O Cristianismo
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Igreja Matriz e Capela do Divino - 1779
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Construção da Catedral Nossa Senhora Madre de Deus - 1929
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Capela do Divino - 1909
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Igreja Matriz e Capela do Divino - 1779
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Igreja Matriz e nova Capela do Divino - década de 1890
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Igreja Matriz - 1890
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Altar Mor da antiga Matriz
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Construção da Catedral Nossa Senhora Madre de Deus - 1929
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Cúpula do teto
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Catedral atual***
Capela do Divino - 1909
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Antigo Seminário Episcopal
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Atual Cúria Metropolitana
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Prédio atual***
Igreja das Dores, sem as torres - 1820
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1890
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Década de 1910
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Restauração - Década de 1980
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Restauração da nave central
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Década de 2000
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Igreja Santo Antônio - 1878
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Igreja Santo Antonio
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Paróquia Santa Cecília - 1943
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Igreja Auxiliadora
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Igreja Senhor dos Passos, junto a Santa Casa - década de 1910
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Igreja Santa Teresinha - afresco de Aldo Locatelli
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Chegada de Nossa Senhora de Fátima em Porto Alegre, em 20 de agosto de 1953.
Brasileiro Reis, segundo à esquerda. D. Vicente Scherer, primeiro à direita, ao microfone governador Ildo Meneghetti
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A Maçonaria
Rio Grande do Sul
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A fundação da primeira Loja Maçônica ocorreu no dia 23 de novembro de 1831, em Porto Alegre , com o nome de Loja Philantropia e Liberdade, sob a obediência do Grande Oriente Nacional Brasileiro.
Essa Loja se originou da "Sociedade Literária Correntino", embrião e baluarte do Movimento Farroupilha. Bento Gonçalves da Silva foi o primeiro Venerável Mestre dessa Loja Maçônica.
O planejamento estratégico e logístico das primeiras ações revolucionárias foi desenvolvido entre colunas desse templo Maçônico, que existe até hoje e está sediado em Porto Alegre /RS, tendo ali sido firmado o Pacto Revolucionário Farroupilha em 18 de setembro de 1835.
Nessa reunião secreta e histórica foi feita a coleta da quantia no valor de 350$000 e por proposição de José Mariano de Mattos foi destinada à compra de uma Carta da Alforria de um escravo de meia idade, proposta aceita por unanimidade, o que demonstra o espírito abolicionista e anti-escravagista dos revolucionários Maçons.
As causas do conflito foram várias, políticas, econômicas, militares e sociais, mas foi essa última que amalgamou os diferentes seguimentos sociais no ideal comum e revolucionário, unindo negros, índios e brancos.
O Rio Grande do Sul tinha na época uma população de aproximadamente 150 mil habitantes entre brancos, escravos e índios. Inexistia uma única escola pública, as estradas eram precárias, não havia uma ponte construída, a infra-estrutura era nenhuma.
O centro cultural era Buenos Aires que fervilhava embalado pelo sonho de Bernardino Rivadavia, um argentino apaixonado pela Revolução Francesa.
Como ministro de Guerra e das Relações Exteriores do presidente Martín Rodríguez (1821-1824), e depois como presidente (1826-27), Rivadavia incentivou a imigração italiana como uma forma de trazer da Europa, intelectuais e professores para fomentar as atividades culturais argentinas e preencher as cátedras da Universidade de Buenos Aires.
A Maçonaria novamente teve papel importante nesse projeto facilitando que esses intelectuais e profissionais fossem mais facilmente encontrados, especialmente entre os exilados políticos. Vieram muitos italianos na chamada “imigração política”: médicos, químicos e artistas contratados para organizar a vida cultural portenha.
Essas influências culturais causaram profunda impressão nos líderes revolucionários, impregnando a revolução com esses ideais liberais e libertários.
A província de São Pedro (Estado do Rio Grande do Sul) era totalmente abandonada pelo poder central que nem mesmo as fronteiras defendia, alvo constante de invasões castelhanas.
Eram as milícias formadas por cidadãos comuns que, sazonalmente viam-se obrigados a relegar à segundo plano suas atividades diárias e fazer às vezes de exército para defender a pátria.
Apesar do seu continuado sacrifício nessas batalhas de fronteiras e apesar da riqueza da Corte advinda do cultivo do café, apesar do massacre de sua população masculina dizimada pelas guerras, apesar do infindável luto das mulheres gaúchas, o Rio Grande do Sul não recebia qualquer atenção ou reconhecimento por parte do império. O descontentamento do povo era total.
E foi assim que por dez longos anos lutaram aqueles irmãos valorosos em busca de justiça e dignidade para todos nós gaúchos, mantendo a honradez mesmo em batalha.
São inúmeros os relatos de variados episódios da prática de atos imbuídos de elevados valores humanitários, certamente, pelo fato de haver Maçons entre as fileiras do exército legalista e dos revolucionários.
Comenta-se que a tentativa de tomar São José do Norte, para garantir um porto, resultou naquele que foi considerado o combate mais sangrento da revolução. Conta-se que as ruas da vila ficaram cobertas de cadáveres.
Apesar da violência do evento, ele também é lembrado pelo gesto cavalheiresco do coronel Antonio Soares Paiva, que comandava a guarnição legalista da cidade. Ao término do combate, Bento Gonçalves - que estava à frente das tropas farroupilhas lhe enviou uma mensagem, dizendo que se achava sem médico e remédios para seus feridos. O coronel Paiva, então, lhe mandou um médico e metade dos medicamentos de que dispunha. Em agradecimento, Bento libertou todos os prisioneiros legalistas.
