Bem Vindo

- Com esta série não é pretendido fazer história, mas sim é visado, ao lado das imagens, que poderão ser úteis aos leitores, a sintetizar em seus acontecimentos principais a vida da Cidade de Porto Alegre inserida na História.

Não se despreza documentos oficiais ou fontes fidedignas para garantir a credibilidade; o que hoje é uma verdade amanhã pode ser contestado. A busca por fatos, dados, informações, a pesquisa, reconhecer a qualidade no esforço e trabalho de terceiros, transformam o resultado em um caminho instigante e incansável na busca pela História.

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- Acompanhe neste relato, que se diz singelo; a História e as Transformações de Porto Alegre.

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quinta-feira, 25 de março de 2010

Prédios Tombados de Porto Alegre - Centro

O que se perdeu e o que se salvou em 
Porto Alegre.

Abaixo os principais prédio tombados, dos quase 1500 prédios considerados históricos ou de valor relevante

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A Ligação Açoriana
Portuguesa

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O Barroco Colonial
O Barroco Alemão
O Eclético
Art Deco
Art Nouvear
O Modernismo
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Ricardo André Frantz
Fotógrafo
Contribuiu autorizando a divulgação das imagens abaixo:
(Em breve os créditos serão devidamente identificados)



CIDADE DE PORTO ALEGRE
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Bairro Centro
Legenda da localização
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01. Antiga Confeitaria Rocco, rua Dr. Flores, 465 esquina Rua do Riachuelo, 01, Nicolau Rocco (1861-1932), natural da Itália, antigo funcionário da famosa confeitaria “El Molino” de Buenos Aires, fundou, em 1892, a Confeitaria Sul-América em Porto Alegre. Em 1910, acompanhando o ‘boom’ imobiliário decorrente do desenvolvimento econômico da cidade, mandou construir o prédio da Confeitaria Rocco.
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O projeto, em estilo Eclético, foi elaborado pelo arquiteto e construtor Salvador Lambertini, que faleceu em 1911. A obra foi concluída pelo arquiteto Manuel Itaqui Barbosa Assunpção sendo inaugurada em 20 de setembro de 1912. O edifício destaca-se por sua implantação no terreno de esquina como um bloco monolítico esculpido.
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A estrutura do prédio é mista de alvenaria de tijolos de barro e vigamentos de ferro. A área total do imóvel é de 1.560,00m2 distribuídos em quatro pavimentos:
• fabricação dos doces no subsolo;
• confeitaria, com acesso ao público, no térreo;
• salão de festas no 2º pavimento;
• copa e outras dependências no 3º pavimento.
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As fachadas são ornamentadas com requintado trabalho em ferro nas sacadas e balcões, colunas e pilastras com capitéis em forma de cabeça de leão, grandes letreiros em relevo ornamental com o nome da empresa, profusa decoração de frisos, cornijas, mísulas e a platibanda com balaustradas.
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Nelas estão distribuídos três pares de atlantes, formados por um Atlante jovem e outro idoso. O Atlante jovem representando a América e a Fartura e o Atlante idoso representando a Europa e a Abundância. Os Atlantes suportam com uma mão a sacada e com a outra a cornucópia da fecundidade. O conjunto escultórico no frontispício representa a Luz. A figura feminina central está emoldurada por uma lira tendo ao seu lado duas crianças. Há alusão explícita às artes, em especial à música. O terraço era utilizado como depósito e como local de contemplação da cidade.
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A fábrica de doces, confeitaria, salão de chá e de festas, junto à Praça Conde de Porto Alegre (antiga Praça do Portão), era o local privilegiado dos encontros da sociedade riograndense, tanto pela localização e qualificação do imóvel, quanto pela qualidade dos doces. A decoração do interior era luxuosa, com tampos de mármore, entalhes de madeira, pinturas murais de grandes dimensões e iluminação cenográfica. Freqüentaram seus salões, entre outros, Góis Monteiro, Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Daltro Filho e Mario de Andrade.
Foi tombada pela Prefeitura em 1997.
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Salão de Festas - 2º andar - 1920
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Salão - 1920
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 Salão - 1920
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02. Antiga Provedoria da Real Fazenda, 1º sede do Legislativo - Casa Rosada - Prédio da Junta - Futura Sede do Memorial do Legislativo - Rua Duque de Caxias, 1029
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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Prédio mais antigo de Porto Alegre, construído em 1790, abrigou a sede do Legislativo gaúcho de 1835 a 1967, quando o Parlamento foi instalado no Palácio Farroupilha, onde funciona até hoje.
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A chamada Casa Rosada foi construída para sediar a Provedoria da Real Fazenda e passou a abrigar o Conselho-Geral da Província, em 1828, que mais tarde foi substituído pelas Assembléias Provinciais, com ampliação das competências. Sua arquitetura original apresentava apenas um pavimento, com planta regular, segundo o estilo colonial que predominava na época.
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Foi neste prédio que aconteceu a sessão de abertura da primeira Legislatura, em 20 de abril de 1835. Naquele ano, em 20 de setembro, o confronto entre o presidente da província, Antônio Fernandes Braga e no deputado Bento Gonçalves da Silva, culminou na invasão de Porto Alegre e o início da Revolução Farroupilha. Durante os 10 anos da Guerra dos Farrapos, o casarão teve períodos em que permaneceu fechado. Somente após a Paz de Ponche Verde, assinada em 1845, é que a Assembléia Provincial voltou a funcionar, com a instalação da segunda Legislatura do Parlamento, em 1º de março de 1846. A sessão foi presidida por Lima e Silva, o futuro Caxias.
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Em 1860, o prédio ganhou um 2º piso e seu estilo foi alterado - recebeu influências neoclássicas, mantendo elementos originais da época da construção e passa a abrigar a Junta de Administração e Arrecadação da Fazenda, que emprestou o nome ao prédio.
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Entre 1835 e 1967 sediou a Assembléia Legislativa. Ali ocorreu a promulgação da 1º Constituinte Republicana do Estado, em 1891. Com a instituição do Estado Novo, as portas do casarão permaneceram fechadas por quase dez anos. O prédio foi totalmente reformado para receber os novos deputados da terceira Assembléia Constituinte da história gaúcha, instalada em 1947. O casarão foi utilizado pelo Parlamento até a conclusão da nova sede, o atual Palácio Farroupilha, em 1967.
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As tratativas para construção do prédio iniciaram em 1956 na gestão do ex-deputado Manoel Braga Gastal (PL), com base no relatório solicitado no ano anterior pelo deputado Victor Graeff, que presidia a Casa. A inspeção concluiu pela condenação da bicentenária construção, recomendando a sua desocupação urgente. Mas isso só ocorreria em 20 de setembro de 1967 com a conclusão da nova sede, o atual Palácio Farroupilha, inaugurado, na gestão do então presidente Carlos Santos.
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No local onde foi erguido o prédio existia uma concha acústica, que seria transferida até o Parque da Redenção, onde mais tarde foi erguido, com recursos da Assembléia Legislativa, o Auditório Araújo Viana. Após a desocupação do prédio, o antigo plenário que por tantos anos serviu de cenário para os mais importantes fatos políticos do Rio Grande do Sul, foi totalmente demolido.
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Em 2004, o casarão foi retomado pela Assembléia e passará a abrigar o Memorial do Legislativo, com toda a museografia, banco de dados, fotos, filmes, documentação, mobiliário e objetos antigos que compõem a história da do Parlamento gaúcho, abrindo um espaço de 1.100 metros quadrados no Solar dos Câmara para outras atividades culturais.
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O organograma do Memorial do Legislativo é dividido em quatro grandes áreas: Patrimônio, Museu, Acervo Documental e Institucional. O projeto da antiga sede do Parlamento gaúcho, que conta com a contribuição de intelectuais, universidades e empresas, servirá como mais uma opção cultural da cidade, além de resgatar a história do Poder Legislativo gaúcho.
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A parceria da Assembléia Legislativa com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) está resultando na organização do acervo documental do Legislativo. O Departamento de Arquivologia da UFRGS está realizando o levantamento dos documentos existentes e o Departamento de História realiza a proposta para utilização do acervo, no espaço.
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03. Cine Imperial, Futuro Conjunto Cultural da CEF
Rua dos Andradas, 1051/1073
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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O Cine Teatro Imperial foi inaugurado em 18 de abril de 1931. Com 1.632 lugares, garantia boa visibilidade em qualquer ponto da sala e foi palco de grandes espetáculos. Considerado o cinema mais luxuoso da época, é um dos exemplares mais sofisticados da arquitetura Art Déco no Brasil, representando uma variante deste estilo arquitetônico que utilizava motivos Marajoara.
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Início das obras, década de 1920
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O edifício é um dos marcos da verticalização em edificações residenciais no centro de Porto Alegre, que era usualmente empregada para fins comerciais. Passou por duas reformas, em 1960 e 1987, quando foi inaugurado o Cinema Guarani.
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Em abril de 2004, foi tombado como patrimônio histórico municipal, a partir de aprovação pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc).
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O Cine Imperial, propriedade municipal, vai abrigar o Conjunto Cultural da Caixa, que investirá cerca de R$ 13 milhões nas obras de restauração. Os espaços das salas dos cinemas Imperial e Guarani, térreo, mezanino e mais dois pavimentos do prédio de onze andares ficarão sob responsabilidade da Caixa durante 30 anos. Os demais pavimentos, também recuperados, serão utilizados por setores da administração municipal.
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Programa Monumenta, que tem recursos do BID para a revitalização de sítios urbanos, por meio da recuperação do patrimônio cultural, também participará do investimento para a recuperação da fachada e cobertura.
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Década de 1960
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O projeto integra o plano de revitalização do centro de Porto Alegre, fazendo parte de conjuntos arquitetônicos da Praça da Alfândega voltados à área cultural, como o Margs, o Santander Cultural e o Memorial do Rio Grande do Sul.
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Prédio concluído, década de 1930
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A iniciativa pretende manter a concepção original de cine-teatro, preservando a fachada e outros elementos como pisos, luminárias e escadaria. O Conjunto Cultural, além de sala de espetáculos com capacidade para 800 pessoas, terá salas multimídia e espaços para museu, ambiente climatizado para exposições, mostras de cinema, oficinas e seminários, sala de dança, camarins, vestiários, banheiros adaptados para portadores de necessidades especiais, foyer, cafeteria e livraria. Conforme o engenheiro Ismael Solé, um dos responsáveis pelo projeto, é o primeiro cine-teatro brasileiro a ser restaurado integralmente.
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04. Antigo Hotel Nacional, Rua Sete de Setembro, 687/695
Complemento: esquina Rua General João Manoel, 180/184
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Carcaça atual do prédio
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Seu projeto arquitetônico foi elaborado pelo italiano Augusto Sartori, responsável por inúmeros prédios na Capital, a pedido do comerciante Guilherme Alves, em 1919. Em estilo eclético-historicista, possui seis pavimentos diferenciados uns dos outros por um conjunto de ricos detalhes.
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Na década de 40, o hotel entrou em decadência e em 1953 passou a abrigar um escritório de engenharia. Em 1991 um incêndio destruiu praticamente todo o prédio, restando apenas a torre de circulação e a fachada.
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Em 2006, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Comphac) aprovou o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) para a reforma e restauração do imóvel. O projeto, assinado pelo arquiteto Evandro Eifler, abrigará uma agência bancária no térreo e salas comerciais nos demais pavimentos.
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É um dos imóveis privados relacionados pelo Projeto Monumenta, iniciativa do Ministério da Cultura em parceria com a Prefeitura e a Caixa Econômica Federal (CEF), que receberá financiamento para recuperação.
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05. Armazéns do Cais do Porto A1, A2, A3, A4, A5, A6, B1, B2, B3, Avenida Mauá, sem número
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Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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O conjunto de aterro, cais e edificações portuárias fazem parte das realizações que trouxeram à fisionomia da cidade novos padrões de dinamização, higiene e embelezamento. Representou um imenso esforço do governo e da sociedade do início do século, de modernização urbana e de desenvolvimento econômico do Estado.
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Vista aérea da área do porto
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Os armazéns A1, A2, A3, A4, A5, B1, B2, B3 e o edifício sede do DEPREC, juntamente com o Pórtico Central e armazéns A e B (considerados patrimônio cultural nacional desde 1983) fazem parte de um conjunto que foi sendo estruturado por etapas, a partir da construção do primeiro trecho do cais defronte à Praça da Alfândega (1911/13), do Pórtico Central e armazéns A e B (1919/22), dos demais armazéns (1917/27) e da sede administrativa do DEPREC (1947).
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Década de 1940
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A estrutura dos Armazéns A1, A2, A3, A4, A5, B1, B2 e B3 é composta por peças metálicas, importada da empresa Daydée, de Paris, e montada no local. A vedação da estrutura é executada em alvenaria de tijolos maciços. O vão livre de cada prédio é de, aproximadamente, 20 metros na transversal e 90 metros no sentido longitudinal.
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A altura atinge entre sete e dez metros, correspondendo a um único pavimento. A cobertura compõe-se de cumeeira e calhas dispostas transversalmente, o que dá ao conjunto um coroamento ritmado e contínuo, conformando sucessivos frontões.
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Década de 1950
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As gruas para movimentação de cargas, dispostas em trilhos metálicos na base da estrutura do telhado, os guindastes existentes ao longo do cais e a pavimentação em granito são bens integrados às edificações e compõem o conjunto tombado.
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06. Arquivo Público do estado do RGS, End.: Rua Riachuelo, 1
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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Construído entre 1910-12 (1ª fase) e concluído entre 1918-21, tendo como arquiteto Alphonse Herbert. Em 1991 este conjunto foi tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico de Estado – IPHAE.
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O Arquivo forma um conjunto arquitetônico composto por três construções: um prédio para abrigar as atividades administrativas e técnicas, e dois pavilhões construídos respectivamente em 1910 e 1920, com características específicas para armazenamento de documentos: possuem teto em forma de abóbada, paredes com espessura entre 0,90 e 1,5 metros, estantes de ferro revestido por cimento, piso de ferro vazado sobre o qual deslizam escadas móveis de ferro e exaustores elétricos. Essas atribuições técnicas asseguram o melhor controle da circulação de ar e da temperatura ambiental além contribuir para a prevenção de incêndios .
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O prédio foi criado para armazenar registros civis, escrituras, inventários, testamentos, processos, processos criminais e documentos administrativos governamentais, caracterizando a organização burocrática do novo governo provincial na era republicana.
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Possui duas alas que formam um “L”. Uma das faces é um arrimo que demarcava a terminação do auditório Araújo Vianna (onde hoje está situada a Assembléia legislativa do Estado). A outra ala foi completada em 1918.
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Um sistema de escadarias conformaria uma ligação natural entre a Praça da Matriz e a área da Praça da Alfândega através do Arquivo Público. Os exteriores são demarcados por pilastras assentadas em base rusticada.
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O acervo do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul é constituído por aproximadamente 18 milhões de documentos referentes ao seguintes poderes:
- Poder Executivo: documentos administrativos de diversas Secretarias de Estado, como prontuários do Hospital Psiquiátrico São Pedro e processos de distribuição de terras públicas. Datas-limites: 1868 a 2002.
- Poder Legislativo: processos de alterações territoriais de municípios (emancipações). Datas-limites: 1953 a 1994.
- Poder Judiciário: aproximadamente 6 milhões de processos, provenientes da maioria dos municípios do Estado. Processos-crimes, medições de terras, inventários, testamentos, etc. Datas-limites: 1763 a 1982.
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Registro Civil: certidões de nascimento, casamento e óbito com datas-limites entre 1929 a 1975; habilitações de casamento datas-limites entre 1890 a 1985, expedidas na maioria dos cartórios do Estado. Totalizando cerca de 8 milhões de documentos .
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Tabelionatos: livros notariais com escrituras de compra e venda, cartas de alforria de escravos, contratos, hipotecas, etc., oriundos da maioria dos municípios do Estado. Datas-limites: 1763 a 1985.
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07. Biblioteca Pública do Estado do RGS, Rua do Riachuelo, 1190 esquina rua Gal. Câmara, 
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (incluso na área "Praça da Matriz e da Alfândega: sítio histórico")
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Em obras - 1912
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Primeira Parte concluída
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A história da Biblioteca Pública do Estado começa na Província de São Pedro durante o reinado de Dom Pedro II. Em 30 de março de 1871 o deputado João Pereira da Silva Borges Fortes Filho apresentou à Assembléia Provincial do Rio Grande do Sul um projeto de lei pedindo a criação de uma biblioteca oficial. O projeto foi aprovado e transformado na Lei n° 724 de 14 de abril do mesmo ano, tendo sido sancionado pelo então presidente da Província, Francisco Xavier Pinto de Lima.
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Em 21 de janeiro de 1877 a BPE foi instalada e aberta ao público possuindo 1.809 obras em 3.566 volumes. Seu diretor e principal organizador foi o Dr. Fausto de Freitas e Castro. Neste ano atendeu 1483 leitores que consultaram 691 obras.
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Em 1891 o RS sofre forte influência do pensamento de Augusto Comte. Júlio de Castilhos imprime então à Constituição do Estado uma linha de orientação positivista. Uma ideologia progressista e ao mesmo tempo autoritária pautou o estilo de seu governo, definindo os rumos do Partido Republicano no sul do Brasil. Borges de Medeiros deu continuidade à obra política e administrativa do Castilhismo.
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Sala de Leitura
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A Biblioteca Pública é profundamente influenciada por este pensamento, tendo sido anexada administrativamente ao então recém criado Arquivo Público, a partir de 1906. A partir desta data o poeta parnasiano Vitor Silva, nomeado diretor, empenhou-se em dar novas características à Instituição, procurando normas técnicas para os catálogos e introduzindo a Classificação Decimal Universal (CDU) na organização do material bibliográfico.
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Com projeto do Arquiteto Alphonse Herbert, em 1912 inicia-se a construção da primeira etapa do prédio da BPE. Em 1915, já autônoma, transfere-se para a sede atual na rua Riachuelo, esquina General Câmara (antigamente conhecidas como Rua do Cotovelo e Rua do Ouvidor). Construído por sugestão de Vitor Silva, a Biblioteca foi projetada por engenheiros das Obras Públicas do Estado.
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Prédio concluído
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Tanto na sua fachada como em seu interior apresentam influência da doutrina positivista, utilizando vários estilos em sua representação. A fachada é contornada por 10 bustos dos patronos do calendário positivista, que caracterizam os diversos aspectos do conhecimento - Júlio César, São Paulo, Carlos Magno, Dante, Guttemberg, Shakespeare, Descartes, Frederico III, Aristóteles e Bichat (ficam faltando três personagens do total de 13 - Moisés, Homero e Arquimedes). O projeto original previa linha dupla de janelas para a Rua Riachuelo com medalhões entre elas com retratos de Laplace, Descartes, Camões, Bichat, Sócrates, Plutarco, José Bonifácio e Gonçalves Dias.
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Esta sala no andar superior foi utilizado pelo presidente do estado Borges de Medeiros, durante obras do palácio Piratiní
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Em seus aspectos formais, a fachada mostra um vocabulário de tradição clássica, inspirada em modelos greco-romanos, classificado como neoclássico. Apresenta uma modulação horizontal em dois níveis. No primeiro, a alvenaria apresenta uma rusticação, imitando pedra romana. No segundo, a ordem jônica define o ritmo do projeto. As colunas jônicas estão praticamente embutidas nas paredes. A entrada principal, com seu entablamento, define um módulo vertical na lateral direita. O acabamento é semelhante ao do Palácio Piratini, que na época da construção da biblioteca estava quase pronto.
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Os espaços internos combinam diversos tipos de decoração historicista: o salão de leitura é clássico, em estilo Império, enquanto outros ambientes apresentam referências a outros estilos, entre eles o rococó, o egípcio, o gótico e o florentino. A porta principal do vestíbulo é em madeira esculpida e emoldurada em gesso dourado com soleira em mármore. A iluminação elétrica era novidade e foi projetada com requinte e exuberância.
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O acesso externo ao subsolo (ou primeiro pavimento) é feito pela rua General Câmara e, internamente, pela área de circulação e escada. Possui um jardim interno, uma área coberta e os seguintes compartimentos: sala de coleções especiais e de coleções doadas, sala de processamento técnico equipada com serviço de computação, sala de pesquisa, setor de empréstimos domiciliares, almoxarifado, Sala da Associação de Amigos da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul e sanitários. Originalmente havia uma "Sala dos Homens", em conformidade com o espírito patriarcal da época.
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No pavimento superior, um hall principal distribui a circulação aos outros níveis. A escadaria metálica foi importada da fábrica Alemã Joly, com parafusos marchetados em forma de flores e peitoril decorado. A esquerda, o usuário encontrava o grande Salão de Leitura que originalmente estava separado em três grandes setores: a Sala de Conferências A, a Sala das Senhoras B, a Sala de Conferências C. Esta possuía uma tribuna em madeira lavrada acompanhada de um grande número de cadeiras em forma de platéia. A Sala das Senhoras tinha uma decoração feminina e floral, em conformidade com a imagem da mulher desejada pela sociedade. Provavelmente, nesta sala, as mulheres tratariam ou pesquisariam assuntos femininos como economia doméstica, educação dos filhos, preparo das filhas para o casamento, namoros, noivados, culinária, bordados, moda, enfim, "Assuntos de Mulheres".
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As Salas de Conferência mantêm a decoração original, com colunas de mármore com capitéis em bronze dourado. Teto e paredes foram decorados com pinturas de Ferdinand Schlatter. As três salas apresentam arcos almofadados com medalhões em bronze dourado com efígies de brasileiros ilustres como José Bonifácio, Visconde do Rio Branco, Quintino Bocaiúva, Joaquim Nabuco, Gonçalves Dias, Araújo Porto Alegre, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Raul Pompéia, Olavo Bilac, Castro Alves, Carlos Gomes, Araújo Vianna, Pedro Américo, Victor Meirelles e José de Alencar.
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A Sala Borges de Medeiros abrange dois espaços congregados, um para pesquisa e outro de acesso ao elevador elétrico (Otis), que foi um dos primeiros elevadores instalados no estado, representando uma inovação tecnológica para a época. Executado em madeira e ornamentos dourados em estilo gótico florentino, facilitava a circulação de usuários, funcionários, livros e documentos.
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Segundo o professor Júlio Nicolau Curtis "o luxo dos reposteiros, o conforto das tapeçarias e o refinamento do mobiliário hospedaram por vários anos o Gabinete da Presidência do Estado". Borges ali despachava enquanto o Palácio Piratini estava em construção. Possuia mobília de Luís XIV, sendo que a mesa era cópia de uma existente em Versailles. As portas laterais abrem para uma área ajardinada, com uma fonte de pedra e uma estátua art-nouveau em cuja base está escrito: "envolve-me um sonho de beleza".
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As galerias metálicas para guarda do acervo bibliográfico foram concebidas dentro da concepção de arquitetura da engenharia do século XIX (tal como os interiores do Arquivo Público), quando a figura do engenheiro, com suas estruturas metálicas, sobrepujava a figura do arquiteto. A proposta lembra a estrutura metálica de Henri Labrouste para a Bibliothèque Nationale de Paris (1860-68). É inteiramente metálica, em três níveis, executada em chapas de aço pesando seis toneladas.
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O terceiro pavimento possui oito compartimentos: galerias, sala da administração, Sala Mourisca, Sala do RGS, secretaria, sanitário, cozinha e caixa da escada. A decoração do Salão Mourisco, executada por Ferdinand Schlatter, é inspirada no Palácio do Alhambra. Destaca-se a pintura dourada, o mobiliário e as luminárias em estilo gótico florentino e as esculturas. Cada canto possui uma coluna de mármore com bustos de Camões, Shakespeare, Dante e Homero. Um pedestal em mármore azul com colunas duplas abriga uma tortuosa serpente. Dois bustos de Luis Sanguini, de Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros e uma escultura da "Esfinge" completam a decoração.
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Em 1919 uma reforma modifica o formato da planta baixa, que passa a ter a forma de um U. Em 1920 foram encomendadas 40 colunas para a firma José Vicente Friederichs, um elevador de luxo para o vestíbulo de entrada e parte dos lustres. A porta principal foi alargada e a escada de ferro modificada. O piso foi executado em madeira do Pará: amarelo (pau amarelo) e castanho escuro (acapú), cada sala possui um desenho diferente. Nas arcadas que separam o prédio de sua ampliação foram colocadas 48 colunas de mármore de Carrara, com capitéis de galvano-bronze. Em 1920 foram concluídas as obras de ampliação e, em 1921 o jardim com sua fonte. Neste período a obra foi fiscalizada pelo engenheiro Theóphilo Borges de Barros. O prédio foi inaugurado como parte das comemorações do centenário da Independência a 07 de setembro de 1922.
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Em 1944, após vistoria, a Sala de Leitura do subsolo foi considerada insalubre devido à ventilação imprópria e pouca iluminação, sendo transferida para a Sala de Conferências. O mobiliário foi transferido para a Associação Riograndense de Imprensa, retornando em 1960. Em 1956 o prédio perdeu muitas de suas pinturas originais, sob a orientação de Ado Malagoli. A justificativa era que a pintura não tinha valor artístico e não se adequava à arquitetura do prédio.
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Em 1960 os Salões Mourisco e Egípcio foram restaurados. Em 1974 a Biblioteca esteve fechada por um ano para reforma: pintura interna e externa, rede elétrica e hidráulica, piso do térreo e do primeiro pavimento, impermeabilização do subsolo, substituição das portas internas e restauração das telas de valor histórico. Em 1972, no governo Triches, parte dos móveis e objetos de adorno forma transferidos para o Palácio Piratini.
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Em 1986 o prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE) e em 2000 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Neste ano já contava com 100.000 volumes, entre os quais obras raras, sendo a mais antiga de 1519. Cabe salientar que ao longo de sua história tem abrigado diversos tipos de manifestações da sociedade riograndense, desde encontros políticos e literários, até palestras, cursos, conferências, reuniões, concertos musicais, saraus, apresentações de orquestras e, principalmente, atividades da Academia Riograndense de Letras.
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A partir de 1996 foi iniciada a informatização do processamento técnico da Biblioteca e constituído o Setor de Multimeios, que oferece acesso gratuito a Internet, e-mail, vídeos e CD-ROM. A Biblioteca mantém um Setor Braille voltado aos portadores de deficiência visual.
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O Salão Mourisco oferece uma agenda artística e cultural de março a dezembro em parceria com a Associação dos Amigos da Biblioteca Pública. Através de agendamento são realizadas visitas guiadas para pessoas e grupos.
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Novos projetos em implementação visam resgatar as formas originais da Biblioteca (Projeto Monumenta), recuperar seu acervo e ampliar as oportunidades de acesso a todos os públicos a que a Biblioteca se destina.
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08. Cais do Porto - Pórtico e Armazéns A e B, Avenida Mauá, sem número
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Pórtico Central
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O Pórtico Central e os dois armazéns laterais possuem estruturas metálicas encomendadas à Casa Costa Daydée, de Paris. Sua montagem foi iniciada sob orientação do engenheiro francês, Henri Hauser, e concluída, em 1922, pelo engenheiro brasileiro Trajano Ribeiro.
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Foi o primeiro imóvel restaurado pelo projeto Monumenta em 2002/2003. Servia de entrada principal da cidade numa época em que os ilustres visitantes chegavam à cidade a bordo dos "paquetes", as embarcações da época.
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Os panos de vidro da fachada foram executados pela vidraçaria De Lucca, de Porto Alegre. Sua construção insere-se no contexto de introdução e desenvolvimento no Brasil da arquitetura de estruturas metálicas industrializadas, importadas da Europa.
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Apreciada pelo baixo custo do material e pela facilidade de montagem, essa modalidade de construção foi praticada no Brasil, sobretudo entre 1870 e 1920, restando nos dias de hoje poucos exemplares. O antigo cais do porto possuía, além dos armazéns, escadaria de granito rosa, pela qual ligava-se ao conjunto arquitetônico formado pelos prédios hoje ocupados pelo Museu de Artes Ado Malagoli e pelo Memorial do Rio Grande do Sul, a Praça da Alfândega e a Avenida Sepúlveda.
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Pórtico Central para avenida Sepúlveda
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09. Calçamento da Andradas, entre Mal. Floriano e Dr. Flores, Rua dos Andradas, entre a Rua Doutor Flores e a Rua Marechal Floriano 
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Em frente ao antigo Bromberg
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Até 1860, o calçamento da Rua da Praia era formado por uma calha central para a qual as calçadas laterais apresentavam declividade. O sistema de pista abaulada, com sarjetas adjacentes a cada um dos passeios começou a ser construído em meados de 1860/70, primeiramente entre as ruas General Câmara e Uruguai, após estendeu-se até a Rua Marechal Floriano e, posteriormente, até a Rua Vigário José Inácio. Em 1869 foi executado o trecho entre a Rua da Ladeira, atual Rua General Câmara, e Rua Clara, atual Rua General João Manoel. Já o trecho entre a Rua Doutor Flores e Rua Senhor dos Passos foi concluído em 1874.
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A partir de 1885 o “novo” calçamento, executado com pedras irregulares, começou a ser substituído por paralelepípedo. Em 1923, sob o governo do Intendente José Montaury, fio introduzido o requinte do calçamento de “paralelepípedos de granito em mosaico”, em duas cores, preservado no trecho entre a Rua Doutor Flores e a Rua Marechal Floriano e entre a Rua Caldas Júnior e a Rua General Portinho.
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O calçamento foi substituído por um “Calçadão para Pedestres” entre a Marechal Floriano e General Câmara na administração do Prefeito Guilherme Socias Villela. O trecho entre a Rua Doutor Flores e a Rua Senhor dos Passos foi revestido por asfalto.
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Em 1989 o trecho do calçamento entre a Rua Doutor Flores e a Marechal Floriano foi tombado pelo Decreto Municipal n.º 9442. Neste trecho, o leito viário possui aproximadamente sete metros, com calçadas de dois metros e cinqüenta centímetros (em média).
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Entre as ruas Doutor Flores e Vigário José Inácio, predominam paralelepípedos cinzas com pequenos losangos de paralelepípedos vermelhos. Já no trecho entre as ruas Vigário José Inácio e Marechal Floriano, os paralelepípedos vermelhos e pretos formam uma malha com grandes losangos intercalados.
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Detalhe
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10. Casa da Riachuelo, 525, End.: Rua Riachuelo, 525
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura.
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Construído por volta de 1906 como residência do imigrante português Antonio Francisco Soares, funciona atualmente como centro de eventos de pequenas e médias proporções.
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O sobrado é um dos exemplares remanescentes mais antigos localizados em uma das ruas estruturadas da malha inicial da cidade, sendo testemunho da forma de viver das famílias burguesas da época.
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Apresenta um esquema de implantação surgido no país na metade do século XIX, com planta em L, fachada sobre o alinhamento, jardim lateral e porão alto. A inserção do jardim lateral proporcionava a ventilação e a iluminação dos ambientes internos, possibilidades até então desconhecidas nas tradições construtivas do Brasil da época. Com o porão alto, as casas conservavam uma altura discreta da rua, protegendo a intimidade, aproveitando o porão para o alojamento de empregados e áreas de serviço. Os elementos de acabamento e decoração da fachada, a simetria, o uso da platibanda para esconder o telhado, e demais elementos como compoteiras, vergas retas e balcão em ferro atendem a expressão do movimento conhecido como Ecletismo.
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Em 1956, um reforma descaracterizou o layout interno da casa, adaptando-a para atender as funções sócias da Sociedade Síria. Alguns elementos permanecem inalterados como, por exemplo, as paredes externas, a ornamentação das fachadas, os vãos das janelas e algumas esquadrias.
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11. Catedral Madre de Deus e Curia e Metropolitana, rua Duque de Caxias, 1047, esquina rua Espirito Santo
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
O conjunto está implantado em um terreno de 8.519,05m², sendo a área construída da Catedral de 2.916,14m² e da Cúria de 4.489,65m².
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Apesar das transformações da cidade, sua implantação destaca-se no cenário urbano. A monumentalidade destas edificações convive harmonicamente com os elementos naturais e construídos do entorno e sua implantação, em cota elevada, caracteriza o conjunto como um dos principais marcos paisagísticos do Centro Histórico de Porto Alegre.
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Catedral N. Sra. Madre de Deus
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Quando Porto Alegre era apenas o porto de Viamão, uma capela foi edificada junto à Rua da Praia, com o nome de São Francisco de Chagas, para atender as demandas dos colonos açorianos. Em 1772, com a criação da Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, uma nova igreja foi idealizada para ser a matriz.
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Igreja Matriz e Capela do Divino Espírito Santo
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Em 1774, um ano após a transferência da capital do estado de Viamão para o Porto dos Casais e a alteração do orago de São Francisco para Nossa Senhora Madre de Deus, a freguesia recebeu um projeto do Rio de Janeiro, de autoria desconhecida, em estilo barroco, com um corpo de três aberturas ladeado de dois campanários. As obras iniciaram no final de 1779 e foram concluídas em 1846.
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Igreja Matriz, século XIX
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Suas dimensões eram questionadas desde 1841, mas, só em 1915, um concurso para elaboração do projeto de uma igreja maior foi lançado. O vencedor foi o arquiteto Jesús Maria Corona, que elaborou um projeto neogótico com cinco naves e torres de 72 m de altura, com uma cripta em estilo manuelino. Os projetos de Theo Wiedersphan e Johan Ole Baade foram premiados.
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Após inúmeras críticas, especialmente da Escola de Engenharia, o projeto foi abandonado. O Arcebispo remeteu, então, os projetos para Roma para uma revisão, executada pelo arquiteto da Cúria Romana, Giovanni Baptista Giovenalle, respeitado arquiteto, então professor da Academia de Belas Artes São Lucas de Roma, além de membro da Comissão de Arte Sacra da Basílica de São Pedro.
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A pedra fundamental da nova Catedral, em estilo neo-renascentista seguindo, em escala menor, o modelo de São Pedro de Roma, foi lançada em agosto de 1921. Em 1929 os serviços religiosos foram transferidos para a nova cripta, possibilitando a demolição final da velha igreja barroca e a continuidade das obras. Vinte anos depois, as celebrações começaram a ocorrer na nave. As torres levaram outros vinte anos para serem finalizadas, sendo inauguradas em 1971, um ano antes da conclusão da cúpula. Somente em 1986, a catedral pôde ser concluída e consagrada.
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D. João Becker, sobre as pedras, no início das obras da nova catedral
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A Catedral Madre de Deus possui um subsolo, onde está instalado o Salão Nobre e salas de apoio, um térreo, composto por amplo átrio, batistério, nave central, naves laterais; sacristia e salas de apoio, e um coro. A estrutura e as fachadas da edificação foram totalmente executadas em granito rústico rosa, extraído no bairro Teresópolis e na Aberta dos Morros, em Porto Alegre.
