Bem Vindo

- Com esta série não é pretendido fazer história, mas sim é visado, ao lado das imagens, que poderão ser úteis aos leitores, a sintetizar em seus acontecimentos principais a vida da Cidade de Porto Alegre inserida na História.

Não se despreza documentos oficiais ou fontes fidedignas para garantir a credibilidade; o que hoje é uma verdade amanhã pode ser contestado. A busca por fatos, dados, informações, a pesquisa, reconhecer a qualidade no esforço e trabalho de terceiros, transformam o resultado em um caminho instigante e incansável na busca pela História.

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- Em História, não podemos gerar Dogmas que gerem Heresias e Blasfêmias e nos façam Intransigentes.

- Acompanhe neste relato, que se diz singelo; a História e as Transformações de Porto Alegre.

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domingo, 25 de abril de 2010

Os Dois Bicentenários de Porto Alegre

Bicentenário 1740-1940
A Ponte entre o Fundador Jerônimo de Ornelas e o 
Refundador Loureiro da Silva 
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O Instituto Histórico e Geográfico do Estado fez uma pesquisa em 1939 e revelou um documento para o então prefeito José Loureiro da Silva. Era uma carta de doação de terras de uma sesmaria a beira do Guaíba para Jerônimo de Ornellas, local onde iniciaria Porto Alegre. O documento era datado de 05 de novembro de 1740, este fato caiu como uma luva para o prefeito que era descendente do sesmeiro Jerônimo de Ornelas.
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Sesmaria de Santana
• Essa sesmaria (na qual integrava também toda a região da Santa Isabel) teria uma área aproximada de 14.000 hectares. Essa concessão foi confirmada por carta Régia de 23/01/1744 e registrada a 11 dezembro desse mesmo ano, no Livro de Ofícios e Mercês de Lisboa no Porto de Viamão, visada a 20 de julho de 1754 pelo Governador, conde de Bobadela, General Gomes Freire de Andrade.
Carta Régia - 1754
O Morro Santana
• Figura como uma referência geográfica
O Morro Santana demarcava os limites da sesmaria que pertenceu primeiramente a Jerônimo de Ornelas e, posteriormente, a Inácio Francisco. Em segundo, por ter abrigado a sede da estância de Santana, local onde residiram os dois primeiros proprietários dessa sesmaria.
O primeiro Dono das Terras
• Em 1732 Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos estabelece -se no Porto de Viamão. O local escolhido para construir a sede de sua sesmaria foi o MORRO SANTA ANA (ou Santana). Jerônimo de Ornelas mudou-se para Guaratinguetá, São Paulo, onde contraiu núpcias em 1723, com dona Lucrécia Leme Barbosa, nascida nesta mesma cidade. O casal teve dez filhos, mas todos os descendentes legítimos são-no por linha feminina, uma vez que eram oito filhas que casaram e dois filhos que faleceram solteiros.
• Diversos pesquisadores afirmam que a sua prole daria destacada descendência no Rio Grande do Sul.
Jerônimo de Ornelas
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Limites da Sesmaria de Santana
• Ao norte, com a fazenda do Ten. Francisco Pinto Bandeira, tendo como divisa o Rio Gravatai; Ao sul, com as terras de Sebastião Francisco Chaves, tendo como divisa o Rio Jacareí (mais tarde chamado Arroio Dilúvio); A Oeste, as praias do Rio Grande (conhecido na época como Igahiba ou Lagoa de Viamão, hoje Rio Guaiba) e a Leste, com as terras de Francisco Xavier da Azambuja, tendo como divisa o atual Arroio Feijó e seu afluente mais tarde conhecido por Arroio Dornelles, incluindo todo o Morro Santana.
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Com a descoberta, Loureiro da Silva preparou grandes festejos para que em 1940 fosse comemorado o bicentenário da cidade. Com intuito de promover suas obras ele acabou montado desfiles grandiosos pelas ruas do Centro. O prefeito queria demonstrar a ligação dele com o fundador da cidade: Jerônimo de Ornellas. Tanto que na prefeitura antiga (Paço dos Açorianos) existe uma placa comemorativa em que aparecem os dois.
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Comemoração do Bicentenário de 
Porto Alegre 1740-1940
 Foto de João Alberto Fonseca da Silva
Desfile de alunos da rede pública na av. Borges de Medeiros - 1940
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erônimo de Ornellas havia recebido a carta de doação de uma sesmaria às margens do Guaíba em 5 de novembro de 1740.
E o prefeito Loureiro da Silva era neto de Jerônimo de Ornellas. E se orgulhava disso.