Bento Gonçalves foi preso em 1836 junto com outros líderes revolucionários no combate da ilha do Fanfa (em Triunfo). Foi enviado para a prisão de Santa Cruz e mais tarde para a fortaleza de Lage, no Rio de Janeiro, onde chegou a tentar uma fuga, da qual desistiu porque seu companheiro de cela, o também farrapo Pedro Boticário, era muito gordo, e não conseguiu passar pela janela. Depois desse episódio Bento foi transferido para o forte do Mar, em Salvador.
Em 1837, auxiliado pela Maçonaria, fugiu da prisão. Fingindo que ia tomar um banho de mar, ele começou a nadar diante do forte até que, aproveitando um descuido dos guardas, fugiu - a nado - em direção a um barco que estava à sua espera. Hoje ao ver os cavalos passando montados por orgulhosos gaúchos e gaúchas senti um misto de alegria, tristeza e uma certeza.
- Alegria por não termos nos esquecido de nossos irmãos que tanto fizeram, pelo respeito e gratidão que nutrimos.
- Tristeza por ver que quase duzentos anos se passaram e não atingimos na plenitude os objetivos da revolução farroupilha. Continuamos com exagerada concentração de poder pelo governo central, com enorme centralização tributária e das decisões políticas.
A carga tributária nunca foi tão brutal como é hoje, em torno de 40% do PIB, 80% da arrecadação fica nas mãos do governo federal. Basta lembrar que além da revolução farroupilha também a inconfidência mineira liderada por Tiradentes se insurgiu contra a carga tributária quando era mísero 1/5 do PIB (o quinto dos infernos).
A educação e a saúde pública ainda são deficitárias em nosso estado. Nossos portos, aeroportos e estradas são ruins. Produzimos muito e temos dificuldades de escoamento dessa produção pela falta de infra-estrutura.
- Certeza de saber que, apesar do ato de pacificação assinado no dia 1° de Março de 1845 em Ponche Verde , apesar dos avanços e conquistas, a luta continua. Permaneçamos mobilizados e vigilantes lutando não mais com armas mortais em campo aberto, mas nas dimensões institucionais com o poder das idéias balizados pela ética.
SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS DE MODELO A TODA TERRA !
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Monumento Maçom
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A capital dos gaúchos tem mais um monumento a partir de hoje, data em que é comemorado o Dia do Maçom. Por iniciativa do vereador Bernardino Vendruscolo foi destinada área da cidade na esquina da rua da Azenha com João Pessoa, próximo à Ponte da Azenha, onde teve início a Revolução Farroupilha para abrigar Monumento à Paz em homenagem aos Maçons Republicanos e Imperiais da Revolução .Como a história registra, a decisão de tomar militarmente a cidade de Porto Alegre e destituição do presidente provincial, que deu início à Revolução Farroupilha, foi tomada em 1835 na Loja Maçônica Filantropia e Liberdade, na Rua Duque de Caxias, sendo grão-mestre o general Bento Gonçalves. Garibaldi, um dos nomes mais importantes da Revolução era maçom, tendo inclusive sido lançado um selo em sua homenagem com símbolo maçônico.
Duas colunas integram o monumento, sendo uma Jônica (Sabedoria) e outra Dórica(Força)
O horário da inauguração foi a partir das 11 horas, quando o sol se encontra em zênite, projetando sua luz sobre todos, sem sombra.
Ao inaugurar a obra, que foi custeada pela iniciativa privada, segundo parâmetros da municipalidade, o prefeito Fogaça ressaltou que “é um orgulho para a cidade inaugurar este monumento. Não há nenhuma palavra que se associe mais à maçonaria que liberdade, vinculada à Revolução Farroupilha e à alma do gaúcho. Que estas colunas sejam permanentemente o símbolo do apego dos gaúchos à liberdade”.
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A Religião da Humanidade
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A Religião da Humanidade é o sistema religioso criado pelo francês Augusto Comte em 1854, como coroamento da carreira filosófica, em que procurou estabelecer as bases de uma completa espiritualidade humana, sem elementos extra-humanos ou sobrenaturais. A Religião da Humanidade também é conhecida como "Positivismo Religioso".
À semelhança das demais religiões, a Religião da Humanidade tem dogma, culto e regime, templos e capelas; sacramentos, sacerdotes e assim por diante. Todavia, uma particularidade distingue-a radicalmente: ela é uma religião "positiva" ou "científica", no sentido de que não venera um ser superior sobrenatural. Assim sendo pode-se classificar a Religião da Humanidade como monoteista e naturalista. Nela não há espaço para o sobre-natural , pois todos os fenômenos tem origem e causa na natureza.
Tempo positivista do Rio de Janeiro***
Templo positivista de Porto Alegre - 1900
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O Templo Positivista de Porto Alegre, localizado na Avenida João Pessoa, junto ao Parque Farroupilha, e cuja construção data do início do século XX.
É um dos quatro templos positivistas do mundo, sendo que os outros três estão localizados no Rio de Janeiro, em Curitiba, e na França, onde o positivismo criado por Auguste Comte teve seu início, no século XIX, e que, entre outras coisas, determinava como deviam ser os templos. É também um dos dois únicos templos positivistas que foram construídos expressamente com esta função; o outro templo situa-se no Rio de Janeiro, onde fica a sede da Igreja Positivista do Brasil.
O positivismo é um culto de amor e reconhecimento pelos parentes, pelos grandes homens, pelas instituições sociais, pela pátria e pelos antepassados. É um sistema de vida moralizador, um regime sem distinções de classe, cor e raças, de uma vida sem conflitos, tendo como principal interesse o coletivo e não individual, e que organiza a vida social pelos moldes científicos.
O seu lema fundamental é O amor por princípio, e a ordem por base, o progresso por fim.
