Bem Vindo

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Não se despreza documentos oficiais ou fontes fidedignas para garantir a credibilidade; o que hoje é uma verdade amanhã pode ser contestado. A busca por fatos, dados, informações, a pesquisa, reconhecer a qualidade no esforço e trabalho de terceiros, transformam o resultado em um caminho instigante e incansável na busca pela História.

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- Acompanhe neste relato, que se diz singelo; a História e as Transformações de Porto Alegre.

Poderá demorar um pouquinho para baixar, mas vale à pena. - Bom Passeio.

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domingo, 15 de novembro de 2015

Hoteis Antigos


Hotéis –Hospedagem

Porto Alegre Antigo

Cortiço – Pensão – Casa de Cômodos – Hotel

Meios de Hospedagem
Surgimento e Evolução 

Homenagem aos antigos hotéis e serviços de hospedagem da Capital, tão respeitáveis por sua peculiar elegância e proeminência de seus hóspedes.
A cada dia um tradicional hotel vira história.

___Toda a pequena freguesia, vila, cidade, metrópole tem seu local onde viajantes, caixeiros, turistas, comerciantes e passantes podem pernoitar com ou sem serviços.

___A posição geográfica privilegiada de Porto Alegre em relação aos principais pólos econômicos do Conesul, sua condição de capital de estado e características cosmopolitas, a identificam, em alguma medida, com as capitais Buenos Aires e Montevidéu, fazendo de Porto Alegre um ponto estratégico no contexto da Região Sul.

Sem o requinte de tempos passados, os atuais Hotéis de negócios estão privados da tranqüilidade e da elegância das antigas ruas centrais. Mais pragmáticos e econômicos, substituem os grandes edifícios de esquina, os agradáveis Hotéis de praça e misturam-se a uma massa de inexpressivos edifícios dispostos em meio a um tecido heterogêneo, denso e intrincado.

Hotelaria e Turismo

___No Brasil a rota da evolução empreendida pelo Turismo nos séculos anteriores, intensificaram-se no século XIX as viagens em busca de cultura, recreação e negócios. ___Nesse período houve um contínuo processo de massificação do turismo.

___A evolução dos meios de transporte tornou as viagens mais acessíveis para outros segmentos da população que não a nobreza.

“Além das diligencias, vapores, os trens eram sinônimo de rapidez e elemento facilitador da atividade turística. Os navios exerciam verdadeira atração sobre a população. Surge a classe média, com salários melhores e maior possibilidade de gastos com entretenimento [...]” (BADARÓ, 2005).

___Os hotéis de melhor categoria começaram a surgir em antigas mansões. Esta opção oferecia maior conforto, requinte e paisagem exuberante, sem os inconvenientes da confusão das ruas e da falta de saneamento da cidade.

___Os hotéis foram responsáveis pelo desenvolvimento do centro. Além dos Bondes, outros serviços de transporte coletivo de tração animal - Ônibus, Gôndolas e Tílburis - facilitavam a opção por “serviço de acomodações” (hotéis).

___Outras novidades competitivas eram aos poucos assimiladas no atendimento ao turista no Brasil.

Porto Alegre

No século XIX, em Porto Alegre uma característica da hotelaria era a “concentração dos hotéis” em ruas específicas e nas praças centrais. As ruas com maior concentração de hotéis eram a Rua de Bragança (Rua Marechal Floriano), Caminho Novo (Rua Voluntários da Pátria), Rua da Praia (Rua dos Andradas) e Praça da Alfândega. Essas ruas são, principalmente, as mais centrais e as mais importantes por concentrarem outros estabelecimentos comerciais e de sociabilidade, como armazéns, bazares, bancos, confeitarias, cafés, clubes e cinemas. As praças também estão localizadas na área central das cidades.

___A praça ajardinada ganha destaque na virada do século XIX para o século XX, período em que surgem as campanhas de modernização, salubridade e embelezamento das cidades. A praça é destinada para a recreação, para o lazer contemplativo e para a convivência social da população. Assim, a praça principal da cidade é para a elite e para seu prazer (Paradeda, 2008). Também é no entorno das praças que se localizam a igreja, as casas comerciais, os edifícios institucionais, como prefeituras, teatros, e as casas residenciais das mais importantes famílias. Os hotéis compartilham os lugares mais importantes e movimentados, tanto economicamente como socialmente e culturalmente, atraindo, assim, os seus hóspedes.

___Das “estalagens” que tiveram o seu papel, aos tempos modernos hotéis de serviços dotados de todos os requisitos necessários e supérfluos para atender as demandas e exigências do cliente do século XXI, os hotéis, as “modernas pousadas” e até os “motéis” estão presentes nas cidades, junto as novidades em forma de oferecer hospedagem de qualidade e segura.

___Porto Alegre também tem seus hotéis, dos antigos aos modernos com uma grande variante de “flats, apart-hotéis”, categorizados cinco estrelas, e muito mais.

___Como conseqüência, o setor turístico, até agora de secundária importância, tende a desenvolver-se, principalmente no que se refere ao chamado “turismo de negócios”, voltado à realização de encontros de trabalho, convenções e outros eventos do gênero.

___Fazer um “passeio nostálgico e bucólico” por Porto Alegre Antigo, percorrer o seu centro residencial e descongestionado, andar pela Rua da Praia, com seus charmosos cafés e galerias comerciais e descansar, finalmente, num banco da Praça d’Alfândega de onde ainda se avista o “pôr-do-sol” no Guaíba, ou da Praça da Independência (Praça Argentina), visualizando a arquitetura e o Campo da Várzea (Redenção), o Parque Paulo Gama.

___Se a importância da arquitetura hoteleira da capital gaúcha pode ser considerada discreta, exemplos como o do já extinto Grande Hotel, elegante estabelecimento, situado em frente à Praça da Alfândega, e o do Majestic Hotel, atual Centro de Cultura Mário Quintana, não podem ser desprezados.

Hospedagem

___As primeiras “estalagens, pensões e hotéis” de Porto Alegre ficavam perto dos pontos de partida e chegada dos viajantes. A maior concentração estava no entorno da Praça da Alfândega, local movimentado devido ao porto dos navios. Outros estavam perto da Estação Férrea da Rua Voluntários da Pátria, esquina com Rua da Conceição.

___As propagandas ajudam na reconstrução da história hoteleira. (Annuario da Provincia do Rio Grande do Sul, detalhes sobre os serviços dos hotéis. Os anúncios foram publicados em edições entre 1885 e 1891.)

___Muitas pensões e hotéis situavam-se no Centro da cidade, com predominância na Rua da Praia (Rua dos Andradas) desde a Ponta das Pedras ao Largo da Misericórdia, e no Caminho Novo (atual Rua Voluntários da Pátria), as vias mais importante da época.

___O área se devia ao fato de o acesso à cidade ser por excelência fluvial e estas ruas ficarem nas cercanias do porto, facilitando o acesso dos hóspedes aos hotéis.

___Os mais antigos estabelecimentos de que se tem registro, com destaque na segunda metade do século XIX, também ali se situavam.

___A cidade de Porto Alegre apresentou na sua área central as diferentes possibilidades de acomodação para aqueles que por ela passavam. Os meios de hospedagem são parte integrante da história desta cidade, por possuírem características peculiares, conforme a cultura e população.

___Em Porto Alegre, o aparecimento deste tipo de comércio, é pouco conhecido, uma vez que não existem registros específicos sobre eles.
Crescimento Imobiliário

___Porto Alegre, capital desde 1773, começa a recuperar o prestígio e a hegemonia econômica perdidos para a cidade de Pelotas durante boa parte do século XIX em função do “ciclo das charqueadas”. Ocorre um verdadeiro boom imobiliário e a demanda de empreiteiros, engenheiro e arquitetos cresce vertiginosamente.

___Antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), já no Império havia um número considerável de profissionais em atividade, a maioria alemães, etnia cuja imigração fora incentivada pela abolição da escravatura e pela instauração da República, que criou condições para a ascensão das classes burguesas que viviam do comércio entre a capital e as colônias.

___A “estrutura açoriana” da cidade tem sua fisionomia fortemente alterada e as construções, até então influenciadas pela arquitetura colonial portuguesa, passam a conviver com edifícios robustos, ecléticos, com um rigor quase militar, do regime Positivista.

Nacionalidades

___A partir dos sobrenomes dos proprietários é possível dizer que os hotéis possuem proprietários de diferentes nacionalidades, mas, principalmente, portugueses, alemães e italianos. Isso demonstra a grande participação dos imigrantes ou seus descendentes na hotelaria de Porto Alegre principalmente no século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Desse modo, pode-se apontar que estabelecimentos hoteleiros de estrangeiros ou descendentes são comuns. Muitos imigrantes sírios e libaneses estão presentes, eram inicialmente mascates que circulam pelo interior do Uruguai e da Argentina e pelo sul do Estado, muitos imigrantes entraram a pé pela fronteira do Rio Grande do Sul, tendo ido se estabelecer em lugares mais distantes, um número expressivos de árabes estão em Porto Alegre, como o imigrante Joseph Daher no Grande Hotel e Hotel Carraro em 1948, Alberto Nigri, no Hotel Regina (1939) e Hotel Majestic (1942).

Empresas Familiares

___As empresas hoteleiras atuam, principalmente, organizadas em torno de um proprietário individual ou em grupos familiares, Normalmente, após a morte do proprietário do hotel, a viúva assume o estabelecimento juntamente com seus filhos. Também constatou que os estabelecimentos dos imigrantes italianos se constituem por “sociedades familiares”. Desse modo, pode-se supor que os estabelecimentos hoteleiros, são organizados individualmente ou por grupos ligados por laços familiares. Os proprietários circulam por diferentes cidades do Rio Grande do Sul, abrindo hotéis. O primeiro arrendatário do Grande Hotel de Pelotas – Caetano Bianchi (1928) possuía, anteriormente, o Hotel Bianchi em Porto Alegre. Alguns proprietários possuem também outros negócios comerciais ou industriais na cidade, junto aos hotéis ou em outros endereços.

Nomes

___No que se refere à denominação dos hotéis, os proprietários denominam seu estabelecimento pelo seu “nome ou sobrenome”, como por exemplo, Hotel Bruno; ou fazendo referência à cidade, ou, ainda, relembram a terra de nascimento do proprietário ou buscam influenciar os fregueses com o nome de alguma cidade europeia, como, Hotel de France, Hotel de Veneza. Outros nomes comuns aos hotéis são “Comércio, dos Viajantes, Brasil, Familiar e Central”.

Nomes Curiosos

___Existiam hotéis com nomes curiosos ou extravagantes. A partir das listas de hotéis verificou-se alguns nomes curiosos, embora pouco significativos. Pode-se citar:

- Hotel La Porta em Porto Alegre (1940),

- Hotel Valente em Porto Alegre (1930).

___É importante destacar também os hotéis cujos nomes são escritos no idioma do país de origem do proprietário, ou remetem ao país de origem destes imigrantes, ou o significativo nomes de hotéis que utilizam o sobrenome dos proprietários, como a presença de sobrenomes de alemães e de italianos.

Porto Alegre – Grande Hotel

___A cidade de Porto Alegre possui dois hotéis com esta denominação em 1915, três em 1935 e quatro em 1940, destaca-se a importância de se ter um “Grande Hotel” na cidade, que representa um marco na história da hotelaria porque, “além da sofisticação nos serviços que ali se ofereciam”, normalmente é o “primeiro hotel cujo prédio não foi adaptado, isto é, a edificação foi erguida para funcionar como estabelecimento de hospedagem”.

___Os hotéis denominados Grande Hotel são de grande porte, cobram mais caro pelos serviços, recebem os hóspedes com mais dinheiro e são os espaços principais dos banquetes e das festas. Assim, eles podem ser vistos “como sintomas do aburguesamento ou europeização dos hábitos de consumo e de lazer” (SIQUEIRA, 2013, p. 420) pelo qual passa Porto Alegre. Esse hotéis também representam “as primeiras projeções de modernidade, signos imponentes de novos tempos que viriam para a cidade, de riqueza material e cosmopolitismo, varrendo-lhe a antigualha provinciana, como era visto todo o vestígio do passado”. (BARBUY, 2006, p. 101).

___Porto Alegre apresenta vários hotéis com a denominação “Grande Hotel”:

- Frederico Schmidt possui uma pensão em 1907, na Rua Voluntários da Pátria, passando a denomina-la de hotel em 1910 e, a partir de 1915, Grande Hotel Schmidt.

- J. P. Bourdette & Cia. possui o Grande Hotel, localizado na Praça da Alfândega, a partir de 1915.

- Christino Cuervo e Irmãos possuem o Grande Hotel localizado na Rua Andradas, cuja “construção de um moderno edifício, próprio para a função hoteleira” inicia em 1916 e é concluída em 1918 (LEÃO, 2000, p. 5).

___Além desses, o Grande Hotel Metrópole (1935-1940) e o Grande Hotel Centenário (1940) também aparecem nos almanaques.

___O Grande Hotel de Porto Alegre (de Cuervo, Irmãos e Cia.) e de Pelotas são listados, juntamente com o Hotel Majestic, o Hotel Paris e o Hotel Aliança, como os hotéis de qualidade no Rio Grande do Sul no final da década de 1920, sendo o Grande Hotel de Pelotas considerado “a joia da hotelaria gaúcha à época”. (FLORES, 1993, p. 20).

Hotelaria – Resumo

___O número de hotéis de Porto Alegre vai aumentando ao longo das quatro primeiras décadas do século XX, incorporando novos empreendimentos hoteleiros aos já existentes. Um pequeno número de hotéis se manteve em funcionamento do início do século XX até o final da década de 1930/1940, demonstrando a renovação deste ramo de negócios. O aumento no número de hotéis na cidade pode estar relacionado à modernização e urbanização, ao aumento da população urbana, à diversificação das atividades econômicas, mas também ao incentivo dado pelos governos para a construção de novos estabelecimentos hoteleiros ou qualificação dos já existentes, visando trazer novos ares para a capital gaúcha que se quer ser mais moderna e cosmopolita. Na cidade, os hotéis surgem nos lugares mais importantes e movimentados, na região comercial, nas estações de trem. As principais ruas e praças, por serem mais centrais e concentrarem outros estabelecimentos comerciais e de sociabilidade e as ruas próximas às estações férreas, vão sendo compartilhadas pelos hotéis. Os hotéis são comandados majoritariamente por homens, aparecendo um número insignificante de hotéis cujas proprietárias são mulheres, demonstrando que a hotelaria é uma atividade tipicamente masculina, organizada a partir de um proprietário individual ou em grupos familiares. Um ponto que também merece ser evidenciado é a presença de proprietários de diferentes nacionalidades, com destaque para a portuguesa, alemã e italiana. Esses estrangeiros, com suas qualificações e experiências que trazem, muitas vezes, de seus países de origem e seus modos de vida próprios imprimem uma nova configuração no cenário da hotelaria da capital. Nas primeiras décadas do século XX são construídas edificações próprias para funcionar como estabelecimento de hospedagem. Esses empreendimentos marcam mudanças significativas nos padrões dos hotéis, representando a modernidade, o cosmopolitismo e o aburguesamento dos hábitos de consumo e de lazer das cidade.

___A hotelaria nas primeiras décadas do século XX é um importante ramo de negócios que contribui para o enriquecimento e aburguesamento das diferentes cidades gaúchas, à medida que havia diferentes tipos de estabelecimentos de hospedagem, desde hotéis mais simples e pequenos até os grandes e luxuosos hotéis, como o Grande Hotel.

“Uma vez que os hotéis se constituem em local de hospedagem, possibilitando o encontro fortuito, efêmero e relativamente anônimo com quem está de passagem, mas também em local de sociabilidade, favorecendo o convívio, o contato mais direto entre os moradores das cidades através da conversação, dos banquetes, das festas e dos jogos que acontecem nos seus espaços internos.”

Cronologia e Dados

Século XVIII

1740

Por volta de 1740, Porto Alegre era uma “pequena Villa”, constituída basicamente por um núcleo urbano ao redor do cais do lago Guaíba, circundada por propriedades rurais. Cômodos

___Os viajantes que chegavam à cidade formavam basicamente dois grupos:

·         Os imigrantes que se dirigiam às colônias, e

·         Os comerciantes do centro do país que se dirigiam a região do Prata, e eram hospedados nas “casas dos moradores”.

___Mas a cidade foi crescendo, o comércio com a Europa e o interesse pela região foram aumentando, trazendo novos tipos de visitantes e, a partir das exigências destes, surge a necessidade de um novo produto: 

·         Hospedar estas Pessoas.

Estalagem

___Em Porto Alegre, desde os tempos mais remotos das estalagens, casas de pasto, tabernas que podem ter funcionado como locais de hospedagem no passado, ou de estalagens em outras cidades brasileiras. O termo "estalagem" remete ao tipo de hospedagem que era comum na época colonial, antes do desenvolvimento de hotéis e da hotelaria moderna.

___Desta forma, a própria história da formação da capital mostra que a hotelaria surge, em Porto Alegre, antes do atual conceito de turismo.

___Vários relatos encontrados nos livros “Os viajantes olham Porto Alegre” (NOAL FILHO; FRANCO, 2004a; 2004b), referem-se à “qualidade e generosidade da hospitalidade dos habitantes da capital do Estado”, mas são poucos ou raros, os registros sobre a formação e desenvolvimento do setor hoteleiro na cidade.

Século XIX

Casa de Banho

Até meados do século XIX, o simples ato de banhar-se representou um desafio difícil para os hotéis que precisavam dar um salto de qualidade. Muitos hotéis nem sequer possuíam quartos de banho. Os hóspedes precisavam recorrer a casas de banho públicas, que também não eram numerosas.

Serviços de Hospedagem

___A evolução nos serviços vinculados à hospedagem ajudou a fomentar, na segunda metade do século XIX, o surgimento de hotéis de categoria, funcionando em edifícios especialmente construídos para essa finalidade.

___Essa geração de hotéis mudou a imagem que vigorava anteriormente entre os visitantes estrangeiros, a respeito dos hotéis de Porto Alegre.

Casa de Cômodos

___As Casas de Cômodos ou “Cortiços” da rua estreita, com ladeira e aberta ao curso natural de uma expansão urbana não planejada, que na passagem do século XVIII para o XIX passa a ter uma conotação depreciativa ao mesmo tempo moral, estética e higiênica.

