárias medidas que o habilitassem a repelir as ameaças espanholas, quando elas se traduzissem em fatos concretos.”
(citação coronel Rego Monteiro: ob. Cit, pág. 173)

Em 18 de abril de 1773, no Brasil, Rio de Janeiro, o coronel José Marcellino de Figueiredo partiu para a Capitania do Rio Grande de São Pedro com instruções do Vice-Rei Marquês do Lavradio.

Em 11 de junho de 1773, no Brasil, Capitania de São Pedro, em Viamão, o coronel José Marcellino de Figueiredo assume como governador da Capitania do Rio Grande de São Pedro em substituição ao tenente-coronel Antônio da Veiga Andrade que o havia substituído em 1771.
Assume pela segunda vez o governo do Rio Grande, apresentando a carta de nomeação perante a Câmara reunida em Viamão, valendo para o ato o mesmo preito de homenagem prestado no Rio de Janeiro (1769).

Em 25 de julho de 1773, em Porto Alegre, o governador José Marcellino de Figueiredo ordenava a Câmara à transferência da capital da Villa de Viamão para a Freguesia de Porto Alegre.
Mesmo com a saída dos espanhóis de Rio Grande a capital não retorna à Villa litorânea.

- Instalado na nova Capital, o governador José Marcellino de Figueiredo rogava que os camarentes se mudassem também, dando nesse sentido ordens expressa: - “... para dar motivo a que mostrem a união e subordinação que devem ao seu Governador”.
Envia Ofício a Câmara no Arraial do Viamão, informando os Senhores Juízes Ordinários e mais offecciais da Câmara deste Continente do Rio Grande, a mudança da capital para Porto Alegre.
O documento:
Participo a Vossas Mercês haver mudado a minha residência com a provedoria para este pôrto que o Ilmo. Exmo. Senhor Marquez Vice Rei do Estado determinou fosse capital destas Províncias, por cujo motivo concorreu com o que estava de sua parte o Exmo. Reverendíssimo Senhor Bispo Diocesano, mandando logo que esta notícia se passar, como effectivamente se passou a residência da vara desta Comarca eclesiástica e o cartório della para este pôrto, estas circunstâncias me fazem persuadir que vocês não hesitarão um só momento em mudarem sua residência do Arraial do Viamão com cartório e mais oficiais para este dito Porto, que brevemente heide criar Villa na forma das ordens com que me acho porque me parece a sua mudança logo muito conveniente ao serviço de El rei Nosso Senhor e ao augmento desta Capitania e ao descanso das partes me parece rogar-lhes se mudem para aqui e para dar motivo a que mostrem a união e subordinação que devem a seu Governador lhes ordeno o referido da parte do mesmo Senhor. Deus Guarde a Vossas mercês muitos annos. Pôrto Alegre, vinte e cinco de julho de mil setecentos e setenta e três.
José Marcellino de Figueiredo...

(Texto em carta do arquivo da Câmara de Viamão, feita pelo escrivão Domingos Martins Pereira, aos 30 de julho de 1773.)

- Este que foi o “primeiro documento oficial” da Freguesia de Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, com um pouco mais de um ano era elevada a Capital, muda de nome e devoção.

- Houve resistência dos membros da Câmara (os Camareiros), um mês foi dado, o governador José Marcellino de Figueiredo mandou prender os desobedientes, e a maioria cedeu, tendo que vender suas propriedades em Viamão e iniciar nova vida em Porto Alegre.
Os que continuaram em Viamão eram obrigados a comparecer às sessões da Câmara na sede da nova Capital.

Em 29 de agosto de 1773, no Brasil, na Capitania de Rio Grande de São Pedro, é realizada a última sessão da Câmara na Villa de Viamão, onde a última ata, o Termo de Vereança lavrado em Viamão conta com toda a clareza a intimação para mudança da capital que determinava a transferência da Câmara para o Pôrto (Porto Alegre), devido à ordem do governador.

- A Câmara se mudava para Freguesia de Porto Alegre, a terceira capital da Capitania de São Pedro:
- Rio Grande (até 1763)
Em 11 de fevereiro de 1737, José da Silva Paes, em seu retorno da Colônia de Sacramento, atravessou a barra e levantou o chamado Presídio Jesus-Maria-José, embrião da Freguesia de São Pedro do Rio Grande.
- Viamão (1763-1773)
Em 1741, começou a ser erguida uma pequena capela em terras doadas por um estancieiro. Inaugurada em 1746 e elevada a paróquia em 1747, a Capela Grande começou a reunir em volta as casas de estancieiros e lagunistas. Viamão começava a surgir. Ainda em 1747 foi elevada a categoria de Freguesia.
- Porto Alegre (de 1773 em diante)
O Porto foi à capital da Capitania, Província e Estado, com a exceção de um período durante a Revolução Farroupilha, que a capital voltou a Rio Grande.