O Templo Positivista de Porto Alegre já foi frequentado por muitos dos políticos gaúchos.
Em 1912, eles compraram o terreno onde foi construído o templo, que foi terminado somente 16 anos depois. Com a segunda guerra mundial, muitos dos adeptos se afastaram, fazendo com que a célula positivista riograndense se desintegrasse.
Hoje, o templo conta com pouco mais de cinco seguidores em todo o estado.
O prédio da Avenida João Pessoa é considerado uma relíquia do estado, apresenta a arquitetura característica da época, e têm em seu acervo muitas raridades.
Na entrada do templo está escrito: Os vivos são sempre cada vez mais, necessariamente governados pelos mortos.
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Atual
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O Maiores seguidores do Positivismo de Comte no Rio Grande do Sul:
Julio de Castilhos e Borges de Medeiros
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As influências do pensamento comtiano foram tão significativas no país que “muitas das idéias positivistas foram incorporadas à Constituição de 1891” .
Essas influências podem ser percebidas explicitamente pela presença do slogan "Ordem e Progresso” escrito na bandeira nacional, derivado do famoso lema do positivismo comtiano,
"o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim".
As influências do sistema de pensamento elaborado por Augusto Comte foram bastante significativas em todo o Brasil, porém, observando relatos apresentada no documentário “A Capela Positivista de Porto Alegre” percebemos que no Rio Grande do Sul os reflexos do positivismo foram consideravelmente maiores do que no resto do país. A exemplo, no referido filme, o Prof. Dr. em história, Paulo Ricardo Pezat, descreve que, “guardadas as proporções o Rio Grande do Sul esteve para a obra de Augusto Comte da mesma forma que a União Soviética esteve para a obra de Karl Marx.”
No sentido em que foram dois sistemas de pensamento elaborados no século XlX, que vão propor transformações nas sociedades das quais os autores são contemporâneos, mas que não se efetivarão nas respectivas sociedades em que foram elaboradas.
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***O Maiores seguidores do Positivismo de Comte no Rio Grande do Sul:
Julio de Castilhos e Borges de Medeiros
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Lema: "Os Vivos são sempre e cada vez mais necessariamente governados pelos Mortos"
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Os degraus para chegar a Humanidade
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Augusto Comte
O EspiritismoAugusto Comte
Fundador da Religião da Humanidade
Clotilde oferece um Ramalhete de Flores
Dia a dia a paixão do filósofo aumenta: "Cansa-se de pensar e até de agir cansamos, só amar não cansa, nem repetir que amamos", era uma das frases características de Augusto Comte. Clotilde de Vaux lhe oferece um bouquete de flores artificiais, feito pela sua própria mão. E é para ele que, mais tarde ao morrer, o filósofo lançará seu último olhar.
Início do Positivismo Religioso.
"O positivismo religioso começou realmente, na nossa preciosa visita inicial de sexta-feira, 16 de maio de 1845, quando meu coração proclamou inopinadamente diante de tua família maravilhada, a sentença característica (não se pode pensar sempre, mas sempre se pode amar), que, completada tornou-se a divisa especial de nossa grande composição".
Batismo do Sobrinho de Clotilde
Em 28 de agosto de 1845, na igreja de São Paulo, Augusto Comte e Clotilde de Vaux servem de padrinhos no batizado do filho primogênito de Maximilano Marie. Este ato teve um grande significado em sua vida; a partir desta data ele se considera ligado definitivamente pelos laços do matrimônio, à sua inspiradora.
Morte de Clotilde de Vaux
Na entrada da primavera, a 5 de abril de 1846, "vi sucumbir essa nobre vítima, malgrado os meus mais firmes cuidados, secundado pelo ativo devotamento que, durante dezoito noites consecutivas, reteve a minha excelente Sofia junto d'ela, cuja alma tão grande era que a eminente fâmula dava o nome de irmã". Clotilde antes de expiar, cinco vezes pronunciou a seguinte frase: "Lembra-te Comte, quem eu sofro sem o haver merecido".
Napoleão III
Um governo provisório proclama a República, mas as agitações socialistas e o sufrágio universal deram em resultado a eleição de Luiz Napoleão que se tornou presidente em 10 de dezembro de 1848. Deu o golpe de Estado em 2 de dezembro de 1851, e, no ano seguinte, foi proclamado Imperador com o título de Napoleão III, tendo governado a França até 1870.
Fundação da Sociedade Positivista
A 8 de março de 1848, sob a divisa característica de Ordem e Progresso, funda Augusto Comte a Sociedade Positivista que deveria ser o núcleo de um grande partido verdadeiramente republicano à semelhança dos Jacobinos e onde o culto geral da Humanidade, segundo um sistema geral de comemorações públicas, se estenderia a todas as faces da evolução humana.
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A Religião Afro
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Príncipe Custódio
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José Custódio Joaquim de Almeida
Príncipe africano de Ajudá
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Envolto numa auréola de nobreza autêntica viveu muitos em nossa capital uma figura estranha e original que conservou todos os seus hábitos de origem e todos os ritos extravagantes de sua seita negra.
“Ogum” teve em José Custódio Joaquim de Almeida um sectário fervoroso e honesto.
“Ogum” teve em José Custódio Joaquim de Almeida um sectário fervoroso e honesto.
O “Príncipe”, como comumente era conhecido entre nós, se constituiu logo em um semideus para os homens da sua raça. O seu credo traduzia a crença daqueles em cujas veias existia ainda uma gota de sangue dos seus antepassados africanos.
Teve prestígio e força. Os seus 104 anos foram inteiramente entregues aos seus irmãos de origem. Dentro de uma sincera reverência aos deuses que a imaginação quente e primitiva de sua raça foi criando, não desamparou nunca os seus adeptos fervorosos.