Hospedar – Ramo Comercial

___Existem apenas algumas referências em jornais, revistas e livros sobre viajantes, anúncios de hotéis, eventuais menções em crônicas sociais da época.

1853

Cômodos

___O relato mais antigo referente à hospedagem em Porto Alegre, foi encontrado no livro “Os viajantes olham Porto Alegre” (1754-1890), onde Henrique Villaça assim descreve sua chegada:

“No dia 14 de novembro de 1853, pelas 4 horas da tarde cheguei a Porto Alegre. Depois de me instalar em uma casa de pasto bastante regular em frente à Praça do Mercado, [...]” (NOAL FILHO; FRANCO 2004a, p. 98).

1860

Hospedarias

No início da década de 1860, o geógrafo Karl André contou em Porto Alegre, 10 hospedarias.

1870

Hotel – Mulheres à Frente

___Em Porto Alegre as “mulheres” principalmente imigrantes italianas estavam presentes em diversas atividades do espaço urbano.

Em 1870, conforme o periódico A Reforma: - que destaca a participação do sexo feminino, principalmente italianas, em diferentes locais de trabalho. Pode-se supor que, pelo fato de no seu país de origem ser mais comum o trabalho das mulheres, seja como empregadas ou proprietárias, as mulheres italianas ou descendentes tem uma participação mais significativa neste ramo de negócios.

Hotel

Hotel del Siglo

___No Rio Grande do Sul, a cidade de Porto Alegre ganhou em 1870 o sofisticado Hotel del Siglo, localizado na Praça da Alfândega (Almanaque Gaúcho, 2005).

___Nessa época, nada foi mais impactante para o turismo no Brasil do que a imigração, não apenas pela exigência de acomodações para os imigrantes, mas também pela experiência que traziam nos serviços de hotelaria europeu.

___Nesta época, surgiram vários estabelecimentos hoteleiros, e estes apontavam à perspectiva do progresso da cidade. Alguns logo ficaram famosos, com expressão nacional e internacional, como:

Hotel Brésil, muito procurado por visitantes estrangeiros especialmente alemães,

Hotel Siglo,

Hotel Central,

Hotel de France,

Hotel Continental.
Hotel Bruno, no Caminho Novo (Rua Voluntários da Pátria), 239, atual 769, em frente à antiga Estação Ferroviária de Porto Alegre (Castelinho). Propriedade de Roberto Bruno Petzhold, nas primeiras décadas do século XX.

1875

Estrangeiros

___No Rio Grande do Sul, por exemplo, de 1859 a 1875, o Governo da Província registrou o número de 12.563 estrangeiros, das seguintes nacionalidades:

·         Alemães (8.412),

·         Austríacos (1.452),

·         Italianos (729),

·         Franceses (648),

·         Suíços (263), e

·         Outros (105).

1877

Exposição Internacional

Em 1877, D. Pedro II havia se surpreendido com essa maravilhosa invenção do “aparelho de Telephone” na Exposição Internacional de Filadélfia (EUA).

Nota:

- Pouco tempo depois os primeiros telefones estavam sendo fabricados no Brasil, para serem instalados no palácio do Imperador, entre o Rio de Janeiro e Petrópolis, sendo a segunda encomenda de Graan Bell (o inventor).

1879

Hotel – Telephone

Desde 1879, no Brasil, havia hotéis com telefone à disposição do público, inicialmente apenas para solicitar transporte.

1880

Telephone

Em 1880, no Brasil, uma grande novidade que fez a diferença nos melhores hotéis foi o “telefone”.

Ao Rei dos Mágicos

___No Rio de Janeiro, sugestivamente, uma casa comercial chamada Ao Rei dos Mágicos instalou a “primeira rede telefônica” do país, interligando-se a várias repartições públicas na cidade.

Hotel de Passagem

Em 1880, existia em Porto Alegre os hotéis de passagem, que atendiam principalmente ao pessoal do Porto da capital, a um baixo custo, sem serviços, como:

Hotel da Figueira,

Hotel do Commercio.

___Localizados no novo prédio do Mercado Público (1869), junto a Doca das Frutas (Praça Parobé).

1881

CTB - Companhia Telefônica Brasileira

Em 1881, no Brasil, somente com a criação da CTB - Companhia Telefônica Brasileira, o serviço ganhou corpo.

___Mas o Brasil estava adiantado neste setor, em relação ao restante do Mundo.

Hospedagem – Eletricidade

___Outra inovação bastante alardeada foi a eletricidade. Os avanços nessa área vieram por etapas. Primeiramente, o conforto de uma campainha elétrica em todos os quartos, para o hóspede solicitar serviços sem precisar ir até a recepção. Depois, a iluminação de alguns setores, especialmente os de uso comum. Depois, os quartos. E, nos prédios altos, os elevadores movidos a energia elétrica causavam admiração.

Hotel – Entretenimento

___Além das novidades tecnológicas, a inserção dos hotéis na vida social não somente conferiu notoriedade aos que souberam seguir esse caminho, como colaborou para a transformação de costumes arraigados da antiga sociedade colonial. Trazendo artistas de companhias estrangeiras para os palcos portoalegrenses. A partir daí, os hotéis também se incorporaram aos divertimentos da cidade.

___Começaram discretamente, exibindo bandas de música, e em pouco tempo já promoviam os primeiros bailes carnavalescos em salões, poupando os foliões de grosserias inconvenientes dos entrudos, nas ruas.

Casa de Cômodos

Beco

___A casa localizada no “beco” é sinistro, sujo, perigoso e feio, espaço que concentra o pobre, encravado no coração da cidade. É o mau lugar. (PESAVENTO, 2001) se firmaram inicialmente com o fim da escravidão de Negros e Índios, em 1888, e com o declínio do Centro da cidade.

Cortiço

___As Casas de Cômodos, também conhecidos como “Cortiços”, que na verdade eram casebres construídos nos fundos de uma moradia principal.

___Estes locais passaram a ser constantemente mencionados pela imprensa, formadora de opinião, como lugares perigosos onde ocorria todo tipo de contravenção. Estes jornais contribuíram para a construção de imagens fortes com muitos artifícios e retórica, apontando para uma realidade que nos deixa visualizar uma grave questão social que já se delineava naquela época.

___Estes periódicos, em seus artigos de cunho moralista, referiam-se à alguns hotéis, que segundo eles, sob a designação de hotéis albergavam o meretrício e pontos de prostituição.

Primeiro Turista do Brasil

___O imperador do Brasil, Dom Pedro II (Reinado 1841-1889), o “maior viajante” interna e externamente no período, em viagens oficiais, mas também simplesmente como “turista”, viajando como um cidadão comum.

1890

Pensão

Em 1890, começam a surgir as Pensões chegando a um número superior a 250 e estavam localizadas na sua maioria no centro da cidade, predominantemente nas ruas:

·         Rua da Praia (Rua dos Andradas),

·         Caminho Novo (Rua Voluntários da Pátria),

·         Rua da Ponte (Rua Riachuelo), e

·         Rua Nova (Rua Andrade Neves).

___Mas, também eram encontradas em outros arraiais ou arrabaldes (bairros), particularmente, os Cidade Baixa, hoje incorporado à área central, Menino Deus, Bom Fim e Azenha. Os imigrantes e comerciantes que vinham em direção ao Rio de La Plata, chegavam trazendo família e todos os bens que possuíam, e hospedavam-se nas pensões familiares.

___Estas Pensões eram precárias, sem água corrente, e com poucos banheiros de uso coletivo e localizavam-se ao redor do porto.

___As pensões eram usadas também como moradia de pessoas que chegavam para ficar na cidade e, na maioria dos casos, serviam refeições completas.

Jovens

___Em muitas destas Pensões, moravam jovens, principalmente rapazes, que vinham do interior, para estudar e servir no exército.

Viúvas

___Aí também moravam famílias, em geral viúvas com filhos: - nesta época as mulheres não exerciam atividades remuneradas e viviam de “pensão” deixada por seus falecidos maridos, e desta forma era mais barato viver nas pensões, o que eliminava o custo da manutenção da moradia, além de serem mais seguras.

Dormitórios

___Quando a mão-de-obra escrava começou a ser substituída por empregados que vinham da Europa, estes usavam as Pensões como dormitórios.

Casa de Cômodos

___Segundo Rodrigues (1989, p. 46) os Cortiços constituem:

“Habitações coletivas, em imóveis com pouca ou nenhuma conservação, de idade média elevada, que proliferam nas áreas centrais. [...] Os cortiços correspondem a uma das mais antigas formas de habitação das classes populares.”

___Os jornais mais importantes da época eram:

·         Correio do Povo

·         Jornal do Comércio

·         A Gazetinha

·         O Mercantil, e

·         Gazeta da Tarde (PESAVENTO, 2001, p. 86).

___De acordo com Pesavento (2001), as Casas de Cômodos se caracterizavam por serem habitações precárias, insalubres, sem ar e ventilação, a maioria das vezes sem esgoto e superlotadas.

___Em geral estas casas possuíam uma bica e um tanque para uso comum.

1894

O Inspetor

Em 1894, o governo criou o cargo de ‘Inspetor de Higiene’ que fiscalizava a salubridade destas Casas de Cômodo. Em jornais da época encontravam-se os resultados destas visitas que dão uma ideia da precariedade daquelas moradias.

___É provável que muitos destes meios de hospedagem fossem lugares adaptados para tal fim e alugados, sendo talvez esta a explicação para tantos nomes diferentes em um mesmo endereço. Além disto, é necessário que se leve em conta que ocorreram várias mudanças na legislação e forma de tributação de imóveis particulares e comerciais, muitas vezes modificando a maneira como estes registros eram feitos.

___Da mesma forma, mudanças no traçado das ruas e conseqüente modificação na numeração e nomes de ruas, podem ter contribuído para a confusão de endereços e proprietários muitas vezes encontrada, principalmente, nos livros de registros de impostos.

Hotel

No século XIX, no livro de Athos Damasceno cita os seguintes hotéis de Porto Alegre:

Hotel Drügg,

Hotel dos Artistas,

Hotel Aliança,

Hotel do Commércio,

Hotel Portoalegrense,

Hotel da Estrela,

Hotel Figueirense,

Hotel Nova Fama,

Hotel Fluminense,

Hotel Imperial,

Hotel do Higino,

Hotel da Marinha,

Hotel do Silva Santos,

Hotel Primeiro de Dezembro,

Hotel d’Europe,

Hotel Santa Leopoldina,

Hotel de Portugal,

Hotel de Veneza,

Hotel do Fúlvio,

Hotel do Universo,

Grande Hotel de Itália,

Hotel Central,

Hotel do Louvre,

Hotel Chinês,

Grande Hotel da Paz,

Hotel Roma,

Grande Hotel do Theatro,

Hotel Franco Italiano,

Hotel da Província,

Hotel Continental,

Hotel Garibaldi,

Hotel do Globo,

Hotel do Pareta,

Hotel Becker,

Hotel Rhenano,

Hotel Preusslerd,

Hotel Schimdt,

Hotel Roth.

Hotel – Classe/ Categoria

___Entre os citados estão hotéis classificados de “primeira, segunda, terceira e quarta” classe. O desenvolvimento da hotelaria, com estruturas melhores, ocorreu nas últimas décadas do século XIX.

Hotel – Titularidade Administrativa

___Analisando apenas os hotéis que possuem o nome do proprietário nas listas, verifica-se que a grande maioria dos proprietários são homens. Isso não significa que as mulheres não ajudem o marido nas atividades do hotel, sejam administrativas ou operacionais, somente que o “cabeça” do negócio deve ser o homem, uma vez que o trabalho feminino ainda é condenado pelas regras sociais e que, pela legislação, às mulheres é proibido o registro de negócios e estabelecimentos comerciais em seu nome.

Século XX

Brazil

No início do século XX, uma das principais características da maioria dos hotéis existentes no Brasil é a utilização de antigas casas residenciais para a instalação do hotel. À medida que a demanda por hospedagem vai crescendo, os hotéis passam por reformas visando sua ampliação e, caso o prédio não tenha mais capacidade, alugam casas vizinhas para alocar seus hóspedes.

Porto Alegre – Início do Século XX

Nas primeiras décadas do século XX, Porto Alegre era uma cidade praticamente horizontal e as torres da Igreja das Dores dominavam a paisagem em meio a um casario modesto.

___Mas era tempo de transformações e a influência da arquitetura colonial portuguesa diminuía, sendo substituída por determinado estilo, que misturava elementos da arquitetura germânica a diversas outras tendências europeias.

___Surgiam prédios públicos novos e imponentes como os do Correios e Telégrafos e Delegacia Fiscal. Também na arquitetura privada, construções recentes redesenhavam o perfil da cidade, como as da Confeitaria Rocco e Cervejaria Bopp ou os “prédios das faculdades” junto ao Parque Paulo Gama.

___Principalmente nos primeiros anos do século XX, os hotéis ocupam dois ou três números de casas na mesma rua, de difícil localização atual.

Exemplo:

- Em Porto Alegre, o Hotel e Pensão Jung ocupa as casas números 31 e 33 da Rua Voluntários da Pátria no ano de 1915, passando a ocupar também o número 36A em 1925.

Década 1900

Por volta de 1900, Porto Alegre já contava com mais de 50 hotéis.

Hotel – Propriedade Familiar

___Todos os hotéis existentes na cidade, até o início do século XX, eram de propriedade familiar, pertenciam a famílias de destaque na cidade, ou pertenciam a algum imigrante.

No início do século XX, encontramos anúncios destes hotéis que salientavam os confortos oferecidos como:

·         Instalações com água corrente quente e fria,

·         Existência de telefone e calefação,

·         Quartos com banheiros,

·         Aspectos como arejamento, sol e ausência de barulho.

Hotel – Atendimento

___Também era de grande importância o atendimento cortes, que em geral era feito pelos proprietários, ou pessoal bem treinado.

Hotel – Cozinha

___O estabelecimento deveria oferecer uma boa cozinha, com refeições fartas e saborosas, muitos ofereciam cozinha internacional, com “chef” europeu, com freqüência alemão ou francês.

Hotel – Poder

___O estímulo a uma arquitetura mais imponente, no caso dos prédios públicos, também espelhava o desejo da classe dirigente política de nosso Estado em demonstrar seu poder.

Hotel – Sucesso

___No caso da iniciativa privada, prédios cheios de detalhes e grandiosidade eram a forma concreta de espelhar o sucesso e a solidez do empreendimento.

Pensão

Início do século XX, as Pensões tiveram seu apogeu, e eram meios de hospedagem onde pessoas permaneciam por longos períodos de tempo, pelos mais variados motivos.

___Nas Pensões eram servidas refeições, e eram na maioria das vezes estritamente familiares: - muitas vezes estes imóveis pertenciam a viúvas, que com o aluguel do espaço garantia o seu sustento e o de sua prole.

___A constante chegada dos imigrantes, sem destino certo e sem condições de se deslocarem, lotava as pensões com famílias a espera de uma instalação definitiva nas colônias.

Rua da Praia – Vitrine

___A principal via da cidade, a Rua da Praia, era um resumo de todas as transformações, local em que ia toda a gente que quisesse ver e ser vista. Uma grande quantidade de bares, casas de chá e cafés oferecia-se às pessoas que descansavam ou simplesmente apreciavam o bom "Footing". Assim como os cinematógrafos.

___É nesse sentido que pode-se compreender o crescimento da hotelaria em Porto Alegre.

Hotel – RGS

Em 1907, dos 135 hotéis divulgados no Rio Grande do Sul com o nome do proprietário, destes, 132 (98%) são “homens” e 3 “viúvas”, significando que a esposa assume o hotel após a morte de seu marido, proprietário inicial. Esta característica se mantem nas décadas seguintes. O termo “viúva” vem acompanhado, em algumas vezes, não do seu nome, mas do nome do seu marido falecido. Nas décadas iniciais do século XX:

“Somente as viúvas podiam assumir responsabilidades na condução de negócios ou empreendimentos. Contudo, esse entrave não impediu que um grande número de mulheres fossem proprietárias de seus próprios negócios.”

Década 1910

Condições Sanitárias

Em 1912, é que o “sistema de esgotos” chegou a Porto Alegre, portanto, anteriormente as condições sanitárias da cidade eram bastante precárias, como dizia Alfredo Malan, que esteve em Porto Alegre no ano de 1896.

___Existia também o:

Hotel Bianchi de Caetano Bianchi, antes de 1928, após se transferiu para Pelotas.

Hotel de Esquina

___O Grande Hotel e o Hotel Majestic foram os principais, mas não foram, entretanto, os únicos hotéis importantes que Porto Alegre possuiu. A arquitetura hoteleira das primeiras décadas do século XX parece ter sido considerável no contexto central da cidade.

___Constata-se, pelos poucos dados existentes, haver um tipo freqüente e talvez predominante:

·         O hotel de esquina.

___É provável que a capacidade de investimento e a grande disponibilidade de lotes centrais permitissem ao proprietário a escolha do “terreno ideal” para a implantação de seu hotel. Num modelo urbano em que os edifícios, normalmente estreitos, não possuem recuos laterais, constituindo perfeitamente a rua, e considerando que o programa hoteleiro pressupõe um grande número de células habitacionais dispostas em relação a um corredor, o “terreno ideal” para que se obtivessem as melhores vistas e as melhores condições climáticas para tais células seria o de esquina.

___Constata-se, que os hotéis de meio de quadra possuíam a maioria de seus quartos ventilados e iluminados através de poços, sem vistas interessantes.

___O Grande Hotel exemplificaria o modelo do hotel de esquina, com aposentos voltados ou para as ruas ou para um pátio situado no quadrante interno do terreno, junto às divisas. Desta forma, todos os quartos seriam favoravelmente orientados, com privilégio, sem dúvida, daqueles voltados para fora, numa época em que o centro era calmo, descongestionado, bem freqüentado e seguro.

Estilo Hoteleiro – Mudança

___Eminentemente ecléticos ou caracterizando uma transição em direção à arquitetura moderna, com número de pavimentos variável entre quatro (Hotel Moritz) e 10 (Hotel Jung), eram todos grandes estabelecimentos, com uma base comercial bem marcada, às vezes de dupla altura.

___Normalmente, os quartos principais possuíam varandas voltadas para as ruas. Algumas vezes com aberturas (Hotel Moritz, La Porta, Viena), outras sem (Hotel Schmidt), a aresta de esquina poderia ser arredondada ou em ângulo de 45 graus.