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A fachada principal possui três corpos salientes (frontispício e torres) com intervalos na altura dos terraços sobre as naves laterais, três acessos simétricos entre colunas de granito aparelhado e uma cúpula de 65 metros de altura do nível da praça e diâmetro interno de quase 18 metros, uma das maiores do mundo.
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Cúpula
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A cúpula, construída em 1955, é estruturada por duas cascas de concreto, composta por 12 nervuras e 24 aberturas circulares. É apoiada sobre um tambor de alvenaria de tijolo maciço com pilares e cinta em concreto armado, com 12 conjuntos de colunas com capitéis em granito, aparelhadas duas a duas e intercaladas por aberturas com esquadrias de inox e vidros translúcidos. É encimada por um lanternim de granito rosa polido com 12 venezianas de cobre que, por sua vez, é coroado por um pináculo com uma cruz em aço inox, que se repete nas torres sineiras.
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Catedral ainda sem a cúpula
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Giovenale utilizou elementos decorativos arcaicos, semelhantes aos empregados nas antigas edificações dos incas do Peru, coroando o conjunto com oito gigantescas carrancas de feições indígenas nos cantos dos braços da cruz latina, na divisão do subsolo com o térreo. Vinte esculturas de granito, representando os patriarcas e os apóstolos, estão instaladas sobre a balaustrada da fachada principal e nos quadrantes das torres sineiras. Os portões de ferro têm relevos em bronze com motivos episcopais, no acesso ao Salão Nobre nos lados leste e oeste.
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Os mosaicos do frontispício, foram executados pela Academia de Mosaicos do Vaticano, representando a história da Igreja no estado. Mostram a Padroeira Maria, a Mãe de Deus, ao centro, ladeada por São Francisco de Assis, o antigo orago, e os mártires jesuítas Roque Gonzales de Santa Cruz, Afonso Rodrigues e Juan del Castillo. Do outro lado estão São Pedro, Padroeiro do Rio Grande do Sul, o Papa Pio IX, criador da diocese, e Santa Teresa de Ávila, protetora da fortaleza que existia no extremo sul do estado. Painéis laterais representam as cenas da Anunciação e da Crucificação, tendo o Pantocrator acima, no tímpano.
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O altar-mor, onde está a escultura da Madre de Deus, foi executado em mármore de Carrara, com pintura a óleo sobre tela de Aldo Locatelli. As quatro esculturas nas pilastras de sustentação da cúpula representam os evangelistas. Outro destaque do interior da edificação é a primeira escultura de São Francisco das Chagas entalhada em madeira, venerada pelos açorianos que, inclusive, emprestou o nome para a Freguesia de São Francisco das Chagas do Porto dos Casais. As portas de acesso às naves são de madeira maciça com obra de entalhe representando São Pedro e o Papa João Paulo II ao centro, Dom Vicente Scherer na porta da direita e Dom Cláudio Colling na porta da esquerda.
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Foram gravadas, com ácido fluorídrico, figuras que representam a Virgem e o Menino; Jesus, o Bom Pastor e os quatro bispos, doutores da Igreja (São João Crisóstomo, São Basílio, São Jerônimo e Santo Agostinho) na divisória de madeira de lei maciça e nas bandeiras, dois anjos na bandeira da porta central e símbolos religiosos nos vidros das portas de acesso à sacristia e salas de apoio, obra do artista espanhol Iglesias. O vitral de Nossa Senhora Madre de Deus do presbitério, lado sul, ao alto, executado em vidro colorido e afixado com perfis de chumbo é elemento integrante da edificação.
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Os vitrais de fibra de vidro pintados foram sobrepostos às esquadrias originais de vidros lisos, incolores e translúcidos. Em 2006, através da Lei Rouanet, a cúpula foi reformada, recebendo uma cobertura de quatro toneladas de cobre, que substituiu a de mármore.
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A nova Catedral, com sua cúpula em bronze
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A pavimentação do passeio público foi executada em mosaico português com tesselas em cores branca, preta e vermelha, com desenhos geométricos e estilização da flor de Liz.
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Cúria Metropolitana
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Década de 1940
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O prédio da Cúria Metropolitana, construído para abrigar o antigo Seminário Episcopal, foi projetado pelo arquiteto francês Jules Villain. A obra iniciou em 1865, foi complementada, a partir de 1870, pelo arquiteto imigrante alemão Johann Grünewald, que introduziu arremates neogóticos no desenho original, e concluída em 1888. A composição modulada das fachadas, a simetria dos elementos, a presença da empena triangular da fachada sul, o acesso monumental com escadarias e colunatas, caracterizam o estilo neoclássico, em voga no século XIX.
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A Cúria Metropolitana abriga o Arquivo Histórico da Mitra, com documentos históricos que precedem a constituição da Província do Rio Grande de São Pedro e da República.
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O edifício principal possui três pavimentos: subsolo, térreo, onde se encontra o claustro, e segundo pavimento, que se interliga com a Casa Paroquial através de uma passagem térrea e uma passarela. É circundado por um muro com portal de acesso centralizado que, através uma escadaria, conduz ao acesso principal do térreo, sobre o qual está o brasão do bispo Laranjeira com uma inscrição em latim, comemorativa da inauguração. Outra escadaria emoldura este acesso conduzindo à varanda do piano nobile, protegida por um pórtico decorado com colunas toscanas em pedra grês avermelhada.
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Um frontão clássico triangular, com um esplendor de raios talhados em pedra e a inscrição do monograma Mariano, coroa o edifício. Uma platibanda de pedra vazada arremata toda a construção com motivo de quadrifólios góticos, que se repete nas balaustradas dos pisos inferiores com pequena modificação, contrastando com o estilo neoclássico do projeto original.
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Acesso pela rua Fernando Machado
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A edificação foi construída em alvenaria de pedra e tijolo maciço, com argamassa de argila ou cal. As portas e as janelas, com seus tampões internos, são de madeira maciça. As janelas do térreo são guarnecidas por grades externas de ferro. O uso do arenito aparente e aparelhado nas balaustradas e peitoris das escadarias, nas colunas do acesso principal, nas colunatas do claustro, nas ombreiras e requadros dos vitrais do segundo pavimento do claustro, nos balcões e em parte das pavimentações internas estabelecem um caráter singular na arquitetura da cidade. O piso interno é composto por tabuado de madeira maciça, tacos de madeira de lei e revestimento cerâmico. Os revestimentos internos e externos compõem-se de argamassa de cal e areia.
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Jardins interno
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São elementos artísticos integrados à edificação as obras em arenito, portões e gradis em ferro trabalhado, o monumento em granito encimado pelo busto de Dom Sebastião Laranjeiras, em mármore de Carrara e uma pintura de Aldo Locatelli retratando Dom Vicente Scherer.
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Em Impressões Sentimentais da Cidade, Athos Damasceno deixou uma sensível descrição do conjunto do antigo Seminário, que aqui vai em parte reproduzida:
"Deste sim, talvez se possa dizer que é o único monumento da cidade. Vasto, com seu muralhão de fortaleza arrematado no alto pela cintura rendada dos balaústres, impressionaria só pelas proporções se, ao cabo da escadaria extensa, não se erguesse, imponente, o frontão clássico triangular sobre a ordem severa das colunas lisas. (...) No centro - a área quadrada dos claustros, com as arcadas simples sobre pilares maciços, os corredores longos batidos pelo sol, e o bom silêncio conventual que leva a gente às meditações".
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12. Casario da Fernando Machado, 464, 472, 480, Rua Coronel Fernando Machado, 464, 472, 480
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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A área onde foi edificado o casario da Rua Cel. Fernando Machado localizava-se nos fundos do terreno do prédio nº 863 da Rua Duque de Caxias, residência de Antonio Chaves Barcellos Filho.
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Antigamente, um pouco acima do local das casas, ficavam as cocheiras do Palácio da Província. O terreno foi adquirido no início dos anos 20. Uma parte da área fora adquirida do Dr. Freitas e Castro e outra do Governo do Estado.
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Entre 1927 e 1928, Antônio Chaves Barcellos Filho mandou construir o conjunto de casas sobre a área frente à Rua Cel. Fernando Machado, hoje números 464, 472, 480, 482, 492, 494, 504, 506 e 514. Os construtores das casas foram João Knogl e Theo Backer. Em dezembro de 1929 as casas são vendidas para Felisberto Barcelos Ferreira de Azevedo.
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Os prédios formam um conjunto homogêneo com suas nove casas de três pavimentos geminadas. São construídas em alvenaria de tijolos e cobertas com telhas francesas. As coberturas têm a cumeeira longitudinal, perpendicular à fachada da frente e quatro águas.
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No nível do passeio localizam-se as portas de entrada e da garagem. A circulação de cada unidade organiza-se a partir do acesso, com aproveitamento do desnível do terreno. Da porta de entrada ergue-se um lance de escada que chega ao primeiro piso do sobrado, que corresponde ao térreo.
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Devido à topografia do terreno em desnível, a casa possui três pavimentos em sua parte frontal e dois pisos na parte posterior. Alcançando o topo do lance de escada chega-se a um hall de distribuição. Entre a escada de madeira que leva ao pavimento superior, ficam duas portas, uma para a sala e outra para a varanda.
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A sala possui duas janelas e peitoril com floreira voltada para a rua. A varanda (antiga denominação da sala de jantar), fica em direção aos fundos, seguida da copa, cozinha e de um quarto nos fundos. Em todas estas peças as aberturas são voltadas para o pátio. Este piso corresponde ao térreo.
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No terceiro pavimento o hall distribui três dormitórios e um banheiro. O dormitório voltado para a rua tem abertura constituída de porta-janela com sacada, guarda-corpo em ferro trabalhado e floreira.
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Os prédios têm as fachadas simétricas, duas a duas, como casas geminadas. No geral, a movimentação nas fachadas é feita pelo desenho das aberturas nos diferentes níveis e alturas dos panos, sacadas e balcão com floreira. Em cima, no coroamento, cinco casas têm saindo da tacaniça no telhado, uma mansarda. Em outras três, o pano da parede ergue-se a partir da parte superior da porta da garagem até a cumeeira de parcela do telhado formando um frontão.
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Os ornamentos são definidos com a texturização do reboco, constituindo-se de linhas de textura lisa, na maioria das casas, pintadas em cor diferente do restante da fachada; nos elementos estruturais (vigamento e pilares) simulados. Possui pintura rugosa ou tipo salpique sobre as paredes e detalhes em flores sobre textura rugosa.
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As casas no 480 e 514, localizadas nas extremidades do conjunto, são diferenciadas, com entrada lateral que acessa o 1o pavimento através de escada. Ambas possuem fachadas laterais. As demais organizam-se em três tipologias básicas. As de no 480 e 482 são idênticas e espelhadas, bem como as de no 504 e 506. São idênticas e espelhadas as de no 480 e 492, não geminadas. A de no 494 se apresenta isolada.
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Desde 1883, o município revelou preocupação em urbanizar a quadra entre Duque de Caxias e Cel. Fernando Machado, onde a ladeira do Morro da Formiga criava dificuldades intransponíveis.
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Em 1922, conforme o relatório do Intendente José Montaury, foram ali plantados 20 jacarandás; em 1928, cuidou-se da construção do belvedere e escadaria para a Rua Cel. Fernando Machado, com projeto do arquiteto Christiano de La Paix Gilbert, construção pela empresa do arquiteto Theo Wiederspahn e com ajuda da família Chaves Barcelos, que, sendo dona dos imóveis do quarteirão, custeou um terço do total das despesas.
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13. Casa de Cultura Mario Quintana, Antigo Hotel Magestic
Rua dos Andradas, 726/736/748
Complemento:Rua Sete de Setembro, 563 e Travessa dos Cataventos, 187/165
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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Frente para a rua Sete de Setembro
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A construção do edifício do Hotel Majestic, hoje Casa de Cultura Mario Quintana, ocorreu entre os anos de 1916 e 1933. O prédio foi projetado pelo arquiteto Theodor Alexander Josef Wiederspahn, nascido na Alemanha, residente no Brasil desde 1908. Em 1916 tiveram início as obras e, em 1918, foi concluída a primeira parte do edifício. Em 1926 foi projetada a parte leste.
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Ao final da obra, em 1933, o Majestic possuía sete pavimentos na ala leste e cinco na parte oeste. O estilo do prédio mistura formas, procurando dar impressão de grandiosidade.
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Foi o primeiro grande edifício de Porto Alegre em que se utilizou concreto armado, sendo concebido para ocupar os dois lados da Travessa Araújo Ribeiro. Interligando a construção, grandes passarelas, embasadas por arcadas e, contendo terraços, sacadas e colunas. O projeto do hotel foi considerado muito ousado para a cidade, pois a idéia das passarelas suspensas sobre a via pública era inédita na época.
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Galeria
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A potencialidade do setor hoteleiro, na época, fora percebida pelo empresário Horácio de Carvalho, homem ligado ao ramo da importação e exportação que, em maio de 1913, protocolou, na Intendência Municipal, um pedido de licença para pagamento de impostos referentes à construção do edifício do futuro hotel.
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Rua de acesso, vão central
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Os anos 30 e 40 foram os de maior sucesso do Majestic, período em que nele se hospedaram desde políticos importantes, como Getúlio Vargas, a artistas famosos, como Virgínia Lane e Francisco Alves. Porém, nas duas décadas posteriores, o hotel foi vítima da desfiguração que atingiu o centro da maioria das cidades brasileiras - em decorrência do período denominado "desenvolvimentista" -, passando a sofrer a concorrência de novos hotéis que contavam com instalações mais amplas e modernas.
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Mario Quintana, um Solitário da utopia
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Os antigos hóspedes foram aos poucos sendo substituídos por lutadores de "cath" e luta livre, além de solteiros, viúvos, boêmios e poetas solitários como Mário Quintana, nascido na cidade gaúcha de Alegrete mas que adotou Porto Alegre como sua cidade de coração. O escritor viveu no hotel entre 1968 e 1982, no apartamento 217.
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Mario Quintana na rua de acesso ao Hotel Mahestic - déc. 80
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A história da Casa de Cultura Mário Quintana tem início em julho de 1980, com a compra do antigo prédio do Hotel Majestic, pelo Banrisul, no governo de Amaral de Souza. O negócio foi feito para que o Governo do Estado pudesse comprá-lo, já que o Poder Público não dispunha de recursos suficientes para cobrir o valor real.
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Em 29 de dezembro de 1982, o Governo do Estado adquiriu o Majestic do Banrisul e, um ano mais tarde, o prédio foi arrolado como patrimônio histórico, tendo início, a partir de então, sua transformação em Casa de Cultura. No mesmo ano, através da Lei 7803 de 8 de julho, recebeu a denominação de Mario Quintana, passando a fazer parte da então Subsecretaria de Cultura do Estado.
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Jardim interno
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Os espaços tradicionais da Casa de Cultura Mario Quintana estão voltados para o cinema, a música, as artes visuais, a dança, o teatro, a literatura, a realização de oficinas e eventos ligados à cultura.
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Eles são os seguintes:
Galeria Augusto Meyer, Complexo Bruno Kiefer, Teatro Bruno Kiefer, Sala Eduardo Hirtz, Biblioteca Érico Verissimo, Espaço João Fahrion, Auditório Luís Cosme, Discoteca Nato Henn, Sala Paulo Amorin, Espaço Romeu Grimaldi, Espaço Vasco Prado, Biblioteca Armando Albuquerque, Teatro Carlos Carvalho, Espaço Elis Regina, Espaço Fernando Corona, Biblioteca Lucília Minssen, Espaço Maurício Rosemblatt, Sala Norberto Lubisco, Sala Radamés Gnattali, Galeria Sotero Cosme, Galeria Xico Stockinger.
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Fundos para a rua Sete de Setembro
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14. Catedral da Santíssima Trindade da Igreja Episcopal do Brasil, a catedral, que pertencente à Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – Província da Comunhão Anglicana, teve sua construção iniciada em 1900 e foi inaugurada em 1903, sendo o primeiro trabalho dos anglicanos no sul do Brasil.
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Década de 1960
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O prédio é caracterizado por arquitetura neogótica. O projeto teve autoria de John Meen, sendo engenheiro Rudolf Ahrons e contrutor Francisco Tomatis. Por falta de recursos, a construção não foi realizada conforme o projeto arquitetônico original que incluía uma alta torre.
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Na fachada destaca-se a nave central, mais elevada, com cobertura em duas águas e pórtico no alinhamento. O corpo central é salientado por pináculos. As aberturas são em arcos ogivais.
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Altar
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O retábulo de madeira atrás do altar mor, entalhado na década de 20, foi o primeiro elemento tombado pelo Município. Em 1981 toda a Catedral foi tombada.
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A partir da década de 30, foram colocados vitrais coloridos com cenas bíblicas e símbolos cristãos, doados por membros da Igreja e confeccionados por artífices alemães da antiga Casa Genta, especializada em vitrais clássicos confeccionados com vidro importado e chumbo.
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A galeria para o coro, acima da porta principal, foi construída em 1945 pela Construtora Barcelos e Cia. Ltda. Em 31 de dezembro de 1949, a Igreja da Santíssima Trindade foi elevada à categoria de Catedral, sede da Diocese Meridional de Porto Alegre. Nela está a Cátedra do Bispo Diocesano.
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Lateral
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Em 1957 uma reforma no piso da Igreja,substituiu o piso de madeira por ladrilhos.
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O sistema atual de iluminação foi instalado na década de 70 e o desenho dos lustres foi feito por Jaury Lopes dos Reis.
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Em diversas partes do mundo, as igrejas anglicanas se tomaram autônomas, ou seja, igrejas nacionais ou regionais (incluindo parte de uma nação ou mais de uma nação), formando o que hoje se chama províncias anglicanas ou igrejas anglicanas em permanente comunhão com Cantuária. Esse conjunto de províncias, igrejas nacionais ou regionais forma a grande família da Comunhão Anglicana.
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No Brasil, a igreja anglicana se chama Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. A expressão episcopal indica que é governada por bispos e a palavra anglicana, antes de significar inglês, aponta para a grande família cristã internacional. Os anglicanos celebram a sua liturgia em terras brasileiras desde o início do século XIX.
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Entretanto, a igreja voltada especialmente para os brasileiros começou intencionalmente em 1890, quando os missionários americanos Lucien Lee Kinsolving e James Watson Morris estabeleceram a primeira missão em Porto Alegre. No ano seguinte, chegaram William Cabell Brown, John Gaw Meem e a professora leiga Mary Packard. Esses cinco missionários podem ser considerados como os primeiros fundadores da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil em solo brasileiro.
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Nave
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O primeiro culto na liturgia anglicana foi realizado em 1º de junho de 1890, em Porto Alegre que na época, tinha 60 mil habitantes. Logo depois estabeleceram missões em Rio Grande e Pelotas que, juntamente à capital do estado, se transformaram em importantes centros estratégicos para a expansão e desenvolvimento da nascente igreja. Hoje a Igreja Episcopal tem templos, missões e instituições educacionais e assistenciais em 150 diferentes localidades do país, concentrando-se a maior parte no Rio Grande do Sul. Ao longo de sua centenária história, acumulou uma relação de 95 mil membros batizados e 45 mil confirmados.
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No mundo, os anglicanos são mais de 70 milhões de membros espalhados por 38 províncias, 450 dioceses em 165 diferentes países nos hemisférios norte e sul. Seus cultos seguem a liturgia anglicana, semelhante à missa católica. Sua doutrina é eclética e abrange evangélicos, anglo-católicos e liberais, é forte apoiadora do movimento ecumênico. É administrada por um governo epicospal. Atualmente é uma igreja de alinhamento teológico moderado para liberal e litúrgico voltado ao anglo-catolicismo.
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15. Centro Cultural CEEE - Museu da Eletricidade - Antigo Prédio da Cia. Força e Luz, Rua dos Andradas, 1223
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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Construído entre os anos de 1926 e 1928 pelo engenheiro Adolfo Sterne. Em 1929 recebeu a inscrição Força & Luz na fachada. Ao todo são 2.775 m² de área construída em plena rua dos Andradas, região central de Porto Alegre.
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Inicialmente a obra tinha como objetivo ampliar as dependências do famoso Clube dos Caçadores, ponto de encontro obrigatório de políticos e intelectuais. Por ser utilizado nesse período como casa de jogos, foi cognominado “Palácio das Lágrimas”, devido ao choro dos apostadores que perdiam seu dinheiro no clube.
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Em estilo eclético, mas com influência francesa do início do século XX, o edifício foi tombado em 1994 pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do RS.
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Vitral do teto
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Nestes 74 anos de vida, um incontável número de reformas descaracterizaram o interior da obra. Apenas o 5º e o 6º andar preservaram o traçado original, já que as pequenas salas foram destinadas à administração do Centro Cultural.
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Alguns detalhes enriquecem ainda mais o prédio, como os gradis de ferro nas sacadas em estilo art-noveaux e o mármore de Carrara, que reveste as escadas e o saguão de entrada.
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A reciclagem do edifício, integralmente patrocinada pela CEEE, através da Lei de Incentivo à Cultura, custou R$ 4,4 milhões e durou 2 anos. Tendo o arquiteto Flávio Kiefer como responsável, a obra proporciona acessibilidade universal aos usuários. Quatro plataformas elevatórias e um elevador portátil garantem liberdade a cadeirantes e pessoas portadoras de deficiência.
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A segurança também foi priorizada pelo arquiteto, que garantiu um sistema integrado de prevenção a incêndios, com sprinklers, escadas internas pressurizadas e saída de emergência para a Rua dos Andradas, através de um túnel que atravessa o prédio. Além deste itens, o espaço foi totalmente climatizado nos seis andares e possui geradores de energia próprios, garantindo mais segurança e tranqüilidade em todos os eventos.
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Em 2002 foi inaugurado o Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo, um local voltado especialmente para as culturais relacionadas à literatura.
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O Centro Cultural CEEE Erico Verissimo é o resultado de um esforço conjunto entre a CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), a ALEV, Associação Cultural Acervo Literário de Erico Verissimo e a PUCRS, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. No local, além do acervo de Erico Verissimo, o público tem acesso às obras de outros autores, como Mario Quintana, Josué Guimarães, Reynaldo Moura, Dyonélio Machado, Pedro Escosteguy, Zeferino Brasil, Francisco Fernandes, Lila Ripoll e Manuelito de Ornellas, totalizando uma coleção permanente de cerca de 50 mil itens.
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O Museu da Eletricidade do Rio Grande do Sul, órgão cultural da CEEE, também possui espaço nobre no Centro Cultural. Reformulado, o Museu tornou-se mais interativo, oferecendo experimentos que instigam a participação do público.
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16. Centro Cultural Usina do Gasômetro - Avenida Presidente João Goulart, 551
Complemento: Rua General Salustiano, 21
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado e SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Usina em funcionamento, década de 1940
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Em 1928 a Cia Energia Elétrica Riograndense (CEERG) - subsidiária da multinacional americana Eletric Bond and Share que geriu a eletricidade e o transporte elétrico de Porto Alegre até 1954 - assume o monopólio do setor de produção e distribuição de energia elétrica e a gás na capital, substituindo as usinas Cia Fiat Lux, Cia Força e Luz Porto-Alegrense e a Usina Municipal. Segundo o contrato, a nova Companhia deveria manter em funcionamento aquelas três usinas e construir uma nova termoelétrica.
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Vê-se a Casa de Correção (demolido), magnífico prédio ao lado da Usina
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A usina termelétrica do Gasômetro foi inaugurada no dia 11 de novembro 1928, na então chamada Praia do Arsenal, produzindo energia de carvão vegetal. Sua importância histórica é inegável, pois foi palco da industrialização ainda incipiente no Brasil.
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O complexo arquitetônico recebeu esta denominação devido à proximidade com a antiga Usina de Gás de Hidrogênio Carbonado que fornecia gás destinado à iluminação pública e abastecimento de fogões, construída em 1874. Localizada às margens da Rua Washington Luiz, antiga Rua Pantaleão Telles, no perímetro popularmente chamado de ponta da cadeia ou "Volta do Gasômetro", compreendido entre as ruas Pantaleão e General Salustiano.
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O projeto veio da Inglaterra, assim como todas as máquinas e materiais. Foi uma das primeiras edificações em concreto armado do Estado. Possui fechamento em alvenaria de tijolos, com aberturas definidas por grandes esquadrias de caixilharia de aço.
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O edifício era dividido em 3 casas (Casa das Caldeiras, Casa das Máquinas e Casa dos Aparelhos). "A Casa das Caldeiras" - com pé-direito em torno de 20,00 m - é constituída por grandes pórticos que sustentam cinco tremonhas. Estas, após receber o carvão, distribuíam combustível por gravidade aos cinco fornos existentes no térreo.
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A “Casa das Máquinas" possuía um único piso dividido por blocos de concreto que serviam de apoio aos turbos-geradores. Abaixo deste nível existia um conjunto de tanques para arrefecimento dos equipamentos, que se comunicava diretamente com o rio. Acima deste conjunto de fundações, ficava a sala dos turbos-geradores. Este espaço era amplo e sem anteparos, com paredes revestidas com azulejos brancos. Acima, na laje do forro, existia um lanternim com venezianas para aeração natural que caracterizam, hoje, o 5º e 6º pavimentos.
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A "Casa dos Aparelhos" continha o conjunto de apoio: transformadores de distribuição, administração e serviços. Era coberta por um grande terraço com laje impermeabilizada dee 780,00 m2.
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A fundação é formada por imensos maciços de concreto, assentados sobre rocha granítica no nível 1,50m.
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A chaminé de 117 metros foi construída em 1937 durante a administração de Alberto Bins para amenizar os problemas causados pela emissão de fuligem.
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Devido à crise do petróleo e à falta de condições de atender à demanda de energia, em 1974 a usina foi desativada. Após algumas tentativas de demolição, que foram evitadas graças à reação da sociedade civil, em 1982 a Eletrobrás transfere para o município o uso do terreno. Neste mesmo ano, o governo estadual tomba a chaminé e, em 1983, o governo municipal tomba o prédio.
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Desde 1991 a Usina do Gasômetro funciona como Centro Cultural. Os 18 mil metros quadrados de área abrigam auditórios, salas multiuso, anfiteatros para vídeo e atividades múltiplas, laboratório fotográfico, estúdio de gravação, videoteca, espaços para exposições, centro de documentação com biblioteca, cinema, teatro e praça de variedades com restaurante e bares.
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Administrada pela Prefeitura, conta com espaços para exposições no térreo, como a Galeria Iberê Camargo e a Galeria dos Arcos, esta última exclusiva para mostras fotográficas. No segundo andar está o Teatro Elis Regina, com 745m². A Sala P. F. Gastal, situada no terceiro andar, é a primeira sala de cinema municipal. Com capacidade de 118 lugares em 292m², homenageia o jornalista e crítico de cinema gaúcho Paulo Fontoura Gastal.
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O térreo conta ainda com recepção, saguão utilizado para eventos, exposições e feiras, loja, Usina do Papel (espaço utilizado para reciclar papel e realizar oficinas) e Memorial da Usina.
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O segundo andar possui espaço para grandes eventos, feiras e exposições, além de bar e terraço. Com palco para eventos, seminários e conferências, a Sala Julieta Battistioli (em homenagem à primeira vereadora de Porto Alegre) possui capacidade para 250 pessoas.
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No terceiro andar está a TV Usina-Vídeo Wall, com nove monitores e programação mensal de vídeo, além das coordenações de Cinema, Vídeo e Fotografia, Nativismo e Tradicionalismo. O Programa Nacional de Incentivo à Leitura/Região Metropolitana de Porto Alegre (Proler/RMPA) também conta com espaço neste pavimento. O quarto andar tem uma área de 403m² para exposições e terraço com vista para o Guaíba e para o Centro da cidade.
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O quinto andar possui uma sala para ensaios e duas salas multiuso com capacidade para 40 lugares. Lá está ainda a Galeria Lunara, inaugurada em 26 de junho de 2001 e que homenageia um dos pioneiros da fotografia local, Luís Nascimento Ramos, o Lunara. Em suas fotos, ele fez registros memoráveis da cidade, nas primeiras décadas do século XX. Na sala 503 está um acervo climatizado de filmes e vídeos da SMC, sob a responsabilidade da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia.
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A área do sexto andar é utilizada pela Direção, Núcleo de Serviços Gerais e pelas coordenações do Carnaval, da Descentralização, das Manifestações Populares, Setor de Mostras, equipe do Acervo Artístico e Conselho Municipal de Cultura. A Usina apresenta ainda um espaço externo privilegiado, com amplo estacionamento, local para shows e o Bar Chaminé Usina.
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Em 2007 a Usina passou por algumas reformas internas, incluindo repintura de seu exterior e previsão de reforma do Teatro Elis Regina, hoje uma sala adaptada para espetáculos teatrais, que receberá uma nova conformação de seu espaço físico e equipamentos.
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Chaminé da Usina
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A Usina do Gasômetro é um dos pontos mais tradicionais de contemplação do pôr-do-sol da cidade, às margens do Lago Guaíba.
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17. Chalé da Praça XV - Praça XV de Novembro
O Chalé da Praça XV, localizado em frente ao Mercado Público, na Praça XV de Novembro, antiga Praça do Paraíso - ponto de grande importância para a cidade no século passado - é um dos mais tradicionais Bar Chopp Restaurantes de Porto Alegre.
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Década de 1900
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Em 22 de agosto de 1884 foi prevista a construção de um quiosque, destinado à comercialização de sorvetes e bebidas. Em 1885 é concedida a primeira licença para ocupação do Chalé. Inaugurado em 22 de novembro do mesmo ano, o bar era freqüentado pela alta sociedade (principalmente de origem alemã), substituída, aos poucos, por boêmios e intelectuais que desembarcavam no terminal dos bondes.
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O primeiro prédio
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Em 1909 foi construído um "pavilhão restaurant" em substituição ao velho Chalé. Em 1911, o Poder Público Municipal substituiu o antigo chalé de madeira por um prédio composto por estruturas inglesas de aço desmontável e vidros que vieram da Feira Internacional de Buenos Aires.
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Década de 1910
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Em estilo bávaro, com traços art-noveau na decoração, principalmente nos gradis de ferro com motivos florais, o edifício manifesta a influência exercida pelo “Pitoresco” na arquitetura Eclética predominante no período, principalmente nos equipamentos relacionados ao lazer. A planta baixa em esquema radiocêntrico, a simetria das elevações e a referência ao chalé e ao quiosque, evidenciam a hegemonia desta tendência.
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Junto ao chafariz Imperial - 1910
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A edificação é composta de dois pavimentos em planta octogonal, mais subsolo e mezanino, totalizando 195,23m² de área construída. O pavimento térreo abriga o salão principal do restaurante e possui piso de ladrilho hidráulico decorado com motivos geométricos em branco, preto e cinza. Sobre a entrada principal, há um pequeno mezanino acessado por uma escada metálica móvel e sustentado por tirantes. O pavimento superior é constituído por um octógono menor com telhado de várias águas ornamentado com lambrequins, rodeado por um terraço com gradeamento metálico.
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Década de 1910
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Os pilares, as decorações metálicas e os painéis modulares de madeira e vidro que compõem a fachada demonstram as inovações tecnológicas ocorridas na virada do século XX que influenciaram a arquitetura.
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Chafariz Imperial e postes à gáz
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Vista, década de 1950
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A segunda reforma aconteceu em 1971, após um incêndio.
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O imóvel atravessou décadas como restaurante, passando por um processo de degradação que resultou na revogação do contrato com o permissionário em 19 de setembro de 1997.
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Em 25 de junho de 1998, o Chalé foi tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal.
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O Chalé e Quintana
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Com a restauração do mercado, a criação dos calçadões e a reforma dos terminais de ônibus, a região passou a ser revitalizada. O célebre Chalé da Praça XV, fechado a mais de dez anos, passou por uma reforma completa em 1999, custeada pelo Senac, novo permissionário, para abrigar um restaurante com cardápio típico da culinária gaúcha, a exemplo do que funciona no Pelourinho, em Salvador.
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Salão interior
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A reabertura do Chalé foi saudada por gaúchos ilustres, como o escritor Moacyr Scliar, freqüentador da casa desde o tempo dos bondes: "Este é um espaço afetivo na vida de Porto Alegre", resume.
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Balcão do Bar
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Após dois anos de funcionamento o restaurante é fechado e o contrato rescindido. Neste mesmo ano, o prédio passa a abrigar o Restaurante Boccato, especializado em culinária regional e internacional com capacidade para 310 pessoas, incluindo a parte externa.
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 O Chalé e o Lambe-lambe
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18. Antigo Cine Capitólio - Avenida Borges de Medeiros, 108
Complemento: esquina Rua Demétrio Ribeiro, 1079
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Cine Teatro Capitólio - 1928
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Inaugurado em 12 de outubro de 1928, o Cinema Capitólio era de propriedade do alfaiate José Luiz Faillace, tinha capacidade de 1.295 lugares, numa área de 1.300 m². Na década de 30, época em que os cinemas ocupavam um lugar de sociabilização na sociedade, foi o cinema mais importante de Porto Alegre.
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Estabeleceu um convênio com os dois maiores produtores de filmes da época, o United Artists e a R. K. O. Radio. O filme “Voando para o Rio” marcou o início deste convênio. Além de filmes exibia peças de teatro, bailes de carnaval e até concursos de misses.
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O filme em exibição era "Voando para o Rio", da R.K.O., década de 1930
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Foi construído e projetado pelo arquiteto Domingos Rocco em estilo eclético com ornamentos voltados para a arquitetura colonial açoriana, pesquisada pelo arquiteto. Sua fachada era de ciréx ocre, e interior em tons de bege e branco com degraus de granitina, conferindo ao prédio suntuosidade.
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Na década de 60, o mercado do cinema entra em colapso, e os cinemas de calçada, como eram chamados, começam a fechar. Em 1969, o Capitólio é arrendado para o Grupo Serrador, de São Paulo, que muda o nome para Cinema Premier. No final da década de 70, o cinema volta a ser denominado Capitólio.
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Ainda em crise, na década de 80, passa a exibir filmes pornográficos até o seu fechamento, em 30 de Julho de 1994. O Capitólio foi desativado ao lado dos antigos Cinemas São João e Marrocos. Era o fim dos cinemas de calçada. Em um artigo publicado na Zero Hora, Tuio Becker relembra os tempos de gloria dos cinemas de bairro:

“A decadência destas três salas de cinema que já estiveram entre as mais tradicionais de Porto Alegre cumpre um ciclo ditado pelo nome de consumismo voltado para as colméias que se tornaram os Shoppings”.

Sem ter como manter a casa, nem atrair investimentos, os arrendatários entregam o imóvel para a família que transfere a propriedade ao Município em total decadência: rebocos caídos, vazamentos, goteiras, ornamentos quebrados, entre outros estragos. Através da Lei 365/95 o prédio é transformado em patrimônio histórico municipal.
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Abandonado, década de 1990
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A discussão sobre a criação de um centro cultural unificado no Centro da cidade estava em pauta na Câmara Municipal já em 1991. Em 1995, o SESC, através de um convênio com a Prefeitura, assume a restauração do prédio, orçada em R$ 1 milhão, e se responsabiliza pela administração do local. Pelo convênio, a cessão do local ao SESC deveria durar 50 anos. O projeto SESC Capitólio (ou Instituto Policultural Cine Theatro Capitólio) é lançado oficialmente em 23/11/97, mas o projeto não vingou.
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Em 2001 o edifício passou por uma reforma no telhado - substituição da cobertura e o prédio foi escorado, em uma área de 448 m², de forma emergencial.
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Vista externa
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Em 2004 é retomada a recuperação do Capitólio, numa parceria entre a Prefeitura de Porto Alegre, a Fundacine, e a Associação dos Amigos do Cinema Capitólio – AMICA - tendo como principais intervenções a entrada de energia, sub-estação, drenagem, demolições, estruturas de concreto e limpeza. Os recursos financeiros necessários são captados junto à iniciativa privada e aos poderes públicos estadual e federal, através dos benefícios fiscais promovidos pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura e pelo PRONAC.
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Maquete
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O projeto arquitetônico foi elaborado pelos arquitetos Marcelo Fernandez e Telmo Stensmann, com a supervisão da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria Municipal da Cultura e do Escritório de Projetos e Obras da Secretaria Municipal de Obras e Viação e procurou preservar as características do monumento. O tombamento do prédio pelo patrimônio cultural do Município define as diretrizes de intervenção. Os novos elementos procuram se apresentar como ação atual, evitando a tentação de mimetizar o antigo ou de competir com as estruturas preservadas.
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Maquete - vista do interior
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A função-âncora do Capitólio será representada por uma instituição chamada Cinemateca Capitólio, catalisadora de agentes, acervos, tecnologias e políticas de preservação, recuperação, difusão, crítica e reconhecimento do patrimônio audiovisual gaúcho.
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Projeto, interior da sala de projeção
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O desenvolvimento do audiovisual gaúcho tem ficado bastante evidente no volume inédito da produção de longas-metragens, que credencia o Estado como o mais importante pólo produtor de obras audiovisuais fora de Rio e São Paulo. Este projeto vincula-se aos programas em implementação de desenvolvimento da indústria audiovisual, e apresenta ao país uma instituição destinada à formação de públicos em vários níveis, viabilizando iniciativas para a valorização da crítica, a coleta de informações sobre os públicos e a preservação de acervos importantes.
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O acervamento e a pesquisa sobre a produção audiovisual gaúcha são apenas o mote para uma instituição marcada pela fomação e trato direto com os públicos e pelo manuseio dos signos e imagens produzidas pela televisão e pelos cineastas locais. Estarão na Cinemateca a Escola de Pelotas e a de Porto Alegre, Teixeirinha e Ilha das Flores, a produção em Super-8 e os cinejornais, Vento Norte e os filmes de Antônio Carlos Textor, a vigorosa produção curta-metragista dos anos 80 e 90 e Anahy de las Misiones.
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Exposições de cartazes e fotos ou da indumentária gaúcha de Netto Perde Sua Alma poderão conviver com a programação da sala de cinema, das oficinas e da biblioteca. Clássicos do cinema disputarão espaço com o lançamento de novas produções. A opinião e o gosto do espectador serão objeto de pesquisa, assim como a história e a arte da televisão no Rio Grande do Sul e dos cineastas do Brasil.
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2007
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A criação dessa instituição, em um prédio pleno de história e significados, se aliará a uma série de outros serviços próprios de um centro cultural de uso múltiplo. Contará com uma sala principal de exibição, com lotação de 188 lugares, cinco salas para exibição de recursos multimídia com espaço para pesquisa, café, lojas e salas de exposição.
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19. Clube do Comércio - Rua dos Andradas, 1079/1085/1089/1091
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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O Clube do Comércio foi fundado em 1896 por comerciantes e feirantes que escolheram a Rua da Praia, onde a atividade terciária concentrava-se na virada do século, para construir sua sede.
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Praça da Alfândega, ainda sem o prédio do Clube do Comércio - década de 1930
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Localizada em frente à Praça da Alfândega, antiga Praça da Quitanda, a sede teve sua construção iniciada em 23 de junho 1938 pela firma Dahne, Conceição e Cia., sendo concluída e inaugurada em 16 de dezembro de 1939.
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Clube do Comércio ao lado do Cine Imperial - década de 1950
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Foi um dos clubes mais tradicionais da sociedade porto-alegrense e teve a primeira boate do Brasil com luzes coloridas. O prédio representava um marco ao bom gosto e distinção - espelhos de cristal rosado e vidro de cristal negro foram importados da Europa. Em estilo eclético, com detalhes Art Déco e Art Nouveau, o volume externo do edifício compreende uma estrutura de 13 pavimentos revestidos de sirex rosa.
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O Clube ocupa os quatro primeiros pavimentos destacados pela diferenciação da fachada que é composta por um embasamento tratado de forma especial, com uma grande porta de ferro entalhado ao centro, ladeada por duas colunas coríntias em granito rosa. Sobre a entrada, distribuem-se quatro grandes janelas envidraçadas e duas colunas coríntias gigantes, que abrangem dois pavimentos.
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Entrada
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O corpo principal possui seis pavimentos-tipo, caracterizados pela divisão da fachada por três faixas verticais. Os dois últimos pavimentos têm tratamento diferenciado, definindo o coroamento do prédio.
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O Vestíbulo, com piso de mármore e lustres art-déco, conduz ao Hall principal, onde se localiza a chapelaria, ladeada por tocheiras de iluminação, o elevador, a escada revestida com mármore branco e preto e os vitrais com jateamento branco.
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Mas entre todos estes eventos um chama especial atenção, pois foi quando o Clube foi sede de um banquete oferecido a um Chefe de Estado estrangeiro.
Em setembro de 1958 o Presidente da Itália, Doutor Giovanni Gronchi, visitou o Brasil e no Rio Grande do Sul foi recepcionado pelo Governador Dr. Ildo Meneghetti. O grande banquete oferecido ao primeiro mandatário italiano aconteceu no dia 12 de setembro daquele ano e teve como palco o Salão dos Espelhos. No menú do jantar, lindamente impresso com a bandeira do Rio Grande na capa estavam contidas convidativas iguarias, tendo como entradas "Paté Foi Gras de Strassbourg sur glace sculptée", "Salade Waldorf" e "Toast Melba". Seguiam-se "consommes", o prato principal "Dindonneaux Cannadienne" e as sobremesas.Tudo isto regado a bons vinhos e champanhe.
Para arrematar, Liqueur Bénédictine, Café e charutos.
Na foto que ilustra esta matéria aparecem na parte central da mesa de honra a Srª Judith Meneghetti, esposa do Governador, o Dr. Giovanni Gronchi, o Dr. Ildo Meneghetti, a Primeira-Dama da Itália e arcebisbo de Porto Alegre, D. João Becker.
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O primeiro andar, tradicional reduto de políticos como o presidente Getúlio Vargas e desportistas foi palco de grandes disputas de jogos, como os famosos campeonatos de sinuca e bridge. É composto por hall de espera, com piso de parquet e móveis em couro da década de 40, sala de bilhares franceses, atualmente ocupada pelo Salão de Exposições, e pela sala da Diretoria, com mobiliário do século XIX.
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O segundo andar é ocupado pela Biblioteca e pela Sala de Leitura - com piso composto por mosaicos de madeira, móveis art déco e obras de arte - que se abre para a Praça da Alfândega. Na parte posterior está localizado o restaurante, o antigo reservado e o jardim de inverno, com piso de ladrilho hidráulico.
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No terceiro andar destaca-se o Salão dos Cristais (Antigo Dancing), revestido com painéis de espelho de cristal decorado, piso em parquet, forro em forma de cúpula elipsoidal nervurada, lustres art déco, colunas, luminárias embutidas, mezanino, chapelaria e o salão de chá, com portas envidraçadas e recantos semicirculares.
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Salão dos Cristais
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20. Superintendência de Portos e Hidrovias – SPH Avenida Mauá, 1050
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Prédio central do porto
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O Edifício sede do DEPREC, inaugurado em 1947, é um prédio de seis pavimentos geminado ao conjunto composto pelo Pórtico Central e armazéns do cais do porto. A arquitetura do prédio caracteriza a evolução do Ecletismo para o sistema formal “Art Déco” pela simplificação e geometrização acentuada da ornamentação externa.
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Prédio do DEPREC
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A edificação apresenta cobertura de fibrocimento substituindo o telhamento cerâmico original. A estrutura do prédio é de alvenaria portante com vigamento e entrepisos de concreto. As paredes são revestidas por reboco e pintura em tom esverdeado.
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Armazéns
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No pavimento térreo, as portas externas são de ferro com sistema de abrir em duas folhas. As janelas térreas são de madeira compostas por guilhotina e bandeira fixa em caixilho e vidro, recobertas por gradil de ferro na parte externa. A pintura das madeiras é em tinta verde-clara e do ferro em cor grafite. As esquadrias dos demais pavimentos são janelas de madeira em guilhotina com persiana externa. No terceiro pavimento há um fechamento de vão com esquadria de madeira e vidro coberta por telhado de fibrocimento.
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A edificação, os armazéns A1, A2, A3, A4, A5, B1, B2, B3, juntamente com o Pórtico Central e armazéns A e B constituem um conjunto único e indissociável, caracterizado como patrimônio cultural da cidade de Porto Alegre, que começou a ser estruturado no início do século às margens do Guaíba, formado por aterro, cais e edificações, tendo como resultado uma paisagem característica, compondo com a Usina e a chaminé do Gasômetro um perfil inconfundível que se transformou em uma marca registrada da cidade.
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Enquanto solução arquitetônica, pelo seu porte, implantação, volumetria, tipologia construtiva, morfologia, interface com o Guaíba e área central, o conjunto se caracteriza pela sua unidade e peculiaridade, definindo o limite noroeste do promontório com característica inconfundível.
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21. Edifício Tuyuty - Rua Caldas Júnior, 341/347/353/355, 361/363/369/377
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Esquinas, rua Riachuelo e rua Caldas Jr
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O Edifício Tuyuty, construído no ano de 1925 em estilo eclético, típico do final do século IX e início do século XX, mescla elementos barrocos, neoclássicos e Art Nouveau. Situado em um terreno em declive, possui dois pavimentos na Rua Riachuelo e termina com três na Rua Caldas Júnior. A fachada assimétrica com aberturas diferenciadas é composta por reentrâncias e saliências, sacadas e ornamentação em relevo.
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O acesso principal, com bandeira em arco e vitral, é emoldurado por dois pares de pilastras jônicas e um belo frontispício em arco pleno, coroado por uma carranca. No andar superior há um corpo avançado sustentado por mísulas. À direita, no piso superior, as aberturas com bandeiras em arco pleno e vitrais geométricos abrem-se para balaustradas, separadas por pilastras jônicas duplas e encimadas por um friso com festões e uma cornija. Um frontão barroco, com dois anjos em baixo-relevo segurando uma guirlanda floral que emoldura um óculo vazado com grade trabalhada, faz o coroamento deste bloco.
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Frente para a rua Caldas Jr
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Na fachada da Rua Riachuelo destaca-se uma minúscula e delicada sacada de ferro trabalhado no piso superior, uma vitrine no térreo e uma balaustrada semicircular, sustentada por uma base hemisférica, que originalmente era coroada por uma cúpula de bronze.
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Todo o edifício é coroado por um friso com elementos geométricos e florais, uma cornija saliente com pequenas mísulas e uma platibanda com balaustrada e delicados florões, guirlandas e outros adornos em relevo.
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Em 1933, o imóvel foi adquirido pelo Grêmio Beneficente de Oficiais do Exército (GBOEX), sendo utilizado para fins residenciais e comerciais até a década de 80.
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Antes da restauração
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Desativado devido ao mau estado de conservação foi tombado em 30 de outubro de 1990 e restaurado integralmente em 2007 pelo Grupo GBOEX, com recursos próprios. O prédio abrigará atividades comerciais, escritórios e consultórios.
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22. Escadaria da João Manoel - Rua Fernando Machado, s/n
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Construída em alvenaria de tijolos e pedra, ascende da rua Cel. Fernando Machado à rua Duque de Caxias, desenvolvendo-se em seus degraus e patamares, simetricamente.
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Os três primeiros lances são centrais e ladeados por muretas baixas, pilaretes e ajardinamento. A partir do terceiro lance os degraus descentralizam-se e, divididos, evoluem nas laterais, com peitoril em ferro trabalhado.
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Os degraus sobem contornando e unem-se novamente para outro lance centralizado na escadaria, chegando ao belvedere.
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A mureta, balaústre que delimita a escadaria e o belvedere transversalmente, são em alvenaria com tratamento em vazados e balcão de apoio, diferenciando-se das muretas ao nível da rua Cel. Fernando Machado que são lisas.
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O sistema pluvial para o escoamento da água da chuva consiste em orifícios dispostos a menos de 1/3 da altura das muretas, em diferentes níveis da escadaria.
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23. Esquina Democrática - esquina Rua dos Andradas com Avenida Borges de Medeiros
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Futura Esquina Democrática, com a construção do edifício Sulacap, década de 1930
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A Rua da Praia é ponto tradicional de passeatas e manifestações desde o século XIX. Era o centro cívico, o ponto de reunião de políticos, de estudantes, o núcleo principal dos cafés, confeitarias e cinemas.
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Atual
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Foram muitos os episódios políticos ocorridos ali: uma manifestação popular promovida pela União Republicana em 1890 foi dissolvida a bala pelo exército, na esquina da Rua Uruguai, local muito próximo à chamada “Esquina Democrática”. Em 1915 uma manifestação contra a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca ao Senado Federal foi combatida pela Brigada Militar com violência.
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A Rua dos Andradas voltou a ser palco de luta em 1923, durante a Revolução que dividia o Estado, e em 1954, na morte do Presidente Getúlio Vargas, a multidão em fúria depredou jornais e casas comerciais que se localizavam na via.
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Década de 1940
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Nos anos 70, a população elege a área como o espaço de seus encontros e manifestações públicas. Diversos grupos reúnem-se ali: músicos, peças teatrais, grupos étnicos e a mídia realiza seus levantamentos de opinião. Na mobilização da sociedade civil para as primeiras eleições diretas em 1982, o largo, palco e cenário de debates políticos e sociais, passou a denominar-se “Esquina Democrática”.
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O largo denominado “Esquina Democrática” é composto pelo cruzamento da Rua dos Andradas e Avenida Borges de Medeiros, sendo delimitado pelos prédios Sulacap, Scarpini, Vera Cruz e Missões. Estrutura-se com potencial de articulação com outros espaços do centro da cidade, como a Praça Montevidéu, o Mercado Público, o Largo Glenio Peres, o Viaduto Otávio Rocha e a Rua 24 Horas.
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Eixo av. Borges de Medeiros
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Em 1999 foram efetuadas reformas no sentido de permitir o tráfego de veículos no período da noite, como forma de viabilizar o funcionamento da Rua 24 Horas, adjacente à Esquina.
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Desfile cívico, década de 1940
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O tombamento do espaço - efetivado em 17 de setembro de 1997 - visa destacar o passado político e democrático da área, consagrando-a com as funções de aglomeração humana na Área Central.
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24. Faculdade de Direito da UFRGS - Avenida João Pessoa, 80
Tombado: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
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Criada em 1900, a Faculdade de Direito promove concurso de projetos para sua sede própria em 1907, do qual é selecionado o projeto da firma de Rudolf Ahrons, projetado por Menchen, formado em Munique.
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O edifício, erguido durante o governo de Carlos Barbosa (1908-13), é uma réplica do "Palais du Rhin", construído em Estanburgo em 1883-89 após a vitória alemã na guerra franco-prussiana, palácio de verão do kaizer Guilherme 11, imperador da Alemanha.
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O edifício apresenta planta quadrada com pátio central e volume em destaque marcado pelo acesso principal.
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O piso térreo do edifício é rusticado, ou seja, apresenta textura de blocos de pedra rústica. No piso superior as aberturas em arco pleno ocorrem num plano mural mais leve, preenchido por ornamentação escultórica. O coroamento é definido por elegante balaustrada interrompida ritmicamente por volumes que projetam as linhas de pilares da fachada no topo.
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O volume do acesso principal se destaca externamente pela cúpula de quatro gomos coberta por telhas vermelhas e encimada por um pináculo. Esta cúpula possui janelas ao estilo das termas romanas de quatro lados.
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O volume de entrada ainda tem a frente em ressalto sobre a linha de fachada, marcada por um pórtico de ordem coríntia no pavimento superior. No interior deste volume se desenvolve a escadaria principal, ladeada por vitrais coloridos, constituindo um espaço interno que dá continuidade às qualidades plásticas do exterior do edifício.
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25. Fundação de Economia e Estatística - Rua Duque de Caxias, 1691
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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A Rua Duque de Caxias é um dos espaços mais tradicionais de Porto Alegre, tanto por ser um dos logradouros mais antigos da cidade, quanto por abrigar prédios de expressivo valor arquitetônico, característicos da antiga aristocrácia, tais como o Palácio do Governo do Estado, o antigo Palácio da Presidência, a Catedral Metropolitana e várias residências burguesas.
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O prédio destaca-se nesse contexto histórico como símbolo da riqueza e do poder que caracterizaram a Rua Duque de Caxias: possui arquitetura eclética, interpretação de modelos neoclássicos, típica do início do século. Sua planta baixa encontra-se preservada e sua decoração interna - pintura do forro do salão superior, portas, rodapés e rodaforros - é refinada e original. Foi edificado em 1916, pela Sra. Edelvira Parreira Machado e seus herdeiros permaneceram na casa até 1935, quando a mesma foi alugada.
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Em 1943, o Estado adquiriu o imóvel, que já sediava o Departamento Estadual de Estatística (DEE). Em maio de 1972, este Departamento transformou-se em Superintendência de Estatística e Informática e, mais tarde, em Superintendência de Planejamento Global. Em novembro de 1973, o órgão de estatística do Estado sofreu uma alteração em sua natureza e em sua estrutura, dando origem à FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, instituição criada através da Lei no 6.624, de 13 de novembro de 1973.
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Em 1983 foi oficializado um termo de compromisso para a conservação do prédio mantendo as características originais. A restauração iniciou em 1985 e preservou todos aspectos arquitetônicos, sem qualquer alteração no volume externo ou no seu interior.
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Por suas qualidades arquitetônicas e históricas, o tombamento foi homologado pelo conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural em 20 de abril de 1990, e seu registro foi efetivado no Livro do Tombo sob o no 34, da página 32, pela Equipe do Patrimônio Histórico Cultural
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O prédio abriga, atualmente, a sede da Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE), instituição vinculada à Secretaria do Planejamento e Gestão que tem como atribuição elaborar informações estatísticas e análises sobre a realidade socioeconômica gaúcha, além de subsidiar o sistema de planejamento econômico e social do Estado.
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A FEE conta com uma equipe técnica interdisciplinar, formada por mais de 90 técnicos de nível superior, que realizam estudos, pesquisas e análises sobre a realidade gaúcha, respondendo igualmente pela organização e elaboração das estatísticas do Estado, como o cálculo do PIB estadual e municipal e das estimativas populacionais.
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As pesquisas realizadas pela FEE são desenvolvidas com recursos próprios e de instituições financiadoras. A FEE busca também estabelecer convênios de cooperação técnica e parcerias com outras instituições de pesquisa e acadêmicas.
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26. Galeria Chaves - Rua dos Andradas, 1432/1448/1438/1444
Complemento: Rua José Montaury, 129
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Entrada pela Rua dos Andradas
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O prédio foi projetado em 1936 pelo arquiteto, escultor e mestre Fernando Corona, com a colaboração de Nilo de Lucca no planejamento, sendo executado por Azevedo, Moura & Gertum.
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Em estilo neo-renascentista e estrutura de concreto armado, a edificação é constituída por porão, térreo, entre-solo ou mezanino e quatro pavimentos na parte superior.
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Saída para rua José Montaury
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A imponente fachada junto à Rua da Praia, com amplo portal de entrada ladeado por duas colunas jônicas e pórtico de quatro colunas da mesma ordem no primeiro pavimento, todas em granito róseo, lembra os palácios renascentistas.
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Arrematada por cornija, revestida com pó de pedra aglutinado em tom grafite, é articulada por três planos principais:
• O embasamento composto pelo térreo e entre-solo, com revestimento imitando pedra aparelhada;
• uma área constituída pelos três andares intermediários, com janelas retangulares com venezianas e sacadas com gradis, agrupadas de três a três, com desenho variado, separadas por pilastras lisas, que se distingue do térreo por um parapeito no primeiro pavimento configurado por uma balaustrada contínua;
• o último pavimento com uma seqüência de aberturas em arco pleno, separadas por pequenas colunas jônicas.
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A Galeria Chaves também apresenta um portal de entrada na face de Rua José Montaury, que conduz, através de um longo corredor, ao nível superior da Galeria, junto à Rua dos Andradas, que é iluminada por lustres de ferro, uma clarabóia e vitrais. O piso é revestido com placas de vidro trabalhado que permitem a iluminação do porão central.
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Vão central da galeria
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O pavimento térreo é ocupado pela galeria comercial, por dois elevadores de ferro gradeado, uma escada que conduz aos pavimentos superiores e outra que leva ao entre-solo, composto por salas comerciais com aberturas envidraçadas para a Rua dos Andradas e para a Galeria. Originalmente ocupadas por consultórios médicos, atualmente abrigam alguns restaurantes. Os pavimentos superiores, constituídos por apartamentos residenciais, passaram a abrigar lojas de comércio e serviços especializadas em artigos musicais.
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O edificação, que abriga a galeria comercial mais antiga de Porto Alegre, foi tombada pelo Município de Porto Alegre em 17 de abril de 1986, com o nº 24.
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27. Igreja das Nossa Senhora das Dores - Rua dos Andradas, 597
Complemento: Rua Riachuelo, 630
Tombado: IPHN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
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Prédio sem as torres - século XIX
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Em 1752, portugueses vindos dos Açores estabeleceram-se à beira do Guaíba e formaram o primeiro núcleo da futura cidade de Porto Alegre, próximo de onde, mais tarde, construiriam a Igreja Nossa Senhora das Dores.
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Destaque para a igreja -1913
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Membros da irmandade devota a Nossa Senhora das Dores rezavam missas na Igreja Matriz, atual Catedral Metropolitana, até 1807, quando resolveram construir o seu próprio templo, lançando a pedra fundamental em um terreno entre as ruas do Cotovelo e da Praia, às margens do Guaíba. No início, esmolas eram levantadas pela comunidade local para construir e decorar a igreja.
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Vista do rio Guaíba
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Em 1813, inaugurada a Capela-Mor, foi realizado o translado da imagem de Nossa Senhora das Dores; a partir de então, as energias e esmolas se voltaram para a construção do interior da igreja.
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Junto a Praça Padre Tomé
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Em 1857, com a cidade entrando em um novo período de crescimento, foi retomada a construção da Igreja, com espaço para um hospital, que atenderia os membros necessitados da Ordem. Provavelmente por falta de verbas, esse espaço nunca foi utilizado.
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Na década de 1860, foi colocado o madeiramento do telhado e a abóbada da nave sob a coordenação do entalhador português Mestre João Couto e Silva, também responsável pela decoração interna e as talhas dos altares,no ano de 1850. Em 1866, após a pintura do teto, realizada pelo artista Germano Traub, o corpo da igreja foi inaugurado.
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Escadarias
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Nos anos seguintes foi construída a escadaria para a Rua da Praia. Antes o acesso era feito pela Rua da Ponte, atual Riachuelo. As três esculturas da fachada representam a fé, a esperança e a caridade. A antiga edificação tinha, em seu projeto original, torres barrocas com cúpulas arredondadas, ao gosto português.
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No início do século XX, Porto Alegre contava com arquitetos e engenheiros de origem germânica, que trouxeram da Alemanha tendências ecléticas. Um novo projeto da igreja foi apresentado pelo arquiteto Julio Weise e aprovado pela Irmandade. A construção seguiu até 1903 quando foi, finalmente, inaugurada, apresentando corpo em estilo colonial português com fachada eclética: frontispício e altas torres, ornamentados com esculturas em gesso.
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Em 1938, a pedido da comunidade, A Igreja Nossa Senhora das Dores foi tombada pelo IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na categoria de Sítio Histórico Urbano.Segundo Luiz Fernando Rhoden, arquiteto do IPHAN, a igreja das Dores foi tombada mais por seu valor histórico do que arquitetônico. Apesar de ter como origem um projeto barroco, seus longos 96 anos de construção fizeram com que passasse por diferentes leituras. Se internamente percebem-se as influências barroca e neoclássica a fachada é eclética. "Tem umas colunas egípcias, uns frontões clássicos gregos e um outro partido, encimado com um balde de flores", analisa.
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Na capela mor encontram-se a estátua de São João Nepomuceno e a imagem de São José que datam de 1818, doadas por devotos da Santíssima. Existe ainda a imagem de Nossa Senhora das Dores logo à entrada lateral, também do século XIX.

Lenda e História

Contam que um senhor de muitos escravos destinou um deles, Josino, para ajudar na obra da igreja. Certo dia desapareceram tijolos e outros materiais da construção. Josino foi acusado pelo seu senhor de ter sido o autor do roubo. Então, como a palavra dos senhores de terra tinha mais credibilidade do que a de um escravo, Josino foi condenado à forca. "No dia de sua execução, dizem que Josino, que se declarava inocente, rogou uma praga que iria provar sua inocência, dizendo que seu senhor não iria ver a conclusão das obras das torres da igreja, como um castigo do céu e à crueldade por que iam fazê-lo fazer passar", registra Maria Beatriz Cunha Ramos, especialista em História das Artes.

Fora as lendas, fatos objetivos contribuíram para o longo período da construção. A Ordem Terceira entrou em um período de decadência devido ao excesso de suas exigências para o ingresso de novos membros à Ordem. Sem membros, sem contribuições. Além disso, a irrupção da Revolução Farroupilha contribuiu ainda mais para piorar a situação. Depois, em meados do século XIX, foram destinadas verbas para a construção de um hospital para os irmãos pobres.
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Nave central
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Novos ventos começaram a soprar a partir de 1898. O padre Fernando Gigante assumiu a paróquia e suspendeu os serviços religiosos. Rapidamente os membros se revoltaram e decidiram reativar a irmandade adormecida. Oitenta e quatro novos membros foram admitidos e as obras finais retomadas.
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Em 1906 foi erguida a última torre e, no ano seguinte, concluída a longa escadaria. "Enquanto, no século passado, a conclusão do templo dependia dos esforços dos escravos, subjugados e explorados por seus senhores, não se chegou a um êxito feliz. Mas, uma vez abolida a escravidão no fim do século XIX, e todos unidos num trabalho espontâneo e livre, conseguiu-se acabar a obra. Parece ser esta a lição da lenda do escravo", regozija-se o padre C.J. Papen, em seu resumo histórico sobre a Igreja Nossa Senhora das Dores.

