No fundo da foto no meio da várzea está a arena de touros - 1901
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Circo de Touros, que funcionava aos domingos nos Campos da Redenção (atual Parque Farroupilha), quase em frente à atual Rua da República.
Não precisava ir a Madrid, Lisboa ou México City
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No Brasil até o século XX
Porto Alegre teve tanto corridas de touros como touradas em praça de touros situada no Campo da Redempção, que hoje abriga o parque de mesmo nome. Com cavaleiros, bandarilheiros, forcados e pega, assim como pantomimas tauromáquicas, eram consideradas eventos sociais, recreativos e artísticos, atraindo humildes e abonados. Conforme ilustração em anúncio de 1898 o animal era sacrificado na apresentação pelo cavaleiro.
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Arena de Touros***
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As primeiras touradas ocorreram em 1875, e as últimas no início do século XX.
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Saiu no Correio do Povo
No dia 14 de fevereiro de 1910 não houve edição do Correio do Povo. Na época, o jornal não circulava às segundas-feiras
O público que assistia às touradas realizadas na Praça de Touros, localizada na esquina da Rua da República, no atual Parque da Redenção, envolvia desde o mais humilde até a alta sociedade da época. Os touros eram procedentes da Fazenda Leão, considerados os mais bravios.
TOURADAS
Com uma enchente á cunha, a ponto de ser esgotada a venda de localidades, realisou-se ante-hontem, no circo do Campo da Redempção, a corrida annunciada pela empreza Amaral, em beneficio do habil e intelligente artista Manoel Antelo, espada da quadrilha.
O que de mais distincto, tanto no bello sexo, como no masculino, possue a nossa sociedade, se via no circo, que apresentava, nesse dia, o mais attraente aspecto. A funcção foi magnifica, quer pelas peripecias nella occorridas, quer pela excellencia da maioria dos touros, todos muito bons. E muito melhormente apresentar-se-iam elles ás sortes, si não estivessem um pouco enfraquecidos, ao que parece pela falta de conveniente alimentação. Ainda assim, alguns dos animaes exhibidos, já pela sua braveza, já pela rapidez de suas arremettidas, deram que fazer aos artistas. Nessa corrida, deu-se uma circumstancia curiosa: todos os artistas, sem excepção de um só, trabalharam com rara felicidade. Ou fosse pelo desejo que todos nutriam de dar uma esplendida funcção, em honra ao beneficiado, ou fosse porque todos estivessem bem dispostos, ou fosse pela qualidade dos touros, ou por qualquer outro motivo, em summa, o facto é que, mesmo os que até aqui se têm mostrado mais mediocres, na arte tauromachica, postaram-se com a maior galhardia, executando bonitos e arriscados passes. Foi um verdadeiro desafio, em que cada qual se esmerou em bem trabalhar. Francisco Antelo uma das primeiras figuras da troupe, fez uma bella péga, que muitos e justos applausos lhe valeram. Esperando de costas o touro, conseguiu elle prender-se perfeitamente entre as duas aspas do animal, onde se conservou firme. Logo em seguida, Gamuzzi, estimulado por essa sorte, também espera, de costas e ajoelhado, o touro, igualmente agarrar este pelas duas aspas. Uma tempestadade de applausos coroou o arrojado trabalho do valoroso artista. O nosso patricio Luiz José Cabral, a quem coube lidar, a cavallo, o 4 touro, metteu-lhe varios ferros. Como é natural, em se tratando de um amador, o seu trabalho não foi completo, visto ter deixado que o touro tocasse, por diversas vezes, o cavallo que montava. Despresado esse senão, em que temos visto cair, frequentemente, cavalleiros de profissão, deve-se confessar que se houve Cabral com relativa habilidade. O moço de forcado Munhoz Sogado, que pela primeira vez se exhibiu na arena toureando, enfeitou o animal com algumas bandarilhas, aliás bem postas. E'' elle um principiante que muito promette, não só pela sua coragem, como pela destreza e gosto que revela. Diremos que a funcção de ante-hontem agradou geralmente, sendo opinião de quantos a ella assistiram que, bem poucas vezes, os artistas poderão, em conjunto, trabalhar com tanta felicidade e exito. Um curioso, de nacionalidade hespanhola, teve a perna fracturada, conforme noticiámos em outro logar desta folha, ao pretender emfrentar com o ultimo touro, destinado aos amadores. O pobre homem foi retirado, em braços do redondel, onde apenas se apresentaram tres ou quatro curiosos, que não conseguiram tirar o premio. O touro que era reforçado e atropelador, afugentou, naturalmente, outros pretendentes ao premio, que nem siquer se animaram a descer á arena. Foi até para se lamentar que um touro tão bom deixasse de ser lidado pela quadrilha.
Touradas do dia 17/1/1901
Apesar das corridas realisadas no velodromo da União Velocipedica e das diversões populares na rua dos Andradas, foi extraordinaria (quasi uma enchente á cunha), a concorrencia á funcção effectuada ante-hontem pela empresa Amaral. Os touros apresentados eram regulares, mas em sua maioria negaceadores, pelo que permittiam aos artistas a execução de melhores sortes. Da primeira parte, que constou de quatro touros, foi o clou a bonita péga feita por Gamuzzi que, sentando-se em um banco e dando as costas ao touro, consegiu apanhal-o perfeitamente entre as aspas. O Bahiano e o valente moço de forcado Munhoz Salgado, mettidos em cavallos de papelão, deram sortes comicas de fazer todo o publico, a bandeiras despregadas. Tram-bulhões em penca, quedas grotescas, cambalhotas, tudo concorreu para que a pantomima tivesse o fim desejado - produzir franca hilaridade entre os espectadores. Só essa nota verdadeiramente carnavalesca, que teve a funcção de ante-hontem, valeu o preço da entrada.