___Alguns, como o Hotel Jung, em virtude da acentuada assimetria entre as duas alas, tinham plantas que tendiam mais à linearidade, com a quase totalidade dos quartos voltados para uma das ruas, do que à forma de “L”, mais freqüente.

Acesso à Praças

___Outra constatação relativa à época considerada é a grande quantidade de hotéis porto-alegrenses situados junto a praças. Tendência historicamente importante em cidades de prestígio, centros de negócios e distritos comerciais europeus e norte-americanos, os hotéis em praças ou parques urbanos.

___O Hotel Plaza ou Park Hotel’s - ocupam uma área nobre do tecido da cidade, visualmente agradável e livre da interferência de outros edifícios.

___A lista de exemplos é encabeçada pelo Grande Hotel, com acesso pela Rua da Praia, em frente à Praça da Alfândega, a via mais importante do centro de Porto Alegre, local de encontros, feiras e eventos culturais de relevo.

Desenvolvimento e Infraestrutura

___O estímulo à industrialização no Brasil, provocado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), gerou um grande surto de desenvolvimento na região.

___Mão-de-obra qualificada não faltava. A atividade fabril desenhou um novo perfil urbano e econômico na cidade, que exigiu a ampliação de toda a infraestrutura da cidade, inclusive no setor da hotelaria.

___Este cenário provocou também o surgimento de hotéis luxuosos, destinados a abrigar os grandes fazendeiros, comerciantes, artistas e os emergentes industriais.

Década 1920

Casa de Cômodos

A partir de 1920, obtemos registros das Casas de Cômodos, porém sabemos que estas aparecem já no final do século XIX, conforme relatos encontrados no livro “Uma Outra Cidade” (PESAVENTO, 2001).

Nos anos de 1920, a próspera capital porto-alegrense vivia uma Belle Epoque, com a inauguração de luxuosos hotéis e de imponentes palacetes, em meio a um processo de embelezamento da cidade.

Banheiro Privativo

___Nessa mesma época, em Porto Alegre, o glamour dos hotéis notabilizou-se com o sucesso internacional influenciados pelo Hotel Ritz, de Paris, considerado um marco na história da hotelaria mundial, apresentavam inovações hoje triviais, como banheiro privativo em cada quarto e empregados uniformizados.

___Grandes alterações urbanas promovidas em Porto Alegre, especialmente nas primeiras décadas do século XX, afetaram a localização e o conceito arquitetônico dos novos hotéis. O alargamento de avenidas, a verticalização e o uso intenso de automóveis traçaram perfis diferenciados nas principais cidades do país.

___Assim surgiram, principalmente na Europa, inúmeras empresas de transporte aéreo. ___No Brasil, entretanto, a aviação comercial só ganharia fôlego ao final dos anos 1920, primeiro em Porto Alegre.

Varig

Em 1927, Porto Alegre, é inaugurada a Varig - Viação Aérea Rio-grandense transportava seus passageiros nos hidroaviões Dornier Wal de nove lugares e um Dornier Merkur, de seis lugares.

___Com o fim da Segunda Guerra Mundial o avião passou a ser, em todo o Mundo, por excelência, um veículo essencial para o desenvolvimento do Turismo e para o intercâmbio entre os povos.

Década 1930

Na década de 1930, Porto Alegre, com uma população em torno de 250 mil habitantes, contava com 22 hotéis, quase todos no perímetro central da cidade.

Pensão

Entre a década de 1920/1930, as Pensões tiveram seu apogeu.

Nota:

- As Pensões tiveram papel importante na história da hospedagem de Porto Alegre, principalmente nestes primeiros anos do século XX.

Pensão de Artistas

Em 1935, em referência, além de “Hotéis” e “Pensões”, há uma rubrica específica para “Pensões de Artistas”, elencando 8 pensões, sendo sete com o nome da proprietária e uma com a denominação “Hotel Central”.

___A denominação “pensões de artistas” diz respeito a um local de prostituição, onde a prostituta reside na pensão e está submissa a uma cafetina, dona do estabelecimento (PEREIRA FILHO, 2014).

___Segundo o autor, estabelecimentos com essa denominação são comuns nesse período em diferentes capitais brasileiras, como: - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Manaus.

___É possível acrescentar, também, a capital Porto Alegre.

Imigrantes

___Em Porto Alegre, participam no negócio de hotelaria, imigrantes como: - Joseph Daher no Grande Hotel e Hotel Carraro em 1948, Alberto Nigri, no Hotel Regina (1939) e Hotel Majestic (1942), entre muitos outros.

Década 1940

Rede Hoteleira

A partir de 1940, os meios de hospedagem já estavam consolidados na história da cidade, constituindo-se em uma rede hoteleira diversificada e moderna.

Hotéis – Leis e Incentivos

___Durante as primeiras quatro décadas do século XX houve uma preocupação em ampliar a oferta de meios de hospedagem e qualificar os estabelecimentos existentes em todo o Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul, através da promulgação de leis, tanto em nível nacional como estadual. O Decreto Federal nº 1160, de 23 de dezembro de 1907 (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO, 2005) e a Lei Estadual nº 222, de 23 de novembro de 1917, do Rio Grande do Sul, que isentava de impostos, “por espaço de 15 anos, os hotéis modelos que se estabelecerem no Estado, em edifícios construídos especialmente para esse fim”, podem ter incentivado a construção de novos empreendimentos hoteleiros, contribuindo para o aumento no número de hotéis.

Hotel – Comando da Operação

Em 1940, de um total de 78 hotéis do Estado divulgados com o nome do proprietário, 72 são comandados por homens, 4 por mulheres e 2 por viúvas.

Pensão Familiar Brasileira

Em 1945, estava instalada em Porto Alegre a Pensão Familiar Brasileira, que ficava na Rua Senhor dos Passos, 154.

Pacote Turístico

Em 1949, na Europa, foi vendido o “primeiro pacote de turismo” que utilizava o “avião” como transporte.

Década 1950

A partir da década de 1950, o centro de Porto Alegre vai perdendo o seu antigo charme. A população de maior poder aquisitivo desloca-se para bairros menos congestionados, os prédios outrora residenciais, passam a comerciais e surgem problemas de segurança, principalmente à noite, quando diminui o movimento de lojas e escritórios.

Hotel Plaza

Em 1958, o Hotel Plaza, mais conhecido como Plazinha, foi erguido no mesmo lugar da Pensão Familiar Brasileira, na Rua Senhor dos Passos.

Varig – Rio/NY

Em 1955, a Varig inaugurou sua linha: Rio de Janeiro - Nova Iorque, com os confortáveis Super Constellation. O transporte aéreo já se consolidava como um fator de grande impulso para o Turismo “doméstico e internacional”.

___O crescimento do fluxo de turistas havia propiciado a instalação de novos hotéis em várias capitais brasileiras, como Porto Alegre.

___O “turismo e a hotelaria” sofreram um período de estagnação. A febre imobiliária nas grandes cidades direcionou a maior parte dos investimentos urbanos para a construção de prédios de escritórios e residenciais.

Conselho de Turismo

Em 1955, atenta à necessidade de dispor de um fórum próprio para discutir soluções focadas no turismo, a Confederação Nacional do Comércio, criou, o Conselho de Turismo, um órgão de assessoramento que reúne notáveis da hotelaria e da atividade turística nacional.

___Neste mesmo ano, empresários do ramo de hospedagem e alimentação uniram-se para fundar a Federação Nacional dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares.

Combratur

Em 1958, essa mobilização setorial acabou por despertar as autoridades públicas do País que, aprovaram a criação de um órgão nacional responsável pela coordenação das atividades destinadas ao desenvolvimento do turismo interno e externo:

·         CombraturComissão Brasileira de Turismo (Decreto Federal nº 44.863).

___No entanto, a crise ainda se arrastaria por mais alguns anos.

Década 1960

Porto Alegre – Turismo

Os anos 1960, apesar do contraste entre o mercado interno e o cenário internacional, os trouxeram novas perspectivas para o Turismo em Porto Alegre. Novos empreendimentos hoteleiros entraram em cena, estimulados pelo aquecimento da economia no período e pelos incentivos para investimentos oferecidos.

Porto Alegre – Comportamento

Até os anos 1960, a entrada dos tempos modernos, as práticas antigas de comportamento social, não raro, obedeciam ao que hoje conhecemos como “me engana que eu gosto”. Valia inclusive e principalmente para a prostituição em Porto Alegre. As “prostitutas” se dividiam em dois grandes grupos, as que “se viravam”, na gíria daquele tempo em cabarés, conhecidos como lupanares ou casas de tolerância, e as moças que exerciam a “profissão nas ruas”. O eufemismo para esse grupo social era “rodar a bolsinha”. Geralmente pendurada pelos ombros, onde elas guardavam documentos – Deus m’o livre sair sem eles! - dinheiro e a Carteira da Saúde. Esta era ferramenta de trabalho, cuja ausência poderia levar à prisão.

Delegacia de Costumes

___Naquela época, o controle de comportamento social (ou antissocial) era feito por uma delegacia especializada, a Delegacia de Costumes, que além da prostituição cuidava das drogas, incipientes na época, basicamente maconha e anfetaminas como Pervirtin e Dexamil. Misturadas com álcool, deixavam o freguês sem dormir por longos períodos de tempo, hoje também conhecidos como rebite, ingeridos por alguns caminhoneiros para viagens longas.

Trottoir

___As prostitutas de rua faziam o “Trottoir”, palavra francesa que deu origem ao “trotear”. Se uma prostituta ficasse parada atraindo fregueses era cana certa. Mas se elas troteassem nas calçadas arrodeando a bolsinha era uma prova que não exerciam a prostituição. Isso ficou tão arraigado que, mesmo em décadas mais recentes, estas mulheres ficavam indo pra cá e pra lá. Sem nem mesmo saber porque assim faziam.

Quartos

___Não existiam motéis como conhecemos. Nos “Cabarés” havia quartos ou se buscavam Pensões.

Conselho de Turismo

Em novembro de 1961, os problemas do setor eram apontados pelo presidente do Conselho de Turismo da CNCCorintho de Arruda Falcão, em reunião da entidade:

“Falta-nos a civilização de como receber o turista nos portos e aeroportos, nos quais cinco ministérios diferentes entravam a entrada de nossos visitantes, com emprego de métodos e processos obsoletos, já abandonados por todos os países do mundo. [...] falta-nos civilização, quando se nota a inexistência de um grande parque hoteleiro, condição “sine qua non”, para que recebamos hóspedes. Que melancolia, sabermos que todos os apartamentos de classe turística, no Brasil, não atingem o número de 10 mil, enquanto que a França possui 400 mil e a Espanha 280 mil” (FALCÃO, 1961).

Motel

___O termo é a junção das palavras "motor" e "hotel" e tinha como objetivo oferecer uma hospedagem prática e acessível para os motoristas.

Prazeres e Luxúrias

___Em Porto Alegre, os homens, que hoje podem usufruir dos prazeres sexuais com suas amantes ou namoradas, despreocupados e seguros em motéis confortáveis ou em suas casas, deveriam interromper por alguns segundos suas atividades para prestar uma homenagem a nós, os precursores dessa batalha pelo direito do sexo livre.

Nas décadas 1960 e 1970, em Porto Alegre, ter uma boa e variada vida sexual não era nada fácil. Uma parte das moças que nos interessavam, ainda praticava aquela velha chantagem que suas mães lhe ensinaram: - “sexo só depois do casamento”. Mesmo com aquelas moças mais avançadas em seu tempo, havia um grave problema de logística: - onde levá-las? – Quem já tinha carro, poderia arriscar ser assaltado, preso pela polícia ou, na melhor das hipóteses sofrer um torcicolo, ao transformar os bancos do seu carro (quase sempre um Fusca) em cama.

Quartos por Hora

___Havia os lugares que alugavam “quartos por hora”. Como acontecia com alguns prostíbulos, essas casas não tinham nenhuma sinalização que nos orientasse em sua busca. Era um segredo, passado de boca em boca.

Casa do Meio

___A "Casa do Meio" quase de domínio público, na Rua Botafogo, no Menino Deus.

___Outras casas, em sua maioria, eram lembradas pelo nome de alguma benfeitora:

Casa da Emília, 

Casa da Dorinha,

Casa da Lourdes, assim por diante.

___Eram lugares de pouca higiene e quase nenhum conforto. Em vez de um banheiro, uma bacia com um jarro d’água ao lado e um rolo de papel higiênico, aos heróis desbravadores do sexo em Porto Alegre.

Motel Marli

___No final da década de 1960, o empreendimento revolucionou o mundo do sexo na cidade, criando o primeiro motel digno desse nome em Porto Alegre. Prédio grande, com estacionamento, portaria, apartamentos confortáveis e banheiros com água quente, as modernas instalações ficavam na Avenida Padre Cacique, quase esquina Rua José de Alencar, no bairro Menino Deus.

Motel – Dona Marli

___Criação daquela senhora, antiga prostituta que ascendeu na vida pelo seu esforço diário, Dona Marli, ela foi vilipendiada e perseguida pela administração pública. O Motel da Marli é fechado, Marli é presa e os que naquela noite se dedicavam aos prazeres do sexo foram levados para a Delegacia de Costumes para prestarem esclarecimentos.

___Em 24 de abril de 1972, o Prefeito Thompson Flores (destruidor da história da cidade) inaugurou na Avenida Padre Cacique o viaduto D. Pedro I, exatamente no local em que o Motel Marli, estava instalado (era a higienização da cidade).

Nota:

- Naquele ano de 1972, vivia-se o auge da ditadura militar no Brasil e os milicos estavam comemorando o sesquicentenário da Independência. Dentre as solenidades previstas estava a colocação de uma urna com os ossos do imperador, trazidos de Portugal, num espaço do viaduto que levava seu nome. Ocorre que ninguém chamava aquele viaduto pelo seu nome oficial. Era o Viaduto da Marli. Algum tempo depois, o motel virou um estacionamento e o viaduto continua lá, quase inútil. (Marino Boeira, jornalista, subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter)

American Bar

Nos anos 1960, eram muito demandados os bares de hotéis, como o do:

·         Plazinha (Hotel Plaza Porto Alegre), na Rua Senhor dos Passos,

·         Hotel Embaixador, Rua Jerônimo Coelho,

·         City Hotel, a Rua José Montaury,

·         PH, do Pretto Hotel, na Avenida Salgado Filho.

Embratur

Em 1966, é criada a Embratur – Empresa Brasileira de Turismo, empresa estatal criada pelo Decreto-Lei 55, com a missão de formular, coordenar e fazer executar a Política Nacional do Turismo.

Motel – Ditadura

___A construção de motéis no Brasil foi impulsionada durante a Ditadura Militar, em paralelo ao incentivo ao turismo e à criação da Embratur-Empresa Brasileira de Turismo (1966). Diferentemente do modelo americano original, os motéis brasileiros se tornaram locais especializados em encontros íntimos e amorosos, atendendo à necessidade de privacidade em uma sociedade com restrições. O “modelo brasileiro” de motel, com suas características de privacidade e estética sugestiva, se tornou único e até mesmo um produto de exportação.

Motel – Brasil

Em 1968, o “primeiro motel brasileiro” foi inaugurado o Motel Playboy, em Itaquaquecetuba (SP), por Cervando Fernandez Dávila.

Motel Cabana

Em 1969, em Porto Alegre, entre os bairros Espírito Santo e Guarujá, na zona Sul, as 42 cabanas que eram para ter sido um motel, projeto elaborado pelo empresário Dawid Jozef Kapel, mas nunca entraram em atividade.

___Com estruturas que eram consideradas inovadoras, o motel construído em frente à Avenida Juca Batista tinha um conceito americano. A ideia era que as famílias que estivessem de passagem pela Capital pudessem escolher uma das cabanas, ou mesmo os apartamentos instalados nos fundos da propriedade, para passar a noite. Proprietário de uma fábrica de móveis localizada na área central, Kapel utilizava os lucros da empresa para realizar a construção. Após a compra do terreno, em 1965, o empresário levou em torno de três anos para terminar de erguer o muro que cerca a propriedade. Depois, começaram as obras das cabanas. A escolha de materiais de alto padrão – como o mármore instalado nas garagens das 42 cabanas e o carpete que seria colocado nas unidades, importado do Canadá – acabaram encarecendo demais a obra.

___Na década de 1980, Dawid Jozef Kapel fez todo o encanamento subterrâneo, instalou uma cisterna para aproveitar água da chuva, instalou placas solares. Infelizmente, acabou ficando muito caro e não conseguimos finalizar. Entre as estruturas inovadoras para a época, estava um sistema de captação e aproveitamento da água da chuva. O empresário tinha muita preocupação com a segurança e investiu em grades resistentes e até vidros à prova de balas.

Motel Cabana – Maldição?

___Há quem diga que uma maldição impediu o funcionamento. Outros afirmam que o negócio não prosperou devido a uma promessa. A mais conhecida é de que a inauguração nunca ocorreu porque Kapel teria feito uma promessa de que pararia a obra se a sua filha se recuperasse de uma doença grave. O detalhe, que diverte a família, é que Dawid teve três filhos, nenhuma menina. Já me disseram que o motel nunca abriu porque foi amaldiçoado por estar ao lado de uma igreja. Só que a igreja surgiu muito depois, quando já estavam construindo aqui — revela, aos risos, Rosane Slodkowski, nora de Dawid.

___Em 1997, o filho, Uzi Kapel, que acompanhou desde criança o desenvolvimento do projeto, passou a morar no local com a família – a esposa Rosane Slodkowski e os dois filhos, Dawid e Jonathan, recepção do motel é a residência da família de Uzi Kapel, filho do empresário Dawid Jozef Kapel. (Anselmo Cunha / Agencia RBS)

A família acompanhou a construção das cabanas, iniciada na década de 1960

Anselmo Cunha / Agencia RBS

Meu pai tinha uma visão muito para frente das coisas.

___Em 2005, Dawid Jozef Kapel aos 70 anos, o empresário acabou falecendo vítima de um câncer. A construção ainda não havia sido finalizada, e os três filhos, ao fazerem o levantamento dos custos para terminar os trabalhos, decidiram interromper a obra.