Restauração

Desde a conclusão das obras da Igreja, esta sofreu algumas intervenções em caráter emergencial: no telhado e forro, em 1980, na capela-mor, em 1996 e na escadaria, em 1998. Nesse percurso, a participação da comunidade e dos órgãos públicos foi fundamental para a restauração do templo.
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Restauração da nave central
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A partir de 2001, a paróquia empenhou-se para a restauração do seu interior, a melhoria do estacionamento e a ampliação do salão de festas, através de financiamento via leis de incentivo estadual e federal. Contando com esses mecanismos, em 2002, foi realizada a troca da fiação e, em 2003, iniciada a restauração dos seus bens integrados (forro da nave, retábulos laterais, púlpitos, pinturas murais, coro, museu e acervo de arte sacra, Capela do Santíssimo e Capela do Cristo Morto) cujas obras devem se estender até 2007.
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Restauração do teto
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A restauração do exterior da Igreja terá início em 2007 e será financiada pelo Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, com apoio do BID, Unesco e CEF, implantado em 26 cidades históricas tombadas pelo IPHAN, em várias regiões do país, por meio das administrações locais. As obras na Igreja incluem restauração do telhado, das torres e escadas, das esquadrias, e a pintura do exterior, além da reforma do salão paroquial, a construção de rampas de acesso e de sanitários.
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A igreja possui um importante acervo histórico e artístico e será sede do primeiro museu de arte sacra de Porto Alegre. E o trabalho de restauração tem diversas frentes, como o da conservadora de têxteis Mara Susana Sulzbach, que recupera um acervo de mais de 500 peças, como os trajes usados pelos Vigários, os estandartes que eram usados em antigas Procissões da Igreja e diversas peças de linho que fazem parte da decoração do Altar para as missas. Este acervo todo está sendo inventariado, catalogado, cuidadosamente limpo, embalado e armazenado em uma sala, junto com o resto do material que será exposto no futuro Museu de Arte Sacra da Igreja das Dores. Cento e oitenta e oito peças já estão limpas e embaladas cuidadosamente para que sofram menos com a ação do tempo daqui para diante.
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28. Antiga Alfândega de Porto Alegre - Avenida Sepúlveda, 53
Complemento: esquina Rua Siqueira Campos Rua Capitão Montanha
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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1924
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A criação da primeira Alfândega de Porto Alegre, na capital da então Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, ocorreu através da Carta Régia de 15 de julho de 1800, sendo instalada em 1º de agosto de 1804, na Rua da Praia, próxima à esquina com a Rua do Ouvidor, atual General Câmara.
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Em 1806 foi inaugurado o novo prédio da alfândega, às margens do Guaíba, no centro da atual Praça da Alfândega. Construído entorno de um pátio central, possuia, na ala oeste, em sua parte central, um segundo piso onde funcionava a administração. Pelo lado setentrional um grande portão abria-se para o trapiche que se projetava rio adentro e no qual atracavam os barcos carregados de produtos taxáveis. Possivelmente, por razões de segurança, os dois lados do trapiche foram aterrados formando uma doca em seu entorno.
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Saint Hilaire, quando aqui esteve, assistiu a essa mudança de prédios:
"(...)há um grande cais que avança para o lago, e à qual se tem acesso por uma larga ponte de madeira de aproximadamente cem passos de comprimento, guarnecida de peitoris e sustentada por pilares de pedra. (...) A vista desse cais seria de um belo efeito para a cidade, se não fosse prejudicada pela construção, a entrada da ponta, de um edifício muito pesado e rústico que mede quarenta passos de comprimento, para servir de alfândega."
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Suas atividades foram suspensas em 3 de março de 1836 em virtude da instabilidade política e institucional causada pela Revolução Farroupilha. Em 20 de abril de 1898 foi abolida, mas logo reinstalada, em 31 de outubro de 1899, voltando a atuar em 1 de setembro de 1900. Em 1968 foi transformada em Delegacia da Receita Federal.
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O prédio atual, projetado pelo arquiteto Hermann Otto Menchen, em estilo eclético, localizado no aterro que ampliou parte do centro da cidade, teve seu início em 1911 e sua conclusão em 1933. Levou 22 anos para ser concluído devido a problemas contratuais e escassez de recursos e, por este motivo, levou o apelido de “uma outra Santa Engrácia”.
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A Inspetoria da Receita Federal ocupava todo o quarteirão, mas atualmente o divide com um edifício que obstrui a visualização da fachada norte. A fachada principal, caracterizada por uma série de aberturas com formas variadas, possuía volumetria simétrica e tripartida, formando reentrâncias de 6,40x9,2m de profundidade que foram suprimidas, anos após, pela execução de quatro “magníficos” salões. Um grande frontispício com sacada e um frontão de perfil neobarroco, onde está instalado um baixo-relevo do brasão da República marcam a entrada, que é ladeada por frontões menores. O prédio configura um pátio interno, acessando por um portão situado na fachada oeste.
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As fachadas laterais têm volumetria diferenciada, com dois pisos apenas nas esquinas, e grandes estátuas decorativas. Destaca-se, na fachada sul, um Atlas carregando o globo e uma bela cabeça feminina em alto-relevo e, na fachada norte, um marinheiro.
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A placa comemorativa que marca a inauguração da alfândega gaúcha, única relíquia do prédio original está instalada no saguão e traz a inscrição:
REGNANTE MARIA I IOANNE PRINCIPE LUSITANIAE CLAVUM TENENTE AUSPICE GUBERNATORE PAULO IOSEPHO DASILVA GAMA IN BENEFICIUM COMERCII NAVIGATIONISQUE HOC ELEGANTISSIMUM OPUS POSITUM ET CONSTRUCTUM EST ANNO 1806
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29. Memorial do RGS, Antigo Prédio dos Correios - Praça Barão do Rio Branco, 70
Complemento: esquinas Avenida Sepúlveda e Rua Cassiano do Nascimento
Tombado: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
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Década de 1920
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A construção do prédio que abrigou a sede dos Correios e Telégrafos foi iniciada em 30/09/1910 e concluída em 31/12/1913. A execução do projeto foi confiada ao Engenheiro Rodolfo Ahrons e ao Arquiteto Teodor Wiederspahn. O estilo arquitetônico é marcado pela tendência às formas abarrocadas.
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A firma de Ahrons foi escolhida por ser sólida e representar a comunidade alemã, que vinha se constituindo em importante segmento econômico da sociedade gaúcha. O Governo positivista julgava importante se aproximar dessa comunidade, pois ela representava uma importante aliada política.
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Junto a Praça Barão do Rio Branco, ainda prédio dos Correyos e Thelegrafos - década de 1950
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A decoração do prédio ficou sobre responsabilidade da oficina de esculturas de João Vicente Friederichs que, a partir de então, se projetou na comunidade. O Engenheiro Rodolfo Ahrons queria que as esculturas privilegiassem uma linguagem mais familiar ao público, reportando-o ao seu cotidiano.
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O grupo principal de esculturas pretende evidenciar os serviços prestados pelos correios unindo os continentes. Três figuras compõem este grupo: ao centro uma figura masculina (Atlante) curvada pelo peso do globo que carrega nas costas; dos lados um mulher e um adolescente também empenhados em levantar o globo. A figura feminina representa a Europa e o adolescente a América.
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Interior do prédio
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Mais dois grupos de esculturas na fachada evidenciam uma linha familiar: a mãe que enlaça o filho e com o outro segura uma carta (mostrando a dor da separação dos imigrantes e a função doméstica da mulher como base da família). A idéia de mostrar nas esculturas as expectativas dos imigrantes agradava ao governo positivista. Havia, nesse período, uma política de incentivo à imigração e sua integração à economia colonial.
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Tombado em 1980, o imóvel passou, a partir de 1998, por um criterioso processo de restauração, objetivando preservar suas características originais e adequá-lo para a instalação do Memorial. A idéia da criação de uma instituição que privilegiasse a cultura gaúcha surgiu entre 1995 e 1996, sendo concretizada através de um convênio entre o governo federal e o governo estadual, em setembro de 1996. Ficou acordado, nessa ocasião, que a sede dos Correios e Telégrafos por quase um século, abrigaria um centro histórico sobre a memória rio-grandense. O acordo de cedência do prédio implicaria também na criação de um Museu Postal e uma Agência Filatélica, o que manteria uma estreita vinculação com as suas funções originais.
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Junto a antiga praça da Alfândega
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O prédio de 3.600m² foi totalmente recuperado e seus 3.500m² de fachadas receberam tratamento especial. Internamente seus espaços foram adaptados às novas funções museográficas, com toda a infra-estrutura necessária, como a climatização das áreas destinadas ao Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul e as Salas do Tesouro.
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2008
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Seus dois pátios internos, anteriormente ocupados por cabines de força e geradores, foram completamente recuperados, ganhando clarabóias e elevadores para dar acesso, principalmente, às pessoas com dificuldade de locomoção. Todo o cuidado foi tomado também com o terraço voltado para a Rua Siqueira Campos, que ressurgiu após a demolição de acréscimos.
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30. Mercado Público Central - Avenida Borges de Medeiros, 61 a 99
Complemento: esquinas Avenida Júlio de Castilhos, 23/69 e Praça Parobé, 21/141
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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O prédio sem o andar superior - 1875
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A idéia de construir o Mercado Público Central começou a ser debatida em 1857, pois o mercado construído em 1844 não correspondia ao estágio de desenvolvimento que a cidade se encontrava.
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1890
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O novo mercado, projeto do arquiteto alemão Friedrich Heydtmann em 1861, foi concluído em 1869, tornando-se o mais importante centro de abastecimento organizado da cidade, sob a responsabilidade do Poder Público municipal.
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Formando um quadrilátero, a construção, em estilo neoclássico, originalmente constituída de um único pavimento e 4 torreões nas esquinas, abrigava as mais diversas atividades: armazéns, bares, açougues, fruteiras, restaurantes, barbearias, companhia de seguro e hotéis, e sofreu várias transformações ao longo do tempo.
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Entre 1871-73, o pátio interno foi calçado e arborizado. A discussão em torno da construção de um segundo pavimento começou no final do século passado. Em 1886, antes da conclusão da ampliação, foram construídos, no pátio central, chalés de madeira utilizados como bancas de venda.
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Incêndio durante a construção do andar superior
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O novo pavimento, destinado a escritórios comerciais e industriais, agência de representações e repartições públicas, foi concluído em 1912. Neste mesmo ano um incêndio destruiu as bancas internas que foram substituídas, mais tarde, por outras executadas em estrutura metálica. Em 1962 a passagem interna, em forma de cruz, foi coberta. Outros dois incêndios ocorreram no prédio, um em 1976 e outro em 1979.
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Início século XX
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O crescimento da cidade retirou do Mercado o privilégio de ser o único ponto de abastecimento da população. Mas ele, sem dúvida, continua sendo o mais característico e tradicional, quer pela suas peculiaridades como a venda de especiarias, vendas a granel, venda do peixe e da erva-mate e atendimento personalizado, quer por manter traços simbólicos como o caráter religioso, comunitário e de convivência permanente.
O caráter religioso que envolve o prédio - especialmente para a população negra ligada às religiões afro-brasileiras - é vinculado ao possível "assentamento" do orixá denominado Bará, pelos negros, na época da construção, no miolo do mercado. O símbolo representa a fartura, o trabalho, a abertura e o fechamento dos caminhos. A passagem ritual pelo prédio significa receber o axé do Bará.
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Cruzamento do Bará
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Década de 1950 e os Bondes
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Algumas atividades, como, por exemplo, a função hoteleira e os escritórios de representação, além das lojas de miudezas, sapatarias, alfaiatarias e lojas de aviamento e venda de fazendas e armarinhos acabaram desvinculadas. Outras foram agregadas como, por exemplo, os centros lotéricos e lancherias.
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Telhado antigo de zinco
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Vista
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1970 e os terminais de ônibus
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Tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre (Lei 4.317/77), em 12 de dezembro de 1979, passou entre 1990 e 1997 por um processo de restauração, que resgatou a concepção arquitetônica original, através da recuperação da percepção visual das arcadas, das circulações internas e da criação de novos espaços de convivência. Foi construída uma nova cobertura que possibilitou a integração entre o térreo e o 2º Pavimento.
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Após reforma novo telhado translúcido
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Novas redes de infra-estrutura, compatíveis com o funcionamento do Mercado foram implantadas qualificando o espaço interno e externo: duas escadas rolantes, dois elevadores, quatro baterias sanitárias para o público, um Memorial, sistema de gás encanado com central de gás externa, que lhe confere maior segurança, além de vestiários e refeitório, para permissionários e seus funcionários, quatro câmaras frias (uma para lixo e três para produtos perecíveis) e um sistema de refrigeração.
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Interior do novo Mercado
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Com as obras o Mercado também ampliou o número de estabelecimentos comerciais, 107 no total, que oferecem os mais variados produtos:
Produtos Regionais: erva-mate, chás, condimentos, cuias para chimarrão, bucha natural (esfregão), charque, mel.
Produtos Naturais: aveia, farinhas e grãos integrais, açúcar mascavo, soja, multimistura, tofú, pães, bolos, granolas.
Especiarias: frutas secas nacionais e importadas, doces de frutas, lácteos, queijos, patês, manteigas, presuntos, azeitonas, bacalhau, peixe defumado, vinhos, cachaças, produtos para confeiteiros e sorveteiros, chocolate.
Exclusividades: venda a granel de cereais, farinhas; fiambres cortados na hora; café torrado e moído de várias procedências; salada de frutas, o peixe mais fresco da cidade.
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A reforma foi custeada 88% pela PMPA e os demais 12% pelo FUNMERCADO e doações diversas. O FUNMERCADO (Fundo Municipal do Mercado Público) foi criado em 1987, através da Lei 5994/87. É formado com a receita arrecadada das permissões de uso, tendo a finalidade de custear a restauração, reforma, manutenção e animação do prédio. A reinauguração ocorreu no dia 19 de março de 1997.
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Foto: Gilberto Simon
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Em novembro de 1997, o “Instituto de Arquitetos do Brasil” e a “Fundação Bienal de São Paulo” conferiram aos autores do projeto (arquitetos Doris Maria de Oliveira, Evaldo Schumacher, Octacílio Rosa Ribeiro, Teófilo Meditsch e Vera Maria Becker) o Prêmio 3ª Bienal Internacional de Arquitetura, pelo trabalho “Mercado Público de Porto Alegre / RS”, categoria Patrimônio Histórico.
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O Futuro, Largo Glênio Peres e Praça Pereira Parobé
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31. Museu da Comunicação Hipólito José da Costa - Rua dos Andradas, 959/963
Complemento: esquina Rua Caldas Júnior, 261
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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O prédio situado na Rua dos Andradas, e seu anexo na Rua Caldas Júnior, abriga o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa desde a sua criação, em setembro de 1974 e foi tombado em 1977.
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Foi construído durante o governo de Borges de Medeiros exclusivamente para ser a nova sede do jornal A Federação, que surgiu no ano de 1884, durante o Império, servindo como propaganda das idéias republicanas, tendo entre seus criadores Assis Brasil e Júlio de Castilhos, assim como outras ilustres personalidades políticas da época.
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Depois de instituída a República, A Federação tornou-se o principal órgão do Partido Republicano Rio-grandense (PRR). O jornal foi extinto por imposição do Estado Novo em 1937, passando o prédio, no ano seguinte, a sediar o Jornal do Estado, posteriormente transformado no Diário Oficial.
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A construção deste prédio em que se passou uma grande parte da história da imprensa oficial do Rio Grande do Sul teve como responsável o engenheiro civil gaúcho Teófilo Borges de Barros, que participou também da construção de outros prédios em Porto Alegre, além da Reforma da Biblioteca Pública do Estado.
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O prédio é composto de estilos artísticos variados, muito característico da arquitetura positivista. Possui uma área total de 3.160 metros quadrados, foi destruído parcialmente por um incêndio em 1947 e, depois de reparados os danos, ampliou-se sua estrutura física pelos fundos na Rua Caldas Júnior.
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Outra particularidade do prédio é, no alto, uma estátua representando a imprensa, que foi esculpida pelo artista italiano Luiz Sanguin. No ano de 1995, esta estátua sofreu uma restauração, pois estava perdendo a mão e a tocha.
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Atualmente, a instituição conta com coleções completas de jornais e revistas, reunindo cerca de oito mil títulos, datados desde o ano de 1827. Apresenta um acervo considerável relacionado à imagem e ao som (fotografia, cinema, rádio, televisão e vídeo) e resgata parte da memória da publicidade e da propaganda, principalmente através de peças gráficas. Objetos e equipamentos também retratam a evolução tecnológica na área da Comunicação Social.
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32. Museu de Arte do RGS - MARGS, Prédio da Antiga Delegacia Fiscal da Fazenda Nacional Rua Siqueira Campos, 596
Complemento: Praça Barão do Rio Branco, sem número; esquinas Rua Capitão Montanha e Avenida Sepúlveda
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (incluso na área "Praça da Matriz e da Alfândega: sítio histórico")
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Esculturas da fachada
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Os aterramentos iniciados em 1911 haviam progredido aceleradamente, de modo que, em 1912 pôde ser aberta a concorrência pública para a construção do prédio da Delegacia fiscal. Como era usual na época, este tipo de concorrência implicava na apresentação do projeto do prédio. O único concorrente foi o escritório Rudolf Ahrons com um orçamento de oitocentos contos. O Ministro Francisco Sales julgou que este orçamento era descabido, anulou a concorrência e solicitou a um amigo a realização de um projeto, inferior ao anterior. Na concorrência de preços deste prédio, novamente saiu vencedor o Escritório Ahrons.
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Em 1913, antes de iniciar as obras, Francisco Sales foi substituído pelo riograndense Rivadávia da Cunha Correa, que anulou a última concorrência e contratou Ahons para construir o projeto original, por mil duzentos e cinqüenta contos, e o prédio dos Correios e Telégrafos, ambos projetados pelo alemão Theo Wiederspahn, responsável pelo Departamento de Arquitetura daquela empresa.
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Em obras
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A possibilidade de projetar, concomitantemente, dois prédios de alto significado social e urbano, lado a lado, foi muito bem aproveitada por Wiederspahn. Utilizando um conceito de simetria sutil, na medida em que concebeu dois prédios assimétricos, cada um com uma torre junto à Avenida que os separava, marcando plasticamente a via e acentuando o conceito primordial da munumentalidade inerente ao conjunto.
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A entrada principal, a do público, é excêntrica. Possui alguns degraus que conduzem a um patamar onde, posteriormente, foi instalada uma portaria, do qual se tem acesso ao vestíbulo propriamente dito, no primeiro piso, que conduz a um grande espaço de uso público, de pé-direto duplo e iluminado por zenital. Este "hall" é separado por dois espaços de semelhantes dimensões, mas com pé-direito simples, com balcões de atendimento ao público implantados entre três pilares.
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Do lado norte ficava a tesouraria e, no lado sul, a pagadoria. Pelo lado leste, junto ao vestíbulo, ficava a venda de selos. Pelo lado ocidental, em cada extremidade, ficavam os gabinetes dos tesoureiros (recebedor e pagador) sendo que havia, no primeiro, uma escada que conduzia ao térreo, diretamente à caixa-forte, que era fechada por paredes de um metro de espessura e circundada por corredores rigidamente vigiados. Entre os dois gabinetes havia uma escada funcional que levava aos demais pisos e aos sanitários. No térreo, além da caixa-forte, existiam salas reservadas aos arquivos da instituição, ao oficial da guarda e ao gabinete do encarregado do cartório e os sanitários. O segundo piso era integralmente ocupado pela administração. A escada funcional do lado oeste conduzia à cobertura plana com circulação entorno do telhado de vidro sobre o "hall" público que conduzia aos quatro torreões que, provavelmente serviam de depósito.
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Vista do vitral do teto
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Plasticamente, a concepção do prédio se enquadra nos preceitos histoicistas então em voga, com ênfase ao classicismo, percebido no emprego parcimonioso de um volume prismático onde as extremidades são salientes, de modo a subdividir cada fachada em três faixas onde a central tem menor altura e é composta num plano mais retraído. Os volumes mais salientes das extremidades são encimados por torreões coroados por cúpulas de bronze, sendo que o sudeste é mais elevado para compor com o torreão sudoeste do Prédio dos Correios e Telégrafos.
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Quadrilátero da av. Sepúlveda
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Todo o prédio foi composto dentro das regras clássicas. Horizontalmente apresenta uma "base" sólida sobre a qual se apóia um "fuste" mais trabalhado, que é encimado por um "coroamento" com Barbacãs, figuras aleatórias, torreões e brasões trabalhados. Cada elemento composicional é simétrico em si e com os demais elementos da composição, excluindo apenas a torre sudeste. Todos os planos de simetria passam por aberturas, com exceção do corpo central em suas fachadas para a praça e para a Rua Siqueira Campos (antiga Rua das Flores) onde esse plano passa por um elemento fechado. A fachada principal recebe valorização plástica através de sete robustas colunas jônicas.
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Outro recurso utilizado, muito em voga na arquitetura clássica, é o uso de alegorias. A decoração ornamental do prédio do MARGS foi executada pelas oficinas de escultura de João Vicente Friederichs, com os ornamentistas Victorio Livi, Franz Radermacher e do escultor Alfred Adolff, responsável pelas figuras da fachada.
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Possui caráter inovador no sentido tecnológico:
- O uso de iluminação zenital, solução provavelmente pioneira no Brasil e, com certeza, no âmbito regional;
- O emprego de estrutura de concreto armado, assumida pelo engenheiro Alfred Haessler, que precedeu em quase duas décadas as experiências de Baumgarten, no Rio de Janeiro;
- O emprego de uma grande cobertura plana, antecedendo, pelo menos, em uma década, aos postulados na forma como foram formulados por Le Corbusier.
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O imponente prédio da Praça da Alfândega, de quase cinco mil metros quadrados, com seus vitrais, mármores e ornamentos, materializava, no início do século, o ideal de modernização e progresso da república positivista gaúcha - audácia da construção aliada ao conservacionismo da linguagem arquitetônica - "conservar melhorando".
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Cronologia:
1916 - inaugurado de forma precária para sediar a arrecadação dos impostos federais;
1922 - conclusão das obras. Inauguração Oficial no Dia da Pátria, no ano do centenário da Independência do Brasil;
1933 - obras de melhorias - instalação de um elevador;
1974 - é cedido pelo governo federal ao estadual;
1976 - o governo estadual manifesta a intenção de transformá-lo em Centro Cultural;
1978 - em decorrência é instalado o MARGS em suas dependências;
1981 - recuperação física do prédio e tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional;
1983 - inscrição no Livro de Tombo Estadual;
1984 - a Subsecretaria de Cultura do Estado o reconhece como de interesse público por seu valor histórico-arquitetônico;
1985 - foi contemplado com o tombamento definitivo em nível estadual;
1995 a 1998 - início de restauro e reforma geral para adaptá-lo aos fins específicos da museologia - instalações elétrica e hidráulica novas, sistema de climatização para a temperatura oscilar entre 21 e 24 graus em umidade constante, detectores de fumaça, controle de intensidade da luz e impermeabilização do terraço, além de restauração artesanal dos ladrilhos, azulejos e vitrais.
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2008
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É um dos principais museus do país e o principal do Estado, reunindo obras de artistas nacionais e internacionais.
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33. Museu Julio de Castilhos - Rua Duque de Caxias, 1231
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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Dr. Julio de Castilhos
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O Museu Júlio de Castilhos é o museu mais antigo no Rio Grande do Sul.
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Antiga casa de Julio de Castilhos
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Fundado em 1903, como museu do Estado, por decreto assinado pelo então Presidente do Estado Borges de Medeiros, a instituição foi criada com o objetivo de abrigar objetos que vinham sendo coletados desde 1901, e estavam sediados nos pavilhões construídos para a 1ª Exposição Agropecuária e Industrial do Estado – no atual Parque da Redenção.
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Exposição Estadual de 1901 nos Campos da Redenção nos fundo da Faculdade de Engenharia da URFGS
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Em 1905, a casa da Rua Duque de Caxias, nº 1231, da família de Júlio de Castilhos, que falecera dois anos antes, foi adquirida pelo poder público. Em 1907, o Museu do Estado passou a denominar-se Museu Júlio de Castilhos.
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Composto por cerca de dez mil peças, o acervo do Museu Júlio de Castilhos possui as seguintes catalogações: armaria, arquitetura, arreios, arte náutica, bandeiras, bibliografia, condecorações, documentos, escravatura, etnologia, filatelia, heráldica, iconografia, indumentária, instrumentos musicais, instrumentos de trabalho, máquinas, medalhas, missões, mobiliário, numismática, objetos decorativos, objetos de uso pessoal, regionalismo, sigilografia, tesserologia, utensílios domésticos e viaturas.
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O casarão do Museu foi construído em 1887 para servir de moradia ao Coronel Augusto Santos Roxo, herói na expedição de reconquista do território brasileiro ocupado pelas forças paraguaias. No entanto, adquirido pela Comissão Executiva do Partido Republicano Rio-grandense (PRR), o prédio acabou sendo doado a Júlio de Castilhos que ali viveu com sua esposa, Honorina e seus seis filhos.
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Em 1909 foi realizada a primeira reforma na casa para adaptá-la às atividades de exposição. Depois, vieram outras duas: em 1925, com a construção de duas salas no pavilhão superior, e durante o período de 1968 a 1973, quando o prédio recebeu reformas no telhado, no forro, no assoalho, na rede hidráulica e na elétrica. O Museu voltou a ser aberto ao público durante as festividades dos seus 70 anos.
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Em 1980 o prédio ao lado da sede do Museu, de número 1.205, construído entre os anos de 1917 e 1918, foi adquirido pelo governo do Estado para possibilitar a ampliação da instituição. As obras de restauração do anexo foram concluídas em 1996, inaugurando novos espaços de exposição. Neste mesmo ano, o casarão do Júlio de Castilhos foi desativado, em vista da necessidade de reformas no telhado e da colocação de um novo forro, ações que foram realizadas, parcialmente em 1997.
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Prédio anexo
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Ao longo de um século de existência, o Museu Júlio de Castilhos vem promovendo a expressão das identidades culturais do povo rio-grandense, democratizando o acesso ao conhecimento e possibilitando a reflexão crítica em relação às questões relacionadas à história do Rio Grande do Sul e do Brasil.
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34. Observatório Astronômico/UFRGS - Avenida Osvaldo Aranha, sem número
Tombado: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
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Este edifício é uma obra emblemática da ênfase científica dos governos positivistas que se instalaram no Rio Grande do Sul após a proclamação da República. No dia 8 de dezembro de 1906 é colocada a pedra fundamental na soleira da porta principal pelo presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros.
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Início século XX
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Em 24 de janeiro de 1908 é inaugurado o Instituto Astronômico e Meteorológico (IAM) tendo como seu primeiro diretor o arquiteto Manoel Assumpção Itaqui, professor da escola de engenharia, formado pela mesma, autor deste e de vário outros projetos de edifícios do atual campus central da UFRGS. O ecletismo de Itaqui mescla referências vagas ao classicismo com características art noveau, que demonstram sua familiaridade com um estilo
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Telescópio na cúpula
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Em setembro e outubro do mesmo ano chegam de Paris a luneta equatorial Gautier de 190 mm e a luneta de círculo meridiano Gautier de 75 mm. Ao final de 1908 o Observatório passa a ter em seus quatro pavimentos, 1909, a Oficina, a Seção de Secretaria, a Sala Meridiana com Serviço de Hora e a Sala Equatorial com cúpula.
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O Observatório Astronômico forma um conjunto de três pequenos edifícios junto com o Château e o Castelinho, que contrastam com os prédios vizinhos da mesma época (Engenharia, Direito, Instituto Júlio de Castilhos), de grandes dimensões. Também chama a atenção o contraste entre a sobriedade do prédio da Engenharia (de Parobé) e os edifícios de Itaqui, dotados de ornamentação muito mais exuberante e menos historicista.
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Os principais trabalhos de pesquisa e ensino desenvolvidos no Observatório Central até os anos 60, foram a formação de engenheiros habilitados em geodésia, a determinação e distribuição da hora certa local. Além disso outras atividades foram: medidas da declinação magnética através do estado, serviços e boletins meteorológicos, sismografia, observação de estrelas duplas e variáveis, determinação da altura do pólo (latitude) de Porto Alegre e registro fotográfico de cometas, planetas e aspectos da Lua.
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O Observatório foi responsável durante décadas pela publicação mensal das Efemérides Astronômicas, incluindo o mapa do céu, no tradicional jornal gaúcho O Correio do Povo. Em agosto de 2002, a UFRGS concluiu a restauração do prédio do Observatório de estilo art-nouveau, como parte do projeto de Recuperação dos Prédios Históricos da Universidade.
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35. Paço dos Açorianos, Intendência Municipal - Praça Montevidéu, 10
Complemento: esquinas Ruas Uruguai e Avenida Borges de Medeiros
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Paço Municipal ainda sem os leões de mármore na escadaria - 1906
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O edifício do Paço Municipal foi construído entre 1898 e 1901 para ser a sede da Intendência de Porto Alegre que até então não possuía sede própria, funcionando em prédios alugados no centro da cidade.
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José Montaury de Aguiar Leitão, eleito em 1897 pelo Partido Republicano Rio-grandense, assume o compromisso de construir uma sede própria. Entre as primeiras providências estão o aterro da Doca do Carvão e a venda de terrenos da municipalidade para angariar recursos.
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O projeto - encomendado ao Engenheiro Oscar Muniz Bittencourt - foi submetido, devido ao centralismo do Governo do Estado, a Júlio de Castilhos, que não o aprova, encarregando o arquiteto João Antônio Luiz Carrara Colfosco, italiano de Veneza, para desenvolver novo projeto.
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O prédio do Paço Municipal traduz o gosto pela monumentalidade e pela suntuosidade Eclética vigorantes no Rio Grande do Sul no período positivista. Possui em sua unidade as características básicas de uma arquitetura com matrizes classicistas. Entre elas pode-se destacar a sobreposição das ordens arquitetônicas (dórica no térreo, simbolizando o Poder e a coríntia no alto, significando a Harmonia e a Justiça), a forte marcação dos planos horizontais, a emergência da edificação em relação ao espaço circundante, a importância de todas as fachadas, o tratamento das aberturas, a utilização de cornijas, arquitraves e platibandas.
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Leões esculpidos em mármore por Carlos Fossati e colocalos em 1906
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Possui planta original em forma de “U”, com pátio voltado para os fundos. Na parte frontal, a Praça Montevidéu configura uma esplanada livre diante do Palácio. O elegante átrio de acesso apresenta duas fileiras de colunas dóricas que dão continuidade às pilastras do acesso principal. Este átrio leva até a escadaria que conduz ao piso principal do edifício.
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A fachada principal tem organização simétrica, com pavilhão central (demarcando o acesso principal), alas curtas e pavilhões de terminação nas extremidades (que definiam acessos secundários à polícia municipal e a enfermaria pública). O jogo volumétrico é demonstrado pelos planos em ressalto nos pavilhões de acesso (demarcados por pilastras e colunas) e pela torre de base quadrangular, seguida de corpo ortogonal coberto por cúpula.
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Apresenta arquitetura composta por várias unidades provindas de matrizes clássicas reunidas em um único organismo, uma associação de elementos como a pequena torre da fachada, o corpo central tripartido, os tímpanos triangulares ou em arco das janelas, os corpos centrais e os corpos angulares destacados, bem como o uso da aparência rústica no embasamento, imitando pedra. As formas são reinventadas acoplando, não fundindo, os elementos.
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Fachada
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O edifício é carregado de elementos simbólicos tais como os grupos escultóricos colocados na fachada principal. Na fachada da Avenida Borges de Medeiros, a figura central representa a Liberdade, a da direita representa a História, o busto de Péricles, a Democracia, a figura da esquerda representa a Ciência. Próxima à fachada da Rua Uruguai a figura central representando a Agricultura, a da direita representa o Comércio e a da esquerda representa a Indústria. Além destes dois grupos encontram-se duas figuras isoladas que representam a Justiça e a República. Na fachada da torre existem dois bustos, o da esquerda é de José Bonifácio e o da direita é do Marechal Deodoro da Fonseca. No centro encontra-se o Brasão da República.
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Pátio interno
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O prédio, dividido em três pavimentos, era ocupado com as seguintes atividades: tesouraria, seções de contabilidade e impostos, inspetoria de veículos, sub-intendência do primeiro distrito, guarda municipal, serviço de assistência pública e vestíbulo, instalados no primeiro pavimento. O salão do Conselho Municipal, diretoria de obras, seção de águas e esgotos, arquivo, salas dos secretários, do conselho e do intendente, seções de estatística e higiene ficavam no térreo, onde funcionava também o 1° Distrito Policial.
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Na época era comum a seção de polícia estar instalada dentro das intendências, como eram chamadas as prefeituras. Os prisioneiros ficavam em celas com latrinas instaladas no porão, ao lado dos banheiros comuns usados pelos funcionários e dos reservados a funcionários superiores, maiores e melhor decorados.
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Salão de Reuniões
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Ao longo dos anos foram realizados reparos nos telhados, caiação, pintura na fachada externa, adaptação do pavimento térreo, para a instalação do arquivo municipal, aquisição de um motor para elevador e divisões envidraçadas para a Secretaria da Intendência e para a Procuradoria. Limparam os mármores das escadas e a frente do prédio.
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Por fim, a Praça Montevidéu, antiga Praça Municipal, foi presenteada com um calçamento novo. Em 1925 o intendente Otávio Rocha providenciou a construção de um grande canteiro gramado de forma elíptica, ornamentado pela fonte artística conhecida como A Samaritana, transferida para a Praça da Alfândega dez anos mais tarde, quando, a presente do povo espanhol, a Fonte Talavera foi colocada no local.
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1930
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Fonte "A Samaritana"
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Nos anos de 1926 e 1927 as salas da parte térrea do Paço foram transformadas para a instalação da Contadoria-Geral do Município, Receita Municipal, Tesouraria e Procuradoria. A Praça Montevidéu recebeu nova iluminação.
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Fonte "Talavera" de La Reina
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Durante o governo de Alberto Bins ficou claro que o prédio não suportava abrigar tantos departamentos e secretarias. O teto do Salão Nobre foi reformado e modificado em 1933, reconstruído em gesso, e as paredes receberam um reforço de alabastro. O velho assoalho foi substituído por parquê, com madeiras de vários matizes e suas paredes foram totalmente pintados e envernizados.
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Em 1947 foi inaugurada a chamada Prefeitura Nova, na Rua Siqueira Campos, cujo nome homenageia José Montaury, mas o gabinete do prefeito continuou situado na agora chamada Prefeitura Velha. Mesmo com o desafogo que significou a edificação da Prefeitura Nova, a antiga Intendência continuou dando sinais de desgaste. Durante as duas décadas seguintes, várias obras de manutenção foram realizadas no prédio.
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Antigo prédio atrás da prefeitura que deu lugar ao novo prédio anexo, na rua Siqueira Campos
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Prefeitura nova, vista da av. Mauá - década de 1950
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Fonte Talavera - década de 1950
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 1961
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A sede do Governo Municipal foi oficialmente nomeada Paço dos Açorianos, em homenagem aos primeiros colonizadores de Porto Alegre, somente em 1973, por lei sancionada pelo prefeito Thompson Flores, este prefeito teve a hipótese de demolir o Mercado Público Municipal.
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Durante os anos 1980 e 1990, o velho Paço novamente passou por importantes obras de manutenção. Em 1984, foram realizados trabalhos na fachada do prédio, recuperados seus rebocos, pintadas as alvenarias, esquadrias e elementos decorativos.
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1977
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O planejamento da restauração começou em 1994 e as obras iniciaram em 2000, com a aprovação da demanda na Temática de Organização da Cidade e Desenvolvimento Urbano do Orçamento Participativo, sendo concluídas em 2003, com a recuperação de sua cor original, em tons de ocre e branco.
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A diretriz do projeto de recuperação teve como premissa dois aspectos: a restauração do prédio restabelecendo a sua unidade original, e a garantia da acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência e de toda a comunidade ao espaço histórico-cultural e às informações sobre a sede do Executivo e a Capital.
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Em um pavimento localizam-se os gabinetes do prefeito e do vice-prefeito. Em outro, as pinacotecas Rubem Berta (local provisório) e Aldo Locatelli, antes sediadas no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), além do auditório e a galeria dos ex-prefeitos.
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Porão
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Porão
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O porão passou a abrigar os Memoriais do Paço e da Cidadania, proporcionando aos visitantes o encontro da atmosfera da velha intendência municipal com as luzes e as cores do presente. O porão, espaço praticamente desconhecido da população, foi resgatado, ocupando um lugar nobre no Paço Municipal.
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O Paço Municiapl, é onde se localiza o marco zero da cidade. O edifício sede foi tombado pelo município em 21 de novembro de 1979.
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36. Palácio do Ministério Público, Antigo Palácio do Governo - Forte Apache - Praça Marechal Deodoro, 110
Complemento: esquina Rua Jerônimo Coelho, 23
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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Prédio sem o terceiro piso e com duas torres - 1857
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No ano de 1857 o Comendador Patrício Corrêa da Câmara, primeiro Visconde de Pelotas e então Vice-presidente da Província de São Pedro, lançou a pedra fundamental da futura sede da Assembléia Provincial, na esquina da Praça com a atual Rua Jerônimo Coelho.
A Assembléia para lá não se mudou, mas, com a proclamação da República, em 1896, Júlio de Castilhos, Presidente do Estado, ali fixou sua residência e sede de governo, transformando-o no Palácio Provisório, já que mandara construir no local onde figurava o Palácio Provincial, o novo palácio de governo. Dali governaram, durante 25 anos, além de Castilhos, Carlos Barbosa e Borges de Medeiros, até 1921, com a construção do Palácio Piratini.
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Prédio com o terceito piso e uma torre - 1871
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Atualmente é considerado parte significativa do patrimônio histórico gaúcho, tendo sido tombado pelos poderes competentes. O edifício abrigou a Diretoria de Obras Públicas da Província, a Repartição dos Telégrafos e o antigo Comando das Armas da Província de São Pedro. Entre 1896 e 1921 foi provisoriamente sede do Governo sul-rio-grandense, já que o Palácio Piratini encontrava-se em construção. Após 1921, foi ocupado pela Secretaria de Saúde até início da década de 1960. Entre 1963 e 1998 funcionaram órgãos da Justiça como Escola Superior de Magistratura e Varas de Família.
A partir de 1998 passou a integrar o patrimônio do Ministério Púbico. O prédio foi adaptado para receber as instalações do Memorial do Ministério Público e o Gabinete do Procurador Geral de Justiça. As atividades da nova instituição começaram com a implantação de um projeto de memória institucional. A Procuradoria Geral de Justiça investiu na instalação de um centro de documentação e memória oral, a partir do qual são realizadas pesquisas históricas, publicações e exposições.
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Lateral para a rua Jerônimo Coelho
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Único prédio onde transitaram, de uma forma ou outra, todos os poderes constituídos do Estado, o Palácio Provisório é o único palácio na acepção do termo ainda existente na Praça da Matriz: O Palácio Piratini, construído sobre os escombros do antigo Palácio Provincial, destruído para apagar as lembranças do Império, foi ocupado em 1921; o Palácio da Justiça, gêmeo do Teatro São Pedro, foi destruído no incêndio de 1949; o Palácio Farroupilha, sede da Assembléia Legislativa, data da década de Sessenta.
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Atual
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Assim, o palácio que nasceu para ser provisório chega aos nossos dias para servir de sede ao Ministério Público, tornando-se, novamente, endereço importante no centro cívico de nosso Estado.
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37. Palácio Piratini, Sede do Governo do Estado - Rua Duque de Caxias, 1048
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado e IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (incluso na área "Praça da Matriz e da Alfândega: sítio histórico")
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Brasão do estado
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A história do palácio governamental inicia praticamente com a fundação de Porto Alegre. Em 1772 o governador Manoel Jorge Gomes Sepúlveda incumbiu o Capitão Alexandre José Montanha de demarcar o local da nova capital da província. Segundo a tradição, o mesmo militar teria sido encarregado de construir o sobrado para abrigar a sede do executivo. O chamado “Palácio de Barro” foi uma das primeiras obras governamentais após a transferência da capital de Viamão para Porto Alegre.
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Primeiro Palácio da Província - foto de 1909,  nesta data pela segunda vez o prédio sediava o palácio do governo em virtude da construção do Palácio Farroupilha, futuro Piratini 
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Após a Guerra dos Farrapos, o presidente Soares d"Andréa encarregou o arquiteto Phillip von Normann de elaborar um novo projeto, já que a edificação encontrava-se degradada e obsoleta para as atuais funções. O prédio não chegou a ser executado, pois os alemães foram exonerados da função pública provincial. Pouco antes do golpe republicano, o arquiteto Álvaro Nunes Pereira é contratado para elaborar outro projeto, que também não foi executado devido à queda do Regime Imperial e à instabilidade política dos primeiros anos da República.
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Palácio da Província, conhecido como "Palácio de Barro"
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Júlio de Castilhos, em 1894, delega ao arquiteto Affonso Hebert, da Secretaria de Obras Públicas, mesmo autor do projeto da Biblioteca Pública, a execução de novo projeto, de acordo com suas concepções, alegando "necessidades de asseio e de higiene". Em 1896, Francisco Gastaldoni foi encarregado da demolição do palácio de taipa, sede do governo por 107 anos. O governo transferiu-se para o “Forte Apache”, prédio onde hoje está o Memorial do Ministério Público, também na Praça da Matriz.
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Palácio da Província - 1789
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As obras iniciaram em 1896, com o lançamento da pedra fundamental, coincidindo com o fim da Revolução Federalista, tentativa vencida dos liberais de tomarem o poder dos republicanos. A vitória e o domínio político dos republicanos, por toda a República Velha, imprimiu sua marca através de grandes obras públicas, de acordo com a lógica positivista, não só com o intuito utilitário e desenvolvimentista, mas também para legitimarem líderes e propagarem idéias.
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Novo projeto do palácio - 1909
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A terraplanagem movimentou grande quantidade de terra e houve necessidade de construção de muros de arrimo. Os alicerces, e parte da alvenaria, utilizaram pedras trazidas do Rio de Janeiro, pois o granito do estado era considerado muito duro e difícil de trabalhar. O projeto, caracterizado por uma planta quadrada desenvolvida em torno de um pátio central, apresentava uma separação precária entre a função residêncial e governamental, além de ser considerado modesto para as exigências da época. Em 1908 a obra é suspensa e uma equipe de técnicos do Estado é enviada a Paris para organizar um concurso internacional de projetos. O vencedor substituiria o de Hebert. Somente dois arquitetos inscreveram-se: A. Agustín Rey e A. Janin. Seus projetos foram premiados, porém não aproveitados.
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Década de 1930
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Um ano depois, o arquiteto francês Maurice Gras é apresentado ao presidente Carlos Barbosa, por representantes diplomáticos da França no Brasil e desenvolve uma nova proposta. O novo projeto necessitava um terreno maior. São adquiridos, então, vários imóveis na Rua Fernando Machado ( antiga Rua do Arvoredo) e imediações da Praça da Matriz. Após vários estudos e tratativas, o novo projeto é aceito. Sua proposta dividia o terreno em duas esplanadas, reunidas por escadarias. Os dois edifícios seriam separados por um pátio interno ("Cour d"Honneur"), limitado por duas galerias de comunicação entre eles, com previsão de acesso à carruagens no pátio central. Em 20 de setembro de 1909 foi lançada a segunda pedra fundamental do palácio e as obras reiniciam.
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Pátio interno
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A areia utilizada era extraída das margens do Guaíba. Os alicerces foram executados com pedras graníticas de nossas pedreiras e as pedras oriundas da demolição da antiga fundação. O cimento era inglês, procedente de Avallon, na França. O ferro também era importado da Europa. De Taquari veio a pedra de grês branca que, no decorrer do trabalho, começou a apresentar colorações variadas e manchas. Para solucionar o problema, as paredes foram revestidas com estuque, produzido com um material chamado pedra artificial ou cimento-alabastro, fornecido pela empresa "Rousselet et Fils" de Paris e Buenos Aires e executado por mão de obra especializada, oriunda de Buenos Aires. Foram importadas de Villars, interior da França, as pedras calcárias para o embasamento das fachadas, gerando a insatisfação dos fornecedores locais.
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Ala Residencial
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O prédio, de influência neoclássica, foi inspirado, segundo alguns pesquisadores, no Petit Trainon, de Versailles, e apresenta fachada de sóbria regularidade geométrica, ritmada por pilastras e semicolunas colossais de ordem jônica. Cantoneiras rusticadas definem as terminações laterais. Para marcar a entrada principal e embelezar o pátio interno, entre as alas governamental e residencial, Gras encomendou ao artista francês Paul Landowski, o mesmo artista que criou o Cristo Redentor do Corcovado, no Rio de Janeiro, três esculturas: as que representam a Agricultura e a Indústria estão na fachada principal, colocadas sobre pedestais entre as três portas externas, conforme inclinação do Positivismo gaúcho em exaltar, através da estatuária fachadista, atividades econômicas que aludiam ao progresso; e grupo escultórico "A Primavera", instalado no centro do jardim. Ao pintor Antônio Parreiras foi encomendado um grande quadro da Proclamação da República do Rio Grande (episódio da Revolução Farroupilha) e um retrato do General Bento Gonçalves (herói da Revolução Farroupilha).
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No interior, a seqüência espacial começa com o salão de entrada inferior, da altura menor e forma quadrada, com acesso em três lados (duas para veículos e uma para rua) e direcionado para a outra escadaria na outra face. No térreo, a escadaria que realiza a transição até o grande salão de recepções possui a forma de um "E", com cinco imponentes lances que vencem o pé-direito monumental de oito metros, inseridos em um volume de dupla altura, totalmente branco e com decoração em estilo coríntio. Como coroamento do percurso, este amplo espaço apresenta altas colunas e pilastras coríntias, com revestimentos de mármore verde e detalhes dourados, conduzindo aos salões menores nas duas extremidades.
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Saguão
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Em 1913, Borges de Medeiros reassume a presidência sob forte reação contra os escandalosos gastos da obra e, imediatamente, rescinde o contrato com Maurice Gas e dispensa seus representantes, mantendo alguns contratos de serviço já firmados. O ritmo das obras diminui. São executados acabamentos com artistas e trabalhadores locais: Jesus Maria Corona (arquiteto espanhol que residia aqui), seu filho Fernando Corona, escultores da Oficina de João Vicente Friederichs, o arquiteto Moreira Maciel, entre outros.
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Vista externa
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Em 1914, com a deflagração da Primeira Guerra Mundial, dificuldades de importação forçaram algumas adaptações com uso de materiais locais. Os bronzes para portas e janelas foram encomendados para a Escola de Engenharia; parte do mobiliário foi executada por detentos da Casa de Correção; as madeiras de louro e cedro para as portas foram extraídas de propriedades do governo na região do município de Cachoeira do Sul. Entre 1918 e 1919, com as obras praticamente interrompidas, os lustres, executados pela firma Francesa "Surmont et Couteil", são colocados no pavimento térreo.
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Em 1921 é instalado o Gabinete da Presidência, ocupado por Borges de Medeiros e a Secretaria do Interior. A solenidade de inauguração restringiu-se a uma discreta visita da imprensa e as obras continuaram por muitos anos. Até a Segunda Guerra Mundial o Palácio, implantado no topo da colina, como os templos das acrópoles da Grécia clássica, era considerado a obra mais importante da cidade e podia ser visualizado de todos os pontos da cidade, especialmente do Guaíba, via fluvial muito utilizada na época.
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Palácio em frente ao auditório Araujo Viana - década 1940
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Na década de 1950, Aldo Locatelli foi contratado pelo interventor Ernesto Dornelles para pintar murais com temas do folclore e história do Rio Grande do Sul. Em 1928, Getúlio Vargas, eleito sucessor de Borges de Medeiros, é primeiro governante a morar no novo palácio, protagonizando importantes acontecimentos políticos, como as discussões e arranjos contra o governo Washington Luiz e posse de Júlio Prestes, que culminaram na Revolução de 30, marco de uma nova fase da História do Brasil.
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Salão Negrinho do Pastoreio
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Em 1955, por decreto do governador Ildo Meneghetti, o Palácio recebeu o nome de Piratini, em alusão à cidade que sediou a primeira Capital Farroupilha em 1836, homenageando um capítulo significativo e marcante da história riograndense.
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Pintura de Aldo Locatelli
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Nesses 85 anos muitas adaptações foram necessárias para acompanhar as mudanças resultantes das transformações históricas, e muitas áreas tiveram suas finalidades alteradas por se tornarem obsoletas como, por exemplo, a Sala das Senhoras, atual Ante-Sala do Gabinete do Governador.
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Galpão Crioulo, nos jardins do palácio
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As últimas construções significativas no Palácio Piratini ocorreram no início da década de 70, com o alargamento das escadas externas para os jardins e a construção do Galpão Crioulo.
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Palácio Piratiní à noite
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38. Ponte de Pedra - Largo dos Açorianos
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Senhoras junto a margem do Riacho do Sabão - início século XX
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A ponte romana é composta por três arcos plenos, apoiados em duas fundações enterradas nas margens do antigo riacho e sobre dois pegões de pedra aparelhada.
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Segundo informa o cronista Pereira Coruja em Antigualhas, quando o Conde da Figueira, governador da Capitania entre 1818 e 1820, mandou abrir o "Caminho de Belas”, atual Avenida Praia de Belas, ainda não havia ponte no Riachinho – atual Arroio Dilúvio - para ligar as chácaras ao centro da cidade.
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No governo do Visconde de São Leopoldo foi construída uma ponte de madeira sobre o Riacho, junto à sua foz no Guaíba, um pouco mais abaixo da atual Ponte de Pedra. Essa primeira ponte de madeira sofreu repetidos danos e passou por várias reconstruções, em 1830, depois da enchente de 1833 e em 1844.
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Em 1846, durante o período de pacificação da província riograndense, o Conde de Caxias, então presidente, decide construir uma nova ponte, de pedra, na embocadura da Rua da Figueira, lugar mais favorável ao trânsito público. Foi aberta ao público em 1848, ainda em obras, possibilitando o fechamento da ponte de madeira.
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Um século mais tarde a obra ficou ociosa em virtude da retificação do riacho. Não obstante, sabiamente, a municipalidade preservou a ponte, expressivo testemunho da cidade antiga, sobre um espelho de água.
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Nesta foto vê-se os pés (pilares) de apoio da ponte que hoje se encontram coberto pelo lago formado - foto de 1915
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 Lamentavelmente o nível deste ficou alto demais encobrindo os pilares da ponte, que antigamente ficavam a descoberto.
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Transformada em monumento urbano, a ponte de pedra foi tombada pelo município em 1979.
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Do Centro a direção para a ponte partia da rua Cel. Genuino, rua na diagonal da atual av. Borges de Medeiros
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39. Praça da Alfândega e entorno,
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Praça da Alfândega - década de 1960
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Planta da praça da Alfândega e entorno
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Projeto Eixo da av. Sepúlveda
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Quadrilátero
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40. Praça da Matriz e da Alfândega - Sítio Histórico,   
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Em laranja o sítio tombado e em amarelo a área de influência do
Projeto Monumenta.
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Tombado: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
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Descrição:
Sítio Histórico das Praças da Matriz e da Alfândega, com a seguinte delimitação de poligonal de tombamento:
" Iniciando no ponto de interseção da margem do Lago Guaíba com a linha tangente à face leste do Armazém B do Cais do Porto, segue pela margem do Guaíba até um ponto de interseção com a linha tangente à face oeste do Armazém A. Deste ponto segue em direção sul até alcançar o meio fio norte da Avenida Mauá, seguindo daí em direção leste pelo meio fio desta avenida até encontrar um ponto na interseção do prolongamento do alinhamento oeste da Avenida Sepúlveda. Daí segue em direção sul pelo alinhamento oeste da Avenida Sepúlveda até encontrar o meio fio sua da Rua Siqueira Campos. Deste ponto segue em direção oeste pelo meio fio da Rua Siqueira Campos até o alinhamento oeste da Rua Capitão Montanha, de onde ele segue em direção sul numa linha seca e reta até encontrar o alinhamento sul da Rua dos Andradas. Daí segue pelo dito alinhamento em direção leste até encontrar o alinhamento oeste da Rua General Câmara. Neste ponto inflete em direção sul, seguindo pelo alinhamento oeste da Rua General Câmara até encontrar o alinhamento norte da Rua Riachuelo. Daí segue em direção oeste pelo alinhamento norte da Rua Riachuelo até encontrar um ponto na interseção com o prolongamento da linha tangente ao limite oeste do terreno do Theatro São Pedro. Deste ponto segue em direção sul pela dita linha, prolongando-se ao longo do alinhamento oeste da via que contorna a oeste a Praça da Matriz, até encontrar o meio fio sul da Rua Duque de Caxias. Segue pelo dito meio fio em direção oeste até encontrar o meio fio leste da rua de acesso à ala residencial do Palácio Piratini, seguindo em direção sul até encontrar a testada norte do terreno do Palácio Piratini. Daí segue em direção oeste pela testada norte do terreno do Palácio Piratini até encontrar o limite leste do terreno da Casa Civil do Governo do Estado. Deste ponto segue em direção sul até encontrar a testada norte da Escola Estadual Paula Soares. Daí segue em direção leste pela linha divisória dos terrenos do Palácio Piratini e da Escola Estadual Paula Soares até encontrar a testada leste do terreno do Palácio Piratini. Segue por esta linha em direção norte até o meio fio sul da Rua Duque de Caxias. Segue por este meio fio em direção leste até encontrar um ponto na interseção com o prolongamento do alinhamento leste da via que contorna a leste a Praça da Matriz. Deste ponto segue em direção norte pelo dito alinhamento até encontrar um ponto na interseção com o prolongamento do alinhamento norte da via que contorna ao norte a Praça da Matriz. Daí segue em direção oeste por sobre este alinhamento até encontrar o alinhamento leste da Rua General Câmara, de onde segue em direção norte sobre o dito alinhamento até o ponto de encontro com o meio fio norte da Rua Riachuelo. Segue em direção leste por sobre este meio fio até encontrar o limite leste do terreno da Biblioteca Pública do Estado. Daí segue em direção norte e após oeste, contornando os limites do terreno da Biblioteca Pública, até encontrar o alinhamento leste da Rua General Câmara. Deste ponto segue em direção norte pelo dito alinhamento até encontrar o alinhamento norte da Rua dos Andradas, na esquina com a Rua General Câmara. Daí segue pelo alinhamento norte da Rua dos Andradas em direção oeste até a esquina com a Praça da Alfândega. Deste ponto segue pelo alinhamento leste da Praça da Alfândega até encontrar o meio fio sul da Rua Siqueira Campos. Daí segue em direção oeste pelo meio fio sul da Rua Siqueira Campos até um ponto de interseção com o prolongamento do alinhamento leste da Avenida Sepúlveda. Segue em direção norte pelo dito alinhamento até encontrar o meio fio norte da Avenida Mauá. Daí segue por este meio fio em direção leste até encontrar um ponto na interseção com o prolongamento da linha tangente à face leste do Armazém B do Cais do Porto. Segue em direção norte por esta linha até encontrar o ponto inicial desta poligonal."
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Observações: A delimitação da área de entorno encontra-se descrita às folhas trezentos e quinze e trezentos e dezesseis do processo em questão. Ficam excluídos deste tombamento os equipamentos de lazer instalados na Praça da Matriz.
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 41. Pinacoteca Ruben Berta
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Situação - 2008
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O casarão da Av. Duque de Caxias, 973, construído no final do século XIX, patrimônio tombado pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, irá abrigar a Pinacoteca Ruben Berta, que acolherá a importante coleção doada por Chateaubriand à Prefeitura de Porto Alegre nos anos 60.
O acompanhamento arqueológico das obras de restauração do prédio situado na Rua Duque de Caxias nº 973 tem revelado o passado das famílias abastadas da capital bem como elementos construtivos que mostram o desenvolvimento da arquitetura do século XIX e primeiras décadas do século XX. Estes materiais estão representados por escadas, o antigo piso do pátio, conjunto de fragmentos de vidros de perfumes, moedas, alfinetes e escovas de dente talhadas em osso, além de uma cisterna subterrânea que armazenava a água da chuva, construída provavelmente no século XIX, antes da instalação do encanamento para viabilizar o sistema de esgoto cloacal da cidade, finalizado em 1912.
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Já com tapume - 2009
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Tal pesquisa foi exigência do Projeto Monumenta Porto Alegre, atendendo às normas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e do Programa de Arqueologia Urbana do Museu Joaquim José Felizardo. As escavações tiveram início em outubro deste ano e se estenderão durante o andamento das obras de restauração.
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Vista de cima
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A edificação está em franco processo de restauração pelo Projeto Monumenta desde setembro de 2007, sendo sua conclusão prevista para agosto de 2008.
Investimentos: R$1.900.000,00
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42. Prédio da Riachuelo, 933 - Rua Riachuelo, 933/935/937/973
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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O prédio, erguido na antiga Rua da Ponte, uma das primeiras artérias do sítio que originou a cidade e que conta parte significativa da história da evolução da Capital, é um dos raros remanescentes da arquitetura colonial residencial com fachada eclética, datado do final do século XIX. É notável por sua solução arquitetural harmoniosa, por seu perfil verticalizado e pelas várias aberturas, frisos, sacadas e colunas, que lhe conferem um ritmo plástico singular.
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A averbação mais antiga do imóvel é datada de 14 de maio de 1929, de uma certidão de partilha passada em 31 de dezembro de 1928, por herança de Maria Eulália de Amaral Ribas. Constam como adquirentes o desembargador Gomercindo Taborda Ribas.
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O imóvel está implantado em terreno com topografia em aclive, ocupando toda a testada de 16,89 metros, desde o alinhamento frontal até dois terços do lote, e desenvolve-se em quatro pavimentos.
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A planta baixa era tipicamente colonial, com disposição dos aposentos seguindo um padrão seqüencial de sala, dormitório e varanda, ficando a cozinha e o banheiro no térreo. O acesso interno entre os pavimentos era realizado por uma escadaria de madeira.
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Foi reformado pela primeira vez em 1910 quando ganhou feições ecléticas. Posteriormente foram acrescidos dois cômodos nos fundos do 2º e 3º pavimentos e, em 1929, o 4º pavimento.
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A fachada, decorada com elementos arquitetônicos neoclássicos desenvolve-se em quatro pavimentos. O primeiro, revestido por uma imitação de pedras aparelhadas, é constituído por cinco estreitas portas em arco pleno, emoldurados por frisos em relevo, de folha dupla com bandeira fechada por gradil de ferro e vidro.
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Os vãos das janelas, com parapeito sacado, têm verga em arco pleno. As sacadas têm gradis de ferro trabalhado em desenho bombée frisado. Acompanhando as bacias das sacadas uma cimalha marca a transição do primeiro para o segundo pavimento.Este padrão de aberturas se repete até o terceiro pavimento.
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No segundo pavimento, acima dos cinco vãos das janelas, a parede é decorada com almofadas em baixo-relevo. O enquadramento dos vãos é marcado por colunas planas e lisas, de capitéis coríntio-romanos. Sobre os capitéis, em toda a extensão da fachada, uma cimalha perfilada inspirada nas arquitraves clássicas marca a transição para o terceiro pavimento.
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O terceiro pavimento possui meias-colunas em ordem dórica, redondas e de fuste canelado. A antiga platibanda acima do terceiro piso, com pequenas florzinhas em relevo, de gracioso efeito, serve como base para o 4° pavimento, que possui pé-direito mais baixo, com janelas quadradas e decoração menos evidente. Uma platibanda com balaustrada cega e um frontão em arco redondo arrematam o conjunto.
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O uso residencial do imóvel manteve-se até a década de 60, quando foi alugado e transformado em hotel-pensão, inclusive com sublocação de cômodos, até transformar-se em cortiço e receber atividades comerciais nas salas da frente do 1º pavimento. Nos anos 80, o imóvel foi desocupado e passou a abrigar, informalmente, moradores de rua. A alteração de usos e a ação dos moradores das últimas décadas contribuíram para a deterioração interna do prédio.
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Em 1996, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultura (Compahc) manifestou-se favorável ao tombamento do prédio, que ocorreu em 1997.
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Foi o primeiro imóvel privado no país a ser recuperado com recursos do Programa Monumenta, iniciativa do Ministério da Cultura em parceria com Prefeitura e Caixa Econômica Federal (CEF). A obra iniciou em março de 2005 e foi concluída em dezembro do mesmo ano. Foram recuperados piso, ladrilhos e esquadrias internas. A fachada foi restaurada e suas cores originais preservadas.
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43. Prédio João Paz Moreira - Rua Doutor Flores, 370/374/376/378
Complemento: esquina Rua Gen Vitorino
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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O prédio foi projetado pelo arquiteto Theodor Wiederspahn em 1926 e executado pelo engenheiro Heinrich Josef Wiederspahn Jr. para ser a residência de João Paz Moreira. Sua construção ocorreu em duas etapas: a primeira finalizada em 1928 e, a segunda, em 1930.
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A fachada, em estilo eclético com traços modernistas, tais como a racionalização e modulação dos elementos, é caracterizada pelo jogo de volumes com ornamentação discreta e um corpo central de esquina, em projeção a partir do segundo piso, que termina em um torreão octogonal com pequena cúpula metálica.
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As aberturas altas, estreitas e retangulares, ora duplas, ora simples, separadas por pilastras lisas com capitel eclético e as sacadas, com balaustrada geométrica e gradis de metal, bem como os medalhões em relevo, em diversos pontos, reforçam a variedade e movimento do conjunto.
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Uma platibanda com desenho geométrico e medalhões florais arremata a edificação.
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Em 1979 o imóvel foi relacionado como edificação de interesse sócio-cultural para preservação, pela Lei Complementar 43/79.
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44. Santander Cultural, Antigo Banco Nacional do Comércio, Sulbrasileiro e Banco Meridional - Rua Sete de Setembro, 1028
Complemento: esquinas Rua Cassiano do Nascimento e Rua General Câmara
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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Prédio na década de 1920
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Passado e presente se encontram no prédio do Santander Cultural, um dos mais significativos do centro histórico de Porto Alegre. Tombado pelo patrimônio histórico e artístico estadual, o exemplar eclético de inspiração neoclássica, foi construído na década de 1930. O projeto é de autoria do arquiteto Stephan Sobczak e do escultor Fernando Corona. Sua ocupação está associada à história da atividade bancária no Rio Grande do Sul.
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Vitrais do teto no saguão principal
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Foi sede do antigo Banco Nacional do Comércio, tradicional instituição bancária gaúcha, e do extinto Sulbrasileiro.
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Restaurado pelo Santander Banespa para dar lugar ao Santander Cultural, é apontado como obra de restauro exemplar, pela feliz intervenção do arquiteto Roberto Loeb com a parceria de Sole & Associados, que tão bem souberam combinar preservação histórico-artística com conforto arquitetônico e alta tecnologia.
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Dos 5.600 m² da área monumental, 1.870 m² servem às grandes mostras de arte, que ocupam os espaços expositivos do Grande Hall e Galerias. Do subsolo ao Átrio, as instalações estão equipadas para atender aos mais diversos usos.
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No andar térreo e no segundo piso possui amplo espaço para abrigar exposições, com paredes de mármore rosa, escadas de mármore branco, além do teto com um grande vitral colorido. No subsolo, teve os antigos cofres transformados em sala de cinema, café e restaurantes.