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 Num discurso de saudação a Getúlio Vargas, nas comemorações do Bicentenário de Porto Alegre, por ele promovidas, Loureiro proclamou:
‘Quis o destino, na sua torrente imprevisível, após duzentos anos, que o neto governasse a estância do avô ancestral’.
Mas a celeuma continuou, porque outra corrente de historiadores entendia que a data de fundação era 26 de março de 1772, quando Porto Alegre foi elevada à condição de freguesia.
Em outro pronunciamento, naquele mesmo ano, perante o Conselho do Plano Diretor, Loureiro rebateu:
‘Embora os historiadores se percam em bizantinismos e discussões que não interessam no momento, a verdade é que a carta que outorgou a Jerônimo de Ornellas a sesmaria de campo, que vinha do Morro de Santana até o Porto de Viamão, foi firmada a 5 de novembro de 1740 e ele já era posseiro dessas terras desde 1732.
‘Não discutimos o fato em si mesmo, porque não estamos comemorando, neste momento, em Porto Alegre, o bicentenário de fundação da cidade. O que discutimos é o Bicentenário de Colonização dessas terras.
‘Inquestionável e indiscutivelmente, o primeiro colonizador foi Jerônimo de Ornellas Vasconcelos e Menezes: foi ele, ao mesmo passo, o primeiro posseiro, o que teve o primeiro domínio da terra”.
A questão continuou em debates acadêmicos até que uma lei aprovada pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre fixou 26 de março de 1772 como a data de fundação da capital gaúcha.
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Livro sobre o Bicentenário
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O Novo Bicentenário 1772-1972

“A data da fundação de Porto Alegre foi longamente debatida por todo o século XX". No ano de 1971 um documento acabou com a antiga festa de Loureiro. Nele Porto Alegre era elevada para à categoria de freguesia em 26 de março de 1772. A definição foi aprovada pela câmara de vereadores e o novo bicentenário foi comemorado em 1972.
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Telmo Thompson Flores - 1969-1975 
Prefeito Interventor
Grande destruidor do passado de Porto Alegre
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Em 1971 a Câmara de Vereadores de Porto Alegre em caráter de urgência aprova a nova data para de fundação da cidade para 26 de março de 1772, para coincidir com o ano de 1972.
Por meio das práticas comemorativas da XI Semana de Porto Alegre, a administração Thompson Flores procurava legitimar as grandes obras viárias projetadas valorizando a paisagem urbana e facilitando o tráfego de autos e ônibus que haviam substituído os bondes desativados em 1970 e a transformação acelerada do espaço com a destruição de lugares da memórias da velha Porto Alegre.
A escolha do nome do viaduto (Viaduto Loureiro da Silva) e a encomenda do 
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Painel Açorianos - 1972
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painel onde figuravam os casais açorianos, procuravam ligar o presente ao passado. A administração Thompson Flores procurava apresentar-se como legítima herdeira e continuadora dos "Pioneiros" e da obra de Loureiro da Silva.Em 1972 a prefeitura publicou como parte das comemorações do "Novo" Bicentenário a obra Portfólio Porto Alegre Antigo.A obra era apresentada pelo prefeito Thompson Flores, prefaciada por Nilo Ruschel e com legendas preparadas por Leandro Telles. Era uma edição comemorativa luxuosa, em grande formato e com número limitado de cópias, para presentear autoridades e figurara nos acervos de bibliotecas públicas.
Logo, o presente era a concretização dos anseios dos fundadores da cidade, dos porto-alegrenses do passados.Na publicação velhas estampas mostravam a formação gradual do núcleo açoriano. Como 1940, 1970 foram vividos como uma ruptura em relação as experiências urbanas do passado e a nova forma de construir e gerir o espaço urbano.
Thompson Flores defendia  metropolização, mas cabia "voltar os olhos para o passado mais distante, para reavivar os passos da caminhada". Pois afinal a metropolização havia destruído grande parte da memória da "Velha Cidade", construí-la agora só por fotografias e imagens antigas.
Nilo Ruschel foi o organizador do novo Bicentenário de 1972, mas era um admirador da Velha Cidade, o que nunca escondeu e criou um elo entre 1940 e 1972.
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Viaduto Loureiro da Silva - 1972
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José Loureiro da Silva