Agora, entre os seus discípulos da seita negra, um luto se levanta. Todos choram a morte do príncipe de Ajuda. O príncipe morreu. Rolando o seu corpo rijo e frio, houve um estremecimento forte na crença e na esperança dos seus adeptos. Eles pedem para os seus deuses um continuador do seu mestre.
O Príncipe trazia em seu sangue uma origem ilustre. A sua estripe foi nobre. O governo inglês mandava lhe pagar mensalmente, por intermédio do respectivo consulado nesta capital, a subvenção que lhe era devida na qualidade de Príncipe de São João de Ajuda, território que está sob o domínio da referida nação.
O Príncipe morreu e as preces sobem aos Orixás.
(Transcrito de “A Federação”, de 30 de março de 1935.)
Teve prestígio e força. Os seus 104 anos foram inteiramente entregues aos seus irmãos de origem. Dentro de uma sincera reverência aos deuses que a imaginação quente e primitiva de sua raça foi criando, não desamparou nunca os seus adeptos fervorosos.
Agora, entre os seus discípulos da seita negra, um luto se levanta. Todos choram a morte do príncipe de Ajuda. O príncipe morreu. Rolando o seu corpo rijo e frio, houve um estremecimento forte na crença e na esperança dos seus adeptos. Eles pedem para os seus deuses um continuador do seu mestre.
O Príncipe trazia em seu sangue uma origem ilustre. A sua estripe foi nobre. O governo inglês mandava lhe pagar mensalmente, por intermédio do respectivo consulado nesta capital, a subvenção que lhe era devida na qualidade de Príncipe de São João de Ajuda, território que está sob o domínio da referida nação.
O Príncipe morreu e as preces sobem aos Orixás.
(Transcrito de “A Federação”, de 30 de março de 1935.)
São João Batista de Ajuda era uma fortaleza portuguesa no Daomé. A feitoria de São João Batista de Ajuda estava situada a cinco quilômetros da costa africana de Leste ou dos “Papos”, entre os rios da Lagoa e do Volta, tendo sido descoberta pelos portugueses, quando navegavam na costa da Guiné. Era a capital do antigo Reino de Daomé, edificado numa vasta planície outrora muito povoada de cristãos negros. O rei D. Pedro II (de Portugal) mandou construir a referida fortaleza a fim de proteger o importante comércio que os portugueses faziam na Costa da Mina.
A Costa da Mina era um território à beira do Oceano Atlântico no golfo da Guiné, Foi ocupado pelos ingleses que ali estabeleceram importantes feitorias, que passaram a ser defendidas pelas guarnições das fortalezas antes pertencentes a Portugal, entre as quais a de São João Batista de Ajuda.
Daomé tem fronteira de um lado com Nigéria, que é o maior país da África atual, e do outro, com Togo, possessão alemã de antes da 1ª Guerra Mundial, este velho reino africano no começo foi a colônia de vários países que se estabeleceram ao longo do seu território à margem do Atlântico, mas em 1876 a Grã-Bretanha terminou a ação que iniciaria alguns anos antes comprando a parte dos demais ocupantes, tornando, então, a Costa do Ouro inteiramente de propriedade dos ingleses, os quais também tiveram de entrar em acordo com os reis negros que governam o gentio. Desta determinação britânica resultou a deportação de um rei africano, que somente em 1934 teve autorização para voltar a fim de passar sossegadamente o resto de seus dias na terra natal. Com outros governantes foram feitos acordos financeiros por eles aceitos a fim de ser evitado o massacre do seu povo. Entre eles estava o príncipe de São João Batista de Ajuda que deixou sua terra na Costa da Mina em 1862 quando tinha 31 anos de idade.
Ninguém sabe como e em que circunstâncias este príncipe governante deixou o Porto de Ajuda, que era perto da Costa do Ouro (hoje República de Gana), onde, em algumas décadas anteriores, funcionava um dos principais locais de embarque de escravos para o Brasil, mas o certo é que ele partiu ante a promessa solene dos ingleses de que o seu povo não sofreria o que o haviam sofrido os grupos vizinhos ante a violência dos alemães e franceses. Os portugueses antes poderosos tinham se contentado com uma parte de Guiné e com Ilhas de São Tomé e Príncipe cedendo as suas fortalezas. As condições para que o príncipe de Ajuda não oferecesse qualquer resistência aos invasores, além do respeito pela vida dos seus súditos, era a de que ele se exilasse e jamais voltasse aos seus domínios. E, como parte do convênio, a Grã-Bretanha se comprometia a fornecer-lhe uma subvenção mensal paga em qualquer parte do mundo onde estivesse, por intermédio dos seus representantes consulares.
Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil como sua nova pátria, não se sabe. Talvez por haver aqui grande número de descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina – os chamados “pretos-mina” - ou outra qualquer razão; sua chegada a nossa terra foi assinada como acontecida em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajuda. Inicialmente fixou-se em Rio Grande, onde residiu longos anos, transferindo-se mais tarde para o interior do município de Bagé onde ficou logo popular por manter viva a tradição religiosa do seu povo (Batukajé) – com a prática do que agora se conhece como Batuque – além de mostrar conhecimentos das propriedades curativas da nossa flora medicinal, atendendo muita gente doente que o procurava, tratando de minorar-lhes os males por meio de ervas e rezas dos ritos africanos.
De Bagé mudou-se para Porto Alegre, onde chegou em 1901 com 70 anos de idade. Era um homem forte, cheio de vida com um metro e noventa de altura o que ainda mais se evidenciava quando usava as vestes originais da sua gente e colocava na cabeça um “fez” de cor encarnada que lhe aumentava pelo menos mais vinte centímetros de altura.