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Situação atual
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O Santander Cultural já abrigou exposição importantes na cidade, como as dos pintores Miró e Pablo Picasso.
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45. Secretaria da Fazenda, Antiga Secretaria de Obras Públicas - Avenida Mauá, 1155/Rua Siqueira Campos, 1044
Complemento: esquinas Avenida Sepúlveda e Rua Cassiano do Nascimento
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
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Ao lado do Posto do Avião - Década de 1950
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A construção do prédio da administração do novo porto da capital foi iniciada em 1920. As condições do terreno, situado em área de aterro, exigiram um trabalho técnico, difícil e demorado e determinaram a utilização de um tipo de fundação mais adaptável, a estacada flutuante. Foram cravadas 1500 estacas de grapiapunha e cabriúva, fixadas pelo atrito e amarradas por um vasto “radier” de concreto armado, garantindo a distribuição das cargas. Sobre este, foram edificados os alicerces, muralhas de concreto com alturas não inferiores a quatro metros, estimados, inicialmente, em cerca de 40 metros quadrados e que, devido ao aparecimento de buracos com grande profundidade, verdadeiros sorvedouros, resultaram em 650 metros quadrados.
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Frente para av. Mauá
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A sóbria edificação, imponente pelo perfeito equilíbrio das massas, em estilo neoclássico, possui três pavimentos e altura total de 20 metros, sendo que a agulha da cúpula mede cerca de 45 metros.
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O projeto, atribuído ao Engenheiro Theophilo Borges de Barros, tem área coberta de, aproximadamente, 2.400m² e compreende dois edifícios, ligados por dois suntuosos pórticos.
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Vista para rua Siqueira Campos
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Dividido em 58 salas e dois vestíbulos, foi construído para abrigar quatro repartições completamente independentes. A fachada, voltada para o porto, possui majestoso peristilo e ampla escadaria que, para não destoar da grandiosidade arquitetônica das fachadas, foi projetada em granito cor de rosa, com balaustradas do mesmo material, harmonizando com a escadaria do Porto, em frente ao grande pórtico.
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Como o custo era muito elevado, o governo contratou, em 1921, o construtor Adolpho Stem para a execução da metade do projeto, correspondente à administração do Porto, ficando a outra metade, destinada na época a Meza de Rendas, para outra ocasião.
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46. Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB-RS, Solar do Conde de Porto Alegre - Rua Riachuelo, 579
Complemento: Esquina Rua General Canabarro, 363
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Solar Conde de Porto Alegre
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Localizada na esquina da Rua Riachuelo com General Canabarro, a edificação foi a moradia de Manoel Marques de Souza, o Conde de Porto Alegre, importante personagem ligado à história oficial da Cidade e do Estado no século XIX. Atuou na Revolução Farroupilha pelo Império, foi Comandante do Exército da Província na Guerra do Prata, Deputado Geral do Rio Grande do Sul, Conselheiro da Coroa e Ministro da Guerra, entre outros títulos.
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Vista da rua do Riachuelo, antiga rua da Ponte
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O Solar foi construído por volta de 1855 e apresentava características da arquitetura colonial portuguesa, como aberturas em caixilho e arco abatido de madeira, cobertura de telhas em capa e canal, camarinha no eixo da fachada principal, mescladas à influência no Neoclassicismo em voga no Império (platibanda e pilastras na fachada principal).
Em 1933, sofreu uma reciclagem de uso, passando a ser o Quartel General do Corpo Policial “Ratos Brancos”. O prédio recebeu alterações em sua configuração original, principalmente na volumetria (supressão da camarinha), aberturas externas (substituição de esquadrias em arco abatido por verga reta) e tratamento de fachadas, atualizadas para a linguagem arquitetônica do Neoclássico tardio. Ainda nesta período, foi construído o primeiro Necrotério da cidade, ao lado do prédio principal, também caracterizado pela vigência do Ecletismo historicista naquele período. Os dois prédios formam o conjunto tombado pelo Município em 1998.
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O prédio totaliza uma área construída de 761,34 m², sendo estruturado com paredes de alvenaria portante em tijolos argamassados em cal, areia, mica e barro com vestígio de conchas.
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O pavimento térreo, apresenta acesso principal pela rua Riachuelo, e é composto pelo salão no setor central, conectado a uma ala de duas salas no setor leste e a outra ala de duas salas no setor oeste. Na parte posterior do pavimento térreo, localiza-se o compartimento da escada de acesso ao pavimento superior. O pavimento superior, com planta retangular, apresenta outro salão disposto sobre a projeção do salão do andar inferior.
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A fachada principal pela Rua Riachuelo apresenta composição simétrica - entrada principal ao centro e uma série de três janelas rebatidas em cada lado do acesso. Na altura do entrepiso, sobre o vão da entrada principal, um frontão triangular demarca o acesso. No pavimento superior o ritmo dos vãos obedece à disposição das aberturas do pavimento térreo, com o acréscimo de balcões com peitoris de ferro.
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A fachada lateral pela Rua General Canabarro possui oito aberturas no pavimento superior e duas no pavimento térreo. O arremate da cobertura é dado por uma platibanda e uma cimalha, que se estendem ao longo de todo o perímetro do Solar.
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O prédio do Antigo Necrotério possui planta retangular, totalizando uma área construída de 69,45m². As duas fachadas mais extensas são simétricas, apresentando reboco argamassado em relevo composto por três faixas horizontais onde se distingue o embasamento, o corpo do prédio, com os dois vãos de porta e dois vãos de janela dispostos simetricamente e separados por uma série de cinco pilastras com capitel jônico em cada uma das elevações, e o coroamento, composto por uma platibanda decorada por frisos e cimalha. A fachada menor é diferenciada pela inclusão de um brasão e um frontão no eixo de simetria.
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Sede IAB
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O Solar é atualmente a Sede do IAB-RS - Instituto dos Arquitetos do Brasil, que já restaurou a parte do prédio ocupada pela entidade. Discutir assuntos relacionados à arquitetura, cultura e urbanismo, em "fórum permanente" é o objetivo da Sede do IAB-RS, atuando como um elo de ligação entre a sociedade, as prefeituras e empresas, buscando promover a “revitalização dos centros históricos e culturais” nas diversas regiões do estado, contribuindo para o resgate da memória e desenvolvimento da nossa cultura.
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Projeto IAB
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Entre as décadas de 60 e 80, a antiga sede do IAB-RS foi palco para a efervescência cultural da cidade. Lá, o público teve o prazer de assistir palestras com grandes nomes nacionais e internacionais (Umberto Eco), viu nascer talentos da música e da interpretação, Tangos e Tragédias, Teatro de Bonecos “Cem Modos”, além de reservar espaço para as exposições de artistas plásticos iniciantes e consagrados (Xico Stockinger, Ado Malagoli, Décio Pignatari, Manabu Mabe entre outros). Estes eventos ocupavam 80% do espaço anterior.
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No solar, esta mesma reserva para a parte cultural chega a 90%, totalizando 2.030m² e necessita de uma restauração total:
1. Auditório - 150 lugares - 235m²
2. Salão para Eventos - 170m²
3. 2 Salas de cursos - 20 lugares - 50m²
4. Bar e Terraço - 150m²
5. Salas de cursos e Reuniões - 45 lugares- 60m²
6. Espaços de Apoio e Serviço - 440m²

7. 8 salas de Exposição - 300m²
8. Atelieres e Oficinas de Arte - 245m²
9. Departamento do IAB (já restaurado) - 330m²
10. Biblioteca e Videoteca (Cdteca e CD ROMteca) - 50m²
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Corte lateral
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É possível contribuir com as obras do Solar do Conde de Porto Alegre através de doações que poderão ser deduzidas do ICMS e do Imposto de Renda. Através das Leis de Incentivo à Cultura Estadual (LIC-RS) e Federal (Lei Rouanet), os tributos devidos por qualquer pessoa física ou jurídica podem ser aplicados na preservação do patrimônio e na conclusão da nova sede do IAB-RS. www.iab-rs.org.br/solar/
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47. Casa Riachuelo, 645 - Rua Riachuelo, 645
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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O prédio foi lançado no livro de controle do Arquivo Municipal em 1893 em nome de Firmina Ignácia Soeiro, porém sua construção deve ser anterior a esta data.
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Fachada, situação atual - 2010
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Em 1899, passou por escritura pública para a família Ferreira de Azevedo, cujo patriarca era o Comendador João Batista Ferreira de Azevedo, importante comerciante da cidade. O Comendador fundou, em 1856, a firma Azevedo, Bento & Cia. e foi um dos fundadores do Banco da Província, em 1858. Após a sua morte, em 1889, a casa é herdada pela esposa, Generosa Barcellos Ferreira de Azevedo e, em 1933, pelo filho, Felisberto Ferreira de Azevedo, diretor do Banco da Província entre 1917 e 1938, permanecendo na família por gerações. Em 1946, o município concede licença para instalação de uma casa de cômodos.
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O sobrado construído em um terreno em aclive, medindo 6.75mx50.00m, com área total de 337.50m2, possuía dois pavimentos com implantação característica do período colonial, fachada no alinhamento e paredes laterais nos limites do lote. A estrutura do edifício era autoportante, construída com tijolos assentados com argamassa de barro. Todas as paredes externas foram executadas com esta técnica e revestidas com argamassa de barro.
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A fachada era composta por esquadrias com verga em arco, cercadura de madeira, duas folhas de abrir, com madeira fixa, caixilhos de madeira com vidro e postigo de madeira na pane interna. Já a porta externa tinha duas folhas de abrir sem bandeira. Foi acrescentada ao projeto uma platibanda com cornija originalmente a água da chuva era despejada sobre a rua e o quintal.
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O pavimento superior, possivelmente destinado à moradia dos proprietários, possuía um salão na parte frontal, corredor, escada de acesso ao sótão, duas alcovas, varanda, poço de iluminação e cozinha nos fundos. O acesso principal era localizado no lado esquerdo da fachada, no térreo. A presença de uma soleira, no lado direito, onde hoje existe uma janela, pressupõe que tenha existido um segundo acesso destinado a um armazém.
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Em 16 de setembro de 1977, através da lei 4317, o sobrado é considerado de "valor histórico e cultural e de expressiva tradição na cidade de Porto Alegre". O proprietário, Dr. Júlio Zancani de Azevedo, solicita que o prédio seja desapropriado ou excluído da referida lei, para que possa construir um edifício no local. A solicitação foi indeferida pela Prefeitura e a edificação sofreu um processo de degradação.
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Em 05 de maio de 1980, é tombado pelo município.
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Atualmente resta apenas a fachada principal da casa, escorada por ação do Município.
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48. Solas dos Câmaras, Casa do Visconde de Pelotas - Rua Duque de Caxias, 968
Tombado: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
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O Solar dos Câmara foi construído entre 1818 e 1824. A casa, além de tornar-se um marco da paisagem porto-alegrense, foi também cenário para reuniões e encontros políticos, como testemunho de importantes decisões.
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Portão do Solar, início século XX
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O Solar dos Câmara foi construído pelo então chefe da Alfândega do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, José Feliciano Fernandes Pinheiro, para servir-lhe de residência. Em 1824, José Feliciano foi nomeado pelo Imperador Dom Pedro I o primeiro Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Em 1826 recebeu o título de Visconde de São Leopoldo, por ter recebido os primeiros imigrantes alemães no Estado, os mesmos que mais tarde fundaram a Colônia de São Leopoldo. Morreu em 1847, tendo morado no Solar durante 29 anos. É considerado o primeiro historiador do nosso Estado, por sua obra "Anais da Província de São Pedro".
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Portão atual
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Em 1851, José Antônio Corrêa da Câmara, o Visconde de Pelotas, casou-se
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com a filha mais nova do Visconde de São Leopoldo. Ambos fixaram residência no Solar dos Câmara. Em 1889, após a Proclamação da República, o Visconde de Pelotas é empossado como primeiro Presidente do Estado do Rio Grande do Sul e condecorado no ano seguinte como Marechal Câmara. O Solar dos Câmara tornou-se mais uma vez o centro do poder do Rio Grande do Sul.
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Casarão da Duque
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As gerações se sucederam no interior do casarão. Seu terceiro morador foi o professor Armando Câmara, neto do Visconde de Pelotas e bisneto do Visconde de São Leopoldo. De formação cristã, foi importante líder político-católico, Senador, Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e primeiro Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Estado (PUCRS).
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Concebida inicialmente em estilo colonial português, a casa passou por uma grande reforma em 1874, atendendo ao estilo neoclássico. O prédio foi ampliado e os ambientes internos receberam requintes como veludos, lustres, tapetes e cristais.
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Na entrada o imponente portal marca a opulência e poderio que cercou o local. O jardim, densamente arborizado, possui estátuas e fonte. A fachada tem janelas com balaustrada de metal trabalhado e ornamentações em relevo e é arrematada por platibanda que sustentava diversas estátuas em cerâmica esmaltada, de origem portuguesa, representando os Continentes, hoje removidas e expostas no interior da casa com outros adornos e utensílios usados pelos proprietários.
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Em 1963, o prédio foi tombado como Patrimônio Histórico Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, pois além de seu valor histórico, passou a ser o remanescente mais antigo de arquitetura residencial do século XVIII em Porto Alegre.
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Após a morte do professor Armando Câmara em 1975, foram iniciadas as tratativas da Assembléia Legislativa com a família Câmara para aquisição do prédio. Em 1981, ao adquirir o Solar, a Assembléia Legislativa passou a administrá-lo, instalando inicialmente o Serviço de Pesquisa, Documentação Histórica e Museu.
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Em 1988, a Assembléia iniciou as obras de restauração do Solar, em parceria com o IPHAN, adotando técnicas internacionais de salvaguarda de bens culturais, os quais buscam a manutenção das características originais.
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Em 1993, totalmente restaurado, o Solar é devolvido à comunidade sob a forma de um completo espaço cultural, disponibilizando diferentes ambientes e programas à comunidade. Nele são realizadas apresentações artísticas e as mais variadas atividades culturais, promovendo a cultura e valorizando a nossa história.
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Na casa estão instalados um pequeno memorial, biblioteca e também o Departamento de Relações Institucionais da Assembléia e a Escola do Legislativo, que busca promover educação para exercício da cidadania e para o fortalecimento do Poder Legislativo. Dentre seus projetos estão o de Qualificação Profissional para servidores e estagiários da Assembléia, o Deputado por um Dia, sorteando alunos de escolas para conhecerem por dentro o funcionamento da Casa Legislativa, e a edição da revista Estudos Legislativos, dedicada à publicação de trabalhos inéditos em português ou espanhol.
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No interior chama a atenção o Salão José Lewgoy, onde se realizam recitais de música, teatro e poesia, com um grande lustre, cortinados de veludo, aberturas com grandes marcos em madeira entalhada e pinturas murais decorativas. Na reforma de 1874 foi revestida de papel de parede decorado, removido no processo de restauro na década de 90 para revelar as pinturas subjacentes. Outra sala importante é o antigo Salão de Refeições, também com pinturas murais representando naturezas-mortas e paisagens campestres.
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49. Theatro São Pedro - Praça Marechal Deodoro, 15
Complemento: Esquina Rua General Câmara, 521 e Rua Riachuelo
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado e IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (incluso na área Praça da Matriz e da Alfândega: sítio histórico)
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1865, a coluna que aparece era para castigar os escravos
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Em agosto de 1833, doze cidadãos de sobrenome luso, cada um com dez ações de cem mil réis, formaram uma associação e endereçaram memorial ao Presidente da Província, Manoel Antônio Galvão, pedindo "beneplácito e auspício" para o plano de edificar um teatro com o nome de Theatro São Pedro de Alcântara.
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O Presidente da Província doou um terreno de 968m² na praça principal e, segundo o arquiteto e historiador Riopardense de Macedo, solicitou um projeto à Corte Imperial nos moldes dos centros europeus, motivo de orgulho diante das demais províncias do Império. O projeto, em estilo neoclássico, teria vindo do Rio de Janeiro com outro projeto, gêmeo, para a Casa de Câmara.
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Sob a responsabilidade do construtor João Batista Soares da Silveira e Souza e do tesoureiro da Associação, Manoel Domingues da Costa, as obras são paralisadas nos alicerces, de 1835 a 1845, em meio à histórica Revolução Farroupilha. Após a pacificação de Ponche Verde, as obras do teatro são retomadas por uma nova sociedade, encabeçada por Antônio Joaquim da Silva Mariante apoiado pelo Presidente da Província, Duque de Caxias, que reconhece a importância de um teatro público para cidade, já que as demais casas de espetáculos eram particulares.
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Auditorio Araujo Viana, TSP, Praça da Matriz com seus prédio gêmeos
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Em 1847, a Assembléia concede um empréstimo no valor de dezesseis contos de réis, mas a sociedade organizada por Mariante abdica do gerenciamento da obra, oferecendo ao Governo a compra dos alicerces, já concluídos. Em 1849, o Presidente da Província, Francisco José de Souza Soares d"Andréa promove uma nova sociedade por ações, os alicerces são arrematados e o engenheiro e arquiteto alemão Georg Karl Phillipp Theodor von Normann é encarregado de elaborar um novo projeto, mais audacioso em suas dimensões.
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1906
Normann, com um prazo exíguo para desenvolver o novo projeto utilizando as fundações pré-existentes, tentou dar conta das injunções de um programa complicado, sobretudo devido às exigências de previsão de dependências, acessos e deslocamentos internos, de acordo com o escalão social do frequentador. Günter Weimer relata:

"Normann[...] reservou o vestíbulo de entrada para o convívio da pequena burguesia e apenas um "panteon" para o convívio da alta burguesia (que alugava os camarotes) e da média burguesia (que era confinada nos balcões). Nos intervalos, esta podia descer ao "panteon" para admirar a indumentária das primeiras-donas da sociedade local. Cuidara Normann de prover as escadarias de acesso com grades de ferro batido para que a pequena burguesia pudesse ver o desfile nos corredores dos camarotes e para que ficasse em baixo, em sua condição social inferior, sem se misturar com as pessoas de "bem" da sociedade. Cuidadosamente canalizara o fluxo dos camarotes para o "panteon" passando diante das escadas para que os aspirantes-a-burguês, atrás das grades, pudesse se deslumbrar com a grandiosidade do desfile. E ao povo, à plebe rude, ficavam reservados os piores lugares nas galerias superiores - no galinheiro - como se dizia então. [...] Como se percebe, o projeto foi concebido dentro da melhor moral - moral burguesa, obviamente."