O público que assistia às touradas realizadas na Praça de Touros, localizada na esquina da Rua da República, no atual Parque da Redenção, envolvia desde o mais humilde até a alta sociedade da época. Os touros eram procedentes da Fazenda Leão, considerados os mais bravios.
TOURADAS
Com uma enchente á cunha, a ponto de ser esgotada a venda de localidades, realisou-se ante-hontem, no circo do Campo da Redempção, a corrida annunciada pela empreza Amaral, em beneficio do habil e intelligente artista Manoel Antelo, espada da quadrilha.
O que de mais distincto, tanto no bello sexo, como no masculino, possue a nossa sociedade, se via no circo, que apresentava, nesse dia, o mais attraente aspecto. A funcção foi magnifica, quer pelas peripecias nella occorridas, quer pela excellencia da maioria dos touros, todos muito bons. E muito melhormente apresentar-se-iam elles ás sortes, si não estivessem um pouco enfraquecidos, ao que parece pela falta de conveniente alimentação. Ainda assim, alguns dos animaes exhibidos, já pela sua braveza, já pela rapidez de suas arremettidas, deram que fazer aos artistas. Nessa corrida, deu-se uma circumstancia curiosa: todos os artistas, sem excepção de um só, trabalharam com rara felicidade. Ou fosse pelo desejo que todos nutriam de dar uma esplendida funcção, em honra ao beneficiado, ou fosse porque todos estivessem bem dispostos, ou fosse pela qualidade dos touros, ou por qualquer outro motivo, em summa, o facto é que, mesmo os que até aqui se têm mostrado mais mediocres, na arte tauromachica, postaram-se com a maior galhardia, executando bonitos e arriscados passes. Foi um verdadeiro desafio, em que cada qual se esmerou em bem trabalhar. Francisco Antelo uma das primeiras figuras da troupe, fez uma bella péga, que muitos e justos applausos lhe valeram. Esperando de costas o touro, conseguiu elle prender-se perfeitamente entre as duas aspas do animal, onde se conservou firme. Logo em seguida, Gamuzzi, estimulado por essa sorte, também espera, de costas e ajoelhado, o touro, igualmente agarrar este pelas duas aspas. Uma tempestadade de applausos coroou o arrojado trabalho do valoroso artista. O nosso patricio Luiz José Cabral, a quem coube lidar, a cavallo, o 4 touro, metteu-lhe varios ferros. Como é natural, em se tratando de um amador, o seu trabalho não foi completo, visto ter deixado que o touro tocasse, por diversas vezes, o cavallo que montava. Despresado esse senão, em que temos visto cair, frequentemente, cavalleiros de profissão, deve-se confessar que se houve Cabral com relativa habilidade. O moço de forcado Munhoz Sogado, que pela primeira vez se exhibiu na arena toureando, enfeitou o animal com algumas bandarilhas, aliás bem postas. E'' elle um principiante que muito promette, não só pela sua coragem, como pela destreza e gosto que revela. Diremos que a funcção de ante-hontem agradou geralmente, sendo opinião de quantos a ella assistiram que, bem poucas vezes, os artistas poderão, em conjunto, trabalhar com tanta felicidade e exito. Um curioso, de nacionalidade hespanhola, teve a perna fracturada, conforme noticiámos em outro logar desta folha, ao pretender emfrentar com o ultimo touro, destinado aos amadores. O pobre homem foi retirado, em braços do redondel, onde apenas se apresentaram tres ou quatro curiosos, que não conseguiram tirar o premio. O touro que era reforçado e atropelador, afugentou, naturalmente, outros pretendentes ao premio, que nem siquer se animaram a descer á arena. Foi até para se lamentar que um touro tão bom deixasse de ser lidado pela quadrilha.
Touradas do dia 17/1/1901
Apesar das corridas realisadas no velodromo da União Velocipedica e das diversões populares na rua dos Andradas, foi extraordinaria (quasi uma enchente á cunha), a concorrencia á funcção effectuada ante-hontem pela empresa Amaral. Os touros apresentados eram regulares, mas em sua maioria negaceadores, pelo que permittiam aos artistas a execução de melhores sortes. Da primeira parte, que constou de quatro touros, foi o clou a bonita péga feita por Gamuzzi que, sentando-se em um banco e dando as costas ao touro, consegiu apanhal-o perfeitamente entre as aspas. O Bahiano e o valente moço de forcado Munhoz Salgado, mettidos em cavallos de papelão, deram sortes comicas de fazer todo o publico, a bandeiras despregadas. Tram-bulhões em penca, quedas grotescas, cambalhotas, tudo concorreu para que a pantomima tivesse o fim desejado - produzir franca hilaridade entre os espectadores. Só essa nota verdadeiramente carnavalesca, que teve a funcção de ante-hontem, valeu o preço da entrada.
Praça de touros em Porto Alegre, local das apresentações de ‘tauromachia’ na Capital. Popularmente conhecida como tourada, a palavra utilizada nas edições de cem anos atrás tem origem no grego taurus (touro) e machia (batalha). Em 1934, um decreto-lei estabelece medidas de proteções aos animais, caracterizando como maus-tratos, entre outros, a realização desta prática.
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TAUROMACHIADissolveu-se, nesta capital, a companhia que estava trabalhando no pavilhão da rua da Concordia. Com elementos da extincta empreza e com outros, foi organizada uma nova cuadrilla, que estreará domingo, naquelle proprio local. Tomará parte na funcção a cavalleira mme. Clotilde Maestrick. Essa artista veio, hontem, fazer-nos uma visita. Cubano fará uma interessante surpresa.
Texto da época: HÁ UM SÉCULO NO CORREIO DO POVO - 1909
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