Foi morar na Rua Lopo Gonçalves, nº 498, cujos fundos davam para a Rua dos Venezianos (hoje Joaquim Nabuco). Esta artéria era chamada “dos Venezianos” não por causa da popular sociedade carnavalesca que por muitos anos existiu em nossa capital, mas por ter suas casas quase que totalmente habitadas por italianos oriundos da Sicília e da Calábria, que o vulgo confundia com venezianos (de Venza); mas logo que o príncipe que havia adotado o nome brasileiro de Custódio Joaquim de Almeida – ali se instalou, passou a rua a ser preferida pela gente de cor que procurava com isso acercar-se do homem que, incontestavelmente, era um líder da sua raça.
O príncipe Custódio – como então era chamado – iniciou ali uma nova etapa da sua aventurosa vida, cercando-se em Porto Alegre de um aparato digno de um verdadeiro fidalgo.
A família do príncipe de Ajuda aos poucos foi crescendo e não demorou a atingir o numero de 26 pessoas, sem contar os empregados em boa quantidade.
Os fundos da casa onde morava – com saída na Rua dos Venezianos (Joaquim Nabuco, hoje) – serviam para a sua coudelaria, pois possuía nada menos do que nove cavalos de raça – alguns importados da Inglaterra – os quais todos os domingos disputavam as corridas organizadas pela Protetora de Turfe no Prado Independência. Para manter e cuidar esses animais havia um grupo selecionado de empregados, jóqueis, etc., sob a supervisão direta do príncipe, que se classificava como “tratador”. Nos domingos os cavalos inscritos nos diversos páreos saíam da Rua dos Venezianos, devidamente cobertos por capas tendo as cores oficiais do seu dono, rumavam pela Rua da Concórdia em direção à Venâncio Aires, subindo, após, uma das ruas que ligam o Bonfim à Independência até chegarem ao Prado nos Moinhos de Vento.
Na cocheira também estava colocado um “Landau” e os seus dois cocheiros, estes, conforme as ocasiões, se apresentando devidamente uniformizados. Quando o carro deixou de ser o veículo ideal para locomoção em nossa cidade, foi substituído por um automóvel “Chevrolet” e o cocheiro por um motorista.
O príncipe Custódio tinha oito filhos, três homens e cinco mulheres (atualmente ainda estão vivos um homem – Dionísio Joaquim Almeida, funcionário aposentado da EBTC – em Porto Alegre, e duas senhoras, uma residindo no Rio de Janeiro e outra em São Paulo) e para esses oito filhos, quando pequenos, mantinha quatro empregados, um para a cada dois.
Seus conhecimentos de idioma português não eram muito corretos, porém podia expressar-se fluentemente em inglês e francês, além de falar ainda vários dialetos das tribos africanas que havia governado. Gostava de ir pessoalmente às compras, quando isso acontecia, se fazia acompanhar de dois fortes homens, os quais além de o custodiarem, serviam para transportar as mercadorias compradas em grandes balaios.
As festas que levava a efeito periodicamente em sua casa – notadamente na data do seu aniversário – eram verdadeiramente pantagruélicas. Durante três dias, com o prédio sempre cheio de gente, da manhã à noite, se comia e bebia do bom e do melhor ao som dos tambores africanos que batucavam sem parar naquelas setenta e duas horas. E nesses dias o príncipe recebia a visita da gente mais ilustre da cidade, inclusive do presidente do Estado, Borges de Medeiros que, conhecendo a ascendência daquele homem sobre a população de cor, ia felicita-lo, talvez mais por motivos políticos do que por outra coisa. Naquelas festejadas datas era certo o comparecimento na Rua Lopo de muitas senhoras e cavalheiros da melhor sociedade porto-alegrense, além dos capitães da indústria e do comércio que dele precisavam o apoio para perigos de greves e outras imposições. As mais finas bebidas eram importadas diretamente da Europa, especialmente destinadas a serem degustadas naquelas ocasiões especiais, embora elas nunca faltassem à mesa do príncipe exilado.
A casa do príncipe vivia sempre lotada de gente, de visitantes e de pessoas que ele encontrava nas ruas e lhe pediam auxílio. Mandava essas pessoas embarcarem na carruagem em que estivesse e as levava para sua residência onde sempre havia lugar para mais um. Todos ali ficavam até que quisessem ir embora. Entre os que viveram muito tempo junto ao homem meio-gigante da Rua Lopo, estava um branco, descendente de alemães oriundo de São Sebastião do Caí, que tinha feito estudos de Medicina e dessa maneira o auxiliava no atendimento aos doentes que continuamente o procuravam em busca de remédios e dos “trabalhos” do chefe africano exilado.
Para os rigores do inverno o príncipe Custódio adotou o poncho gaúcho, embora não dispensasse o gorro que marcava a sua personalidade, não o deixando nem quando visitava o Palácio da Praça da Matriz onde era sempre bem-vindo e onde havia ordens superiores de bom atendimento, e onde ele muitas vezes usava o seu prestígio para conseguir alguma coisa que lhe fosse solicitada por qualquer membro da sua comunidade.
Durante todos os anos em que viveu em Porto Alegre – 31 ao todo – nunca manteve correspondência ostensiva com parentes ou amigos deixados nas terras africanas. De lá recebia informações e daqui enviava notícias suas em mãos por intermédio de marítimos que tripulavam vapores vindos à nossa metrópole transportando e levando mercadorias. Também nunca se soube o teor dessas correspondências. De incentivo ao seu povo para uma possível rebelião não era, pois ele sabia ser isso humanamente impossível. Além disso a Inglaterra, em todo o longo período do seu exílio, sempre cumpriu religiosamente o que fora estipulado. Mensalmente o consulado britânico local entregava-lhe um saquinho cheio de libras esterlinas, cuja troca em mil-réis servia para manter a pequena corte da Rua Lopo, a família numerosa, os agregados, os empregados, e ainda serviam àqueles que o procuravam nos momentos de aperturas financeiras.