Com linguagem arquitetônica histoicista de inspiração clássica possui uma volumetria simples e sóbria que transmite a idéia de solidez palacial. O pórtico avançado, simétrico, identifica a entrada principal, emoldurado por arcos plenos, com divisão frontal tripartida de quatro pilastras iguais, encimadas por um entablamento coroado pela balaustrada do terraço superior. As aberturas são amplas, dispostas ritmicamente e arrematas, na parte inferior, por delicadas balaustradas. No andar inferior são encimadas por arcos plenos compondo, na fachada principal, com a arcada do pórtico. Já no andar superior, a verga da abertura é reta, mas as janelas são realçadas por pequenos frontões.
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Predios gêmeos, TSP e TJ - 1918
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O sucessor de Andréa manteve o compromisso com a construção. Em 1855, com nova injeção de recursos, as obras são dinamizadas e, em 27 de julho de 1858, é inaugurado o Theatro São Pedro. Na época, Porto Alegre possuía 20 mil habitantes.
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Década de 1920
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No descampado que era a Praça da Matriz, destacava-se, majestoso. Tinha o porte de uma verdadeira casa de espetáculos, "a altura dos foros [...] de cidade civilizada" que Porto Alegre pretendia ser, oportunizando a vinculação artística e cultural com o mundo extra-Província e extra-Império.
Conde d"Eu, passando pela cidade rumo a Uruguaiana, em 1865, ficou impressionando ao ver o teatro, achou-o muito grande, até mesmo desproporcional para o pequeno tamanho da cidade.
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Devido às dívidas, já necessitando de reformas, em 1862 o teatro foi incorporado pela Fazenda Provincial. Em 1866 as apólices emitidas pela Diretoria Geral dos Negócios da Fazenda foram resgatadas. Durante muitos anos sua administração ficou a cargo de funcionários postos à disposição ou pessoas "reconhecidas pela comunidade", funcionando sem fins lucrativos (eram cobradas taxas para cobrir despesas com pessoal e iluminação).
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Em 1873 foi declarado em estado de abandono. Em 1877 passa por uma pequena reforma, é instalada nova distribuição de gás e um refletor mais potente para iluminação do proscênio. Em 1889, sem conservação, novamente o prédio está degradado. Em 1890, para tentar resolver o problema, o governo designou uma comissão para administrar o estabelecimento. Nesta época, objetivando uma separação ainda maior entre os freqüentadores, são anexadas duas escadas externas, laterais à edificação, descaracterizando o projeto original. Em 1928 o governo do Estado passa a gerir o teatro com espírito empresarial, arrendando-o a um particular para que fosse administrado sem ônus para o Estado. No final da década de 1950 a vinculação direta com o estado é reestabelecida.
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Platéia - 1948
Grandes espetáculos marcaram seus 115 anos de existência, até seu fechamento, em 1973, por falta de condições técnicas - madeiramento comprometido pela ação dos cupins, instalações elétricas mal adaptadas, pisos perigosos, iluminação precária, equipamentos cênicos desatualizados, instalações sanitárias precárias ou inexistentes.
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Em 1975 foram iniciadas as obras de "reconstrução" a partir da idéia de integração do passado com o presente, da memória com a atualidade. Os trabalhos de restauração, dirigidos por Eva Sopher (presidente da Fundação do Theatro São Pedro), foram orientados pelo arquiteto Carlos Antônio Marcuso. A intervenção teve por objetivo recuperar a estrutura original do teatro e, simultaneamente, adaptá-lo às novas tecnologias, tais como ar condicionado, iluminação, camarins, elevador, sistema de troca rápida e eficiente de cenários e instalações hidrossanitárias.
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Escavações no subsolo ampliaram a área inferior, com o acréscimo de 1880m², criando uma área para cenários com monta-cargas para levá-los para o palco, oficina, almoxarifado, apartamento do zelador, cozinha do restaurante (localizado no quinto pavimento), camarins coletivos com banheiros, bilheterias e área administrativa.
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No segundo pavimento foram instalados o fosso da orquestra com 2,50m de profundidade e 9,00m de largura que pode ser elevado em três níveis e os camarins individuais, situados abaixo do palco. O terceiro pavimento apresenta a entrada principal, com acesso pela Praça da Matriz, onde as carruagens encostavam, em dias de chuva, o foyer inferior, com piso de mármore; a sala de exposições (onde era o antigo buffet), a chapelaria (antiga bilheteria), uma escada lateral que dá acesso ao foyer superior, ao café e ao terraço, uma porta de acesso à platéia e, lateralmente, duas escadas que conduzem ao quarto pavimento. O palco tem 133m² de área útil, 9.87m de largura, 5.50m de altura na boca de cena, 13.50m de profundidade, 9.30m de fundo (da cortina para cima) e 10.50m de altura no urdimento.
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O quarto pavimento é destinado à primeira galeria, com camarotes totalizando 120 lugares. O quinto pavimento abriga a segunda galeria, também com camarotes, totalizando 96 lugares. Corredores semicirculares ao longo das galerias possibilitam o acesso aos camarotes. Uma modificação no projeto original introduziu uma abertura circular no foyer superior, interligando-o ao foyer inferior.
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Nave
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A terceira galeria, com arquibancadas de preços mais acessíveis, com capacidade para 110 pessoas, localiza-se no sexto pavimento. No sétimo e último pavimento encontra-se a área técnica, com cabine de controle de iluminação e de som. Em todos os andares forma executados sanitários, inexistentes no projeto original, utilizando o espaço das antigas escadas laterais por onde passavam os escravos rumo às galerias.
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O teto da sala de espetáculos, adornado anteriormente com pinturas alegóricas, totalmente danificadas, foi contemplado com uma pintura coletiva, dividida por entalhes de madeira dourada, realizada por artistas locais - Carlos Antônio Mancuso, Léo Dexheimer, Plinio Bemhardt e Danúbio Gonçalves - utilizando como temática a flora e fauna do Rio Grande do Sul. O lustre original, doado pelo governo francês em 1858 e retirado em 1885, serviu de inspiração para Carlos Mancuso que projetou o lustre atual, com 3.70m de altura, 600kg, 35 mil peças de cristal nacional e da boêmia e 68 mangas.
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1998
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O veludo das poltronas, provavelmente italiano, utilizado a partir de 1900, em tons de verde com estampas em vinho, foi fielmente reproduzido. A cortina do palco é em veludo grená, odornada por galões originais restaurados. Segundo Damasceno, a decoração interna do teatro assim como a pintura de seu pano de boca foi executada pelo artista italiano Bernardo Grasseli, auxiliado pelo pintor alemão Hermann Traub. As bandeiras das portas que dão para o pórtico frontal e alguns gradis junto a balaustrada das escadas laterais, com motivos Art nouveau, foram acrescentados no início do século XX.
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As escadarias laterais externas, acrescentadas no final do império e o revestimento que recobria os gradis dos camarotes, elementos que descaracterizavam a concepção original do teatro, forma retirados. Em 27 de junho de 1984, o Theatro São Pedro foi reaberto e vem operando, diariamente, com uma imensa programação em todos os setores.
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Atual
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A administração da instituição preocupa-se em manter a já conquistada reputação de ser uma das mais belas casas de espetáculos do mundo, que recebe milhares de visitantes, além do público que habitualmente prestigia os eventos de teatro, dança, música, exposições e outras manifestações culturais.
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50. Viaduto Otávio Rocha - Avenida Borges de Medeiros
Complemento: Rua Duque de Caxias
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura
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Projeto Itaquy Engenharia
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No mandato de Otávio Rocha (1924/28) generalizou-se a prática da cirurgia urbana, com os canteiros de obra tomando conta do centro. Além da ampliação na escala das obras de infra-estrutura, a cidade foi sendo higienizada através do rompimento dos becos, dando espaço, literalmente, ao surgimento de boulevards.
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O título de “remodelador” dado a Otávio Rocha pela opinião pública (Mauch, 1992, p. 41) demonstrava que seu papel foi semelhante ao desempenho de Haussmann em Paris. Em complementação às obras viárias e de infra-estrutura, intensificou-se a implantação de áreas verdes com a arborização das ruas, ajardinamento de praças e o início do tratamento paisagístico do Campo da Redenção (Souza e Damásio, 1993, p. 142).
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Escavação da avenida Borges de Medeiros
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O projeto da Avenida Borges de Medeiros começou a ser pensado em 1926 com a participação do governador do Estado, Borges de Medeiros, objetivando conectar a zona sul ao centro de Porto Alegre. Em 1927 são estudadas três alternativas de traçado.
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Abertura da av. Borges de Medeiros com rua Fernando Machado
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Para concretizar a abertura da avenida foi necessário recortar o espigão que atravessa a área central, ocasionando uma descontinuidade na Rua Duque de Caxias, restabelecida através de uma passagem de nível - o Viaduto Otávio Rocha.
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Escavações
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Em 1928 são efetuadas várias desapropriações, o trabalho de terraplanagem é iniciado e os projetos, executados pelos engenheiros Manoel Itaquy e Duilio Bernardi, são entregues. Em outubro deste mesmo ano o contrato de construção é assinando pela firma alemã Companhia Construtora Dyckerhoff e Widmann, vencedora da concorrência.
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Em Obras
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O Viaduto, executado em estrutura de concreto armado e revestido com cirex (massa raspada com mica), que dá um aspecto de alvenaria de pedra aparelhada, possui três vãos, o central com 19,20m os laterais com 4,80m. Na parte central, dois grupos ornamentais são alocados em nichos compostos por pórticos transversais.
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Já concluido
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As rampas de acesso para pedestres, revestidas com mosaicos de cimento, do tipo pedra portuguesa, possuem em sua parte inferior, entre a Avenida Borges de Medeiros à Rua Duque de Caxias, pequenos compartimentos destinados ao comércio, serviços e instalações sanitárias.
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Esquina rua Fernando Machado
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O parapeito das rampas e do viaduto é constituído por uma bela balaustrada de concreto. Na parte central de cada rampa existe uma ligação para a Avenida Borges de Medeiros efetuada através de uma escada.
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Década de 1930
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Década de 1960
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O primeiro viaduto da cidade, tratado de forma monumental, foi inaugurado em 1932. Para os cidadãos da época a obra resumiu a imagem de uma Porto Alegre moderna (Pesavento, 1991, p. 70). Suas características arquitetônicas, bem como sua relevância sócio-cultural, levaram o município a inscrevê-lo no Livro Tombo sob o registro número 26, em 31 de outubro de 1988.
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Desfile cívico na década de 1940
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Grandes desfiles
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As obras de restauração ocorreram no ano de 2000 e 2001 e foram entregues em agosto deste último.
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Atualmente o Viaduto Otávio Rocha possui 34 lojas com diversas atividades, tais como lancherias, artesanato, discos-fitas, serviço de fotocópias, produtos para mágicos, relojoeiro, lotérica, artigos religiosos, barbearia, material fotográfico, uma loja da Agadisc, com CDs independentes de músicos gaúchos e uma loja da Etiqueta Popular, projeto da Smic de incentivo ao comércio de artesanato e confecções locais.
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As obras de restauração ocorreram no ano de 2000 e 2001 e foram entregues em agosto deste último.
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Foto: Carlinhos Rodrigues
Entardecer no viaduto
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Atualmente o Viaduto Otávio Rocha possui 34 lojas com diversas atividades, tais como lancherias, artesanato, discos-fitas, serviço de fotocópias, produtos para mágicos, relojoeiro, lotérica, artigos religiosos, barbearia, material fotográfico, uma loja da Agadisc, com CDs independentes de músicos gaúchos e uma loja da Etiqueta Popular, projeto da Smic de incentivo ao comércio de artesanato e confecções locais.
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20. Superintendência de Portos e Hidrovias – SPH
End.: Avenida Mauá, 1050
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

O Edifício sede do DEPREC, inaugurado em 1947, é um prédio de seis pavimentos geminado ao conjunto composto pelo Pórtico Central e armazéns do cais do porto. A arquitetura do prédio caracteriza a evolução do Ecletismo para o sistema formal “Art Déco” pela simplificação e geometrização acentuada da ornamentação externa.

A edificação apresenta cobertura de fibrocimento substituindo o telhamento cerâmico original. A estrutura do prédio é de alvenaria portante com vigamento e entrepisos de concreto. As paredes são revestidas por reboco e pintura em tom esverdeado.

No pavimento térreo, as portas externas são de ferro com sistema de abrir em duas folhas. As janelas térreas são de madeira compostas por guilhotina e bandeira fixa em caixilho e vidro, recobertas por gradil de ferro na parte externa. A pintura das madeiras é em tinta verde-clara e do ferro em cor grafite. As esquadrias dos demais pavimentos são janelas de madeira em guilhotina com persiana externa. No terceiro pavimento há um fechamento de vão com esquadria de madeira e vidro coberta por telhado de fibrocimento.

A edificação, os armazéns A1, A2, A3, A4, A5, B1, B2, B3, juntamente com o Pórtico Central e armazéns A e B constituem um conjunto único e indissociável, caracterizado como patrimônio cultural da cidade de PortoAlegre, que começou a ser estruturado no início do século às margens do Guaíba, formado por aterro, cais e edificações, tendo como resultado uma paisagem característica, compondo com a Usina e a chaminé do Gasômetro um perfil inconfundível que se transformou em uma marca registrada da cidade.

Enquanto solução arquitetônica, pelo seu porte, implantação, volumetria, tipologia construtiva, morfologia, interface com o Guaíba e área central, o conjunto se caracteriza pela sua unidade e peculiaridade, definindo o limite noroeste do promontório com característica inconfundível.

21. Edifício Tuyuty
Grêmio Beneficiente de Oficiais do Exército – GBOEX
End.: Rua Caldas Júnior, 341/347/353/355, 361/363/369/377
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

O Edifício Tuyuty, construído no ano de 1925 em estilo eclético, típico do final do século IX e início do século XX, mescla elementos barrocos, neoclássicos e Art Nouveau. Situado em um terreno em declive, possui dois pavimentos na Rua Riachuelo e termina com três na Rua Caldas Júnior. A fachada assimétrica com aberturas diferenciadas é composta por reentrâncias e saliências, sacadas e ornamentação em relevo.

O acesso principal, com bandeira em arco e vitral, é emoldurado por dois pares de pilastras jônicas e um belo frontispício em arco pleno, coroado por uma carranca. No andar superior há um corpo avançado sustentado por mísulas. À direita, no piso superior, as aberturas com bandeiras em arco pleno e vitrais geométricos abrem-se para balaustradas, separadas por pilastras jônicas duplas e encimadas por um friso com festões e uma cornija. Um frontão barroco, com dois anjos em baixo-relevo segurando uma guirlanda floral que emoldura um óculo vazado com grade trabalhada, faz o coroamento deste bloco.

Na fachada da Rua Riachuelo destaca-se uma minúscula e delicada sacada de ferro trabalhado no piso superior, uma vitrine no térreo e uma balaustrada semicircular, sustentada por uma base hemisférica, que originalmente era coroada por uma cúpula de bronze.

Todo o edifício é coroado por um friso com elementos geométricos e florais, uma cornija saliente com pequenas mísulas e uma platibanda com balaustrada e delicados florões, guirlandas e outros adornos em relevo.

Em 1933, o imóvel foi adquirido pelo Grêmio Beneficente de Oficiais do Exército (GBOEX), sendo utilizado para fins residenciais e comerciais até a década de 80.

Desativado devido ao mau estado de conservação foi tombado em 30 de outubro de 1990 e restaurado integralmente em 2007 pelo Grupo GBOEX, com recursos próprios. O prédio abrigará atividades comerciais, escritórios e consultórios.

22. Escadaria João Manoel
End: Rua Fernando Machado, s/n
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

Construída em alvenaria de tijolos e pedra, ascende da rua Cel. Fernando Machado à rua Duque de Caxias, desenvolvendo-se em seus degraus e patamares, simetricamente.

Os três primeiros lances são centrais e ladeados por muretas baixas, pilaretes e ajardinamento. A partir do terceiro lance os degraus descentralizam-se e, divididos, evoluem nas laterais, com peitoril em ferro trabalhado.

Os degraus sobem contornando e unem-se novamente para outro lance centralizado na escadaria, chegando ao belvedere.

A mureta, balaústre que delimita a escadaria e o belvedere transversalmente, são em alvenaria com tratamento em vazados e balcão de apoio, diferenciando-se das muretas ao nível da rua Cel. Fernando Machado que são lisas.

O sistema pluvial para o escoamento da água da chuva consiste em orifícios dispostos a menos de 1/3 da altura das muretas, em diferentes níveis da escadaria.

23. Esquina Democrática
End.: esquina Rua Andradas com Avenida Borges de Medeiros
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

A Rua da Praia é ponto tradicional de passeatas e manifestações desde o século XIX. Era o centro cívico, o ponto de reunião de políticos, de estudantes, o núcleo principal dos cafés, confeitarias e cinemas.

Foram muitos os episódios políticos ocorridos ali: uma manifestação popular promovida pela União Republicana em 1890 foi dissolvida a bala pelo exército, na esquina da Rua Uruguai, local muito próximo à chamada “Esquina Democrática”. Em 1915 uma manifestação contra a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca ao Senado Federal foi combatida pela Brigada Militar com violência.

A Rua dos Andradas voltou a ser palco de luta em 1923, durante a Revolução que dividia o Estado, e em 1954, na morte do Presidente Getúlio Vargas, a multidão em fúria depredou jornais e casas comerciais que se localizavam na via.

Nos anos 70, a população elege a área como o espaço de seus encontros e manifestações   públicas.

Diversos grupos reúnem-se ali: músicos, peças teatrais, grupos étnicos e a mídia realiza seus levantamentos de opinião. Na mobilização da sociedade civil para as primeiras eleições diretas em 1982, o largo, palco e cenário de debates políticos e sociais, passou a denominar-se “Esquina Democrática”.

O largo denominado “Esquina Democrática” é composto pelo cruzamento da Rua dos Andradas e Avenida Borges de Medeiros, sendo delimitado pelos prédios Sulacap, Scarpini, Vera Cruz e Missões.

Estrutura-se com potencial de articulação com outros espaços do centro da cidade, como a Praça Montevidéu, o Mercado Público, o Largo Glenio Peres, o Viaduto Otávio Rocha e a Rua 24 Horas.

Em 1999 foram efetuadas reformas no sentido de permitir o tráfego de veículos no período da noite, como forma de viabilizar o funcionamento da Rua 24 Horas, adjacente à Esquina.

O tombamento do espaço - efetivado em 17 de setembro de 1997 - visa destacar o passado político e democrático da área, consagrando-a com as funções de aglomeração humana na Área Central.

24. Faculdade de Direito/UFRGS
End.: Avenida João Pessoa, 80
Tombado: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Criada em 1900, a Faculdade de Direito promove concurso de projetos para sua sede própria em 1907, do qual é selecionado o projeto da firma de Rudolf Ahrons, projetado por Menchen, formado em Munique.

O edifício, erguido durante o governo de Carlos Barbosa (1908-13), é uma réplica do "Palais du Rhin", construído em Estanburgo em 1883-89 após a vitória alemã na guerra franco-prussiana, palácio de verão do kaizer Guilherme 11, imperador da Alemanha.
O edifício apresenta planta quadrada com pátio central e volume em destaque marcado pelo acesso principal.

O piso térreo do edifício é rusticado, ou seja, apresenta textura de blocos de pedra rústica. No piso superior as aberturas em arco pleno ocorrem num plano mural mais leve, preenchido por ornamentação escultórica. O coroamento é definido por elegante balaustrada interrompida ritmicamente por volumes que projetam as linhas de pilares da fachada no topo.

O volume do acesso principal se destaca externamente pela cúpula de quatro gomos coberta por telhas vermelhas e encimada por um pináculo. Esta cúpula possui janelas ao estilo das termas romanas de quatro lados.

O volume de entrada ainda tem a frente em ressalto sobre a linha de fachada, marcada por um pórtico de ordem coríntia no pavimento superior. No interior deste volume se desenvolve a escadaria principal, ladeada por vitrais coloridos, constituindo um espaço interno que dá continuidade às qualidades plásticas do exterior do edifício.

25. Fundação de Economia e Estatística
End.: Rua Duque de Caxias, 1691
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

A Rua Duque de Caxias é um dos espaços mais tradicionais de Porto Alegre, tanto por ser um dos logradouros mais antigos da cidade, quanto por abrigar prédios de expressivo valor arquitetônico, característicos da antiga aristocrácia, tais como o Palácio do Governo do Estado, o antigo Palácio da Presidência, a Catedral Metropolitana e várias residências burguesas.

O prédio destaca-se nesse contexto histórico como símbolo da riqueza e do poder que caracterizaram a Rua Duque de Caxias: possui arquitetura eclética, interpretação de modelos neoclássicos, típica do início do século. Sua planta baixa encontra-se preservada e sua decoração interna - pintura do forro do salão superior, portas, rodapés e rodaforros - é refinada e original. Foi edificado em 1916, pela Sra. Edelvira Parreira Machado e seus herdeiros permaneceram na casa até 1935, quando a mesma foi alugada.

Em 1943, o Estado adquiriu o imóvel, que já sediava o Departamento Estadual de Estatística (DEE). Em maio de 1972, este Departamento transformou-se em Superintendência de Estatística e Informática e, mais tarde, em Superintendência de Planejamento Global. Em novembro de 1973, o órgão de estatística do Estado sofreu uma alteração em sua natureza e em sua estrutura, dando origem à FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, instituição criada através da Lei no 6.624, de 13 de novembro de 1973.

Em 1983 foi oficializado um termo de compromisso para a conservação do prédio mantendo as características originais. A restauração iniciou em 1985 e preservou todos aspectos arquitetônicos, sem qualquer alteração no volume externo ou no seu interior.

Por suas qualidades arquitetônicas e históricas, o tombamento foi homologado pelo conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural em 20 de abril de 1990, e seu registro foi efetivado no Livro do Tombo sob o no 34, da página 32, pela Equipe do Patrimônio Histórico Cultural.

O prédio abriga, atualmente, a sede da Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE), instituição vinculada à Secretaria do Planejamento e Gestão que tem como atribuição elaborar informações estatísticas e análises sobre a realidade socioeconômica gaúcha, além de subsidiar o sistema de planejamento econômico e social do Estado.

A FEE conta com uma equipe técnica interdisciplinar, formada por mais de 90 técnicos de nível superior, que realizam estudos, pesquisas e análises sobre a realidade gaúcha, respondendo igualmente pela organização e elaboração das estatísticas do Estado, como o cálculo do PIB estadual e municipal e das estimativas populacionais.

As pesquisas realizadas pela FEE são desenvolvidas com recursos próprios e de instituições financiadoras. A FEE busca também estabelecer convênios de cooperação técnica e parcerias com outras instituições de pesquisa e acadêmicas.

26. Galeria Chaves
End.: Rua dos Andradas, 1432/1448/1438/1444
Complemento: Rua José Montaury, 129
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

O prédio foi projetado em 1936 pelo arquiteto, escultor e mestre Fernando Corona, com a colaboração de Nilo de Lucca no planejamento, sendo executado por Azevedo, Moura & Gertum.

Em estilo neo-renascentista e estrutura de concreto armado, a edificação é constituída por porão, térreo, entre-solo ou mezanino e quatro pavimentos na parte superior.

A imponente fachada junto à Rua da Praia, com amplo portal de entrada ladeado por duas colunas jônicas e pórtico de quatro colunas da mesma ordem no primeiro pavimento, todas em granito róseo, lembra os palácios renascentistas.

Arrematada por cornija, revestida com pó de pedra aglutinado em tom grafite, é articulada por três planos principais:

• O embasamento composto pelo térreo e entre-solo, com revestimento imitando pedra aparelhada;
• uma área constituída pelos três andares intermediários, com janelas retangulares com venezianas e sacadas com gradis, agrupadas de três a três, com desenho variado, separadas por pilastras lisas, que se distingue do térreo por um parapeito no primeiro pavimento configurado por uma balaustrada contínua;
• o último pavimento com uma seqüência de aberturas em arco pleno, separadas por pequenas colunas jônicas.

A Galeria Chaves também apresenta um portal de entrada na face de Rua José Montaury, que conduz, através de um longo corredor, ao nível superior da Galeria, junto à Rua dos Andradas, que é iluminada por lustres de ferro, uma clarabóia e vitrais. O piso é revestido com placas de vidro trabalhado que permitem a iluminação do porão central.

O pavimento térreo é ocupado pela galeria comercial, por dois elevadores de ferro gradeado, uma escada que conduz aos pavimentos superiores e outra que leva ao entre-solo, composto por salas comerciais com aberturas envidraçadas para a Rua dos Andradas e para a Galeria. Originalmente ocupadas por consultórios médicos, atualmente abrigam alguns restaurantes. Os pavimentos superiores, constituídos por apartamentos residenciais, passaram a abrigar lojas de comércio e serviços especializadas em artigos musicais.

O edificação, que abriga a galeria comercial mais antiga de Porto Alegre, foi tombada pelo Município de PortoAlegre em 17 de abril de 1986, com o nº 24.

27. Igreja Nossa Senhora das Dores
End.: Rua dos Andradas, 597
Complemento: Rua Riachuelo, 630
Tombado: IPHN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Em 1752, portugueses vindos dos Açores estabeleceram-se à beira do Guaíba e formaram o primeiro núcleo da futura cidade de Porto Alegre, próximo de onde, mais tarde, construiriam a Igreja Nossa Senhora das Dores.

Membros da irmandade devota a Nossa Senhora das Dores rezavam missas na Igreja Matriz, atual Catedral Metropolitana, até 1807, quando resolveram construir o seu próprio templo, lançando a pedra fundamental em um terreno entre as ruas do Cotovelo e da Praia, às margens do Guaíba. No início, esmolas eram levantadas pela comunidade local para construir e decorar a igreja.

Em 1813, inaugurada a Capela-Mor, foi realizado o translado da imagem de Nossa Senhora das Dores; a partir de então, as energias e esmolas se voltaram para a construção do interior da igreja.

Em 1857, com a cidade entrando em um novo período de crescimento, foi retomada a construção da Igreja, com espaço para um hospital, que atenderia os membros necessitados da Ordem. Provavelmente por falta de verbas, esse espaço nunca foi utilizado.

Na década de 1860, foi colocado o madeiramento do telhado e a abóbada da nave sob a coordenação do entalhador português Mestre João Couto e Silva, também responsável pela decoração interna e as talhas dos altares,no ano de 1850. Em 1866, após a pintura do teto, realizada pelo artista Germano Traub, o corpo da igreja foi inaugurado.

Nos anos seguintes foi construída a escadaria para a Rua da Praia. Antes o acesso era feito pela Rua da Ponte, atual Riachuelo. As três esculturas da fachada representam a fé, a esperança e a caridade.

A antiga edificação tinha, em seu projeto original, torres barrocas com cúpulas arredondadas, ao gosto português.

No início do século XX, Porto Alegre contava com arquitetos e engenheiros de origem germânica, que trouxeram da Alemanha tendências ecléticas. Um novo projeto da igreja foi apresentado pelo arquiteto Julio Weise e aprovado pela Irmandade. A construção seguiu até 1903 quando foi, finalmente, inaugurada, apresentando corpo em estilo colonial português com fachada eclética: frontispício e altas torres, ornamentados com esculturas em gesso.

Em 1938, a pedido da comunidade, A Igreja Nossa Senhora das Dores foi tombada pelo IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na categoria de Sítio Histórico Urbano.Segundo Luiz Fernando Rhoden, arquiteto do IPHAN, a igreja das Dores foi tombada mais por seu valor histórico do que arquitetônico. Apesar de ter como origem um projeto barroco, seus longos 96 anos de construção fizeram com que passasse por diferentes leituras. Se internamente percebem-se as influências barroca e neoclássica a fachada é eclética. "Tem umas colunas egípcias, uns frontões clássicos gregos e um outro partido, encimado com um balde de flores", analisa.

Na capela mor encontram-se a estátua de São João Nepomuceno e a imagem de São José que datam de 1818, doadas por devotos da Santíssima. Existe ainda a imagem de Nossa Senhora das Dores logo à entrada lateral, também do século XIX.

Lenda e História
Contam que um senhor de muitos escravos destinou um deles, Josino, para ajudar na obra da igreja.

Certo dia desapareceram tijolos e outros materiais da construção. Josino foi acusado pelo seu senhor de ter sido o autor do roubo. Então, como a palavra dos senhores de terra tinha mais credibilidade do que a de um escravo, Josino foi condenado à forca. "No dia de sua execução, dizem que Josino, que se declarava inocente, rogou uma praga que iria provar sua inocência, dizendo que seu senhor não iria ver a conclusão das obras das torres da igreja, como um castigo do céu e à crueldade por que iam fazê-lo fazer passar", registra Maria Beatriz Cunha Ramos, especialista em História das Artes.

Fora as lendas, fatos objetivos contribuíram para o longo período da construção. A Ordem Terceira entrou em um período de decadência devido ao excesso de suas exigências para o ingresso de novos membros à Ordem. Sem membros, sem contribuições. Além disso, a irrupção da Revolução Farroupilha contribuiu ainda mais para piorar a situação. Depois, em meados do século XIX, foram destinadas verbas para a construção de um hospital para os irmãos pobres.

 Novos ventos começaram a soprar a partir de 1898. O padre Fernando Gigante assumiu a paróquia e suspendeu os serviços religiosos. Rapidamente os membros se revoltaram e decidiram reativar a irmandade adormecida. Oitenta e quatro novos membros foram admitidos e as obras finais retomadas.

Em 1906 foi erguida a última torre e, no ano seguinte, concluída a longa escadaria. "Enquanto, no século passado, a conclusão do templo dependia dos esforços dos escravos, subjugados e explorados por seus senhores, não se chegou a um êxito feliz. Mas, uma vez abolida a escravidão no fim do século XIX, e todos unidos num trabalho espontâneo e livre, conseguiu-se acabar a obra. Parece ser esta a lição da lenda do escravo", regozija-se o padre C.J. Papen, em seu resumo histórico sobre a Igreja Nossa Senhora das Dores.

Restauração
Desde a conclusão das obras da Igreja, esta sofreu algumas intervenções em caráter emergencial: no telhado e forro, em 1980, na capela-mor, em 1996 e na escadaria, em 1998. Nesse percurso, a participação da comunidade e dos órgãos públicos foi fundamental para a restauração do templo.

A partir de 2001, a paróquia empenhou-se para a restauração do seu interior, a melhoria do estacionamento e a ampliação do salão de festas, através de financiamento via leis de incentivo estadual e federal. Contando com esses mecanismos, em 2002, foi realizada a troca da fiação e, em 2003, iniciada a restauração dos seus bens integrados (forro da nave, retábulos laterais, púlpitos, pinturas murais, coro, museu e acervo de arte sacra, Capela do Santíssimo e Capela do Cristo Morto) cujas obras devem se estender até 2007.

A restauração do exterior da Igreja terá início em 2007 e será financiada pelo Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, com apoio do BID, Unesco e CEF, implantado em 26 cidades históricas tombadas pelo IPHAN, em várias regiões do país, por meio das administrações locais. As obras na Igreja incluem restauração do telhado, das torres e escadas, das esquadrias, e a pintura do exterior, além da reforma do salão paroquial, a construção de rampas de acesso e de sanitários.

A igreja possui um importante acervo histórico e artístico e será sede do primeiro museu de arte sacra de PortoAlegre. E o trabalho de restauração tem diversas frentes, como o da conservadora de têxteis Mara Susana Sulzbach, que recupera um acervo de mais de 500 peças, como os trajes usados pelos Vigários, os estandartes que eram usados em antigas Procissões da Igreja e diversas peças de linho que fazem parte da decoração do Altar para as missas. Este acervo todo está sendo inventariado, catalogado, cuidadosamente limpo, embalado e armazenado em uma sala, junto com o resto do material que será exposto no futuro Museu de Arte Sacra da Igreja das Dores. Cento e oitenta e oito peças já estão limpas e embaladas cuidadosamente para que sofram menos com a ação do tempo daqui para diante.

28. Inspetoria da Receita Federal
Antiga Alfândega de Porto Alegre
End.: Avenida Sepúlveda, 53
Complemento: esquina Rua Siqueira Campos Rua Capitão Montanha
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado

A criação da primeira Alfândega de Porto Alegre, na capital da então Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, ocorreu através da Carta Régia de 15 de julho de 1800, sendo instalada em 1º de agosto de 1804, na Rua da Praia, próxima à esquina com a Rua do Ouvidor, atual General Câmara.

Em 1806 foi inaugurado o novo prédio da alfândega, às margens do Guaíba, no centro da atual Praça da Alfândega. Construído entorno de um pátio central, possuia, na ala oeste, em sua parte central, um segundo piso onde funcionava a administração. Pelo lado setentrional um grande portão abria-se para o trapiche que se projetava rio adentro e no qual atracavam os barcos carregados de produtos taxáveis. Possivelmente, por razões de segurança, os dois lados do trapiche foram aterrados formando uma doca em seu entorno.

Saint Hilaire, quando aqui esteve, assistiu a essa mudança de prédios:

"(...)há um grande cais que avança para o lago, e à qual se tem acesso por uma larga ponte de madeira de aproximadamente cem passos de comprimento, guarnecida de peitoris e sustentada por pilares de pedra. (...) A vista desse cais seria de um belo efeito para a cidade, se não fosse prejudicada pela construção, a entrada da ponta, de um edifício muito pesado e rústico que mede quarenta passos de comprimento, para servir de alfândega."

Suas atividades foram suspensas em 3 de março de 1836 em virtude da instabilidade política e institucional causada pela Revolução Farroupilha. Em 20 de abril de 1898 foi abolida, mas logo reinstalada, em 31 de outubro de 1899, voltando a atuar em 1 de setembro de 1900. Em 1968 foi transformada em Delegacia da Receita Federal.

O prédio atual, projetado pelo arquiteto Hermann Otto Menchen, em estilo eclético, localizado no aterro que ampliou parte do centro da cidade, teve seu início em 1911 e sua conclusão em 1933. Levou 22 anos para ser concluído devido a problemas contratuais e escassez de recursos e, por este motivo, levou o apelido de “uma outra Santa Engrácia”.

A Inspetoria da Receita Federal ocupava todo o quarteirão, mas atualmente o divide com um edifício que obstrui a visualização da fachada norte. A fachada principal, caracterizada por uma série de aberturas com formas variadas, possuía volumetria simétrica e tripartida, formando reentrâncias de 6,40x9,2m de profundidade que foram suprimidas, anos após, pela execução de quatro “magníficos” salões. Um grande frontispício com sacada e um frontão de perfil neobarroco, onde está instalado um baixo-relevo do brasão da República marcam a entrada, que é ladeada por frontões menores. O prédio configura um pátio interno, acessando por um portão situado na fachada oeste.