___Há alguns anos, os irmãos Kapel tentaram vender a propriedade. Mas nunca houve avanço nas negociações. (Texto Laura Becker, GZH, 26/11/2021)

Década 1970

Hotelaria – Novo Vigor

No início dos anos 1970, a hotelaria e o empresariado do setor deram mostras de novo vigor. A diversificação de serviços com perfil de luxo e o aumento da profissionalização no setor foram fatores decisivos não apenas para a promoção da hotelaria nacional, mas especialmente para o incremento da imagem do Brasil como destino importante do turismo internacional, e Porto Alegre sendo um dos seus destinos coadjuvante.

Plaza São Raphael

Em 14 abril de 1973, o Hotel Plaza São Rafael, Avenida Alberto Bins, 514, foi inaugurado o “primeiro hotel cinco estrelas” do Rio Grande do Sul. Também foi pioneiro em outros aspectos. Trouxe ao estado um Centro de Eventos com capacidade de até três mil pessoas, e foi protagonista oferecendo serviços de gastronomia vinte e quatro horas.

American Bar

O auge foi nos anos 1970, com os bares parecidos:

·         Plazinha, na Rua Senhor dos Passos,

·         Alfred Porto Alegre, com entrada na mesma rua, o Embaixador, na Rua Jerônimo Coelho,

·         Lido Hotel, na Rua Andrade Neves,

·         City Hotel, na Rua José Montaury.

___O Plaza São Rafael nunca chegou a ter um bar de verdade, com exceção dos primeiros anos – um “Snack Bar”, logo na entrada à esquerda.

___ O Hotel Everest também nunca emplacou o seu. Poderia ser no último andar, onde ficava o restaurante, mas quem gosta de bar não queria olhar para fora, queria olhar para dentro, com suas conversas e namoros pudicos.

___O melhor bar era o do Plazinha, sem janelas, a média luz, mesas protegidas com cadeiras de espaldar, belo sortimento de bebidas importadas e um barman especializado em coquetéis muito além do indefectível “Martini”.

Tiffany’s

___ Ponto de honra, o bar de hotel mais bonito da cidade foi o “Tiffany’s”, do Alfred Hotel da Rua Senhor dos Passos. Com decoração marrom e veludo bordô, imitava o Harry ‘s Bar de Veneza (Itália), um luxo.

___Foi uma lástima os donos o terem fechado, nos anos 1990

Sistema de Classificação

___Em se tratando do Sistema de Classificação dos meios de hospedagem no Brasil, historicamente falando, ele tem evoluído consideravelmente, desde a década de 1970, e passou a ser obrigatório em 1977, quando foi criada a Lei nº 6.505.

Década 1980

Até o início dos anos 1980, os bares de hotéis de Porto Alegre eram parte do charme do Centro.

Ocorrido

Estória de Bar

___Foi no Plazinha que aconteceu o caso da mulher que contou sua dolorosa história, que começou quando salvou um garotão de morrer afogado em uma piscina fazendo respiração boca-boca, justo quando chegou o marido e maldosamente pensou que se tratava de outro procedimento, o boca-boca puro e simples. Uma injustiça queixou-se, não se pode mais fazer o bem que lá vem maldade. Levou horas contando a triste história. Atento, o homem que a acompanhava começou a olhar para os lados, depois embaixo das mesas vizinhas e da sua.

___Surpresa, ela interrompeu a história perguntando se algo estava errado.

– Sim. - Estou procurando a pessoa para quem estás contando tua história.

– Para mim é que não estás. (Por Fernando Albrecht)

Sistema de Classificação

Em 1980, foi publicado o Decreto nº 84.910, que regulamentou os dispositivos da Lei nº 6.505, de 13 de dezembro de 1977, referentes aos meios de hospedagem de turismo e criou um capítulo exclusivo sobre a classificação dos empreendimentos.

Decadência do Centro

Na década de 1980, com o aparecimento de grandes shopping centers, o tradicional “comércio de rua” tem sua importância reduzida e o processo de degradação do Centro acentua-se ainda mais.

Hotel Conceito

___Os antigos hotéis vão gradativamente desaparecendo e dão lugar a empreendimentos mais modernos, adaptados aos novos padrões tecnológicos e ao novo perfil sócio-econômico dos hóspedes, “o conceito”.

Motel O Medieval

Em 1989, é inaugurado o Motel O Medieval na Rua Dona Alzira, 626, Bairro Sarandi, na época trouxe para Porto Alegre e região metropolitana uma grande novidade, um motel com a fachada em formato de “Castelo”. Com mais de 70 metros de altura, sua fachada encanta pela fidelidade aos castelos medievais europeus. Central de Atendimento | (51) 9 9997.0626.

Década 1990

Em 1991, a Lei nº 8.181 deu ao Instituto Brasileira de Turismo (Embratur) a função de “classificar os empreendimentos” dedicados às atividades turísticas.

Motel

Na década de 1990, conforme o diretor da área do Sindicato de Gastronomia e Hotelaria de Porto Alegre (SindPoa), proprietário do Motel Medieval e do Motel Sherwood, Eduardo Santos aponta a grande mudança não só dos motéis, mas da forma como as famílias passaram a encarar o sexo. Até ali, a maior parte da clientela era composta por jovens casais com acesso ao carro dos pais, mas impossibilitados de transar em casa. O motel, por sua vez, era um recanto de que pouco se falava, mas muito se usava. (GZH-Comportamento 09/09/2012)

Motel – Mudanças Sociais

___As famílias foram forçadas a ser menos moralistas. Os pais deixaram de ver problema em os filhos transarem em casa com os namorados. Preferem eles amparados do que a perigo por aí. Em outros tempos, aos finais de semana, a fila de carros ia até lá na rua - relembra Eduardo Santos. (GZH-Comportamento 09/09/2012)

Motel Direcionado

Em 20 de dezembro de 1995, quarta-feira, o motel dirigido a casais de “homossexuais masculinos e femininos” começa a funcionar em Porto Alegre. Embora destinado preferencialmente a homossexuais, o novo estabelecimento, atenderá também casais heterossexuais.

Divina, Meu Adorável Motel

___Situado na Rua Zaida, no Morro de Santa Tereza, na zona Sul, o motel terá cardápio de comida indiana -"afrodisíaca", segundo a proprietária Dailva Zurene Gomes- e um sex-shop. Segundo a proprietária, a expectativa é de êxito. Para ela, muitos homossexuais sentem-se constrangidos e temem ser barrados em motéis convencionais. A idéia do motel surgiu em maio 1995, fez uma pesquisa entre seus clientes sobre a aceitação de um local dirigido a homossexuais. Satisfeita com as respostas, a empresária contratou a agência AD Propaganda Para Públicos e realizou uma pesquisa mais ampla, em outubro. O resultado indicou que a inexistência de um motel era uma das principais carências dos homossexuais da cidade, disse ontem André Oliveira, da AD Propaganda.

 ___Dailva Zurene, proprietária dos motéis:

Motel Maiorca

Motel Florença

___O motel tem 22 apartamentos, em três categorias. Um objetivo na construção dos ambientes foi quebrar a "impessoalidade" da maioria dos motéis. "A idéia é fazer com que as pessoas se sintam em casa", a arquitetura é "diferenciada" porque o público-alvo "é superexigente". A marca do motel estampa duas zebras, uma encostando a cabeça na outra. Uma campanha publicitária, em rádio, TV e out-door, será lançada na próxima semana.

Motel – Queda Movimento

Desde 1998, segundo estimativa do Sindicato de Gastronomia e Hotelaria de Porto Alegre, a queda de movimento nos motéis associados foi de aproximadamente 30%. Seria muito maior, apostam os donos das principais “redes moteleiras” da Capital, se eles não tivessem corrido atrás do prejuízo. (GZH-Comportamento 09/09/2012)

Século XXI

Hotel

___Chegamos aos tempos modernos onde os serviços de hotelaria, os hotéis, estão dotados de todos os requisitos necessários ou supérfluos para atender as exigências do hospede ou de cada hóspede do século XXI.

Década 2000

e-hotel

Em 2000, o Hotel Plaza São Raphael, evoluções continuam, com o lançamento do “primeiro e-hotel” do Brasil, conceito que alia tecnologia e meio de hospedagem.

Blue Tree Towers Millenium

Em 2001, inaugura o Hotel Blue Tree Towers Millenium, na Avenida Borges de Medeiros, no bairro Praia de Belas (frente ao Parque Marinha do Brasil), com 132 apartamentos e suítes, restaurante, bar, salão de beleza, galeria de arte e centro de convenção para 100 pessoas, propriedade da rede Blue Tree Hotels, de Chieko Aoki. A vista para o Lago Guaíba integra o cenário de um dos mais modernos hotéis de Porto Alegre, o Blue Tree Towers Millenium. O hotel é preferência de atores renomados e artistas que fazem shows na região.

Motel

Motel – Novo Público

Na década de 2000, ao mirar adultos, os motéis acertaram um público ainda mais surpreendente. Acentue o problema da privacidade, adicione reposição hormonal, Viagra e bastante tempo livre. A procura por casais de terceira idade, que redescobrem a sexualidade com a aposentadoria. (GZH-Comportamento 09/09/2012)

Motel – Festas

___Promover festas em motéis dá mais incomodação do que lucro. Mas é exceção, novidade na década 2000, hoje são poucos os motéis que não oferecem espaços amplos com churrasqueira. A ideia é receber festinhas para até 30 convidados, atraídos mais pela curiosidade do que pela sacanagem. São eventos como chás de lingeries, despedidas de solteiro e celebrações de firma. O toque opcional de sacanagem pode ser a presença de uma stripper ou de uma desinibida vendedora de sexy shop.

Motel – Hotelaria Tradicional

___Usar o serviço de “motel” para comer, dormir e trabalhar. Pois há também essa opção. Em eventos que saturam a rede hoteleira de Porto Alegre, como a Expointer, os motéis viram dormitórios para grupos de outros Estados e países.

Motel – Novos Públicos

___Conforme Eduardo Santos (SindPoA), a fronteira final é atrair o pária dos párias dos motéis. O grande chinelão. O pedestre. Estabelecimentos que oferecem desconto em apartamentos sem vagas de garagem têm se surpreendido com a procura. Buscar novos consumidores foi uma necessidade, mas há dois públicos com que o motel dificilmente deixará de contar. As acompanhantes, como preferem ser chamadas as “garotas de programa” agenciadas por sites, e os adúlteros. (GZH-Comportamento 09/09/2012)

Classificação por Estrelas

Em 2002, foi divulgada a Deliberação Normativa nº 429, a partir da qual os meios de hospedagem passaram a ser “classificados em categorias” (Ministério do Turismo, 2014). Essas categorias são representadas por “símbolos, as estrelas”.

Estrelas

1 *

2 **

3 ***

4 ****

5 *****

6 ******

Motel Vis à Vis

Em 2004, o Motel Vis à Vis chegou à Avenida do Forte, na zona Norte de Porto Alegre.

Década 2010

MTur – Estudo

___O MTur, com o objetivo de possibilitar a concorrência justa entre os meios de hospedagem do país e auxiliar os turistas, brasileiros e estrangeiros, em suas escolhas, optou por uma classificação padronizada, coerente com as diversidades dos tipos de meios de hospedagem e baseada em critérios técnicos, após realizar todo um processo de pesquisas e estudos.

Classificação – SBClass

Em 16 de junho de 2011, foi editado a Portaria nº 100, a qual instituiu o Sistema Brasileiro de Classificação de Meios Hospedagem (SBClass), como estratégia para promover e assegurar a competitividade em um mercado global altamente disputado (Ministério do Turismo, 2010).

___Com a criação do SBClass, o MTur voltou-se para o propósito de atender à diversidade da oferta hoteleira nacional, estabelecendo, de forma participativa, em parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), a Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM) e a “sociedade civil”, sete tipos de meios de hospedagem, sendo eles:

Hotel, Resort, Hotel Fazenda, Cama & Café, Hotel Histórico, Pousada e Flat/Apart-Hotel.

___O pré-requisito para o empreendimento solicitar e participar do processo de classificação seria a regularidade do cadastro do Meio de Hospedagem no MTur, por meio do Cadastro dos Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), um Sistema de Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo, o qual foi criado em 2008, a partir do Plano Nacional de Turismo (PNT) 2007-2010.

Década 2010

Center Verdes Pássaros

Em setembro de 2012, na Avenida Júlio de Castilhos, será inaugurado o Motel Center Verdes Pássaros. Serão 18 apartamento em formato de "Lofts" e nenhuma vaga de garagem. A região está valorizada e faltava uma opção de qualidade, com pequenos luxos, como internet para quem quiser aproveitar o tempo no Centro. Se der certo, temos como dobrar imediatamente a capacidade.

Motel Taikô

___Localizado na estratégica região industrial perto do Aeroporto, do proprietário Vilson Martins percebe as intenções do seu público conforme o horário em que os carros, aos pares, chegam às garagens.

Blue Motel

___Conforme o proprietário Vilson Martins, o pessoal da infidelidade vem bem cedo da manhã, no intervalo de almoço ou logo depois do expediente.

Motel – Procura

___Em horários menos previsíveis, mas sempre diurnos, atendem as acompanhantes. A demanda é tamanha que os programas chegam a ocupar uma em cada três suítes dos principais motéis em dias úteis. Os estabelecimentos procuram ter uma relação de camaradagem com as moças, mas recusam parcerias.

___Conforme Alexandre Vilas Boas Badotti, responsável pela filial de Porto Alegre, do Vis à Vis, “rede moteleira” presente também no Paraná (Curitiba) e em Santa Catarina (Itajaí e Joinville), que vê na grande presença de “garotas de programa” uma das “peculiaridades” da capital gaúcha.

Motel – Programas

___Sem arriscar uma explicação para o fenômeno, Alexandre Badotti aborda o tema com cautela:

“Às vezes, elas pedem para deixar cartões na recepção ou prometem "caixinha" para os funcionários, se eles as indicarem para clientes futuros. Vetamos essas práticas. Nós nos certificamos da idade delas pelo documento e, em geral, termina aí o contato.

Motel – Acompanhantes

___Do lado de dentro, de acordo a depoimento, sobram histórias para contar. Os programas pelos mais variados motéis da Capital, antes de retornar à cidade natal com o pé de meia para abrir um negócio. Atendia de três a cinco clientes por dia da manhã até o entardecer. Por segurança, ignorava pedidos para que trabalhasse em residências ou hotéis.

Motel – Pelados e Caloteiros

___Existe uma lenda de que motel é dinheiro fácil. De que ser moteleiro é só trocar lençóis e ficar milionário. Bom, para começo de conversa, nenhum negócio que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, pode ser considerado fácil. Manter uma equipe preparada para servir com igual desenvoltura a qualquer hora do dia é apenas um dos desafios dos administradores de motel. Nenhum deles dorme longe do telefone celular, e os problemas são frequentes. Calotes, por exemplo, são ocorrências semanais, após usufruírem da estadia, os clientes simplesmente declaram não ter dinheiro. Sabem que não podemos prender ninguém, e abusam deste direito. Mulheres, principalmente. O que podemos fazer é, percebendo que se trata de um golpista, complicar ao máximo. Chamar a polícia, assinar uma promissória (...) Até deixar estepe já deixaram. Enchemos tanto a paciência que eles podem até não pagar, mas não voltam porque sabem que é muita incomodação - explica Alexandre Badotti. (GZH-Comportamento 09/09/2012)

Motel – Pessoal de Serviço Interno

___Conforme faxineiras sobre o dia a dia, vimos o lado menos “glamouroso da luxúria alheia”, uma gargalhada e param em seguida, envergonhadas. Elas são invisíveis e inaudíveis, mas às vezes esquecem desses detalhes, não são “surdas ou cegas”.

Hotel Residência

___Além dos hotéis tradicionais, uma série de “hotéis-residência e flats” que se espalham por toda a Porto Alegre. A principal característica do Flat é a inclusão de serviços semelhantes aos de um hotel, como arrumação, lavanderia, manobrista e recepção.

Metragem Compacta: - Os flats são geralmente menores que apartamentos tradicionais, com plantas que incluem um quarto, sala, cozinha (muitas vezes americana) e banheiro.

Comodidades: - Muitos flats possuem áreas de lazer e serviços no próprio edifício, como piscina, academia e restaurante.

Localização: - Frequentemente, os flats são encontrados em áreas centrais e estratégicas, perto de comércios e centros empresariais.

Funcionalidade e Otimização: - O espaço é bem aproveitado com mobiliário funcional e um layout inteligente, que prioriza a praticidade.

Hotel Radisson

Em 11 de agosto de 2013, o Blue Tree Towers Millenium foi convertido para a marca Radisson, sendo atualmente um Hotel Radisson, a ideia é unir a recepção e restaurante e elevar ainda mais o padrão do empreendimento.

Nome anterior: - Blue Tree Towers Millenium Porto Alegre.

Localização: - Avenida Borges de Medeiros, bairro Praia de Belas.

Hotel

Em 2018, Porto Alegre com quase 2 milhões de habitantes, possui 123 estabelecimentos hoteleiros, com 10 mil leitos disponíveis.

Estabelecimentos Hoteleiros

___Relação simples, uma pinceladas, de vários estabelecimentos e vários períodos de Porto Alegre.

(Ordem Alfabética)

A

Hotel Açores,

Hotel dos Artistas,

Hotel Aliança,

B

Hotel Becker, em 1891, comodidade dos banhos quentes e frios. Localização estratégica para os viagens.

Hotel Du Brésil, o Hotel du Brésil, apesar do nome, pertencia ao alemão Frederico Bahlcke. A propaganda destacava os "banhos e sorvetes", além da comunicação em inglês, francês, português e alemão, muito procurado por visitantes estrangeiros especialmente alemães (o prédio ficava no local onde se encontra o Clube do Comércio).

Hotel Bruno, no Caminho Novo (Rua Voluntários da Pátria), 239, atual 769, em frente à antiga Estação Ferroviária de Porto Alegre (Castelinho). Propriedade de Roberto Bruno Petzhold, nas primeiras décadas do século XX.

C

Hotel Carraro, na Rua São Raphael (Avenida Alberto Bins), esquina Rua Dr. Flores, em frente à Praça Otávio Rocha, Centro.

Hotel Central, o Hotel Central, de Rodolfo Schorn, dispunha de cozinha nacional e alemã, em almoços, jantares e ceias. Aceitava pensionistas e passageiros.

Hotel Chinês,

City Hotel,

Hotel do Commércio,

Hotel Continental.