No verão, em janeiro, o programa era conhecido. Ia todo o mundo para a casa de propriedade de Custódio Joaquim de Almeida, na Praia da Cidreira. A viagem para o velho balneário era qualquer coisa de sensacional e folclórico. Embora fosse dono de carruagem e tivesse dinheiro para alugar quantas diligências quisesse, o príncipe gostava de viajar em carretas puxadas por bois na maior calma e na mais incrível lentidão. E ainda mais: a viagem era feita por etapas em ritmo de passeio, parando em, muitos lugares onde ele era sempre esperado com festas e cerimônias religiosas africanas, muita comida e muita bebida, pois todos sabiam que tudo seria pago pelo viajante ilustre. Dessa maneira nunca o trajeto de Porto Alegre à Cidreira era feito em menos de uma semana. Quando eram gastos apenas cinco dias, considerava-se em recorde e velocidade.
Com carretas de transporte dos passageiro seguiam outras carregadas de mantimentos, inclusive muitos sacos de milho e dezenas de fardos de alfafa, aos cuidados dos empregados, pois os cavalos de corrida do príncipe também iam aos banhos de mar. Isso, ele como treinados e tratador, fazia questão fechada.
A maior festa que a Cidade Baixa já viu foi quando Custódio completou cem anos (100) anos de idade. Nesse dia muita gente “bem” foi abraçá-lo em sua casa e ele, dando demonstração de sua vitalidade exuberante, montou a cavalo sem receber qualquer ajuda. Aliás, isso ele fez até poucos dias antes de sua morte, quatros anos depois.
No dia 26 de maio de l936 morreu o “Príncipe Custódio”aos 104 anos de existência. Seu velório e seu enterro, atendendo ao pedido expresso do morto, foi feito dentro das tradições africanas com muito “Batuque” e muitos “trabalhos”, em intenção à sua alma.
Com ele desapareceu uma das figuras mais impressionantes e esquisitas da nossa Cidade – um metro e noventa de altura com mais de cem quilos de peso, embora não fosse um homem gordo. E muita gente ficou desamparada, pois a subvenção paga mensalmente em libras pelo Governo Inglês extingui-se com a morte do “Príncipe de Ajuda”.
A Costa da Mina era um território à beira do Oceano Atlântico no golfo da Guiné, Foi ocupado pelos ingleses que ali estabeleceram importantes feitorias, que passaram a ser defendidas pelas guarnições das fortalezas antes pertencentes a Portugal, entre as quais a de São João Batista de Ajuda.
Daomé tem fronteira de um lado com Nigéria, que é o maior país da África atual, e do outro, com Togo, possessão alemã de antes da 1ª Guerra Mundial, este velho reino africano no começo foi a colônia de vários países que se estabeleceram ao longo do seu território à margem do Atlântico, mas em 1876 a Grã-Bretanha terminou a ação que iniciaria alguns anos antes comprando a parte dos demais ocupantes, tornando, então, a Costa do Ouro inteiramente de propriedade dos ingleses, os quais também tiveram de entrar em acordo com os reis negros que governam o gentio. Desta determinação britânica resultou a deportação de um rei africano, que somente em 1934 teve autorização para voltar a fim de passar sossegadamente o resto de seus dias na terra natal. Com outros governantes foram feitos acordos financeiros por eles aceitos a fim de ser evitado o massacre do seu povo. Entre eles estava o príncipe de São João Batista de Ajuda que deixou sua terra na Costa da Mina em 1862 quando tinha 31 anos de idade.
Ninguém sabe como e em que circunstâncias este príncipe governante deixou o Porto de Ajuda, que era perto da Costa do Ouro (hoje República de Gana), onde, em algumas décadas anteriores, funcionava um dos principais locais de embarque de escravos para o Brasil, mas o certo é que ele partiu ante a promessa solene dos ingleses de que o seu povo não sofreria o que o haviam sofrido os grupos vizinhos ante a violência dos alemães e franceses. Os portugueses antes poderosos tinham se contentado com uma parte de Guiné e com Ilhas de São Tomé e Príncipe cedendo as suas fortalezas. As condições para que o príncipe de Ajuda não oferecesse qualquer resistência aos invasores, além do respeito pela vida dos seus súditos, era a de que ele se exilasse e jamais voltasse aos seus domínios. E, como parte do convênio, a Grã-Bretanha se comprometia a fornecer-lhe uma subvenção mensal paga em qualquer parte do mundo onde estivesse, por intermédio dos seus representantes consulares.
Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil como sua nova pátria, não se sabe. Talvez por haver aqui grande número de descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina – os chamados “pretos-mina” - ou outra qualquer razão; sua chegada a nossa terra foi assinada como acontecida em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajuda. Inicialmente fixou-se em Rio Grande, onde residiu longos anos, transferindo-se mais tarde para o interior do município de Bagé onde ficou logo popular por manter viva a tradição religiosa do seu povo (Batukajé) – com a prática do que agora se conhece como Batuque – além de mostrar conhecimentos das propriedades curativas da nossa flora medicinal, atendendo muita gente doente que o procurava, tratando de minorar-lhes os males por meio de ervas e rezas dos ritos africanos.
De Bagé mudou-se para Porto Alegre, onde chegou em 1901 com 70 anos de idade. Era um homem forte, cheio de vida com um metro e noventa de altura o que ainda mais se evidenciava quando usava as vestes originais da sua gente e colocava na cabeça um “fez” de cor encarnada que lhe aumentava pelo menos mais vinte centímetros de altura.