As fachadas laterais têm volumetria diferenciada, com dois pisos apenas nas esquinas, e grandes estátuas decorativas. Destaca-se, na fachada sul, um Atlas carregando o globo e uma bela cabeça feminina em alto-relevo e, na fachada norte, um marinheiro.

A placa comemorativa que marca a inauguração da alfândega gaúcha, única relíquia do prédio original está instalada no saguão e traz a inscrição:

REGNANTE MARIA I IOANNE PRINCIPE LUSITANIAE CLAVUM TENENTE AUSPICE GUBERNATORE PAULO IOSEPHO DASILVA GAMA IN BENEFICIUM COMERCII NAVIGATIONISQUE HOC ELEGANTISSIMUM OPUS POSITUM ET CONSTRUCTUM EST ANNO 1806

29. Memorial do RS
Antigo Prédio dos Correios
End.: Praça Barão do Rio Branco, 70
Complemento: esquinas Avenida Sepúlveda e Rua Cassiano do Nascimento
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

A construção do prédio que abrigou a sede dos Correios e Telégrafos foi iniciada em 30/09/1910 e concluída em 31/12/1913. A execução do projeto foi confiada ao Engenheiro Rodolfo Ahrons e ao Arquiteto Teodor Wiederspahn. O estilo arquitetônico é marcado pela tendência às formas abarrocadas.

A firma de Ahrons foi escolhida por ser sólida e representar a comunidade alemã, que vinha se constituindo em importante segmento econômico da sociedade gaúcha. O Governo positivista julgava importante se aproximar dessa comunidade, pois ela representava uma importante aliada política.

A decoração do prédio ficou sobre responsabilidade da oficina de esculturas de João Vicente Friederichs que, a partir de então, se projetou na comunidade. O Engenheiro Rodolfo Ahrons queria que as esculturas privilegiassem uma linguagem mais familiar ao público, reportando-o ao seu cotidiano.

O grupo principal de esculturas pretende evidenciar os serviços prestados pelos correios unindo os continentes. Três figuras compõem este grupo: ao centro uma figura masculina (Atlante) curvada pelo peso do globo que carrega nas costas; dos lados um mulher e um adolescente também empenhados em levantar o globo. A figura feminina representa a Europa e o adolescente a América.

Mais dois grupos de esculturas na fachada evidenciam uma linha familiar: a mãe que enlaça o filho e com o outro segura uma carta (mostrando a dor da separação dos imigrantes e a função doméstica da mulher como base da família). A idéia de mostrar nas esculturas as expectativas dos imigrantes agradava ao governo positivista. Havia, nesse período, uma política de incentivo à imigração e sua integração à economia colonial.

Tombado em 1980, o imóvel passou, a partir de 1998, por um criterioso processo de restauração, objetivando preservar suas características originais e adequá-lo para a instalação do Memorial. A idéia da criação de uma instituição que privilegiasse a cultura gaúcha surgiu entre 1995 e 1996, sendo concretizada através de um convênio entre o governo federal e o governo estadual, em setembro de 1996. Ficou acordado, nessa ocasião, que a sede dos Correios e Telégrafos por quase um século, abrigaria um centro histórico sobre a memória rio-grandense. O acordo de cedência do prédio implicaria também na criação de um Museu Postal e uma Agência Filatélica, o que manteria uma estreita vinculação com as suas funções originais.

O prédio de 3.600m² foi totalmente recuperado e seus 3.500m² de fachadas receberam tratamento especial. Internamente seus espaços foram adaptados às novas funções museográficas, com toda a infra-estrutura necessária, como a climatização das áreas destinadas ao Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul e as Salas do Tesouro.

Seus dois pátios internos, anteriormente ocupados por cabines de força e geradores, foram completamente recuperados, ganhando clarabóias e elevadores para dar acesso, principalmente, às pessoas com dificuldade de locomoção. Todo o cuidado foi tomado também com o terraço voltado para a Rua Siqueira Campos, que ressurgiu após a demolição de acréscimos.

30. Mercado Público Central
End.: Avenida Borges de Medeiros, 61 a 99
Complemento: esquinas Avenida Júlio de Castilhos, 23/69 e Praça Parobé, 21/141
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

A idéia de construir o Mercado Público Central começou a ser debatida em 1857, pois o mercado construído em 1844 não correspondia ao estágio de desenvolvimento que a cidade se encontrava.

O novo mercado, projeto do arquiteto alemão Friedrich Heydtmann em 1861, foi concluído em 1869, tornando-se o mais importante centro de abastecimento organizado da cidade, sob a responsabilidade do Poder Público municipal.

Formando um quadrilátero, a construção, em estilo neoclássico, originalmente constituída de um único pavimento e 4 torreões nas esquinas, abrigava as mais diversas atividades: armazéns, bares, açougues, fruteiras, restaurantes, barbearias, companhia de seguro e hotéis, e sofreu várias transformações ao longo do tempo.


Entre 1871-73, o pátio interno foi calçado e arborizado. A discussão em torno da construção de um segundo pavimento começou no final do século passado. Em 1886, antes da conclusão da ampliação, foram construídos, no pátio central, chalés de madeira utilizados como bancas de venda.

O novo pavimento, destinado a escritórios comerciais e industriais, agência de representações e repartições públicas, foi concluído em 1912. Neste mesmo ano um incêndio destruiu as bancas internas que foram substituídas, mais tarde, por outras executadas em estrutura metálica. Em 1962 a passagem interna, em forma de cruz, foi coberta. Outros dois incêndios ocorreram no prédio, um em 1976 e outro em 1979.

O crescimento da cidade retirou do Mercado o privilégio de ser o único ponto de abastecimento da população. Mas ele, sem dúvida, continua sendo o mais característico e tradicional, quer pela suas peculiaridades como a venda de especiarias, vendas a granel, venda do peixe e da erva-mate e atendimento personalizado, quer por manter traços simbólicos como o caráter religioso, comunitário e de convivência permanente.

O caráter religioso que envolve o prédio - especialmente para a população negra ligada às religiões afro-brasileiras - é vinculado ao possível "assentamento" do orixá denominado Bará, pelos negros, na época da construção, no miolo do mercado. O símbolo representa a fartura, o trabalho, a abertura e o fechamento dos caminhos. A passagem ritual pelo prédio   significa receber o axé do Bará.

Algumas atividades, como, por exemplo, a função hoteleira e os escritórios de representação, além das lojas de miudezas, sapatarias, alfaiatarias e lojas de aviamento e venda de fazendas e armarinhos acabaram desvinculadas. Outras foram agregadas como, por exemplo, os centros lotéricos e lancherias.

Tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre (Lei 4.317/77), em 12 de dezembro de 1979, passou entre 1990 e 1997 por um processo de restauração, que resgatou a concepção arquitetônica original, através da recuperação da percepção visual das arcadas, das circulações internas e da criação de novos espaços de convivência. Foi construída uma nova cobertura que possibilitou a integração entre o térreo e o 2º Pavimento.

Novas redes de infra-estrutura, compatíveis com o funcionamento do Mercado foram implantadas qualificando o espaço interno e externo: duas escadas rolantes, dois elevadores, quatro baterias sanitárias para o público, um Memorial, sistema de gás encanado com central de gás externa, que lhe confere maior segurança, além de vestiários e refeitório, para permissionários e seus funcionários, quatro câmaras frias (uma para lixo e três para produtos perecíveis) e um sistema de refrigeração.

Com as obras o Mercado também ampliou o número de estabelecimentos comerciais,
107 no total, que oferecem os mais variados produtos:

Produtos Regionais: erva-mate, chás, condimentos, cuias para chimarrão, bucha natural (esfregão), charque, mel.

Produtos Naturais: aveia, farinhas e grãos integrais, açúcar mascavo, soja, multimistura, tofú, pães, bolos, granolas.

Especiarias: frutas secas nacionais e importadas, doces de frutas, lácteos, queijos, patês, manteigas, presuntos, azeitonas, bacalhau, peixe defumado, vinhos, cachaças, produtos para confeiteiros e sorveteiros, chocolate.

Exclusividades: venda a granel de cereais, farinhas; fiambres cortados na hora; café torrado e moído de várias procedências; salada de frutas, o peixe mais fresco da cidade.

A reforma foi custeada 88% pela PMPA e os demais 12% pelo FUNMERCADO e doações diversas. O FUNMERCADO (Fundo Municipal do Mercado Público) foi criado em 1987, através da Lei 5994/87. É formado com a receita arrecadada das permissões de uso, tendo a finalidade de custear a restauração, reforma, manutenção e animação do prédio. A reinauguração ocorreu no dia 19 de março de 1997.

Em novembro de 1997, o “Instituto de Arquitetos do Brasil” e a “Fundação Bienal de São Paulo” conferiram aos autores do projeto (arquitetos Doris Maria de Oliveira, Evaldo Schumacher, Octacílio Rosa Ribeiro, Teófilo Meditsch e Vera Maria Becker) o Prêmio 3ª Bienal Internacional de Arquitetura, pelo trabalho “Mercado Público de Porto Alegre / RS”, categoria Patrimônio Histórico.

31. Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa
End.: Rua dos Andradas, 959/963
Complemento: esquina Rua Caldas Júnior, 261
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado

O prédio situado na Rua dos Andradas, e seu anexo na Rua Caldas Júnior, abriga o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa desde a sua criação, em setembro de 1974 e foi tombado em 1977.

Foi construído durante o governo de Borges de Medeiros exclusivamente para ser a nova sede do jornal A Federação, que surgiu no ano de 1884, durante o Império, servindo como propaganda das idéias republicanas, tendo entre seus criadores Assis Brasil e Júlio de Castilhos, assim como outras ilustres personalidades políticas da época.

Depois de instituída a República, A Federação tornou-se o principal órgão do Partido Republicano Rio-grandense (PRR). O jornal foi extinto por imposição do Estado Novo em 1937, passando o prédio, no ano seguinte, a sediar o Jornal do Estado, posteriormente transformado no Diário Oficial.

A construção deste prédio em que se passou uma grande parte da história da imprensa oficial do Rio Grande do Sul teve como responsável o engenheiro civil gaúcho Teófilo Borges de Barros, que participou também da construção de outros prédios em Porto Alegre, além da Reforma da Biblioteca Pública do Estado.

O prédio é composto de estilos artísticos variados, muito característico da arquitetura positivista.

Possui uma área total de 3.160 metros quadrados, foi destruído parcialmente por um incêndio em 1947 e, depois de reparados os danos, ampliou-se sua estrutura física pelos fundos na Rua Caldas Júnior.

Outra particularidade do prédio é, no alto, uma estátua representando a imprensa, que foi esculpida pelo artista italiano Luiz Sanguin. No ano de 1995, esta estátua sofreu uma restauração, pois estava perdendo a mão e a tocha.

Atualmente, a instituição conta com coleções completas de jornais e revistas, reunindo cerca de oito mil títulos, datados desde o ano de 1827. Apresenta um acervo considerável relacionado à imagem e ao som (fotografia, cinema, rádio, televisão e vídeo) e resgata parte da memória da publicidade e da propaganda, principalmente através de peças gráficas. Objetos e equipamentos também retratam a evolução tecnológica na área da Comunicação Social.

32. Museu de Arte do RGS Ado Malagoli - Margs
Prédio da Antiga Delegacia Fiscal da Fazenda Nacional
End.: Rua Siqueira Campos, 596
Complemento: Praça Barão do Rio Branco, sem número; esquinas Rua Capitão Montanha e Avenida Sepúlveda
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado

Os aterramentos iniciados em 1911 haviam progredido aceleradamente, de modo que, em 1912 pôde ser aberta a concorrência pública para a construção do prédio da Delegacia fiscal. Como era usual na época, este tipo de concorrência implicava na apresentação do projeto do prédio. O único concorrente foi o escritório Rudolf Ahrons com um orçamento de oitocentos contos. O Ministro Francisco Sales julgou que este orçamento era descabido, anulou a concorrência e solicitou a um amigo a realização de um projeto, inferior ao anterior. Na concorrência de preços deste prédio, novamente saiu vencedor o Escritório Ahrons.

Em 1913, antes de iniciar as obras, Francisco Sales foi substituído pelo riograndense Rivadávia da Cunha Correa, que anulou a última concorrência e contratou Ahons para construir o projeto original, por mil duzentos e cinqüenta contos, e o prédio dos Correios e Telégrafos, ambos projetados pelo alemão Theo Wiederspahn, responsável pelo Departamento de Arquitetura daquela empresa.

A possibilidade de projetar, concomitantemente, dois prédios de alto significado social e urbano, lado a lado, foi muito bem aproveitada por Wiederspahn. Utilizando um conceito de simetria sutil, na medida em que concebeu dois prédios assimétricos, cada um com uma torre junto à Avenida que os separava, marcando plasticamente a via e acentuando o conceito primordial da munumentalidade inerente ao conjunto.

A entrada principal, a do público, é excêntrica. Possui alguns degraus que conduzem a um patamar onde, posteriormente, foi instalada uma portaria, do qual se tem acesso ao vestíbulo propriamente dito, no primeiro piso, que conduz a um grande espaço de uso público, de pé-direto duplo e iluminado por zenital. Este "hall" é separado por dois espaços de semelhantes dimensões, mas com pé-direito simples, com balcões de atendimento ao público implantados entre três pilares.

Do lado norte ficava a tesouraria e, no lado sul, a pagadoria. Pelo lado leste, junto ao vestíbulo, ficava a venda de selos. Pelo lado ocidental, em cada extremidade, ficavam os gabinetes dos tesoureiros (recebedor e pagador) sendo que havia, no primeiro, uma escada que conduzia ao térreo, diretamente à caixa-forte, que era fechada por paredes de um metro de espessura e circundada por corredores rigidamente vigiados. Entre os dois gabinetes havia uma escada funcional que levava aos demais pisos e aos sanitários. No térreo, além da caixa-forte, existiam salas reservadas aos arquivos da instituição, ao oficial da guarda e ao gabinete do encarregado do cartório e os sanitários. O segundo piso era integralmente ocupado pela administração. A escada funcional do lado oeste conduzia à cobertura plana com circulação entorno do telhado de vidro sobre o "hall" público que conduzia aos quatro torreões que, provavelmente serviam de depósito.

Plasticamente, a concepção do prédio se enquadra nos preceitos histoicistas então em voga, com ênfase ao classicismo, percebido no emprego parcimonioso de um volume prismático onde as extremidades são salientes, de modo a subdividir cada fachada em três faixas onde a central tem menor altura e é composta num plano mais retraído. Os volumes mais salientes das extremidades são encimados por torreões coroados por cúpulas de bronze, sendo que o sudeste é mais elevado para compor com o torreão sudoeste do Prédio dos Correios e Telégrafos.

Todo o prédio foi composto dentro das regras clássicas. Horizontalmente apresenta uma "base" sólida sobre a qual se apóia um "fuste" mais trabalhado, que é encimado por um "coroamento" com Barbacãs, figuras aleatórias, torreões e brasões trabalhados. Cada elemento composicional é simétrico em si e com os demais elementos da composição, excluindo apenas a torre sudeste. Todos os planos de simetria passam por aberturas, com exceção do corpo central em suas fachadas para a praça e para a Rua Siqueira Campos (antiga Rua das Flores) onde esse plano passa por um elemento fechado. A fachada principal recebe valorização plástica através de sete robustas colunas jônicas.

Outro recurso utilizado, muito em voga na arquitetura clássica, é o uso de alegorias. A decoração ornamental do prédio do MARGS foi executada pelas oficinas de escultura de João Vicente Friederichs, com os ornamentistas Victorio Livi, Franz Radermacher e do escultor Alfred Adolff, responsável pelas figuras da fachada.

Possui caráter inovador no sentido tecnológico:
O uso de iluminação zenital, solução provavelmente pioneira no Brasil e, com certeza, no âmbito regional;
O emprego de estrutura de concreto armado, assumida pelo engenheiro Alfred Haessler, que precedeu em quase duas décadas as experiências de Baumgarten, no Rio de Janeiro;
O emprego de uma grande cobertura plana, antecedendo, pelo menos, em uma década, aos postulados na forma como foram formulados por Le Corbusier.
O imponente prédio da Praça da Alfândega, de quase cinco mil metros quadrados, com seus vitrais, mármores e ornamentos, materializava, no início do século, o ideal de modernização e progresso da república positivista gaúcha - audácia da construção aliada ao conservacionismo da linguagem arquitetônica - "conservar melhorando".

Cronologia:
1916 - inaugurado de forma precária para sediar a arrecadação dos impostos federais;
1922 - conclusão das obras. Inauguração Oficial no Dia da Pátria, no ano do centenário da Independência do Brasil;
1933 - obras de melhorias - instalação de um elevador;
1974 - é cedido pelo governo federal ao estadual;
1976 - o governo estadual manifesta a intenção de transformá-lo em Centro Cultural;
1978 - em decorrência é instalado o MARGS em suas dependências;
1981 - recuperação física do prédio e tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional;
1983 - inscrição no Livro de Tombo Estadual;
1984 - a Subsecretaria de Cultura do Estado o reconhece como de interesse público por seu valor histórico-arquitetônico;
1985 - foi contemplado com o tombamento definitivo em nível estadual;
1995 a 1998 - início de restauro e reforma geral para adaptá-lo aos fins específicos da museologia - instalações elétrica e hidráulica novas, sistema de climatização para a temperatura oscilar entre 21 e 24 graus em umidade constante, detectores de fumaça, controle de intensidade da luz e impermeabilização do terraço, além de restauração artesanal dos ladrilhos, azulejos e vitrais.

É um dos principais museus do país e o principal do Estado, reunindo obras de artistas nacionais e internacionais.

33. Museu Júlio de Castilhos
End.: Rua Duque de Caxias, 1231
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado

O Museu Júlio de Castilhos é o museu mais antigo no Rio Grande do Sul.

Fundado em 1903, como museu do Estado, por decreto assinado pelo então Presidente do Estado Borges de Medeiros, a instituição foi criada com o objetivo de abrigar objetos que vinham sendo coletados desde 1901, e estavam sediados nos pavilhões construídos para a 1ª Exposição Agropecuária e Industrial do Estado – no atual Parque da Redenção.

Em 1905, a casa da Rua Duque de Caxias, nº 1231, da família de Júlio de Castilhos, que falecera dois anos antes, foi adquirida pelo poder público. Em 1907, o Museu do Estado passou a denominar-se Museu Júlio de Castilhos.

Composto por cerca de dez mil peças, o acervo do Museu Júlio de Castilhos possui as seguintes catalogações: armaria, arquitetura, arreios, arte náutica, bandeiras, bibliografia, condecorações, documentos, escravatura, etnologia, filatelia, heráldica, iconografia, indumentária, instrumentos musicais, instrumentos de trabalho, máquinas, medalhas, missões, mobiliário, numismática, objetos decorativos, objetos de uso pessoal, regionalismo, sigilografia, tesserologia, utensílios domésticos e viaturas.

O casarão do Museu foi construído em 1887 para servir de moradia ao Coronel Augusto Santos Roxo, herói na expedição de reconquista do território brasileiro ocupado pelas forças paraguaias. No entanto, adquirido pela Comissão Executiva do Partido Republicano Rio-grandense (PRR), o prédio acabou sendo doado a Júlio de Castilhos que ali viveu com sua esposa, Honorina e seus seis filhos.

Em 1909 foi realizada a primeira reforma na casa para adaptá-la às atividades de exposição. Depois, vieram outras duas: em 1925, com a construção de duas salas no pavilhão superior, e durante o período de 1968 a 1973, quando o prédio recebeu reformas no telhado, no forro, no assoalho, na rede hidráulica e na elétrica. O Museu voltou a ser aberto ao público durante as festividades dos seus 70 anos.

Em 1980 o prédio ao lado da sede do Museu, de número 1.205, construído entre os anos de 1917 e 1918, foi adquirido pelo governo do Estado para possibilitar a ampliação da instituição. As obras de restauração do anexo foram concluídas em 1996, inaugurando novos espaços de exposição. Neste mesmo ano, o casarão do Júlio de Castilhos foi desativado, em vista da necessidade de reformas no telhado e da colocação de um novo forro, ações que foram realizadas, parcialmente em 1997.

Ao longo de um século de existência, o Museu Júlio de Castilhos vem promovendo a expressão das identidades culturais do povo rio-grandense, democratizando o acesso ao conhecimento e possibilitando a reflexão crítica em relação às questões relacionadas à história do Rio Grande do Sul e do Brasil.

34. Observatório Astronômico/UFRGS
End.: Avenida Osvaldo Aranha, sem número
Tombado: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Este edifício é uma obra emblemática da ênfase científica dos governos positivistas que se instalaram no Rio Grande do Sul após a proclamação da República. No dia 8 de dezembro de 1906 é colocada a pedra fundamental na soleira da porta principal pelo presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros.

Em 24 de janeiro de 1908 é inaugurado o Instituto Astronômico e Meteorológico (IAM) tendo como seu primeiro diretor o arquiteto Manoel Assumpção Itaqui, professor da escola de engenharia, formado pela mesma, autor deste e de vário outros projetos de edifícios do atual campus central da UFRGS. O ecletismo de Itaqui mescla referências vagas ao classicismo com características art noveau, que demonstram sua familiaridade com um estilo de arquitetura sugerido na época na Europa e inexistente na capital gaúcha.
  
Em setembro e outubro do mesmo ano chegam de Paris a luneta equatorial Gautier de 190 mm e a luneta de círculo meridiano Gautier de 75 mm. Ao final de 1908 o Observatório passa a ter em seus quatro pavimentos, 1909, a Oficina, a Seção de Secretaria, a Sala Meridiana com Serviço de Hora e a Sala Equatorial com cúpula.

O Observatório Astronômico forma um conjunto de três pequenos edifícios junto com o Château e o Castelinho, que contrastam com os prédios vizinhos da mesma época (Engenharia, Direito, Instituto Júlio de Castilhos), de grandes dimensões. Também chama a atenção o contraste entre a sobriedade do prédio da Engenharia (de Parobé) e os edifícios de Itaqui, dotados de ornamentação muito mais exuberante e menos historicista.

Os principais trabalhos de pesquisa e ensino desenvolvidos no Observatório Central até os anos 60, foram a formação de engenheiros habilitados em geodésia, a determinação e distribuição da hora certa local. Além disso outras atividades foram: medidas da declinação magnética através do estado, serviços e boletins meteorológicos, sismografia, observação de estrelas duplas e variáveis, determinação da altura do pólo (latitude) de Porto Alegre e   registro fotográfico de cometas, planetas e aspectos da Lua.

O Observatório foi responsável durante décadas pela publicação mensal das Efemérides Astronômicas, incluindo o mapa do céu, no tradicional jornal gaúcho O Correio do Povo. Em agosto de 2002, a UFRGS concluiu a restauração do prédio do Observatório de estilo art-nouveau, como parte do projeto de Recuperação dos Prédios Históricos da Universidade.

35. Paço dos Açorianos
Intendência Municipal
End.: Praça Montevidéu, 10
Complemento: esquinas Ruas Uruguai e Avenida Borges de Medeiros
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

O edifício do Paço Municipal foi construído entre 1898 e 1901 para ser a sede da Intendência de Porto Alegre que até então não possuía sede própria, funcionando em prédios alugados no centro da cidade.

José Montaury de Aguiar Leitão, eleito em 1897 pelo Partido Republicano Rio-grandense, assume o compromisso de construir uma sede própria. Entre as primeiras providências estão o aterro da Doca do Carvão e a venda de terrenos da municipalidade para angariar recursos.
O projeto - encomendado ao Engenheiro Oscar Muniz Bittencourt - foi submetido, devido ao centralismo do Governo do Estado, a Júlio de Castilhos, que não o aprova, encarregando o arquiteto João Antônio Luiz Carrara Colfosco, italiano de Veneza, para desenvolver novo projeto.

O prédio do Paço Municipal traduz o gosto pela monumentalidade e pela suntuosidade Eclética vigorantes no Rio Grande do Sul no período positivista. Possui em sua unidade as características básicas de uma arquitetura com matrizes classicistas. Entre elas pode-se destacar a sobreposição das ordens arquitetônicas (dórica no térreo, simbolizando o Poder e a coríntia no alto, significando a Harmonia e a Justiça), a forte marcação dos planos horizontais, a emergência da edificação em relação ao espaço circundante, a importância de todas as fachadas, o tratamento das aberturas, a utilização de cornijas, arquitraves e platibandas.

Possui planta original em forma de “U”, com pátio voltado para os fundos. Na parte frontal, a Praça Montevidéu configura uma esplanada livre diante do Palácio. O elegante átrio de acesso apresenta duas fileiras de colunas dóricas que dão continuidade às pilastras do acesso principal. Este átrio leva até a escadaria que conduz ao piso principal do edifício.

A fachada principal tem organização simétrica, com pavilhão central (demarcando o acesso principal), alas curtas e pavilhões de terminação nas extremidades (que definiam acessos secundários à polícia municipal e a enfermaria pública). O jogo volumétrico é demonstrado pelos planos em ressalto nos pavilhões de acesso (demarcados por pilastras e colunas) e pela torre de base quadrangular, seguida de corpo ortogonal coberto por cúpula.

Apresenta arquitetura composta por várias unidades provindas de matrizes clássicas reunidas em um único organismo, uma associação de elementos como a pequena torre da fachada, o corpo central tripartido, os tímpanos triangulares ou em arco das janelas, os corpos centrais e os corpos angulares destacados, bem como o uso da aparência rústica no embasamento, imitando pedra. As formas são reinventadas acoplando, não fundindo, os elementos.

O edifício é carregado de elementos simbólicos tais como os grupos escultóricos colocados na fachada principal. Na fachada da Avenida Borges de Medeiros, a figura central representa a Liberdade, a da direita representa a História, o busto de Péricles, a Democracia, a figura da esquerda representa a Ciência. Próxima à fachada da Rua Uruguai, a figura central representando a Agricultura, a da direita representa o Comércio e a da esquerda representa a Indústria. Além destes dois grupos encontram-se duas figuras isoladas que representam a Justiça e a República. Na fachada da torre existem dois bustos,   o da esquerda é de José Bonifácio e o da direita é do Marechal Deodoro da Fonseca. No centro encontra-se o Brasão da República.

O prédio, dividido em três pavimentos, era ocupado com as seguintes atividades: tesouraria, seções de contabilidade e impostos, inspetoria de veículos, sub-intendência do primeiro distrito, guarda municipal, serviço de assistência pública e vestíbulo, instalados no primeiro pavimento. O salão do Conselho Municipal, diretoria de obras, seção de águas e esgotos, arquivo, salas dos secretários, do conselho e do intendente, seções de estatística e   higiene ficavam no térreo, onde funcionava também o 1° Distrito Policial.

Na época era comum a seção de polícia estar instalada dentro das intendências, como eram chamadas as prefeituras. Os prisioneiros ficavam em celas com latrinas instaladas no porão, ao lado dos banheiros comuns usados pelos funcionários e dos reservados a funcionários superiores, maiores e melhor decorados.

Ao longo dos anos foram realizados reparos nos telhados, caiação, pintura na fachada externa, adaptação do pavimento térreo, para a instalação do arquivo municipal, aquisição de um motor para elevador e divisões envidraçadas para a Secretaria da Intendência e para a Procuradoria. Limparam os mármores das escadas e a frente do prédio.

Por fim, a Praça Montevidéu, antiga Praça Municipal, foi presenteada com um calçamento novo. Em 1925 o intendente Otávio Rocha providenciou a construção de um grande canteiro gramado de forma elíptica, ornamentado pela fonte artística conhecida como A Samaritana, transferida para a Praça da Alfândega dez anos mais tarde, quando, a presente do povo espanhol, a Fonte Talavera foi colocada no local.

Nos anos de 1926 e 1927 as salas da parte térrea do Paço foram transformadas para a instalação da Contadoria-Geral do Município, Receita Municipal, Tesouraria e Procuradoria. A Praça Montevidéu recebeu nova iluminação.

Durante o governo de Alberto Bins ficou claro que o prédio não suportava abrigar tantos departamentos e secretarias. O teto do Salão Nobre foi reformado e modificado em 1933, reconstruído em gesso, e as paredes receberam um reforço de alabastro. O velho assoalho foi substituído por parquê, com madeiras de vários matizes e suas paredes foram totalmente pintados e envernizados.

 Em 1947 foi inaugurada a chamada Prefeitura Nova, na Rua Siqueira Campos, cujo nome homenageia José Montaury, mas o gabinete do prefeito continuou situado na agora chamada Prefeitura Velha. Mesmo com o desafogo que significou a edificação da Prefeitura Nova, a antiga Intendência continuou dando sinais de desgaste. Durante as duas décadas seguintes, várias obras de manutenção foram realizadas no prédio.

A sede do Governo Municipal foi oficialmente nomeada Paço dos Açorianos, em homenagem aos primeiros colonizadores de Porto Alegre, somente em 1973, por lei sancionada pelo prefeito Thompson Flores.

Durante os anos 1980 e 1990, o velho Paço novamente passou por importantes obras de manutenção. Em 1984, foram realizados trabalhos na fachada do prédio, recuperados seus rebocos, pintadas as alvenarias, esquadrias e elementos decorativos.

O planejamento da restauração começou em 1994 e as obras iniciaram em 2000, com a aprovação da demanda na Temática de Organização da Cidade e Desenvolvimento Urbano do Orçamento Participativo, sendo concluídas em 2003, com a recuperação de sua cor original, em tons de ocre e branco.

A diretriz do projeto de recuperação teve como premissa dois aspectos: a restauração do prédio restabelecendo a sua unidade original, e a garantia da acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência e de toda a comunidade ao espaço histórico-cultural e às informações sobre a sede do Executivo e a Capital.

Em um pavimento localizam-se os gabinetes do prefeito e do vice-prefeito. Em outro, as pinacotecas Rubem Berta e Aldo Locatelli, antes sediadas no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), além do auditório e a galeria dos ex-prefeitos.

O porão passou a abrigar os Memoriais do Paço e da Cidadania, proporcionando aos visitantes o encontro da atmosfera da velha intendência municipal com as luzes e as cores do presente. O porão, espaço praticamente desconhecido da população, foi resgatado, ocupando um lugar nobre no Paço Municipal.

É onde se localiza o marco zero da cidade. O edifício foi tombado pelo município em 21 de novembro de 1979.

36. Palácio do Ministério Público
Antigo Palácio do Governo - Forte Apache
End.: Praça Marechal Deodoro, 1
Complemento: esquina Rua Jerônimo Coelho, 23
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado

No ano de 1857 o Comendador Patrício Corrêa da Câmara, primeiro Visconde de Pelotas e então Vice-presidente da Província de São Pedro, lançou a pedra fundamental da futura sede da Assembléia Provincial, na esquina da Praça com a atual Rua Jerônimo Coelho.
A Assembléia para lá não se mudou, mas, com a proclamação da República, em 1896, Júlio de Castilhos, Presidente do Estado, ali fixou sua residência e sede de governo, transformando-o no Palácio Provisório, já que mandara construir no local onde figurava o Palácio Provincial, o novo palácio de governo. Dali governaram, durante 25 anos, além de Castilhos, Carlos Barbosa e Borges de Medeiros, até 1921, com a construção do Palácio Piratini.

Atualmente é considerado parte significativa do patrimônio histórico gaúcho, tendo sido tombado pelos poderes competentes. O edifício abrigou a Diretoria de Obras Públicas da Província, a Repartição dos Telégrafos e o antigo Comando das Armas da Província de São Pedro. Entre 1896 e 1921 foi provisoriamente sede do Governo sul-rio-grandense, já que o Palácio Piratini encontrava-se em construção. Após 1921, foi ocupado pela Secretaria de Saúde até início da década de 1960. Entre 1963 e 1998 funcionaram órgãos da Justiça como Escola Superior de Magistratura e Varas de Família.

A partir de 1998 passou a integrar o patrimônio do Ministério Púbico. O prédio foi adaptado para receber as instalações do Memorial do Ministério Público e o Gabinete do Procurador Geral de Justiça. As atividades da nova instituição começaram com a implantação de um projeto de memória institucional. A Procuradoria Geral de Justiça investiu na instalação de um centro de documentação e memória oral, a partir do qual são realizadas pesquisas históricas, publicações e exposições.

Único prédio onde transitaram, de uma forma ou outra, todos os poderes constituídos do Estado, o Palácio Provisório é o único palácio na acepção do termo ainda existente na Praça da Matriz: O Palácio Piratini, construído sobre os escombros do antigo Palácio Provincial, destruído para apagar as lembranças do Império, foi ocupado em 1921; o Palácio da Justiça, gêmeo do Teatro São Pedro, foi destruído no incêndio de 1949; o Palácio Farroupilha, sede da Assembléia Legislativa, data da década de Sessenta. Assim, o palácio que nasceu para ser provisório chega aos nossos dias para servir de sede ao Ministério Público, tornando-se, novamente, endereço importante no centro cívico de nosso Estado.

37. Palácio Piratini
Sede do Governo do Estado
End.: Rua Duque de Caxias, 1048
Tombado: IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado

A história do palácio governamental inicia praticamente com a fundação de Porto Alegre. Em 1772 o governador Manoel Jorge Gomes Sepúlveda incumbiu o Capitão Alexandre José Montanha de demarcar o local da nova capital da província. Segundo a tradição, o mesmo militar teria sido encarregado de construir o sobrado para abrigar a sede do executivo. O chamado “Palácio de Barro” foi uma das primeiras obras governamentais após a transferência da capital de Viamão para Porto Alegre.

Após a Guerra dos Farrapos, o presidente Soares d"Andréa encarregou o arquiteto Phillip von Normann de elaborar um novo projeto, já que a edificação encontrava-se degradada e obsoleta para as atuais funções. O prédio não chegou a ser executado, pois os alemães foram exonerados da função pública provincial. Pouco antes do golpe republicano, o arquiteto Álvaro Nunes Pereira é contratado para elaborar outro projeto, que também não foi executado devido à queda do Regime Imperial e à instabilidade política dos primeiros anos da República.

Júlio de Castilhos, em 1894, delega ao arquiteto Affonso Hebert, da Secretaria de Obras Públicas, mesmo autor do projeto da Biblioteca Pública, a execução de novo projeto, de acordo com suas concepções, alegando "necessidades de asseio e de higiene". Em 1896, Francisco Gastaldoni foi encarregado da demolição do palácio de taipa, sede do governo por 107 anos. O governo transferiu-se para o “Forte Apache”, prédio onde hoje está o Memorial do Ministério Público, também na Praça da Matriz.

As obras iniciaram em 1896, com o lançamento da pedra fundamental, coincidindo com o fim da Revolução Federalista, tentativa vencida dos liberais de tomarem o poder dos republicanos. A vitória e o domínio político dos republicanos, por toda a República Velha, imprimiu sua marca através de grandes obras públicas, de acordo com a lógica positivista, não só com o intuito utilitário e desenvolvimentista, mas também para legitimarem líderes e propagarem idéias.

A terraplanagem movimentou grande quantidade de terra e houve necessidade de construção de muros de arrimo. Os alicerces, e parte da alvenaria, utilizaram pedras trazidas do Rio de Janeiro, pois o granito do estado era considerado muito duro e difícil de trabalhar. O projeto, caracterizado por uma planta quadrada desenvolvida em torno de um pátio central, apresentava uma separação precária entre a função residêncial e governamental, além de ser considerado modesto para as exigências da época. Em 1908 a obra é suspensa e uma equipe de técnicos do Estado é enviada a Paris para organizar um concurso internacional de projetos. O vencedor substituiria o de Hebert. Somente dois arquitetos inscreveram-se: A. Agustín Rey e A. Janin. Seus projetos foram premiados, porém não aproveitados.