D

Hotel Drügg,

E

Hotel Embaixador,

Hotel da Estrela,

Hotel d’Europe,

Hotel Everest,

F

Hotel de France, o Grande Hotel de France na Rua dos Andradas com atual Avenida Borges de Medeiros, comunicava a mudança para sobrado com salões e quartos, luxuosamente mobiliados. No anúncio, prometia serviços de "primeira ordem". O proprietário era João Pedro Bourdette, que fundou anos depois o Grande Hotel (o prédio ficava onde está o Edifício Missões).

Hotel Figueirense,

Hotel Fluminense,

Hotel Franco Italiano,

Hotel do Fúlvio,

G

Hotel Garibaldi,

Hotel do Globo,

Hotel Glória,

H

Hotel do Higino,

I

Hotel Imperial,

Grande Hotel de Itália,

L

Hotel Lagache, Rua Marechal Floriano, Centro.

Hotel La Porta, Rua dos Andradas, esquina Rua Uruguai.

Hotel do Louvre,

M

Hotel da Marinha,

Hotel Master,

Hotel Moritz, Rua Sete de Setembro, esquina Rua João Manoel, Centro.

N

Hotel Nova Fama

P

Hotel do Pareta,

Grande Hotel da Paz,

Hotel Plaza (Plazinha),

Hotel Plaza Catedral,

Plaza San Rafael,

Hotel Portoalegrense,

Hotel de Portugal,

 

Hotel Preusslerd,

Hotel Primeiro de Dezembro,

Hotel da Província,

R

Hotel Rhenano,

Hotel Ritter,

Hotel Roma,

Hotel Roth.

S

Hotel Santa Leopoldina,

Hotel Savóia,

Hotel Schimdt,

Hotel Sheraton, 

Hotel Del Siglo, de 1870, o tradicional Hotel del Siglo, de Francisco Negrony, oferecia "banhos quentes e frios, a qualquer hora do dia". O estabelecimento permanecia aberto até a meia-noite. Como em outros hotéis, o restaurante não era exclusivo dos hóspedes. Em frente à Praça da Alfândega, na Rua dos Andradas, estava aberto para jantares, banquetes e ceias. (o prédio ficava no local onde funcionou depois o Cinema Guarany, atual Banco Safra).

Hotel do Silva Santos,

T

Grande Hotel do Theatro,

Hotel Tryp Porto Alegre,

U

Hotel do Universo,

V

Hotel de Veneza,

Hotel Vienna, na Rua da Praia (Rua dos Andradas)



Hotéis
Porto Alegre Antigo

hospedagem
cidade de Porto Alegre
surgimento e evolução 


Homenagem aos antigos hotéis da capital, tão respeitáveis por sua peculiar elegância e proeminência de seus hóspedes.
Cada novo dia um tradicional hotel vira história.

- A posição geográfica privilegiada de Porto Alegre em relação aos principais pólos econômicos do Conesul, sua condição de capital de estado e características cosmopolitas, a identificam, em alguma medida, com as capitais argentina e uruguaia, fazendo de Porto Alegre um ponto estratégico no contexto da Região Sul.

- Como conseqüência, o setor turístico, até agora de secundária importância, tende a desenvolver-se, principalmente no que se refere ao chamado “turismo de negócios”, voltado à realização de encontros de trabalho, convenções e outros eventos do gênero.

- Fazer um “passeio nostálgico e bucólico” por Porto Alegre Antigo, percorrer o seu centro residencial e descongestionado, andar pela Rua da Praia, com seus charmosos cafés e galerias comerciais e descansar, finalmente, num banco da Praça d’Alfândega, de onde ainda se avista o pôr-do-sol no Guaíba.

- Se a importância da arquitetura hoteleira da capital gaúcha pode ser considerada discreta, exemplos como o do já extinto Grande Hotel, elegante estabelecimento situado em frente à Praça da Alfândega, e o do Majestic Hotel, atual Centro de Cultura Mário Quintana, não podem ser desprezados.

hotéis de Porto Alegre
— primeirAs HospedaRIAS e hotéis

- Muitos hotéis situavam-se na Rua da Praia, a via mais importante da época. Os mais antigos estabelecimentos de que se tem registro, com destaque na segunda metade do século XIX, também ali se situavam.

- A cidade de Porto Alegre apresentou na sua área central as diferentes possibilidades de acomodação para aqueles que por ela passavam. Os meios de hospedagem são parte integrante da história do lugar, possuem características peculiares, conforme a cultura e população de um lugar.

- Em Porto Alegre, verificou-se que o aparecimento deste tipo de comércio, é muito pouco conhecido, uma vez que não existem registros específicos sobre eles.

- Para relacionar a formação do parque hoteleiro de Porto Alegre ao seu crescimento, especificado uma linha histórica dividida em duas etapas:

- A primeira correspondendo aos acontecimentos desde 1732 até 1835, na Revolução Farroupilha,
- A segunda etapa até 1940.

- Toda a pequena vila ou cidade tem um local onde viajantes, turistas, comerciantes, caixeiros e passantes podem pernoitar.

O boom Imobiliário

- É só então que a cidade, capital desde 1773, começa a recuperar o prestígio e a hegemonia econômica perdidos para Pelotas durante boa parte do século XIX em função do ciclo das charqueadas. Ocorre um verdadeiro boom imobiliário e a demanda de arquitetos cresce vertiginosamente.

- Antes da Primeira Guerra Mundial já havia um número considerável de profissionais em atividade, a maioria alemães, etnia cuja imigração fora incentivada pela abolição da escravatura e pela instauração da República, que criou condições para a ascensão das classes burguesas que viviam do comércio entre a capital e as colônias.

- A estrutura açoriana da cidade tem sua fisionomia fortemente alterada e as construções, até então influenciadas pela arquitetura colonial portuguesa, passam a conviver com edifícios robustos, ecléticos, com um rigor quase militar.

- Dentre esses arquitetos alemães imigrados destacou-se Theo Wiederspahn, responsável por inúmeras obras de relevo desde sua chegada em 1908.

Hotelaria em Porto Alegre

- A grande maioria dos meios de hospedagem, na época, estava localizada no centro da cidade, com predominância na Rua dos Andradas e no Caminho Novo (atual Rua Voluntários da Pátria), o que se devia ao fato de o acesso à cidade ser por excelência fluvial e estas ruas ficarem nas cercanias do porto, facilitando o acesso dos hóspedes aos hotéis.

No século XIX, no livro de Athos Damasceno cita os seguintes hotéis de Porto Alegre:

Hotel Drügg,
Hotel dos Artistas,
Hotel Aliança,
Hotel do Comércio,
Hotel Portoalegrense,
Hotel da Estrela,
Hotel Figueirense,
Hotel Nova Fama,
Hotel Fluminense,
Hotel Imperial,
Hotel do Higino,
Hotel da Marinha,
Hotel do Silva Santos,
Hotel Primeiro de Dezembro,
Hotel d’Europe,
Hotel Santa Leopoldina,
Hotel de Portugal,
Hotel de Veneza,
Hotel do Fúlvio,
Hotel do Universo,
Grande Hotel de Itália,
Hotel Central,
Hotel do Louvre,
Hotel Chinês,
Grande Hotel da Paz,
Hotel Roma,
Grande Hotel do Teatro,
Hotel Franco Italiano,
Hotel da Província,
Hotel Continental,
Hotel Garibaldi,
Hotel do Globo,
Hotel do Pareta,
Hotel Becker,
Hotel Rhenano,
Hotel Preusslerd,
Hotel Schimdt,
Hotel Roth.

- Entre os citados estão hotéis de primeira, segunda, terceira e quarta classe.

O Ramo Comercial

Século XIX, em meados, o crescimento do ramo hoteleiro em Porto Alegre iniciou efetivamente.

- Existem apenas algumas referências em jornais, revistas e livros sobre viajantes, anúncios de hotéis, eventuais menções em crônicas sociais da época, mas nada sistemático ou organizado.

- Nesta época, surgiram vários estabelecimentos hoteleiros, e estes apontavam à perspectiva do progresso da cidade. Alguns logo ficaram famosos, com expressão nacional e internacional, como:
Hotel Brésil, muito procurado por visitantes estrangeiros especialmente alemães,
Hotel Siglo,
Hotel Central,
Hotel de France,
Hotel Continental.
Hotel Bruno, na Voluntários da Pátria, 239, atual 769, em frente à antiga Estação Ferroviária de Porto Alegre (Castelinho). Propriedade de Roberto Bruno Petzhold, nas primeiras décadas do século XX. - Gegenüber der Bahnstation''

- Todos os hotéis existentes na cidade, naquela época, eram de propriedade familiar, pertenciam a famílias de destaque na cidade, ou pertenciam a algum imigrante.

No início do século XX, encontramos anúncios destes hotéis que salientavam os confortos oferecidos como as instalações com água corrente quente e fria, a existência de telefone e calefação, quantos quartos possuíam banheiros e aspectos como arejamento, sol e ausência de barulho.

- Também era de grande importância o atendimento, que em geral era feito pelos proprietários, cozinha internacional, “chef” europeu com freqüência alemão ou francês.

Por volta de 1900, Porto Alegre já contava com mais de cinqüenta hotéis.

- Nas primeiras décadas do século vinte, Porto Alegre era uma cidade praticamente horizontal e as torres da Igreja das Dores dominavam a paisagem em meio a um casario modesto.

- Mas era tempo de transformações e a influência da arquitetura colonial portuguesa diminuía, sendo substituída por determinado estilo, que misturava elementos da arquitetura germânica a diversas outras tendências européias.

- Surgiam prédios públicos novos e imponentes como os do Correios e Telégrafos e Delegacia Fiscal. Também na arquitetura privada, construções recentes redesenhavam o perfil da cidade, como as da Confeitaria Rocco e Cervejaria Bopp ou os prédios das faculdades junto a Redenção.

- O estímulo a uma arquitetura mais imponente, no caso dos prédios públicos, também espelhava o desejo da classe dirigente política de nosso Estado em demonstrar seu poder. No caso da iniciativa privada, prédios cheios de detalhes e grandiosidade eram a forma concreta de espelhar o sucesso e a solidez do empreendimento.

Rua da Praia

- A principal via da cidade, a Rua da Praia, transformava-se no local em que ia toda a gente que quisesse ver e ser vista. Uma grande quantidade de bares, casas de chá e cafés oferecia-se às pessoas que descansavam ou simplesmente apreciavam o "footing". É nesse sentido que pode-se compreender o crescimento da hotelaria em Porto Alegre.

Condições Sanitárias

Em 1912, é importante lembrar que então o sistema de esgotos chegou a Porto Alegre, portanto, naquela época as condições sanitárias da cidade eram bastante precárias, como dizia Alfredo Malan, que esteve em Porto Alegre no ano de 1896.

Hotel de Esquina

- O Grande Hotel e o Hotel Majestic foram os principais, mas não foram, entretanto, os únicos hotéis importantes que Porto Alegre possuiu. A arquitetura hoteleira das primeiras décadas do século XX parece ter sido considerável no contexto central da cidade. Constata-se, pelos poucos dados existentes, haver um tipo freqüente e talvez predominante: - o hotel de esquina.

- É provável que a capacidade de investimento e a grande disponibilidade de lotes centrais permitissem ao proprietário a escolha do “terreno ideal” para a implantação de seu hotel. Num modelo urbano em que os edifícios, normalmente estreitos, não possuem recuos laterais, constituindo perfeitamente a rua, e considerando que o programa hoteleiro pressupõe um grande número de células habitacionais dispostas em relação a um corredor, o “terreno ideal” para que se obtivessem as melhores vistas e as melhores condições climáticas para tais células seria o de esquina.

- Constata-se, de fato, que os hotéis de meio de quadra possuíam a maioria de seus quartos ventilados e iluminados através de poços, sem vistas interessantes. O Grande Hotel exemplificaria o modelo do hotel de esquina, com aposentos voltados ou para as ruas ou para um pátio situado no quadrante interno do terreno, junto às divisas. Desta forma, todos os quartos seriam favoravelmente orientados, com privilégio, sem dúvida, daqueles voltados para fora, numa época em que o centro era calmo, descongestionado, bem freqüentado e seguro.

Estilo hoteleiro

- Eminentemente ecléticos ou caracterizando uma transição em direção à arquitetura moderna, com número de pavimentos variável entre quatro (Hotel Moritz) e 10 (Hotel Jung), eram todos grandes estabelecimentos, com uma base comercial bem marcada, às vezes de dupla altura.

- Normalmente, os quartos principais possuíam varandas voltadas para as ruas. Algumas vezes com aberturas (Moritz, La Porta, Viena), outras sem (Schmidt), a aresta de esquina poderia ser arredondada ou em ângulo de 45 graus.

- Alguns, como o Jung, em virtude da acentuada assimetria entre as duas alas, tinham plantas que tendiam mais à linearidade, com a quase totalidade dos quartos voltados para uma das ruas, do que à forma de “L”, mais freqüente.

- Outra constatação relativa à época considerada é a grande quantidade de hotéis porto-alegrenses situados junto a praças. Tendência historicamente importante em cidades de prestígio, centros de negócios e distritos comerciais europeus e norte-americanos, os hotéis em praças ou parques urbanos.

- Plaza ou park hotels - ocupam uma área nobre do tecido da cidade, visualmente agradável e livre da interferência de outros edifícios.

- A lista de exemplos é encabeçada pelo Grande Hotel, com acesso pela Rua da Praia, em frente à Praça da Alfândega, a via mais importante do centro de Porto Alegre, local de encontros, feiras e eventos culturais de relevo.

A partir de 1940, os meios de hospedagem já estavam consolidados na história da cidade, constituindo-se em uma rede hoteleira diversificada e moderna.

A partir da década de 1950, o centro de Porto Alegre vai perdendo o seu antigo charme. A população de maior poder aquisitivo desloca-se para bairros menos congestionados, os prédios outrora residenciais, passam a comerciais e surgem problemas de segurança, principalmente à noite, quando diminui o movimento de lojas e escritórios.

Na década de 1980, com o aparecimento de grandes shopping centers, o tradicional comércio de rua tem sua importância reduzida e o processo de degradação do centro acentua-se ainda mais.

- Os antigos hotéis vão gradativamente desaparecendo e dão lugar a empreendimentos mais modernos, adaptados aos novos padrões tecnológicos e ao novo perfil sócio-econômico dos hóspedes, “o conceito”.

- Além dos citados há outros que estão em plena atividade em Porto Alegre em 2015:

City Hotel,
Hotel Continental,
Hotel Plaza (Plazinha),
Plaza San Rafael,
Hotel Embaixador,
Hotel Everest,
Hotel Savóia,
Hotel Plaza Catedral,
Hotel Roma,
Hotel Ritter,
Hotel Tryp Porto Alegre,
Hotel Master,
Hotel Sheraton,  etc.... também uma série de hotéis-residência e flats que se espalham por toda a nossa Porto Alegre.

Hospedagem

Cômodos

- Desde os tempos mais remotos das estalagens até os tempos modernos os hotéis, estes locais estão dotados de todos os requisitos necessários ou supérfluos para atender as demandas e exigências do homem até o século XXI.

- O relato mais antigo referente à hospedagem em Porto Alegre, foi encontrado no livro “Os viajantes olham Porto Alegre” (1754-1890), onde Henrique Villaça assim descreve sua chegada:

”No dia 14 de novembro de 1853, pelas 4 horas da tarde cheguei a Porto Alegre. Depois de me instalar em uma casa de pasto bastante regular em frente à praça do mercado, [...]” (NOAL FILHO; FRANCO 2004a, p. 98).

Por volta de 1740, Porto Alegre era uma pequena villa, constituída basicamente por um núcleo urbano ao redor do cais do lago Guaíba, circundada por propriedades rurais. Os viajantes que chegavam à cidade formavam basicamente dois grupos: os imigrantes que se dirigiam às colônias e os comerciantes do centro do país que se dirigiam ao Prata, e eram hospedados nas casas dos moradores.

- Mas a cidade foi crescendo, o comércio com a Europa e o interesse pela região foram aumentando, trazendo novos tipos de visitantes e, a partir das exigências destes, surge a necessidade de um novo produto: - hospedar estas pessoas.

- Desta forma, a própria história da formação da capital mostra que a hotelaria surge, em Porto Alegre, antes do atual conceito de turismo.

- Vários relatos encontrados nos livros “Os viajantes olham Porto Alegre” (NOAL FILHO; FRANCO, 2004a; 2004b), referem-se à “qualidade e generosidade da hospitalidade dos habitantes da capital do Estado”, mas são poucos ou raros, os registros sobre a formação e desenvolvimento do setor hoteleiro na cidade.

Pensões

Em 1890, começam a surgir as Pensões chegando a um número superior a 250 e estavam localizadas na sua maioria no centro da cidade, predominantemente nas Ruas dos Andradas, Voluntários da Pátria, Riachuelo e Andrade Neves.

- Mas, também eram encontradas em outros bairros, particularmente, os bairros Cidade Baixa, hoje incorporado à área central, Menino Deus, Bom Fim e Azenha.

- As Pensões tiveram papel importante na história da hospedagem de Porto Alegre, principalmente nos primeiros anos do século XX. Os imigrantes e comerciantes que vinham em direção ao Rio de la Plata, chegavam trazendo família e todos os bens que possuíam, e hospedavam-se nas pensões familiares.

- Estas Pensões eram precárias, sem água corrente, e com poucos banheiros de uso coletivo e localizavam-se ao redor do porto. As pensões eram usadas também como moradia de pessoas que chegavam para ficar na cidade e, na maioria dos casos, serviam refeições completas.

- Em muitas destas Pensões, moravam jovens, principalmente rapazes, que vinham do interior, para estudar e servir no exército. Aí também moravam famílias, em geral viúvas com filhos: - nesta época as mulheres não exerciam atividades remuneradas e viviam de “pensão” deixada por seus falecidos maridos, e desta forma era mais barato viver nas pensões, o que eliminava o custo da manutenção da moradia, além de serem mais seguras.

- Quando a mão-de-obra escrava começou a ser substituída por empregados que vinham da Europa, estes usavam as Pensões como dormitórios.

Início do século XX, as Pensões tiveram seu apogeu, e eram meios de hospedagem onde pessoas permaneciam por longos períodos de tempo, pelos mais variados motivos.

- Nas Pensões eram servidas refeições, e eram na maioria das vezes estritamente familiares: muitas vezes estes imóveis pertenciam a viúvas, que com o aluguel do espaço garantia o seu sustento e o de sua prole.