Foi morar na Rua Lopo Gonçalves, nº 498, cujos fundos davam para a Rua dos Venezianos (hoje Joaquim Nabuco). Esta artéria era chamada “dos Venezianos” não por causa da popular sociedade carnavalesca que por muitos anos existiu em nossa capital, mas por ter suas casas quase que totalmente habitadas por italianos oriundos da Sicília e da Calábria, que o vulgo confundia com venezianos (de Venza); mas logo que o príncipe que havia adotado o nome brasileiro de Custódio Joaquim de Almeida – ali se instalou, passou a rua a ser preferida pela gente de cor que procurava com isso acercar-se do homem que, incontestavelmente, era um líder da sua raça.
O príncipe Custódio – como então era chamado – iniciou ali uma nova etapa da sua aventurosa vida, cercando-se em Porto Alegre de um aparato digno de um verdadeiro fidalgo.
A família do príncipe de Ajuda aos poucos foi crescendo e não demorou a atingir o numero de 26 pessoas, sem contar os empregados em boa quantidade.
Os fundos da casa onde morava – com saída na Rua dos Venezianos (Joaquim Nabuco, hoje) – serviam para a sua coudelaria, pois possuía nada menos do que nove cavalos de raça – alguns importados da Inglaterra – os quais todos os domingos disputavam as corridas organizadas pela Protetora de Turfe no Prado Independência. Para manter e cuidar esses animais havia um grupo selecionado de empregados, jóqueis, etc., sob a supervisão direta do príncipe, que se classificava como “tratador”. Nos domingos os cavalos inscritos nos diversos páreos saíam da Rua dos Venezianos, devidamente cobertos por capas tendo as cores oficiais do seu dono, rumavam pela Rua da Concórdia em direção à Venâncio Aires, subindo, após, uma das ruas que ligam o Bonfim à Independência até chegarem ao Prado nos Moinhos de Vento.
Na cocheira também estava colocado um “Landau” e os seus dois cocheiros, estes, conforme as ocasiões, se apresentando devidamente uniformizados. Quando o carro deixou de ser o veículo ideal para locomoção em nossa cidade, foi substituído por um automóvel “Chevrolet” e o cocheiro por um motorista.
O príncipe Custódio tinha oito filhos, três homens e cinco mulheres (atualmente ainda estão vivos um homem – Dionísio Joaquim Almeida, funcionário aposentado da EBTC – em Porto Alegre, e duas senhoras, uma residindo no Rio de Janeiro e outra em São Paulo) e para esses oito filhos, quando pequenos, mantinha quatro empregados, um para a cada dois.
Seus conhecimentos de idioma português não eram muito corretos, porém podia expressar-se fluentemente em inglês e francês, além de falar ainda vários dialetos das tribos africanas que havia governado. Gostava de ir pessoalmente às compras, quando isso acontecia, se fazia acompanhar de dois fortes homens, os quais além de o custodiarem, serviam para transportar as mercadorias compradas em grandes balaios.
As festas que levava a efeito periodicamente em sua casa – notadamente na data do seu aniversário – eram verdadeiramente pantagruélicas. Durante três dias, com o prédio sempre cheio de gente, da manhã à noite, se comia e bebia do bom e do melhor ao som dos tambores africanos que batucavam sem parar naquelas setenta e duas horas. E nesses dias o príncipe recebia a visita da gente mais ilustre da cidade, inclusive do presidente do Estado, Borges de Medeiros que, conhecendo a ascendência daquele homem sobre a população de cor, ia felicita-lo, talvez mais por motivos políticos do que por outra coisa. Naquelas festejadas datas era certo o comparecimento na Rua Lopo de muitas senhoras e cavalheiros da melhor sociedade porto-alegrense, além dos capitães da indústria e do comércio que dele precisavam o apoio para perigos de greves e outras imposições. As mais finas bebidas eram importadas diretamente da Europa, especialmente destinadas a serem degustadas naquelas ocasiões especiais, embora elas nunca faltassem à mesa do príncipe exilado.
A casa do príncipe vivia sempre lotada de gente, de visitantes e de pessoas que ele encontrava nas ruas e lhe pediam auxílio. Mandava essas pessoas embarcarem na carruagem em que estivesse e as levava para sua residência onde sempre havia lugar para mais um. Todos ali ficavam até que quisessem ir embora. Entre os que viveram muito tempo junto ao homem meio-gigante da Rua Lopo, estava um branco, descendente de alemães oriundo de São Sebastião do Caí, que tinha feito estudos de Medicina e dessa maneira o auxiliava no atendimento aos doentes que continuamente o procuravam em busca de remédios e dos “trabalhos” do chefe africano exilado.
Para os rigores do inverno o príncipe Custódio adotou o poncho gaúcho, embora não dispensasse o gorro que marcava a sua personalidade, não o deixando nem quando visitava o Palácio da Praça da Matriz onde era sempre bem-vindo e onde havia ordens superiores de bom atendimento, e onde ele muitas vezes usava o seu prestígio para conseguir alguma coisa que lhe fosse solicitada por qualquer membro da sua comunidade.
Durante todos os anos em que viveu em Porto Alegre – 31 ao todo – nunca manteve correspondência ostensiva com parentes ou amigos deixados nas terras africanas. De lá recebia informações e daqui enviava notícias suas em mãos por intermédio de marítimos que tripulavam vapores vindos à nossa metrópole transportando e levando mercadorias. Também nunca se soube o teor dessas correspondências. De incentivo ao seu povo para uma possível rebelião não era, pois ele sabia ser isso humanamente impossível. Além disso a Inglaterra, em todo o longo período do seu exílio, sempre cumpriu religiosamente o que fora estipulado. Mensalmente o consulado britânico local entregava-lhe um saquinho cheio de libras esterlinas, cuja troca em mil-réis servia para manter a pequena corte da Rua Lopo, a família numerosa, os agregados, os empregados, e ainda serviam àqueles que o procuravam nos momentos de aperturas financeiras.