Um ano depois, o arquiteto francês Maurice Gras é apresentado ao presidente Carlos Barbosa, por representantes diplomáticos da França no Brasil e desenvolve uma nova proposta. O novo projeto necessitava um terreno maior. São adquiridos, então, vários imóveis na Rua Fernando Machado (antiga Rua do Arvoredo) e imediações da Praça da Matriz. Após vários estudos e tratativas, o novo projeto é aceito. Sua proposta dividia o terreno em duas esplanadas, reunidas por escadarias. Os dois edifícios seriam separados por um pátio interno ("Cour d"Honneur"), limitado por duas galerias de comunicação entre eles, com previsão de acesso à carruagens no pátio central. Em 20 de setembro de 1909 foi lançada a segunda pedra fundamental do palácio e as obras reiniciam.

A areia utilizada era extraída das margens do Guaíba. Os alicerces foram executados com pedras graníticas de nossas pedreiras e as pedras oriundas da demolição da antiga fundação. O cimento era inglês, procedente de Avallon, na França. O ferro também era importado da Europa. De Taquari veio a pedra de grês branca que, no decorrer do trabalho, começou a apresentar colorações variadas e manchas. Para solucionar o problema, as paredes foram revestidas com estuque, produzido com um material chamado pedra artificial ou cimento-alabastro, fornecido pela empresa "Rousselet et Fils" de Paris e Buenos Aires e executado por mão de obra especializada, oriunda de Buenos Aires. Foram importadas de Villars, interior da França, as pedras calcárias para o embasamento das fachadas, gerando a insatisfação dos fornecedores locais.

O prédio, de influência neoclássica, foi inspirado, segundo alguns pesquisadores, no Petit Trainon, de Versailles, e apresenta fachada de sóbria regularidade geométrica, ritmada por pilastras e semicolunas colossais de ordem jônica. Cantoneiras rusticadas definem as terminações laterais. Para marcar a entrada principal e embelezar o pátio interno, entre as alas governamental e residencial, Gras encomendou ao artista francês Paul Landowski, o mesmo artista que criou o Cristo Redentor do Corcovado, no Rio de Janeiro, três esculturas: as que representam a Agricultura e a Indústria estão na fachada principal, colocadas sobre pedestais entre as três portas externas, conforme inclinação do Positivismo gaúcho em exaltar, através da estatuária fachadista, atividades econômicas que aludiam ao progresso; e grupo escultórico "A Primavera", instalado no centro do jardim. Ao pintor Antônio Parreiras foi encomendado um grande quadro da Proclamação da República do Rio Grande (episódio da Revolução Farroupilha) e um retrato do General Bento Gonçalves (herói da Revolução Farroupilha).

No interior, a seqüência espacial começa com o salão de entrada inferior, da altura menor e forma quadrada, com acesso em três lados (duas para veículos e uma para rua) e direcionado para a outra escadaria na outra face. No térreo, a escadaria que realiza a transição até o grande salão de recepções possui a forma de um "E", com cinco imponentes lances que vencem o pé-direito monumental de oito metros, inseridos em um volume de dupla altura, totalmente branco e com decoração em estilo coríntio. Como coroamento do percurso, este amplo espaço apresenta altas colunas e pilastras coríntias, com revestimentos de mármore verde e detalhes dourados, conduzindo aos salões menores nas duas extremidades.

Em 1913, Borges de Medeiros reassume a presidência sob forte reação contra os escandalosos gastos da obra e, imediatamente, rescinde o contrato com Maurice Gas e dispensa seus representantes, mantendo alguns contratos de serviço já firmados. O ritmo das obras diminui. São executados acabamentos com artistas e trabalhadores locais: Jesus Maria Corona (arquiteto espanhol que residia aqui), seu filho Fernando Corona, escultores da Oficina de João Vicente Friederichs, o arquiteto Moreira Maciel, entre outros.
Em 1914, com a deflagração da Primeira Guerra Mundial, dificuldades de importação forçaram algumas adaptações com uso de materiais locais. Os bronzes para portas e janelas foram encomendados para a Escola de Engenharia; parte do mobiliário foi executada por detentos da Casa de Correção; as madeiras de louro e cedro para as portas foram extraídas de propriedades do governo na região do município de Cachoeira do Sul. Entre 1918 e 1919, com as obras praticamente interrompidas, os lustres, executados pela firma Francesa "Surmont et Couteil", são colocados no pavimento térreo.

Em 1921 é instalado o Gabinete da Presidência, ocupado por Borges de Medeiros e a Secretaria do Interior. A solenidade de inauguração restringiu-se a uma discreta visita da imprensa e as obras continuaram por muitos anos. Até a Segunda Guerra Mundial o Palácio, implantado no topo da colina, como os templos das acrópoles da Grécia clássica, era considerado a obra mais importante da cidade e podia ser visualizado de todos os pontos da cidade, especialmente do Guaíba, via fluvial muito utilizada na época.

Na década de 1950, Aldo Locatelli foi contratado pelo interventor Ernesto Dornelles para pintar murais com temas do folclore e história do Rio Grande do Sul. Em 1928, Getúlio Vargas, eleito sucessor de Borges de Medeiros, é primeiro governante a morar no novo palácio, protagonizando importantes acontecimentos políticos, como as discussões e arranjos contra o governo Washington Luiz e posse de Júlio Prestes, que culminaram na Revolução de 30, marco de uma nova fase da História do Brasil.

Em 1955, por decreto do governador Ildo Meneghetti, o Palácio recebeu o nome de Piratini, em alusão à cidade que sediou a primeira Capital Farroupilha em 1836, homenageando um capítulo significativo e marcante da história riograndense.

Nesses 85 anos muitas adaptações foram necessárias para acompanhar as mudanças resultantes das transformações históricas, e muitas áreas tiveram suas finalidades alteradas por se tornarem obsoletas como, por exemplo, a Sala das Senhoras, atual Ante-Sala do Gabinete do Governador. As últimas construções significativas no Palácio Piratini ocorreram no início da década de 70, com o alargamento das escadas externas para os jardins e a construção do Galpão Crioulo.

38. Ponte de Pedra
End.: Largo dos Açorianos
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

Foi conservada na Praça dos Açorianos sobre um espelho d"água, como expressivo testemunho da cidade antiga.

Segundo informa o cronista Pereira Coruja em Antigualhas, quando o Conde da Figueira, governador da Capitania entre 1818 e 1820, mandou abrir o "Caminho de Belas”, atual Avenida Praia de Belas, ainda não havia ponte no Riachinho – atual Arroio Dilúvio - para ligar as chácaras ao centro da cidade.

No governo do Visconde de São Leopoldo foi construída uma ponte de madeira sobre o Riacho, junto à sua foz no Guaíba, um pouco mais abaixo da atual Ponte de Pedra. Essa primeira ponte de madeira sofreu repetidos danos e passou por várias reconstruções, em 1830, depois da enchente de 1833 e em 1844.

Em 1846, durante o período de pacificação da província riograndense, o Conde de Caxias, então presidente, decide construir uma nova ponte, de pedra, na embocadura da Rua da Figueira, lugar mais favorável ao trânsito público. Foi aberta ao público em 1848, ainda em obras, possibilitando o fechamento da ponte de madeira.

Um século mais tarde a obra ficou ociosa em virtude da retificação do riacho. Não obstante, sabiamente, a municipalidade preservou a ponte sobre um espelho de água. Lamentavelmente o nível deste ficou alto demais encobrindo os pilares da ponte, que antigamente ficavam a descoberto.

Transformada em monumento urbano e testemunha do passado, o monumento de pedra foi tombado pelo município em 1979.

39. Prédio Riachuelo, 933
End.: Rua Riachuelo, 933/935/937/973
Tombado: SMC - Secretaria Municipal da Cultura

O prédio, erguido na antiga Rua da Ponte, uma das primeiras artérias do sítio que originou a cidade e que conta parte significativa da história da evolução da Capital, é um dos raros remanescentes da arquitetura colonial residencial com fachada eclética, datado do final do século XIX. É notável por sua solução arquitetural harmoniosa, por seu perfil verticalizado e pelas várias aberturas, frisos, sacadas e colunas, que lhe conferem um ritmo plástico singular.

A averbação mais antiga do imóvel é datada de 14 de maio de 1929, de uma certidão de partilha passada em 31 de dezembro de 1928, por herança de Maria Eulália de Amaral Ribas. Constam como adquirentes o desembargador Gomercindo Taborda Ribas.

O imóvel está implantado em terreno com topografia em aclive, ocupando toda a testada de 16,89 metros, desde o alinhamento frontal até dois terços do lote, e desenvolve-se em quatro pavimentos.

A planta baixa era tipicamente colonial, com disposição dos aposentos seguindo um padrão seqüencial de sala, dormitório e varanda, ficando a cozinha e o banheiro no térreo. O acesso interno entre os pavimentos era realizado por uma escadaria de madeira.

Foi reformado pela primeira vez em 1910 quando ganhou feições ecléticas. Posteriormente foram acrescidos dois cômodos nos fundos do 2º e 3º pavimentos e, em 1929, o 4º pavimento.

A fachada, decorada com elementos arquitetônicos neoclássicos desenvolve-se em quatro pavimentos. O primeiro, revestido por uma imitação de pedras aparelhadas, é constituído por cinco estreitas portas em arco pleno, emoldurados por frisos em relevo, de folha dupla com bandeira fechada por gradil de ferro e vidro.

Os vãos das janelas, com parapeito sacado, têm verga em arco pleno. As sacadas têm gradis de ferro trabalhado em desenho bombée frisado. Acompanhando as bacias das sacadas uma cimalha marca a transição do primeiro para o segundo pavimento. Este padrão de aberturas se repete até o terceiro pavimento.

No segundo pavimento, acima dos cinco vãos das janelas, a parede é decorada com almofadas em baixo-relevo. O enquadramento dos vãos é marcado por colunas planas e lisas, de capitéis coríntio-romanos. Sobre os capitéis, em toda a extensão da fachada, uma cimalha perfilada inspirada nas arquitraves clássicas marca a transição para o terceiro pavimento.

O terceiro pavimento possui meias-colunas em ordem dórica, redondas e de fuste canelado. A antiga platibanda acima do terceiro piso, com pequenas florzinhas em relevo, de gracioso efeito, serve como base para o 4° pavimento, que possui pé-direito mais baixo, com janelas quadradas e decoração menos evidente. Uma platibanda com balaustrada cega e um frontão em arco redondo arrematam o conjunto.

O uso residencial do imóvel manteve-se até a década de 60, quando foi alugado e transformado em hotel-pensão, inclusive com sublocação de cômodos, até transformar-se em cortiço e receber atividades comerciais nas salas da frente do 1º pavimento. Nos anos 80, o imóvel foi desocupado e passou a abrigar, informalmente, moradores de rua. A alteração de usos e a ação dos moradores das últimas décadas contribuíram para a deterioração interna do prédio.

Em 1996, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultura (Compahc) manifestou-se favorável ao tombamento do prédio, que ocorreu em 1997.

Foi o primeiro imóvel privado no país a ser recuperado com recursos do Programa Monumenta, iniciativa do Ministério da Cultura em parceria com Prefeitura e Caixa Econômica Federal (CEF). A obra iniciou em março de 2005 e foi concluída em dezembro do mesmo ano. Foram recuperados piso, ladrilhos e esquadrias internas. A fachada foi restaurada e suas cores originais preservadas.

Novas Referências


Arquitetura
Palácios | Construções | Monumentos | Praças Logradouros | Templos

Palácios:
Palácio Piratini:
Construção de 1890, com pedras francesas, inaugurado em 1921, em estilo clássico. Sua entrada conta com duas estátuas representando a Agricultura e a Indústria. Abriga mobiliário, em estilo francês, feito pelos detentos da prisão da Volta do Gasômetro. Seu interior apresenta pinturas que relatam a história do Rio Grande do Sul, destacando-se a de um conto folclórico gaúcho, Negrinho do Pastoreio. Tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual em 1986. É a sede do Governo Estadual.
Localização: Praça Marechal Deodoro, s/nº - Tel: 3210-4100.
Funcionamento: 2ª a 6ª feira das 9:00h às 11:30h e das 14:00h às 17:30h. 

Prefeitura Municipal / Paço dos Açorianos:
Construção de 1893, com 4 mil m², inaugurada em 1901, com o nome de Paço dos Açorianos ou Prefeitura Velha, em estilo neoclássico. É guardado por dois leões de mármore, que representam o Poder e a Força; e possui no seu interior figuras artísticas de bronze francesas. As esculturas que ornamentam a fachada representam a Economia, a Educação e a Política. Em frente encontra-se a Fonte da Talavera de La Reina, com azulejos mouriscos. Tombado em 1979.
Localização: Praça Montevidéu, 10, Centro - Tel: 3224-4400.

Construções:
Antigo Cine-Teatro Guarani:
Construção art nouveau, atualmente abriga uma agência bancária.

Belvedere Deputado Ruy Ramos:
Solário voltado para o Guaíba oferecendo vista panorâmica da Cidade.
Localização: Rua Correa Lima, Morro Santa Teresa.

Ponte de Pedra:
Construção de 1854, possui três arcos planos, ligava o centro com as antigas chácaras da Cidade. Tombada pelo Município em 1979.
Localização: Av. Loureiro da Silva esquina Av. Borges de Medeiros, Centro, Parque dos Açorianos.

Ponte da Azenha:
Construção do início do século, feita pelo dono de um moinho local, tinha como objetivo ligar Porto Alegre a Viamão. Teve importância fundamental para o desenvolvimento da Cidade. Na década de 30, cinco palmeiras foram plantadas sobre ela, dando-lhe uma aparência exótica.
Localização: Entre as Avenidas João Pessoa e Ipiranga.

Casa Torelly:
Construção em estilo neo-renascentista. Tombada em 1987 pela Prefeitura Municipal. Atualmente abriga a Secretaria Municipal da Cultura.
Localização: Av. Independência, 453 - Tel: 3221-6622.
Funcionamento: 2ª a 6ª feira das 8:00h às 12:00h e das 13:30h às 18:00h.

Travessia Régis Bittencourt / Ponte do Guaíba:
Construção de 1955, com 23 m de altura, liga a Capital ao Município de Guaíba. Possibilita a passagem de grandes embarcações através de um vão móvel com 25 m de comprimento.

Antigo Prédio dos Correios e Telégrafos:
Construção de 1910, em estilo barroco germânico. As torres assimétricas, com cúpulas em bronze, lembram os capacetes do exército prussiano. Abriga a estátua de Atlante, personagem da mitologia grega condenado a sustentar o Mundo em suas costas. Atualmente abriga o Memorial do Rio Grande do Sul. Tombado pelo Patrimônio Nacional em 1981.
Localização: Praça da Alfândega, s/nº, Centro - Tel: 3221-5214.

Chalé da Praça XV:
Construção de 1874, em estilo romântico normando e traços art-noveau, feita com estrutura de aço desmontável inglesa, adquirida na Feira Internacional de Buenos Aires em 1915. Era um restaurante tradicional do Centro de Porto Alegre, freqüentado pela alta sociedade, e posteriormente, por boêmios e intelectuais. Tombado como Patrimônio Histórico em 1998. Atualmente foi restaurado e reaberto, em 1999, como um restaurante-escola do Senac, especializado na culinária gaúcha, mantendo até hoje os lustres e ladrilhos originais. Nele se concentram os últimos fotógrafos lambe-lambe.
Localização: Praça XV de Novembro, Centro.

Solar dos Câmara:
Construção de 1818, em estilo colonial português, sendo reformado posteriormente passando a ter estilo neoclássico. É o mais antigo prédio residencial da cidade. Conserva vestígios de senzalas no porão. Tombado pelo Patrimônio Histórico em 1963, o prédio foi restaurado entre 1981 e 1993. Atualmente pertence à Assembléia Legislativa que o transformou em Centro de Documentação da História Política do Rio Grande do Sul.
Localização: Rua Duque de Caxias, 968, Centro - Tel: 3210-2003.
Funcionamento: 2ª a 6ª feira das 9:00h às 11:30h e das 14:00h às 18:00h. 

Theatro São Pedro:
Construção de 1858, em estilo barroco português, é todo decorado em veludo e ouro e a platéia é em forma de ferradura, sendo considerado um dos melhores em acústica na América do Sul. Oferece os mais diversos espetáculos de teatro, dança e música. Foi tombado pelo Patrimônio Estadual em 1984.
Localização: Praça Marechal Deodoro, s/nº, Centro - Tel: 3227-5100.
Funcionamento: Visitação de 3ª a 6ª feira das 12:00h às 18:00h.

Mercado Público:
Construção de 1864, inaugurado em 1869, em estilo neoclássico, originalmente era uma construção quadrangular de apenas um pavimento, com torreões nos quatro cantos. É um dos prédios mais antigos de Porto Alegre. Entre 1910 e 1913 foi ampliado e reformado, ganhando o segundo piso. O prédio foi declarado Patrimônio Histórico em 1979. Em 1991 passou por nova restauração e atualmente conta com duas escadas rolantes, um elevador, quatro escadarias fixas, um telhado de metal com mais de 15 m de altura e bancas totalmente remodeladas, porém sem descaracterizar sua arquitetura original e sua tradicional cor amarelo ouro; 106 lojas com produtos típicos do Estado; restaurantes, lanchonetes e sorveterias.
Localização: Largo Glênio Peres, s/nº, Centro.
Funcionamento: 2ª a 6ª feira das 7:30h às 19:30h e sábado das 7:30h às 18:30h.

Arte Cemiterial:
A arte dos cemitérios porto-alegrenses se caracteriza por estátuas, que guardam os túmulos, formando um verdadeiro museu ao ar livre. Atualmente existem cerca de 300. Foram esculpidas, entre os anos de 1900 a 1940, por italianos, alemães e espanhóis, época da grande expansão econômica da cidade quando a beleza dos túmulos era sinal de status. Os cemitérios que apresentam maior números de estátuas são:

Cemitério São Miguel e Almas - destaque para o Mausoléu da Família Mathias Velho, antigos proprietários das terras onde se situa o bairro Mathias Velho, no município de Canoas. O conjunto é o maior e mais importante da arte funerária de Porto Alegre.
Localização: Av. Oscar Pereira, 400.

Cemitério da Santa Casa da Misericórdia - destaque para o jazigo-monumento de Júlio de Castilhos, importante líder político do início do século 20; para o jazigo-monumento do Senhor Pinheiro Machado, outro líder político gaúcho; e para o túmulo do músico Vítor Matheus Teixeira, o Teixeirinha, famoso compositor de músicas regionais.
Localização: Av. Oscar Pereira, 423.

Cemitério São José I e II - destaque para o túmulo de Alberto Bins, intendente da cidade de Porto Alegre entre 1828-1837.
Localização: Av. Oscar Pereira, 410.

Cemitério Evangélico I e II - destaque para o túmulo de Rubem Berta, fundador da Varig.
Localização: Rua Guilherme Schell, 467.

Pórtico Central do Cais do Porto:
Construção de 1919, é uma estrutura de ferro francesa emoldurada com vitreaux que servia de entrada principal da Cidade quando chegavam em embarcações chamadas paquetes. Tombado pelo Patrimônio Nacional em 1983.
Localização: Av. Mauá s/nº, Centro.  

Prédio da Casa Civil:
Construção de 1773, é um dos mais antigos de Porto Alegre.

Prédio do Antigo Hotel Magestic:
Construção de 1910, em estilo neoclássico, foi o primeiro edifício com armação de concreto da cidade e onde o poeta Quintana residiu nos anos 60/70. Atualmente abriga a Casa de Cultura Mário Quintana. 
Localização: Rua dos Andradas, 736, Centro - Tel: 3221-7147.

Prédio da Antiga Usina Termoelétrica:
Construção de 1928, possui uma chaminé, de 117 m construída em 1937 com elevador levando até um mirante com bela vista do pôr-do-sol. Funcionou até 1974 e atualmente abriga o Centro Cultural Usina do Gasômetro.
Localização: Av. Presidente João Goulart, 551, às margens do Rio Guaíba - Tel: 3227-1383.

Matriz do Banco Satander Meridional:
Construção que abriga vitrais franceses, antigo Banco Sulbrasileiro e depois Banco Meridional
Localização: Praça da Alfândega.

Prédio do Banco Safra:
Construção em estilo art noveau.
Localização: Praça da Alfândega.

Prédio do Clube do Comércio:
Construção em estilo art déco.
Localização: Praça da Alfândega.

Solar Palmeiro:
Construção que abriga dois restaurantes.

Prédio Museu de Arte do Rio Grande do Sul:
Construção de 1910, em estilo neoclássico, possui diversas estátuas em sua fachada.
Localização: Praça da Alfândega, 1.010, Centro.

Prédio do Museu Júlio de Castilhos:
Construção do séc. XIX, era a antiga residência do líder político, que ali morou entre 1898 a 1903. atualmente abriga o museu mais antigo do Estado.
Localização: Rua Duque de Caxias, 1.205, Centro - Tel: 3221-3959.

Monumentos:
Monumento  a Júlio de Castilhos:
Construção feita na França e inaugurada em 1913, o monumento, com 22,5 m de altura, representa as três fases mais marcantes da vida do Estadista: a da Propaganda Republicana, a da Organização do Governo Positivista e a fase posterior  à sua retirada do Governo.
Localização: Praça Marechal Deodoro da Fonseca, Centro.

Monumento dos Açorianos:
Inaugurada em 1974, a escultura, de 17 m de altura por 24 m de comprimento, é uma homenagem aos colonizadores portugueses. Lembra uma caravela composta de corpos humanos entrelaçados, e uma figura alada, que representa a Vitória, à frente.
Localização: Av. Loureiro da Silva, esquina com Borges de Medeiros, Parque dos Açorianos.

Fonte Talavera de la Reina:
Chafariz doado à Capital, em 1935, pela comunidade espanhola em homenagem ao centenário da Revolução Farroupilha. Construída em Talavera de La Reina, com azulejos de cerâmica e peixes por onde deveria jorrar água, pois está desativada desde a década de 50. É onde se localiza o Marco Zero da Cidade. Tombada pelo Município em 1979.
Localização: Praça Montevidéu, Centro, em frente à Prefeitura Velha, no Paço Municipal.

Monumento ao Expedicionário:
Inaugurado em 1953, homenageia à Força Expedicionária Brasileira. É um duplo Arco do Triunfo, construído em granito, com esculturas em relevo que representam os soldados das diversas armas da FEB.
Localização: Parque Farroupilha, Redenção, entre as Av. Osvaldo Aranha e João Pessoa.

Monumento ao Laçador:
Construção de 1954, em bronze, a estátua homenageia ao típico gaúcho, é o símbolo oficial de Porto Alegre. Encontra-se sobre um pedestal de granito de 2,1 m.
Localização: Praça do Bombeador, Entrada norte de Porto Alegre. 

Praças:
Praça da Alfândega / Praça Senador Florêncio:
Abriga os monumentos Carta Testamento de Getúlio Vargas e a Estátua Eqüestre do General Osório. Nela acontece habitualmente a Feira de Artesanato e anualmente a Feira do Livro.
Localização: Entre a Rua dos Andradas e a Rua 7 de Setembro.

Praça da Matriz / Praça Marechal Deodoro:
Abriga o Monumento a Júlio de Castilhos e ao seu entorno encontram-se o Palácio do Governo, a Catedral Metropolitana, a Assembléia Legislativa, o Tribunal de Justiça e o Theatro São Pedro.
Localização: Rua Duque de Caxias.

Praça Montevidéu:
Abriga a Prefeitura e a Fonte Talavera de La Reina.
Localização: Entre Av. Borges de Medeiros, Rua 7 de Setembro e Rua Uruguai.

Praça Província de Shiga:
Construção de 1983, financiada pelo Governo Japonês, é o símbolo da amizade entre Porto Alegre e o Japão. Assemelha-se a um dos jardins de meditação comuns no Japão feudal do século XIV, com cascata, ponte e quiosque em madeira e flora, escultura e lanternas japonesas.
Localização: Entre as Avenidas Plínio Brasil Milano e Cristóvão Colombo, Higienópolis.
Funcionamento: Diariamente das 8:00h às 12:00h e das 14:00h às 18:00h.  

Logradouros:
Travessa dos Venezianos:
Exemplo das antigas avenidas construídas em terrenos particulares, abrigando o proletariado. Abriga 15 casas populares do início do século. Tombada pelo Município em 1980.
Localização: Cidade Baixa.

Largo Glênio Peres:
Inaugurado em 1992, é um local de manifestações populares, culturais e políticas. É pavimentado com lajotas em basalto cinza e pedras portuguesas nas cores preto, branco e rosa, parecendo um tapete persa, tal qual existia na década de 30. 
Localização: Junto à Praça XV de Novembro.

Templos:
Santuário de Santa Rita de Cássia:
Localização: Rua Jacundá, 345 - Tel: 3248-4010.
Funcionamento: Diariamente das 10:00h às 12:00h e das 15:00h às 18:00h.

Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes:
Construção de 1875, é palco da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes.
Localização: Praça dos Navegantes, 12 - Tel: 3342-1120.
Funcionamento: Diariamente das 8:30h às 18:00h.

Igreja de Santa Terezinha:
Construção de 1941, em estilo romântico e fachada gótica.
Localização: Rua São Carlos, 445, Floresta.

Igreja de Nossa Senhora das Dores:
Construção de 1833, nos estilos barroco e rococó, conta com três esculturas em sua fachada, que representam a Esperança, a Caridade e a Fé. Seu interior abriga sete imagens, de 1871, representando os Passos da Paixão de Cristo. Tombada como Patrimônio Histórico em julho de 1938. Abriga duas imagens de Nossa Senhora das Dores, uma de 1820, com rosto de porcelana, e outra da segunda metade do século XVII, com espada e diadema de prata e as esculturas de São Francisco Xavier, vinda da Itália, e a do Sagrado Coração de Maria, da Espanha.
Localização: Rua dos Andradas, s/nº, Centro - Tel: 3228-7376.
Funcionamento: Diariamente das 8:00h às 12:00h e de 14:00h às 18:00h.

Igreja dos Pretos de Nossa Senhora do Rosário:
Construção de 1925.
Localização: Rua Vigário José Inácio, 402, Centro.

Capela de Nosso Senhor do Bonfim:
Uma das três igrejas que restam da época Imperial em Porto Alegre, sendo também, o terceiro templo católico mais antigo da cidade, abriga a imagem de Nosso Senhor do Bonfim originária das missões Jesuítas de São Borja.
Localização: Av. Osvaldo Aranha, 450, Bonfim.

Igreja de São José / Igreja dos Alemães:
Construção de 1925, possui afrescos adornando as paredes do prédio, lembrando cenas da vida de São José e da Virgem Maria. Abriga o crucifixo e as imagens da Via Sacra que vieram da Alemanha.
Localização: Av. Alberto Bins, 476, Centro.

Igreja do Santíssimo Sacramento:
Construção de 1924, em estilo gótico, abriga da vida da padroeira da Igreja, Santa Terezinha, nos dez vitrais coloridos e a imagem de Santa, com um relicário trazido de Roma, que guarda um dente de Santa Terezinha e um pequeno vaso de porcelana, que pertenceu à Santa, enfeitado com rosas de ouro.
Localização: Av. José Bonifácio, 645, Farroupilha.

Templo Positivista:
Construção de 1925, no estilo da doutrina positivista, tem gravado em seus 13 degraus do acesso principal os nomes básicos do quadro socialátrico, destinado à Adoração Universal da Humanidade.
Localização: Av. João Pessoa, s/n°.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição:
Construção de 1880, em estilo barroco, abriga a imagem de São Francisco e outras imagens do século XVIII.
Localização: Av. Independência, 230, Independência.

Igreja Condomínio Menino Deus:
Construção de 1884, abriga, no alto da torre, o único relógio público da época.
Localização: Bairro Menino Deus.

Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Mãe de Deus:
Construção de 1921, inaugurada em 1986, em estilo renascentista, abriga a imagem de São Pedro, padroeiro do Rio Grande do Sul, em talha policromada do séc. XVII, no estilo barroco. Possui cúpula de mármore branco, com altura de 74 m e 18 m de diâmetro, suas torres lembram o estilo das Igrejas das Missões Jesuíticas no Estado e sua fachada abriga três painéis de mosaico, montados em cores vivas nas oficinas do Vaticano.
Localização: Praça Marechal Deodoro da Fonseca, s/nº, Centro - Tel: 3228-6001.
Funcionamento: 2ª feira a sábado das 7:15h às 12:00h e das 14:30h às 19:30h e domingo das 8:30h às 12:00h e das 13:00h às 20:00h.
 ***
Referências:
Blogs,
Sites,
Iproweb,
Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
Gov. do Estado do RGS,
Particulares.

23 comentários:

  1. esse post é maravilhoso pra quem está estudando a história da cidade! estou fazendo um trabalho sobre a igreja da matriz e gostaria de saber quais são exatamente as fontes das informações e imagens que ilustram o post! obrigada

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  2. Maravilhoso!!!Quero muito conhecer estes lugares, sou de Rio Grande e estava pesquisando sobre a Esquina da Inglesa que li em uma crônica do Liberato Vieira da Cunha.Saberias me dizer algo sobre?Estou te seguindo ta!!Bjus

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  3. Obrigado pela viagem no tempo e parabéns pela iniciativa de contar a história apaixonante de nossa Cidade

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  4. Belíssimo apanhado histórico. Feito de forma magistral e muito bem ilustrado, o melhor que já vi. Parabéns. Pode com certeza sem impresso e transformado em um lindo registro.
    Mais uma vez parabéns pelo profissionalismo.

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  5. Sou fã deste MARAVILHOSO Blogg!
    Bela iniciativa.
    PARABÉNS.

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  6. Parabens pelo Blog , uma iniciativa séria de resgate da arquitetura da nossa cidade.

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  7. Ótimo, tua iniciativa de nos dar o prazer de visualizarmos uma série de dados e fotos de nosso patrimônio histórico que clama por ter uma recuperação adequada...
    Por sinal, tenho divulgado teu link, continua postando tuas pesquisas,
    Abçs

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  8. Ivone Becker março 07 2012

    Por acaso tive a belíssima oportunidade de passear pelas ruas de Porto Alegre, cidade onde eu já vivi. Senti até mesmo o cheiro de cada pedacinho por onde já havia passado; momentos de encantamento! beijo

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  9. Muito interessante esse blog, eu que sou apaixonada por Porto Alegre adorei saber um pouco mais sobre...

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  10. Gostei das fotos, informações e do blog em si. É bom saber que tem muita gente interessada e preservando o patrimônio histórico da nossa cidade.

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  11. A prefeitura de Porto Alegre realiza passeios a pé pelo Centro, no qual um historiador ou arquiteto vai explicando a um grupo de pessoas uma fração do que expuseste aqui. Sabe o que seria bem bacana e mais prático? Alguém ler o texto da tua pesquisa e gravar um mp3 de cada prédio. As pessoas poderiam realizar os passeios sem a necessidade de guia, apenas do mapa. Ao chegar em frente ao prédio (ex. nº1), acionaria o mp3 da nº1 e ouviria a explicação. Eu sou voluntário. Parabéns!

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  12. Parabéns pelo blog.Excelente trabalho. Recentemente, finalizei um artigo, em parceria com uma jornalista, sobre o Centro Histórico de Porto Alegre, o qual apresentamos num evento em Canoas, porém, ainda não conhecia teu blog, e pesquisando na internet, sobre um questionamento feito por um dos participantes do evento, de qual seria o prédio tombado mais antigo de Porto Alegre, descobri então teu blog, o qual me auxiliou bastante, pois o trabalho é bem amplo. Sou estudante de arquitetura e um grande entusiasta e interessado nas questões de preservação do Patrimônio Cultural. Também possuo um blog onde divulgo ações e eventos voltados para esta área da preservação. Se quiser conhecer meu trabalho, o endereço è o seguinte: http://historiaearquitetura.blogspot.com.br/
    Abraço e parabéns pelo belo trabalho desenvolvido.
    At.
    Eder Santos Carvalho

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  13. Acho importantíssimo manter-mos os predios publicos, praças, pontes, viadutos, escadarias, entre outros.......
    mas acha uma vergonha o que o IPHAE tem feito com imoveis particulares, pois quem é tem dinheiro pra ficar mantendo uma casa
    antiga sendo uma pessoa assalariada com renda inferior à um salario minimo, e que está localizada em um bairro e nao no centro de Porto alegre que nunca morou alguém importante politicamente, o primeiro proprietário construiu uma casa parecida com o tipo de construção da época, após alguns anos vendeu onde foi adquirido por outra familia que mantem a casa até hoje, do que agora com dificuldade de mante-lá não pode vender, pois ninguem quer comprar por estar no "patrimonio historico" e não pode desmanchar a casa que está caindo e nao tem como arrumar.

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  14. Eu pesquiso vitrais, pinturas... Feitas pelos meus antepassados. Tenho varias fotos no meu blog artestirpe.blogspot.com consegui tirar umas fotos muitos boas principalmente da Igreja de São José. (No caso dos vitrais, luz de mais acaba com as fotos) Quem tiver algo a acrescentar agradeço.

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  15. Este blog é sensacional! Gostaria muito de saber o histórico do Condomínio Edifício Caiçara, na esquina da Fernando Machado com a Borges de Medeiros. É um prédio imponente e me disseram que já foi um hotel. Hoje é residencial. Procurei alguma coisa pela internet e não consegui. Não sei se mudou de nome ao longo da sua história. Continuarei buscando. Parabéns pelo trabalho.

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  16. Muito bom e esclarecedor. Só temos a agradecer por este ótimo trabalho. Parabéns!

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  17. todo trabalho de tombamentos de nosso patrimônio histórico esta MUITO CENTRADO NA ÁREA CENTRAL É IMPERIOSO "UMA DESCENTRALIZAÇÃO", pois as zonas periférica tem tem muito o que contar de NOSSA IDENTIDADE CULTURAL e esta a Mercê da Especulação Imobiliária.

    Eduíno de Mattos

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  18. Não encontrei referencia a fachada do cinema Presidente. Poderia me informar o autor? Grata

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  19. Boa noite, estou fazendo um trabalho sobre o chalé, gostaria de usar esse material, qual nome devo referenciar?

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  20. Mas peraí é Rodolph Ahrons ou Adolph Ahrons ou Albuquerque ou Adolfo...Esse cara poderia ter só um nome, era fugitivo, matou alguém? Ta enterrado onde pai de quem filho de quem...mas que homem esquisito

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  21. Boa tarde. Estava procurando algum material sobre o Edifício Vera Cruz (e antigo Cinema Vitória) e me deparei com este material. Adorei. Estou trabalhando nos Edifícios Reunidos S.A que são os proprietários dos Edifícios Vera Cruz e antigo Cinema Victória e atual Galeria (Av.Borges de Medeiros) e Edifício Vera Cruz - Anexo (Travesa Acelino de Carvalho). No próximo ano eles farão 85 anos e gostaria de fazer algum evento com base na história dos prédios e da Av. Borges de Medeiros e Travessa Acelino de Carvalho. Caso alguém possua informações e queira compartilhar conosco, por favor entre em contato (51) 3226-2888 ou pelo e-mail administrativo@edificiosreunidos.com.br. Agradeço todo auxílio.

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