- A constante chegada dos imigrantes, sem destino certo e sem condições de se deslocarem, lotava as pensões com famílias a espera de uma instalação definitiva nas colônias.

Década de 1920/1930, as Pensões tiveram seu apogeu.

Casas de Cômodos

As Casas de Cômodos (ou cortiços) na rua estreita, com ladeira e aberta ao curso natural de uma expansão urbana não planejada, que na passagem do século XVIII para o XIX passa a ter uma conotação depreciativa ao mesmo tempo moral, estética e higiênica.

- O “beco” é sinistro, sujo, perigoso e feio, espaço que concentra o pobre, encravado no coração da cidade. É o mau lugar. (PESAVENTO, 2001) surgiram com o fim da escravatura em 1888 e com o declínio do centro da cidade.

Cortiço

- As Casas de Cômodos, também conhecidos como “cortiços”, que na verdade eram casebres construídos nos fundos de uma moradia.


- Estes locais passaram a ser constantemente mencionados pela imprensa, formadora de opinião, como lugares perigosos onde ocorria todo tipo de contravenção. Estes jornais contribuíram para a construção de imagens fortes com muitos artifícios e retórica, apontando para uma realidade que nos deixa visualizar uma grave questão social que já se delineava naquela época. Estes periódicos, em seus artigos de cunho moralista, referiam-se à alguns hotéis, que segundo eles, sob a designação de hotéis albergavam o meretrício e pontos de prostituição.

Segundo Rodrigues (1989, p. 46) os cortiços constituem:

“Habitações coletivas, em imóveis com pouca ou nenhuma conservação, de idade média elevada, que proliferam nas áreas centrais. [...] Os cortiços correspondem a uma das mais antigas formas de habitação das classes populares.”

- Os jornais mais importantes da época eram: - Correio do Povo, Jornal do Comércio, A Gazetinha, O Mercantil, e a Gazeta da Tarde (PESAVENTO, 2001, p. 86).

- De acordo com Pesavento (2001), as Casas de Cômodos se caracterizavam por serem habitações precárias, insalubres, sem ar e ventilação, a maioria das vezes sem esgoto e superlotadas.

- Em geral estas casas possuíam uma bica e um tanque para uso comum.

O Inspetor

Em 1894, o governo criou o cargo de ‘inspetor de higiene’ que fiscalizava a salubridade destas casas de cômodo. Em jornais da época encontravam-se os resultados destas visitas que dão uma idéia da precariedade daquelas moradias.

- É provável que muitos destes meios de hospedagem fossem lugares adaptados para tal fim e alugados, sendo talvez esta a explicação para tantos nomes diferentes em um mesmo endereço. Além disto, é necessário que se leve em conta que ocorreram várias mudanças na legislação e forma de tributação de imóveis particulares e comerciais, muitas vezes modificando a maneira como estes registros eram feitos. Da mesma forma, mudanças no traçado das ruas e conseqüente modificação na numeração e nomes de ruas, podem ter contribuído para a confusão de endereços e proprietários muitas vezes encontrada, principalmente, nos livros de registros de impostos.

A partir de 1920, obtemos registros das Casas de Cômodos, porém sabemos que estas aparecem já no final do século XIX, conforme relatos encontrados no livro “Uma outra cidade” (PESAVENTO, 2001).

Hotéis

Hotel del Siglo

Inaugurado por volta de 1870, o Hotel Del Siglo ou Hotel Siglo estava situado no local do Cine Teatro Guarany, na Rua dos Andradas.

- É assim descrito por Achylles Porto Alegre:

“Era ali na Praça da Alfândega, onde hoje existem a casa de móveis J. Jamardo e o sobrado da “Previdência do Sul”, em cujo pavimento térreo está instalado o “Cinema Guarany”.

- O Hotel Siglo, era um vasto e amplo edifício que tinha faces para a Praça da Alfândega, ficava entre os sobrados onde estava estabelecida a Caixa Econômica (edifício Abelheira), e que também servia de moradia à família de seu gerente Afonso Coelho Borges e onde muitos anos depois esteve o “Correio do Povo”.

- No livro “Porto Alegre. Crônicas da minha cidade”, Sanhudo o descreve como “o hotel da época”, um “casarão formidável” que abrigava os mais importantes visitantes da capital.

Hotel de France

- Localizado na esquina da atual Avenida Borges de Medeiros com rua dos Andradas, onde hoje está o Edifício Missões, outro reduto de figuras eminentes, principalmente políticos. As informações a respeito são escassas, mas sabe-se que pertencia ao Sr. João Pedro Bourdette, que mais tarde participou da fundação do Grande Hotel.

- O edifício de três andares destacava-se de seus vizinhos, o prédio de um pavimento da Livraria do Globo e o sobrado de Germano Petersen Júnior, no térreo do qual ficava a alfaiataria da família, considerada um “ninho de politicalha”.

- A parte de baixo do edifício era ocupada pela agência da Singer e por um restaurante e, os dois pavimentos superiores, pelo hotel, que se anunciava com os seguintes dizeres:

“Estabelecimento de primeira ordem, situado no melhor ponto da capital. Grandes salas para famílias. Quartos para banhos mornos e de chuva. Serviço culinário com todo o asseio e esmero. Encomendas para fora. Banquetes, almoços e jantares particulares”.

Hotel Lagache

- O Sr. João Pedro Bourdette associou-se, anos depois, a seu genro, Sr. Cristino Cuervo, com o qual tornou-se proprietário do Hotel Lagache, fundado por Gustavo Maynard e situado à Rua Marechal Floriano.


Em 1929, o Hotel Lagache, que um anúncio descrevia como:

“Situado no melhor ponto da capital – água corrente na maior parte dos quartos – ótimas salas para banquetes – salas reservadas para Exmas”.

- Famílias – “Explêndido jardim de inverno”, tudo isso ao alcance do telefone 4920.

Hotel Brazil

- Nos primeiros anos deste século, no intuito de estenderem suas atividades, os sócios desfizeram-se do Hotel Lagache e adquiriram o Hotel Brasil, situado em um antigo prédio na Praça da Alfândega, onde hoje encontra-se a sede do Clube do Comércio.

Hotel Brazil


- Remodelado, o hotel foi ligado por uma passagem interna ao edifício pertencente ao antigo Ginásio São Pedro, situado à Rua General Câmara, próximo à Riachuelo.

Grande Hotel


Em 1908, o Hotel Brasil passou a denominar-se Grande Hotel e já então hospedava pessoas ilustres e políticos importantes.


- Decorridos alguns anos, os edifícios interligados não mais preenchiam seus fins, e o Sr. Cristino Cuervo, sucessor do sogro João Pedro Bourdette na direção geral do estabelecimento, lançou-se à construção de um moderno edifício, próprio para a função hoteleira, em terreno na esquina da Rua da Praia com a Rua Payssandu (atual Caldas Júnior).

Em 1916, as obras do edifício iniciaram, a cargo do construtor Francisco Tomatis e fiscalizada pelo engenheiro Viberbo de Carvalho.

- O edifício tinha planta composta por duas alas ligadas nas extremidades por um bloco com sanitários, corredor e escada de serviços, formando a figura de meia cruz suástica. Tal geometria permitia a criação de um pátio interno voltado para os fundos e a adaptação do edifício a um sobrado existente exatamente na esquina. Uma das alas tinha frente para a Rua da Praia, para onde se abriam sete aposentos do pavimento-tipo, e outra para a Rua Payssandu, com quatro aposentos. Sanitários e demais dormitórios, menos privilegiados, voltavam-se ou para o pátio ou para as divisas laterais.

- Dos 20 quartos existentes por pavimento, apenas três contavam com banheiro privativo. O acesso principal dava-se por amplo e requintado lobby, em frente à Praça da Alfândega, e a majestosa escada, com dois elevadores laterais, conduzia a um corredor bastante complexo, em zigue-zague e com uma bifurcação na ala da Payssandu, ora interno, com células de ambos os lados, ora externo, voltado para o pátio. Tal complexidade era determinada pela localização excêntrica da circulação vertical em uma das alas.

- O edifício eclético, de fachada profusamente decorada, tinha base comercial e era encimado por frontões que marcavam a hierarquia entre ala de acesso – Rua da Praia – e ala lateral – Rua Payssandu. Todos os aposentos frontais abriam-se para varandas que podiam ser individuais ou uni-los em grupos de dois ou três, sendo que a comunicação interna entre células permitia a ocupação por grupos maiores, muitas vezes famílias residentes no hotel.

- O prédio, conforme os paradigmas da época, se inseria perfeitamente no tecido urbano. Fazia, inicialmente, divisa com edifícios mais baixos, de dois a quatro andares.

- Na ala de acesso, em virtude da privilegiada vista da Praça da Alfândega e da afamada Rua da Praia, situavam-se os melhores quartos, favorecidos também pela orientação norte, protegida por varandas. A face voltada para a Rua Payssandu tinha insolação oeste, problemática nos dias de verão.

Em 1918, as obras terminaram, em uma Porto Alegre que não chegara ainda a 200 mil habitantes, concretizando o sonho do imigrante francês João Pedro Bourdette e seu genro Cristino Cuervo.

Nota:
- Os dois empresários, no entanto, não viveram o suficiente para ver a venda do seu patrimônio.


Personalidades

- Talvez não tenha havido construção mais intimamente ligada à história política dos gaúchos e ao seu “grand monde” da capital do que o Grande Hotel, na Rua dos Andradas, esquina com a Caldas Júnior, a antiga Rua Payssandu, local onde hoje é o Shopping Rua da Praia.

- Considerado a mais tradicional, prestigiosa e sofisticada casa hoteleira de Porto Alegre. Em seus apartamentos se hospedaram poderosos políticos brasileiros, diplomatas, influentes empresários e personalidades do mundo das artes e dos esportes. O Marechal Hermes da Fonseca, pouco antes de ser eleito presidente da república, o grande senador Pinheiro Machado, Assis Brasil, Flores da Cunha, Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, Raul Pila, Salgado Filho, o general norte-americano Mark Clark, o Marechal Cândido Rondon.

- Segundo Dante de Laytano, o Grande Hotel era a sede não oficial de todos os partidos políticos e vários lideres ali residiam, assim como famílias de genealogia imponente não admitiam morar noutro lugar (CARNEIRO, 1992).

Belle Epóque

- Em seus salões aconteciam os banquetes mais elegantes, as festas mais concorridas, as jogatinas profissionais, flertes, brigas, luas-de-mel e encontros amorosos.



- Muitas famílias ricas e estudantes abastados ali moravam de forma permanente. Símbolo da Belle Epóque porto-alegrense, das suas janelas e sacadas assistia-se o “footing” de uma Rua da Praia ainda glamourosa, com seus restaurantes, cafés, cinemas, lojas finas e homens e mulheres elegantemente trajados.

Em 1923, foi nas dependências do Grande Hotel (a sede informal de todos os partidos políticos) que se estabeleceram as premissas para a pacificação do Rio Grande do Sul do Movimento de 23.

Em 1927, ocorre a primeira ampliação, assinada por Carlos Sylla, e a ala lateral é acrescida de mais 11 dormitórios por pavimento.

Em 1928, com a incorporação do lote de esquina, o hotel adquire aquela que seria a sua forma final, um “L” perfeito, com 38 quartos por pavimento e quatro poços de iluminação e ventilação. Supõe-se que a idéia de ocupação de esquina era originalmente prevista, pois o arranjo inicial da planta baixa possibilitava facilmente as expansões posteriores. Uma perspectiva do edifício, provavelmente anterior à construção, confirmaria tal hipótese. Percebe-se que a sua configuração final, anos mais tarde à sua concepção, toma contornos mais “modernos”, com a supressão dos frontões e sua substituição por um coroamento mais contínuo e simplificado. O torreão de esquina, com varandas arredondadas e cúpulas superiores, embasado por grandes colunas e uma porta que poderia ser de acesso principal, dá lugar a uma aresta arredondada, mas cega, com a mesma altura do resto do edifício.

- O Grande Hotel depois de completo possuía 180 salas para diversos fins, e instalações para receber 250 hóspedes, com equipamentos em sua maioria importados, de alto luxo e requinte.


- As louças e cutelaria eram finíssimas, todas de procedência estrangeira, inclusive um raríssimo serviço de banquete de Limoges, de grande valor artístico cuja fabricação há muito havia sido suspensa.

Em 1930, no Grande Hotel se arquitetou o plano para a Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao Catete e sepultou a República Velha.

- Flores da Cunha, Oswaldo Aranha, Maurício Cardoso e outros revolucionários eram hóspedes fiéis do hotel, que se tornou uma espécie de quartel-general da conspiração e testemunha de inúmeros incidentes a ela relacionados.
Dante de Laytano assim o descreve:

“O Grande Hotel era a sede não oficial de todos os partidos políticos. Seus líderes residiam ali. Era status. Banquetes, festas oficiais, cerimônias sociais. (...) O tumulto, as brigas, a repressão, a agitação que naturalmente ficavam sempre ao lado das moças bonitas a desfilarem pelas calçadas e a rapaziada no meio da rua, defronte ao cordão do meio-fio. A belle époque, o chapéu das senhoras, as luvas, a elegância de uma sociedade burguesa, etc. e tal”.




- Depois do falecimento de Sr. Cristiano Cuervo, sucederam-no na direção do hotel seus filhos Pedro, José e Luiz Cuervo (CORREIO do Povo, 14/05/1967, p.16).

A Mudança de Ramo

Em 1956, os três filhos de Cristino Cuervo é que dirigiam o negócio.

Em meados de 1956, naquela que foi considerada uma das maiores transações imobiliárias de Porto Alegre, o prédio foi vendido ao Grêmio Beneficente dos Oficiais do Exército – GBOEX, e rebatizado com o nome de Edifício General Mallet, militar brasileiro nascido na França, patrono da arma de artilharia.

Até o início de 1957, o Grande Hotel funcionou, quando foi entregue aos novos proprietários, que o readaptaram para fins comerciais.

- Até essa época a construção, com três alas e sete andares, contava com 180 salas e capacidade para receber até 250 hóspedes individuais, que pagavam caro para desfrutar de finíssimas louças e talheres importados e comer e beber do bom e do melhor.

O Incêndio

Em 13 de maio de 1967, sábado, final da tarde, quando a Porto Alegre de 800 mil habitantes dançava ao som da Jovem Guarda e dois dias após a violenta repressão policial a um protesto de estudantes contra o regime militar (eles foram espancados até mesmo dentro da Catedral Metropolitana), nesse dia, data da Abolição da Escravatura no Brasil, véspera do Dia das Mães, um incêndio de grandes proporções iniciou no quinto andar do Edifício Mallet.

- As chamas se propagaram com tal força e rapidez que muitos clientes do tradicional Salão Cruzeiro fugiram com metade da barba por fazer e o cabelo só em parte cortado.


- Eram 18h30 min, caía a noite e os bombeiros demoraram a chegar – quando isso aconteceu a água dos raros hidrantes mostrou-se com pouca força e foi necessário buscá-la no rio Guaíba.
   
- Dada a intensidade das chamas e dos jatos das mangueiras temia-se que todo o velho prédio viesse abaixo. Também as fagulhas que se espalharam geraram o temor de novos focos. Felizmente nenhuma construção vizinha foi atingida e as grossas paredes de tijolos mantiveram-se de pé.

- Felizmente os Bombeiros haviam conseguido isolar a tempo os laboratórios onde estavam depositadas grandes quantidades de ácidos e produtos inflamáveis – atingidos pelo fogo, a explosão seria monumental e de consequências imprevisíveis.


- Às 23h30 min o incêndio já estava praticamente dominado.

Prejuízos e Desempregados

- No coração da cidade, com sua bela e histórica fachada, o Mallet era um importante centro comercial da capital gaúcha. Grande número de profissionais liberais, entidades de classe e representações comerciais operavam em suas salas.

- No último pavimento estava o Círculo Militar de Porto Alegre e no andar térreo localizava-se a nova Farmácia do GBOEx, o Salão Cruzeiro, a Livraria Jackson, o escritório dos municípios gaúchos e a agência Radional
  
- Com o sinistro de maio criou-se também um problema social e trabalhista. Dezenas de homens e mulheres perderam seus empregos e rendas, milhares de papéis, contratos e documentos importantes foram destruídos e vultosos prejuízos de equipamentos e máquinas não puderam ser cobertos pelo seguro – o do prédio como um todo era igualmente irrisório. Os funcionários do tradicional Salão Cruzeiro, por exemplo, trabalhavam como diaristas e passaram os dias seguintes procurando colocação em outras barbearias.  Por sua vez os empregados em pequenas firmas pouca esperança tinham de uma possível indenização já que seus patrões também haviam perdido tudo. 
   
- Não só humildes empregados como instituições e nomes conhecidos da vida de Porto Alegre, inquilinos do prédio incendiado, viveram dias angustiosos naquele outono de 1967. A relação fornecida pelo próprio GBOEx incluía o advogado José Henrique Mariante (o delegado que acudiu durante o incêndio da Casa de Correção, doze anos antes) o também advogado, jornalista e vereador Alberto André, o político João Brusa Neto, o jornalista e colunista esportivo Cid Pinheiro Cabral, o ex centro-avante do Grêmio Rubens Mostardeiro Torelly.

- Também tinham endereço no Edifício Mallet a diretoria regional dos Correios e Telégrafos, a Editora Mérito, a Agência Marítima Interamericana, a Companhia Rádio Internacional do Brasil, o Banco Ítalo Belga, a União Gaúcha dos Estudantes Secundários, o Centro de Confraternização Jaguarense, Associação dos Licenciados do Rio Grande do Sul, o Centro Itaquiense, a Federação Gaúcha de Futebol de Salão, Dioni York Bado, Livraria Ibal, Centro dos Oficiais Administrativos do Estado, Territorial Vale do Araguaia.
   
- Especialmente prejudicados ficaram os segurados do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos, IAPFESP, um dos principais órgãos de assistência social brasileiro e cujos fichários locais haviam sido totalmente consumidos pelo fogo. Com eles desapareceram a história clínica de milhares de pacientes, além de equipamentos de radiologia, fisioterapia, odontologia, raio X, entre outros.

O Fim Melancólico

- Chegara ao fim o outrora reduto de políticos, fazendeiros, homens de negócios; anfitrião de atrizes das companhias teatrais, jogadores profissionais e estudantes abastados; moradia de famílias ricas e de genealogia imponente.