José Loureiro da Silva (Porto Alegre, 1902 - Porto Alegre, janeiro de 1964), era descendente do sesmeiro Jerônimo de Ornellas. Ocupou a prefeitura de Porto Alegre como administrador nomeado (1937-1943), durante o Estado Novo.
Pelo voto direto, com mais de 95 mil votos, voltou ao cargo em 1960, pela coligação PDC-PL, à qual aderiu após ser expulso do PTB. Derrotou Wilson Vargas, do PTB, por cerca de 16 mil votos.
Na primeira gestão, Loureiro cumpriu a tarefa de urbanizador, abrindo novas avenidas e levando o desenvolvimento às regiões mais distantes da cidade. Em 1960, assumiu a prefeitura com o propósito de saneá-la financeiramente. Fez também grandes investimentos em obras no seu segundo mandato. Concluiu o calçamento de 150 ruas, construiu 18 praças públicas, o Parque Moinhos de Vento e obteve, junto ao governo de Jânio Quadros, os recursos necessários para o saneamento da bacia do Arroio Dilúvio e para a pavimentação da Avenida Ipiranga.
Na área de educação, houve em sua administração a inauguração de 85 novos prédios escolares e o início das obras de outros 27. 
Seis meses depois de deixar a prefeitura, quando entregou o cargo a Sereno Chaise, LOUREIRO DA SILVA morreu de um derrame cerebral fulminante.
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O Comendador Pepsi-Cola
O Flávio Alcaraz Gomes, na coluna diária que assina no Jornal O Sul, conta alguns episódios da vida de um português chamado Heitor Pires, que tinha a licença de engarrafamento em Porto Alegre do refrigerante Pepsi-Cola e muito dinheiro para publicidade do seu produto. Não é necessário dizer que o Comendador Heitor era uma espécie de “senhor do raio e do trovão”, afinal dinheiro sempre ajudou a colocar qualquer empreitada em andamento.

Tenho a minha historinha para contar sobre o Comendador e o
Prefeito José Loureiro da Silva, também conhecido por “Índio Charrua”. O português da Pepsi-Cola queria porque queria ser dono do Carnaval de Porto Alegre. E com muito dinheiro conseguiu. Então tínhamos dois carnavais: o da prefeitura, pobre, e o do Comendador Pepsi Cola, exuberante.

Um dia o Dr. Loureiro encheu o saco e comprou briga com o português. Foi a
Rádio Guaíba e falou comigo, locutor do horário, sábado por 9 da noite: “meu filho, eu quero usar espaço para esculhambar com esse português vendedor de água suja do Guaíba”. Como não tinha autoridade para liberar o pedido, telefonei ao diretor Arlindo Pasqualini e contei a história. Pasqualini mandou dar o horário que o Prefeito Loureiro queria e abrir espaço idêntico se Heitor Pires pedisse direito de resposta.

Loureiro da Silva, prefeito, anunciado por mim sentou-se e colocou um 38 cano comprido, cabo branco, em cima da mesa e começou chamando o português da Pepsi-Cola de safado, vendedor de água suja, e outros adjetivos. Desabafou e foi embora. Meia hora depois atendi ao telefone (toda a emissora tinha dois telefones, o 5768 e o 8005) lá no fundo, uma voz sumida, a pessoa identifica-se:
"aqui fala o Comendador Heitor Pires, quero saber se aquele energúmeno ainda está aí". Perguntei, o senhor se refere ao prefeito Loureiro? "Sim, ele, um energúmeno". Já saiu, faz bastante tempo, informei. Se o senhor quiser direito de resposta, tem, "quero", respondeu com uma advertência o Dr. Heitor. "Mas se ele, o energúmeno estiver aí o senhor será o responsável por uma tragédia. Vou matar esse cidadão".

Matou coisa nenhuma. Repetiu o que falou um patrício português: e, finalmente, entre
"mortos e feridos não morreu ninguém".


Assim é Porto Alegre ...

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