No verão, em janeiro, o programa era conhecido. Ia todo o mundo para a casa de propriedade de Custódio Joaquim de Almeida, na Praia da Cidreira. A viagem para o velho balneário era qualquer coisa de sensacional e folclórico. Embora fosse dono de carruagem e tivesse dinheiro para alugar quantas diligências quisesse, o príncipe gostava de viajar em carretas puxadas por bois na maior calma e na mais incrível lentidão. E ainda mais: a viagem era feita por etapas em ritmo de passeio, parando em, muitos lugares onde ele era sempre esperado com festas e cerimônias religiosas africanas, muita comida e muita bebida, pois todos sabiam que tudo seria pago pelo viajante ilustre. Dessa maneira nunca o trajeto de Porto Alegre à Cidreira era feito em menos de uma semana. Quando eram gastos apenas cinco dias, considerava-se em recorde e velocidade.
Com carretas de transporte dos passageiro seguiam outras carregadas de mantimentos, inclusive muitos sacos de milho e dezenas de fardos de alfafa, aos cuidados dos empregados, pois os cavalos de corrida do príncipe também iam aos banhos de mar. Isso, ele como treinados e tratador, fazia questão fechada.
A maior festa que a Cidade Baixa já viu foi quando Custódio completou cem anos (100) anos de idade. Nesse dia muita gente “bem” foi abraçá-lo em sua casa e ele, dando demonstração de sua vitalidade exuberante, montou a cavalo sem receber qualquer ajuda. Aliás, isso ele fez até poucos dias antes de sua morte, quatros anos depois.
No dia 26 de maio de l936 morreu o “Príncipe Custódio”aos 104 anos de existência. Seu velório e seu enterro, atendendo ao pedido expresso do morto, foi feito dentro das tradições africanas com muito “Batuque” e muitos “trabalhos”, em intenção à sua alma.
Com ele desapareceu uma das figuras mais impressionantes e esquisitas da nossa Cidade – um metro e noventa de altura com mais de cem quilos de peso, embora não fosse um homem gordo. E muita gente ficou desamparada, pois a subvenção paga mensalmente em libras pelo Governo Inglês extingui-se com a morte do “Príncipe de Ajuda”.
Fonte: Axés dos Orixás no Rio Grande do Sul (Afrobras).
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O Protestantismo
Igreja Luterana
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Igreja Luterana atual
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Igreja Anglicana da Santíssima Trindade - década de 1960
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Nave central
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Evangélicas Pentecostais***
Assembléia de Deus
História
A Assembléia de Deus chegou ao Brasil por intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que aportaram em Belém, capital do Estado do Pará, em 19 de novembro de 1910, vindos dos EUA.
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Gunnar Vingran
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A princípio, freqüentaram a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Eles traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com a glossolalia — o falar em línguas estranhas — como a evidência inicial da manifestação para os adeptos do movimento. A manifestação do fenômeno já vinha ocorrendo em várias reuniões de oração nos EUA (e também de forma isolada em outros países), principalmente naquelas que eram conduzidas por Charles Fox Parham, mas teve seu apogeu inicial através de um de seus principais discípulos, um pastor negro leigo, chamado William Joseph Seymour, na Rua Azusa, Los Angeles, em 1906.
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Primeiro templo em Belém - PA
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A nova doutrina trouxe muita divergência. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou. Assim, em duas assembléias distintas, conforme relatam as atas das sessões, os adeptos do pentecostalismo foram desligados e, em 18 de junho de 1911, juntamente com os missionários estrangeiros, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de Missão de Fé Apostólica, que já era empregado pelo movimento de Los Angeles, mas sem qualquer vínculo administrativo com William Joseph Seymour. A partir de então, passaram a reunir-se na casa de Celina de Albuquerque. Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se Assembléia de Deus, em virtude da fundação das Assembléias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot Springs, Arkansas, mas, outra vez, sem qualquer ligação institucional entre ambas as igrejas.A Assembléia de Deus no Brasil se expandiu pelo Estado do Pará, alcançou o Amazonas, propagou-se para o Nordeste, principalmente entre as camadas mais pobres da população. Chegou ao Sudeste pelos idos de 1922, através de famílias de retirantes do Pará, que se portavam como instrumentos voluntários para estabelecer a nova denominação aonde quer que chegassem. Nesse ano, a igreja teve início no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, PA, em 1924, para a então capital da República. Um fato que marcou a igreja naquele período foi a conversão dePaulo Leivas Macalão, filho de um general, através de um folheto evangelístico. Foi ele o precursor do assim conhecido Ministério de Madureira, como veremos adiante.
A influência sueca teve forte peso na formação assembleiana brasileira, em razão da nacionalidade de seus fundadores, e graças à igreja pentecostal escandinava, principalmente a Igreja Filadélfia de Estocolmo, que, além de ter assumido nos anos seguintes o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg, enviou outros missionários para dar suporte aos novos membros em seu papel de fazer crescer a nova Igreja. Desde 1930, quando se realizou um concílio da igreja na cidade de Natal, RN, a Assembléia de Deus no Brasil passou a ter autonomia interna, sendo administrada exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem contudo perder os vínculos fraternais com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior colaboração das Assembléias de Deus dos EUA através dos missionários enviados ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação teológica da denominação.
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Assembléia de Deus em Porto Alegre
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