Em maio de 1969, junto aos últimos vestígios do Grande Hotel, um pátio de estacionamento acolhia DKWs, Simcas, Aero Willys, Gordinis e Fuscas. Neste terreno posteriormente foi construído o Rua da Praia Shopping, mas sem o glamour


Majestic Hotel

- O prédio do Hotel Majestic foi fruto da ousadia empresarial de Horácio Carvalho.
A proposta inicial consistia num edifício com térreo, mais cinco pavimentos e duas alas, uma de cada lado da travessa, ligadas por passarelas suspensas.


Horácio Carvalho

- Horácio Carvalho. (Alegrete, 1860 – Porto Alegre, 1938) tornou-se um comerciante de sucesso, antes mesmo dos 1940 anos.

- Depois de trazer sal e açúcar do Nordeste, adotou novos empreendimentos, como a importação de cimento e ferro da Alemanha, de outros materiais de construção, além de continuar com os negócios de origem.

- Ele comprou, então, extensos terrenos à beira do Guaíba, onde mandou construir trapiches, para ali atracarem navios. Construiu, também, armazéns que tomavam parte da Rua Sete de Setembro, da Rua Júlio de Castilhos e da Siqueira Campos. Em suas viagens à Europa, encantou-se com o bom gosto e a solidez dos prédios que estavam sendo construídos. Como queria, além de sua vida de empresário, revolucionar também a arquitetura da cidade, estendeu sua audácia, desejando um prédio que se destacasse entre os demais, e que fosse reconhecido e identificado ao primeiro olhar.

- A potencialidade do setor foi percebida pelo empresário Horácio de Carvalho, homem ligado ao ramo da importação e exportação,

- Horácio Carvalho encontrou no jovem arquiteto alemão Theodor Alexander Josef Wiederspahn, o profissional reconhecido, com visão e estilo, que não tinha receio de utilizar novas ideias.

O Arquiteto

Em 1910, Theo Wiederspahn, arquiteto, nascido em Wiesbaden, Alemanha, morando no Brasil desde 1908. Em Porto Alegre projetou a Delegacia Fiscal (atual MARGS), Correios e Telégrafos (atual Memorial do Rio Grande do Sul), Secretaria da Fazenda, Edifício Ely (atual Tumelero), Cervejaria Bopp (depois Brahma, atual Shopping Total) e muitos outros prédios e residências que marcaram época, era empregado de uma grande construtora.

Em 27 de maio de 1913, os trâmites da construção começaram por intermédio do processo 1352/13, entrou na Intendência Municipal (Prefeitura) com um pedido de licença para pagamento de impostos referentes à construção do edifício do futuro hotel.

- A seguir, o Sr. Horácio Carvalho contratou a firma do engenheiro Rudolf Ahrons, ficando o projeto a cargo de seu mais importante funcionário Theodor Wiederspahn, arquiteto.

- O prédio seria implantado num terreno à Rua da Praia, entre as atuais ruas João Manoel e Bento Martins, e cortado pela Travessa Araújo Ribeiro.

- O projeto de Theo era belo, novo, impressionante: - dois blocos de cinco andares, separados pela Travessa Araújo Ribeiro e ligados por cima desta, a partir do segundo andar, por passarelas vazadas e sustentadas por pilares.


- Primeiro grande edifício de Porto Alegre em que se utilizou concreto armado, foi concebido para ocupar os dois lados da Travessa Araújo Ribeiro. Interligando a construção, grandes passarelas, embasadas por arcadas e, contendo terraços, sacadas e colunas.

- O projeto do hotel foi considerado muito ousado para a cidade, pois a idéia das passarelas suspensas sobre a via pública era inédita por aqui.

- O início da Primeira Guerra Mundial atrapalhou.

Em 1916, iniciaram as obras do Hotel Majestic.

O Embargo

- A execução da obra é embargada pelo então Presidente do Estado, Borges de Medeiros, que alegava o alto risco estrutural apresentado pelas passarelas. Foi construída, assim, apenas a ala oeste do edifício, com quatro pavimentos e 150 quartos.

Em 1918, é concluindo a primeira parte do edifício, inicialmente administrado por Horácio de Carvalho, passa a funcionar como pensão de boa categoria e abrigar, no salão térreo, a Companhia Sulford de Veículos.


Em 1923, o prédio foi arrendado para aos irmãos espanhóis Jayme, Domingos, Ramon e Pedro Masgrau da empresa Masgrau Irmãos e Cia., que lhe deram o nome de Majestic Hotel.

- A administração da parte hoteleira ficou a cargo dos irmãos, e Horacio Carvalho não tinha ingerência sobre ela.

- A vida do Hotel Majestic iniciou realmente neste ano, com o arrendamento do prédio, aos imigrantes espanhóis que estabeleceram-se no Brasil e ligaram-se ao ramo da importação e exportação.

- O hotel foi totalmente reequipado na sua parte interna, tendo sido renovado o mobiliário, cortinas, serviços de mesa, e decoração. Os quartos e os ambientes foram re-decorados pela firma Gerdau dando-lhes um impulso e vida nova.
De acordo com Silva (1992) o ambiente do hotel “era sóbrio, elegante e agradável”.

- O hotel transformou-se em um marco histórico no desenvolvimento e modernização de Porto Alegre, com uma localização privilegiada, quase às margens do Guaíba que, na época, ia até onde atualmente é a Avenida Mauá.

- Um trapiche trazia diretamente os hóspedes ao Hotel.

A partir da década de 1920, o Hotel Majestic, Bem freqüentado - famílias do interior que traziam os filhos para estudar na capital, casais de bom poder aquisitivo que ali estabeleciam residência, militares e algumas figuras importantes da política e das artes, o Majestic começa a sua fase áurea e passa a ser o principal concorrente do Grande Hotel, que, sem dúvida, absorvia a clientela mais proeminente, quando Porto Alegre, com pouco mais de cem mil habitantes, sofre processo de desenvolvimento econômico conseqüente à chegada de grande contingente de imigrantes europeus.


- Os novos donos do poder, provenientes do sistema pecuarista-latifundiário, adotavam uma orientação que tendia à modernização do aparato estatal e dos meios de produção, incentivando a ascensão de uma burguesia urbana que conseguira acumular imensos capitais à custa de agricultores educados em seculares relações de submissão. Esses capitais permitiram a estruturação de uma sólida rede bancária que financiava a instalação de numerosas fábricas e um desenvolvimento econômico e social inéditos em Porto Alegre.

Em 1926, foi projetada a ala leste, a segunda parte do projeto, estando localizado, na Rua da Praia, número 54.  

Em 1927, por influência do Intendente Municipal (Prefeito) Dr. Otávio Rocha, o Presidente do Estado (Governador) Sr. Borges de Medeiros concede licença para a continuação das obras do hotel.



Em 1927, iniciaram-se as obras de ampliação do Majestic.




Em 1929, depois da obra terminada, constitui-se no maior hotel da cidade com 300 quartos e 310 banheiros, todos com luz e ar diretos, alguns apartamentos especiais para famílias, salão de refeições de 1125m², funcionando no quinto andar, permitia acomodação para 600 pessoas.


- O Majestic foi classificado como um hotel modelo e confortável, e foi um marco histórico no desenvolvimento e modernização da cidade. Por ficar nas margens do Guaíba que naquela época ia até a Avenida Mauá, possuía um trapiche que trazia os hóspedes diretamente ao hotel.


Em 1933, o Majestic possuía sete pavimentos na ala leste e cinco na ala oeste. O projeto concebido pelo arquiteto Theodor Wiederspahn, com passarelas suspensas, arcadas para embasamento das passarelas, sacadas, terraços e colunas foi considerado ousado naquela época, foi também o primeiro edifício onde se utilizou o ‘concreto armado’.

Interação de Alas

- A nova ala, a leste, era composta de seis pavimentos, produzindo uma assimetria no edifício que, apesar de indesejada, acabou sendo definitiva. Destacava-se de seus vizinhos, casas residenciais e comerciais baixas, não só pelo porte, mas também pela originalidade morfológica - passarelas suspensas, sacadas internas, grandes cúpulas superiores - e pela imponência eclética, com adornos altamente decorativos.

- Sua linguagem inspirada nos moldes do século XIX, escondia, entretanto, uma técnica construtiva avançada, transição da arquitetura de paredes auto-portante para a de estrutura independente. Possuía caixa externa portante, sem pilares internos, mas com lajes e vigas de concreto armado. Os grandes espaços, formando um sistema de pórticos, foram repartidos originalmente por alvenaria leve e estuque.

- O térreo era comercial e os acessos ao hotel davam-se pela Travessa Araújo Ribeiro, bem no centro de cada ala, sob as passarelas centrais. O requintado lobby, de pé-direito alto e marcado por duas grandes colunas revestidas de mármore, tinha ao fundo a escada e os elevadores que desembocavam, a cada pavimento, em um amplo saguão frontal à passarela central, que servia como espaço de convívio. Formavam-se, desta forma, dois tipos de percurso dentro do hotel: um transversal-vertical, amplo, semi-público, ligando lobby, saguões, passarelas e salas coletivas do último andar; outro longitudinal-horizontal, contido, reservado, através dos corredores de ligação das células habitacionais.

As Passarelas de Ligação

- O percurso transversal-vertical proporcionava um interessante jogo entre espaços internos, externos, públicos e privados: num extremo estava a travessa, espaço aberto que permitia o encontro entre hóspedes e passantes; no meio do percurso estavam as salas de estar, ora protegidas por paredes, ora na forma de grandes varandas abertas ao exterior, próprias para encontros entre hóspedes; no extremo superior ficavam restaurante e salão de baile, onde aconteciam eventos sociais que reuniam os membros mais seletos da comunidade porto-alegrense.

- O percurso longitudinal-horizontal, introvertido, caracterizava o movimento no pavimento-tipo, em fita dupla, com células habitacionais voltadas para a travessa e serviços de apoio, sanitários coletivos e circulação vertical ao longo das divisas, recortadas por quatro estreitos poços. A disposição das células permitia sua iluminação e ventilação direta, o que constituía exceção numa época em que os quartos de hotéis eram climatizados, em grande parte, através de poços internos.


O Espaço

- A verdadeira chave do projeto era, sem dúvida, a travessa Araújo Ribeiro. Ao incorporá-la ao hotel, Theo Wiederspahn criou um espaço ao mesmo tempo aberto e contido, com zonas de expansão e retração, com alternância de alturas e luminosidade; nem tão privado que constituísse uma barreira aos passantes, mas nem tão público que não funcionasse como filtro aos transeuntes da cidade. Sua escala era agradável. As varandas privadas conferiam-lhe um ar familiar, de vizinhança; as passarelas e cúpulas davam-lhe “monumentalidade”.


- Era o “coração” do hotel, seu centro de convívio e integração.

Os anos 1930 e 1940, no apogeu do Majestic, Porto Alegre dispunha de muitos atrativos, várias companhias de revista por aqui transitavam, seguindo depois para Montevideo e Buenos Aires.

- O ambiente sofisticado, com mármores portugueses nas escadarias e nos pisos, os gradis das sacadas, a refinada cozinha e a orquestra tocando todas as noites atraíram hóspedes ilustres, como: - Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, João Neves da Fontoura, Lindolfo Collor e João Goulart, ou artistas como Francisco Alves, na época o maior cantor do Brasil, e a vedete Virgínia Lane, a preferida do Presidente Getúlio Vargas.

O Declínio

No final dos anos 1940, marcaram o início do declínio do Majestic Hotel, que tem sua fisionomia gradativamente alterada.

O caso de uma Época

Nos anos 1950, iniciou-se o processo de desgaste do hotel. A nova administração passou a não selecionar os hóspedes e logo as pessoas de alto poder aquisitivo ou prestígio foram substituídas por caixeiros-viajantes.

- O período denominado de "desenvolvimentista" não foi bom para o Majestic, que, vítima da desfiguração que atingiu o centro da maioria das cidades, ainda sofria a concorrência de novos hotéis, com instalações mais modernas e amplas.

- Além de tudo, a antiga localização, antes privilegiada, agora era problemática. As elites saíram do centro e foram instalar-se em bairros diferenciados. O centro tornou-se local de serviços diurnos, com um comércio agitado que fechava suas portas à noite, quando a Rua dos Andradas transformava-se em local perigoso. As pessoas não viajavam mais nos vapores, o muro da Mauá impedia o acesso livre ao porto e a construção da nova rodoviária proporcionara o surgimento de vários hotéis a sua volta.


Na década de 1960, após sucessivas mudanças administrativas, passou a não selecionar os hóspedes e logo as pessoas de alto poder aquisitivo ou prestígio foram substituídas por lutadores de "cath" e luta livre que substituíram antigos hóspedes, além de solteiros, viúvos, boêmios e poetas solitários como Mario Quintana, que ali hospedou-se de 1968 a 1980, o tradicional estabelecimento passa a funcionar como uma espécie de pensão mensalista, lar de antigos clientes, pequenos funcionários, aposentados, idosos.

- Ao final, dos 300 quartos, passou a ter funcionando pouco menos de 100.

Na década de 1970, o edifício foi posto à venda, em dez anos, apenas dois interessados surgiram, os quais desanimaram frente às reais condições do prédio.

Da pressão popular surge uma Casa de Cultura.

No final dos anos 1970, surgiu toda uma discussão entre a população sobre nosso patrimônio cultural. Uma das conseqüências foi a realização de um levantamento dos prédios antigos, com o fim de resgatar e preservar sua arquitetura.

- A humanização da área central da cidade também entrou na discussão e vários prédios foram tombados pelos órgãos do patrimônio histórico.

Em 1980, foi anunciado e realizado um leilão com os móveis e utensílios do Hotel Majestic, que hoje encontram-se dispersos e em mãos de particulares.

Em julho de 1980, o prédio foi adquirido pelo Banrisul – Banco do Estado do Rio Grande do Sul, no governo Amaral de Souza. O negócio foi feito para que o governo do Estado pudesse comprá-lo, já que não tinha verba suficiente para o valor real.

Em 29 de dezembro de 1982, o governo do Estado adquiriu o Majestic Hotel do Banrisul.

Em 1983, o Hotel Majestic é tombado pelo Patrimônio Histórico.

A partir de 1983, os prefeitos, propuseram projetos para remodelar a área central e o Majestic foi lembrado nessa movimentação da população pela valorização de sua história. Mas antes disso muito se perdeu.

Em 1983, em seguida, o Majestic foi arrolado como prédio de valor histórico e iniciada sua transformação em Casa de Cultura.

- No mesmo ano, através da lei 7803 de 08 de julho, recebeu a denominação de Mário Quintana, passando a fazer parte da Subsecretaria de Cultura do Estado.

Casa de Cultura
De 1987 a 1990, a obra de transformação física do Hotel em Casa de Cultura, entre elaboração do projeto e construção, desenvolveu-se.


- O projeto arquitetônico foi assinado pelos arquitetos Flávio Kiefer e Joel Gorski, os quais tiveram o desafio de planejar 12.000 m2 de área construída para a área cultural, em 1.540m2 de terreno.

Em 25 de setembro de 1990, foi inaugurado como a Casa de Cultura Mario Quintana, poeta gaúcho morador do Majestic no período de 1968 até 1980 (CARVALHO, 1994), em homengem a seu famoso hóspede.



Moderno Hotel

- Para o lado da Estação Ferroviária, em plena Rua Voluntários da Pátria, ficava o Moderno Hotel, antigo Hotel Coliseu.

“Edifício de cimento armado, servido de elevador, instalação de água corrente e luz directa em todos os quartos, cozinha de primeira ordem, banhos quentes e frios”, tudo isso “exclusivamente para famílias”.

Grande Hotel Schmidt, situado na esquina da Rua dos Andradas com a Rua Marechal Floriano.

Grande Hotel Schmidt.
Vista Rua Andradas com Marechal Floriano. 
Arquivo fotográfico da Faculdade de Arquitetura da UFRGS.

Atualmente (2015)

Hotel e Pensão Schmidt , na Rua Voluntários da Pátria, mais para o lado do Mercado Público, ficava o Grande Hotel Schmidt, que, entre outras virtudes, alardeava “um belíssimo e frondoso jardim”.

- Seu proprietário foi Frederico Schmidt.

Guahyba Hotel, ficava na Rua Voluntários da Pátria, mais próximo do Centro, aceitava pensionistas.

Hotel La Porta, na esquina da Rua dos Andradas com a Rua Uruguai.  

Hotel Moritz, na Rua 7 de Setembro esquina Rua João Manoel.

Hotel Viena, na Rua dos Andradas com a Rua General Câmara, são bons exemplos.


- Também junto à Praça da Alfândega, mas na esquina oposta, em frente à antiga Confeitaria Colombo, ficava o Hotel Viena, reduto de intelectuais e artistas.

Hotel Nacional

- Localizado na Rua Sete de Setembro, na esquina com a Rua General João Manoel.

Em 1919, o prédio foi projetado pelo arquiteto italiano Augusto Sartori, a pedido do comerciante Guilherme Alves.

- Erguido em estilo eclético, possuia seis pavimentos, cada um deles decorado rica e diferentemente.

Na década de 1940, o Hotel Nacional entrou em decadência.

Em 1953, o prédio abrigou um escritório de engenharia.

Em 1991, o antigo Hotel Nacional sofreu um incêndio que o devastou enormemente, deixando somente a fachada e a torre de circulação.

Em 04 de junho de 2003, o antigo Hotel Nacional foi tombado pela prefeitura municipal, estando inscrito no Livro do Tombo n.° 64.

Em 2006, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (COMPHAC) aprovou um estudo de viabilidade urbanística para reformar e restaurar o imóvel, que receberá financiamento do Projeto Monumenta.

- O projeto prevê a instalação de uma agência bancária no térreo do prédio e de salas comerciais nos demais pavimentos.

Sendo restaurado (2015)
Hotel Carraro

Em 1924, é fundado pelos proprietários da firma Amante Carraro e Irmãos, o Hotel Carraro à Rua Marechal Floriano, com Rua São Rafel (atual Alberto Bins).

Nesta foto o terreno ainda não tem construção

Em 1935, o Hotel Carraro transfere-se para um magnífico edifício em frente à Praça Otávio Rocha.





- Posteriormente o prédio foi utilizado pelas lojas de departamentos, Magazine Mesbla e Loja Manlec – Mega Store.