- A Câmara era presidida por um Juiz de Fora ou Juiz Ordinário (era de fora, pois era escolhido pela Corte em Lisboa), que também exercia funções judiciais para pequenas causas.
Os Camareiros (vereadores) eram escolhidos de maneira indireta, para um mandato de três anos, pelos chamados “homens bons do povo” (os de maiores posses).

- Em Porto Alegre os açorianos praticavam a agricultura de subsistência e exportação, na qual se destacava o trigo, que se espalhava por todos os bairros.
A produção deste cereal foi à base do crescimento da Freguesia nos primeiros 50 anos. O morro acima do porto recobriu-se de grãos, com os trigais avançando até os altos do promontório (da Matriz), seguindo pela colina onde girariam os primeiros moinhos de vento, e depois por toda futura Estrada do Belas (Praia de Belas).

São construídos os primeiros Moinhos no povoado:
- 1 Moinho de Roda d’Água de Francisco Antônio da Silveira, açoriano, o Chico da Azenha, junto ao Rio Jacareí (Arroio Dilúvio),
- 2 Moinhos de Vento, construído por Antônio Martins Barbosa, mineiro, o Barbosa, se destacou na moagem de trigo, no alto da colina junto a Estrada dos Anjos, depois Estrada dos Moinhos (Rua da Independência) no o local conhecido por Beco do Barbosa (Rua Barros Cassal), e depois,
- 1 Moinho de Vento no declive nos fundos da atual Santa Casa de Misericórdia.

- Os açorianos que enriqueceram no cultivo do trigo tornaram-se estancieiros, da mesma forma que aqueles que se mobilizaram a guerra contra os castelhanos foram também agraciados com terras.

Em 06 de setembro de 1773, em Porto Alegre, o poder civil foi instalado na Freguesia de Nossa Senhora Madre de Deus, quando a Câmara promoveu a primeira sessão solene. Os camarentes ou vereadores que integraram a primeira Câmara de Porto Alegre, foram:
- Domingos Moreira (presidente), Manoel Velloso Tavares, Domingos Gomes Ribeiro, José Alves Velludo e Ventura Pereira Maciel.

A Câmara
- Nesta época, suas atribuições eram judiciárias – tratados, assuntos sobre furtos e injúrias, assuntos fiscais, taxações dos ofícios manuais, gêneros alimentícios, espetáculos, recolhimento da décima (espécie de imposto predial) e guarda do cofre e dos órfãos. Era também sua atribuição a organização do Código de Posturas Policiais, que definia os pontos de coleta de água, lavagem de roupa e despejo das imundícies no rio, além de estabelecer regras para a circulação e conduta dos trabalhadores escravos no espaço urbano, proibição de reunião, uso de arma, de receber dinheiro, etc...

Em 1774, na Europa, Goethe publica “Werther”.

Em 1774, em Porto Alegre, viviam pouco mais de 1.500 pessoas.

Em 1774, em Porto Alegre, chega do Rio de Janeiro o projeto arquitetônico da Igreja Matriz do Porto (Porto Alegre), em devoção a Nossa Senhora Madre de Deus, em estilo barroco, com um corpo de três aberturas ladeado de dois campanários, o projeto veio pronto do bispado do Rio de Janeiro.

- As primeiras providências para a construção foram tomadas pela Confraria do Santíssimo Sacramento e pela Irmandade de Nossa Senhora da Madre de Deus.
Mas as obras só iniciaram em fins de 1779.

Em 10 de fevereiro de 1774, em Porto Alegre, o Senado da Câmara resolve estabelecer-se em um prédio na Rua da Praia.

- Os primeiros sinais de prosperidade fincam raiz na precoce Freguesia do Pôrto.

Em 14 de junho de 1774, no Brasil, Rio de Janeiro, foi confirmado por Carta Régia (de Portugal) à nova nomeação (1773) do coronel José Marcellino de Figueiredo como governador do Rio Grande de São Pedro, sendo-lhe outorgada na mesma data, a promoção ao posto de Brigadeiro de Cavalaria.

Em 1º de agosto de 1774, na Europa, Inglaterra, o químico Joseph Pristley, descobre o “oxigênio” ao sintetizar o gás e apresentar a experiência em artigo oficial à comunidade centífica.
No final do século XVI, o alquimista polonês Michael Sedziwój já havia identificado o gás como: - “O Elixir da Vida”.


Continua na Parte VIII

6 comentários:

  1. Ótimo texto! Parabéns. Adorei o paralelismo histórico, ajuda a nos situar cronologicamente.

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  2. Excelente, muito grato por compartilhar conosco esse conhecimento das origens da nossa cidade.

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  3. Estou lendo. É apaixonante. Obrigada por compartilhar!

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  4. Meu ancestrais foram um dos casais que vieram porém o nome dele não está ali.
    o pai "Joâo Pereira Barros casado com Margarida de sousa"
    E o filho deles " Manoel De Sousa Barros casado com Cordola Maria "
    Vieram com mais alguns filhos tambem.

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