Hotel São Luiz


Preto Hotel 

- O Preto Hotel ficava na Avenida Salgado Filho, próximo onde hoje há uma sede da Brasil Telecom, junto à Avenida Borges de Medeiros.


Na década de 1930, já era uma referência no centro, ônibus vindos de outras cidades deixavam ali seus passageiros.

Em 1949, teve um hospéde ilustre o arquiteto Oscar Niemeyer, em sua primeira visita a cidade para ser paraninfo em formandos de arquitetura, onde no halldeu entrevista ao jornal Correio do Povo.

Hotel Uruguai



Antigo Hotel Jung

De 1913 à 1914, é construído o Antigo Hotel Jung na Rua Voluntários da Pátria, o mais próximo da Praça XV ficava na primeira quadra.

“Neste estabelecimento, as Exmas. Famílias encontrarão o máximo conforto e segurança, pois que mantém um regulamento pelo qual prima o respeito, a ordem e a moral. Dispõe de pessoal attencioso e habilitado, tanto para a cosinha como para salão e serviços de quartos, sendo estes empregados antigos do estabelecimento”, diz o anúncio da Guia Pública de Porto Alegre – 1929.

- E acrescenta: - “Empregados do Hotel à disposição nas chegadas dos trens e vapores”, para bem receber os fregueses para seus 125 quartos.

Novo Hotel Jung


No começo dos anos 1930, quando a Rua São Rafel (atual Otávio Rocha) já está funcionando, era erguido uma filial do Hotel Jung, bem na esquina com Rua Marechal Floriano com Rua São Rafael (atual Otávio Rocha)

Em 1931, o prédio foi projetado por Agnello Nilo de Lucca a serviço da Firma Azevedo Moura e Gertum (OLIVEIRA, 2010).

Modernidade e Tradição 

- A edificação foi um dos marcos do Modernismo da capital na década de 1930, sendo representante do estilo Art Déco com seus 10 andares, algo monumental para a época.

- O prédio de 10 pavimentos, na esquina da Avenida São Rafael (hoje Otávio Rocha) com a Praça XV de Novembro, era um dos mais altos da Capital à época.


- Com 120 quartos, vista para o rio Guaíba dos andares mais altos e todas as comodidades disponíveis na época de sua construção.


Em 1932, o Edifício Frederico Mentz sediou durante anos o segundo prédio do hotel, o antigo hotel muda de endereço e é substituído pelo Novo Hotel Jung.


- O moderno arranha-céu localizou-se no cruzamento da Praça XV de Novembro, um dos pontos centrais mais movimentados da cidade.

Em 1934, ali se hospedou o vice-cônsul da Itália em São Paulo, Americo Gigli, ao chegar à cidade para assumir o consulado local.

Em 1935, o escritor e ativista político paulista Caio Prado Jr. esteve ali – onde, aliás, foi  detido pela polícia gaúcha por sua atuação na Aliança Nacional Libertadora

- Atualmente, o prédio abriga pequenas casas de comércio e escritórios.

City Hotel

Em 1950, inicia atividade o City Hotel, na Rua Dr. José Montaury, 20, Centro Histórico, e sua famosa feijoada aos sábados, de uma época quando ainda transitavam os bondes, a televisão era novidade, mensageiros levavam os recados e ligações telefônicas eram solicitadas às telefonistas.

Entrada City Hotel
Umbú Hotel

- Situado na Avenida Farrapos, esquina Rua Barros Cassal, foi local de hóspedes do interior do estado, tinha um excelente restaurante.


Em 2004, o prédio que foi a sede do hotel foi fechado e abriga um projeto social para moradias populares do governo do PT – Partido dos Trabalhadores.

Antigo Umbu Hotel

- Na década de 2000, o empreendimento Umbu Hotel passou para outro edifício, do outro lado da Avenida Farrapos, próximo ao Viaduto da Conceição, no número, 45

Novo Umbu Hotel


Hotel de Conto

- Localizado na Avenida Farrapos, no bairro São João, na entrada da cidade, de propriedade de Ivo de Conto.




Hotel Lancaster

- O Edifício Alcaraz está localizado na Rua Andrade Neves com a Travessa Acilino de Carvalho (também chamada de Rua 24 Horas). 

Em 1930, o projeto foi assinado pela dupla de arquitetos  Saul Macchiavello e Antonio Rubio, O nome do prédio se deve ao seu antigo dono, Alexandre Alcaraz (OLIVEIRA, 2010).



- O prédio foi construído em concreto armado e apresentava elevadores, servindo como hotel desde o seu início. 

- Atualmente o local é utilizado pela empresa Hotel Lacaster
De acordo com Oliveira (2010), o local era visto como um marco da arquitetura moderna da capital com seu estilo despojado.


Hotel Embaixador

Em 1963, é inaugurado o Hotel Embaixador, referência de hotelaria em Porto Alegre.


- Um hotel que acompanha a evolução sem perder suas nobres características de "bem servir". Dedicação é uma das marcas do Embaixador, uma perfeita combinação entre o espírito acolhedor da cidade e o excelente serviço do hotel que proporciona áreas sociais, tais como, restaurante, cafeteria, centro de eventos com capacidade máxima de área física para até 900 pesssoas, salão de beleza e uma espaçosa garagem interna.

Lobby

Hotel Everest Porto Alegre

- R. Duque de Caxias, 1357 - Centro Histórico, junto a escadaria do Viaduto Otávio Rocha.


Em 21 de maio de 1964, o Hotel Everest foi fundado por Alberto Augusto Fett.



- O grupo conta com três hotéis, sendo que o primeiro é o Everest Porto Alegre, com 125 apartamentos, todos reformados e aptos a atender nas categorias, standard executivo, luxo executivo, executivo.


Aos 50 anos - 2014

Hotel Plaza Porto Alegre
Plazinha

- Rua Senhor dos Passos, 154 – Centro Histórico

1958, ano de sua inauguração: recepção, restaurante, sala de estar da recepção e o primeiro apartamento da cidade com ar condicionado

Criada em 1953, com a constituição de um grupo de empresários da capital gaúcha liderado por João Ernesto Schmidt, a Rede Plaza de Hotéis, Resorts e SPAs.


Em 05 de agosto de 1958, começou a atuar no setor com a inauguração do Plaza Porto Alegre Hotel, conhecido como “Plazinha”.

- O hotel é tratado sempre com carinho e atenção pela capital gaúcha, pelos seus milhares de clientes e pelos “viciados” em freqüentá-lo e é um dos raros hotéis brasileiros que têm hóspedes cativos e até moradores permanentes. Logo depois da inauguração, o Plazinha ficou forte e se solidificou como o melhor hotel do Rio Grande do Sul.

- A rede sentiu que o caminho estava aberto para novas iniciativas empreendedoras, abrindo novos Hotéis e Resorts.

56 anos - 2013

- O Plazinha é o hotel mais simpático da rede porque foi o primeiro, o mais respeitável e o mais admirado. “É por isso que sempre está novo, moderno, atualizado, com equipamentos de última geração porque é clássico, forte e soberano”, garante a administração.

- O Plazinha era o hotel preferido dos artistas em turnê por Porto Alegre.

Em maio de 2015, o hotel carinhosamente conhecido como Plazinha, inaugurado em 1958, hotel do centro de Porto Alegre encerrou as atividades, tinha 152 amplos apartamentos, sete suítes, restaurante, bar e salão de eventos. Obras de arte e móveis de design refinado ornamentavam os andares.

- O ar-condicionado e o carrinho para levar malas importado da Europa eram considerados diferenciais inovadores.

- Empresários, políticos e celebridades hospedavam-se lá durante estadas em Porto Alegre. 

- A sociedade local disputava o espaço para realizar festas. Era chique, mesmo para moradores da Capital, passar lá a noite de núpcias.

- Rede Plaza interrompe serviços do Plazinha em reflexo ao momento econômico

— Era o grande hotel da cidade, o de mais classe. Todos tínhamos carinho pelo Plazinha.

Foi por causa desse passado glamouroso e das lembranças de momentos marcantes que o fechamento do estabelecimento, na semana passada, causou surpresa e consternação em muitos dos que o conheceram nos dias de glória.

- Antes, tão bem-sucedido, que estimulou o mesmo grupo a fundar, em 1973, o Plaza São Rafael, outro marco da hotelaria gaúcha, o velho Plaza suspendeu as atividades assolado pela baixa ocupação.

- Segundo a empresa proprietária, a medida não é definitiva, e o espaço voltará a ser aberto, com um novo modelo de negócios.

Hotel mais elegante

- O quarto do Hotel Plaza onde o senador Pedro Simon passou a noite de núpcias debruçava suas janelas sobre a Rua Senhor dos Passos, no centro de Porto Alegre. O então deputado estadual do MDB e sua noiva, Tânia, haviam chegado havia pouco da cerimônia na igreja. Lá fora, a Praça Otávio Rocha ardia em convulsão.

Era a noite de 28 de junho de 1968, e a cidade vivenciava um levante contra a ditadura, marcado por quebra-quebra e confronto entre manifestantes e polícia. Do quarto, Simon ouvia pedidos de socorro e testemunhava cenas de violência. Em dado momento, não se conteve. Resolveu se juntar à multidão. Tânia se postou diante da porta:
— Daqui de dentro, tu não sais!
— Mas estão morrendo ali — argumentou Simon.
— Sabe o que vão dizer se tu fores? Vão dizer que tu és tão de política, tão de política, que até abandonou tua mulher na noite de núpcias.
Quase meio século depois, o ex-governador, ex-ministro e ex-senador relata o desfecho do episódio:
— Não fui.

- O Plaza era, quando Simon lá se hospedou, o hotel mais elegante e suntuoso da Capital. 

Era top de linha

- Celia Ribeiro, colunista de ZH, costumava ir ao hotel para entrevistar artistas de passagem. Ela conta que o Plaza era importante ponto de encontro. No final da tarde, executivos e empresários reuniam-se no bar. Aos sábados, tornou-se famosa a feijoada do restaurante.

— Durante muitos anos, o Plazinha foi referência.

- Na interpretação de Celia e de outros observadores, o hotel foi, de certa forma, vítima do próprio sucesso. Ao mostrar que havia espaço em Porto Alegre para um hotel de classe, motivou a abertura do Plaza São Rafael.

O vizinho acabaria por ofuscá-lo

— Com a inauguração do São Rafael, surgiu o nome Plazinha. Antes, era o Plaza. O diminutivo não deixava de ser pejorativo — diz Celia.

Espaço de camaradagem e arte

- Outro político com lembranças calorosas do hotel é o ex-ministro da Educação Carlos Chiarelli. eleito senador em 1982, ele passou a hospedar-se no estabelecimento durante suas vindas de Brasília. Costumava chegar na noite de quinta ou na manhã de sexta, para passar o fim de semana. O Plaza virou uma espécie de escritório, inclusive quando se tornou ministro, na década de 1990. Durante anos, recebia nos salões do hotel correligionários, deputados, prefeitos, líderes sindicais, empresários e jornalistas.

— Ali no Plaza nasceram muitas coisas. Era o interlocutor dos interesses de várias áreas do Estado. 

- Às 23h30min, ainda estava recebendo gente no hotel. A equipe era fantástica, com um ambiente de camaradagem. As telefonistas faziam um pouco o trabalho de secretárias. O Plazinha faz parte da minha vida. A notícia do fechamento não me dá alegria — relata Chiarelli.

Um dos responsáveis pela elegância do hotel

Na década de 1970, o artista plástico Vitório Gheno, 90 anos, foi convidado a fazer a decoração do estabelecimento. Reformou o lobby, desenhou o restaurante, projetou móveis e espalhou obras de arte.

— O Plazinha é um hotel com arte. Tem obras em todas as unidades. Na minha opinião, é o esboço de um hotel-butique. O salão de estar tem objetos e obras de arte com mobiliário contemporâneo, moderno e clássico. Gosto muito de entrar no Plazinha. Agora tenho de conjugar no passado, porque, para minha tristeza, o Plazinha fechou — registrou Gheno, em texto enviado a ZH.

Primeiro hóspede é também considerado o cliente mais fiel

- Também recebeu a notícia do fechamento com pesar o médico de Pelotas Paulo Crespo Ribeiro, 88 anos.

Em 1945, quando veio estudar Medicina na Capital, ele instalou-se na Pensão Familiar Brasileira, que ficava na Senhor dos Passos. Mais tarde, o Plaza foi erguido no mesmo lugar. Habituado à vizinhança, Ribeiro passou a se hospedar lá.

- Em um livro comemorativo, a Rede Plaza apresenta o médico como seu primeiro hóspede. Além de antigo, ele é um cliente fiel. Durante mais de meio século, hospedou-se lá. A última vez foi em março. Levava sempre uma santinha, que deixava na mesa de cabeceira. Quando a viam, os funcionários já sabiam que se tratava do "dr. Paulo" e caprichavam.

Hotel Plaza São Rafael 


Em 14 de abril de 1973, é inaugurado o primeiro hotel 5 estrelas da capital, Hotel Plaza São Rafael e seu Centro de Convenções, nome da antiga rua, atual Avenida Alberto Bins.


Na década de 1970, realizava uma vez por semana, em seu salão, um chá da tarde, onde senhoras, se reunião e apreciavam o atendimento e belos eventos, como desfiles de moda.

Em 19 de abril de 1988, é inaugurado do outro lado da rua, o Centro de Convenções São José no lugar do antigo Colégio São José, ao lado da igreja São José, atualmente Centro de Eventos São Rafael.




Hotel Continental

Largo Vespasiano Julio Veppo 77, Centro
Porto Alegre, RS, 90035-040, Brasil
+55 51 3433.1900 ou 3027.1900

Inaugurado em 1980, situado no centro de Porto Alegre, em frente ao Terminal Rodoviário Internacional e a 10 minutos do Aeroporto Internacional.


- Possui 217 apartamentos com ar condicionado, frigobar, TV a cabo, telefone.
Conta com Restaurante Internacional, Lobby bar, Room Service 24 horas, Piscina, Sala de Fitness, Centro de Eventos com capacidade para até 800 pessoas, Estacionamento.

Savoy Hotel Sheraton

- O Savoy Hotel localizado na Avenida Borges de Medeiros, 688, esquina Jerônimo Coelho, Centro Histórico, no inicio da escadaria do Viaduto Otávio Rocha.

Sheraton Hotel
Hotel Express 


Lido Hotel


Hotel Acores


Ritter Hotel 





Sem o requinte de tempos passados, os atuais Hotéis de negócios estão privados da tranqüilidade e da elegância das antigas ruas centrais. Mais pragmáticos e econômicos, substituem os grandes edifícios de esquina, os agradáveis Hotéis de praça e misturam-se a uma massa de inexpressivos edifícios dispostos em meio a um tecido heterogêneo, denso e intrincado.

Hotelaria e Turismo
Brasil - séculos XIX e XX
Na rota da evolução empreendida pelo Turismo nos séculos anteriores, intensificaram-se no século XIX as viagens em busca de cultura, recreação e negócios. Nesse período houve um contínuo processo de massificação do turismo. A evolução dos meios de transporte tornou as viagens mais acessíveis para outros segmentos da população que não a nobreza.

“Os trens eram sinônimo de rapidez e elemento facilitador da atividade turística. Os navios exerciam verdadeira atração sobre a população. Surge a classe média, com salários melhores e maior possibilidade de gastos com entretenimento [...]” (BADARÓ,  2005).

Os hotéis de melhor categoria começaram a surgir em antigas mansões. Esta opção oferecia maior conforto, requinte e paisagem exuberante, sem os inconvenientes da confusão das ruas e da falta de saneamento da cidade.

Os hotéis foram responsáveis pelo desenvolvimento do centro. Além dos bondes, outros serviços de transporte coletivo de tração animal - ônibus, gôndolas e tílburis - facilitavam a opção por hotéis.

Outras novidades competitivas eram aos poucos assimiladas no atendimento ao turista no Brasil. Até meados do século 19, o simples ato de banhar-se representou um desafio difícil para os hotéis que precisavam dar um salto de qualidade. Muitos hotéis nem sequer possuíam quartos de banho. Os hóspedes precisavam recorrer a casas de banho públicas, que também não eram numerosas.

Uma grande novidade que fez a diferença nos melhores hotéis por volta de 1880 foi o telefone. Dom Pedro II havia se surpreendido com essa maravilhosa invenção na Exposição Internacional de Filadélfia, em 1877, e pouco tempo depois os primeiros telefones estavam sendo fabricados no Brasil, para serem instalados no palácio do Imperador. Sugestivamente, uma casa comercial chamada "Ao Rei dos Mágicos" instalou a primeira rede telefônica do país, interligando-se a várias repartições públicas na cidade. Somente com a criação da CTB - Companhia Telefônica Brasileira, em 1881, o serviço ganhou corpo. Mas o Brasil estava adiantado neste setor, em relação ao restante do mundo.
Desde 1879 havia hotéis com telefone à disposição do público, inicialmente apenas para solicitar transporte.

Outra inovação bastante alardeada foi a eletricidade. Os avanços nessa área vieram por etapas. Primeiramente, o conforto de uma campainha elétrica em todos os quartos, para o hóspede solicitar serviços sem precisar ir até a recepção. Depois, a iluminação de alguns setores, especialmente os de uso comum. Depois, os quartos. E, nos prédios altos, os elevadores movidos a energia elétrica causavam admiração.

Além das novidades tecnológicas, a inserção dos hotéis na vida social não somente conferiu notoriedade aos que souberam seguir esse caminho, como colaborou para a transformação de costumes arraigados da antiga sociedade colonial. Trazendo artistas de companhias estrangeiras para os palcos portoalegrenses. A partir daí, os hotéis também se incorporaram aos divertimentos da cidade. Começaram discretamente, exibindo bandas de música, e em pouco tempo já promoviam os primeiros bailes carnavalescos em salões, poupando os foliões de grosserias inconvenientes dos entrudos, nas ruas.

No Rio Grande do Sul, a cidade de Porto Alegre ganhou em 1870 o sofisticado Hotel del Siglo, localizado na Praça da Alfândega (Almanaque Gaúcho, 2005).
Nessa época, nada foi mais impactante para o turismo no Brasil do que a imigração, não apenas pela exigência de acomodações para os imigrantes, mas também pela experiência que traziam nos serviços de hotelaria europeu.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, de 1859 a 1875, o Governo da Província registrou o número de 12.563 estrangeiros, das seguintes nacionalidades: alemães (8.412), austríacos (1.452), italianos (729), franceses (648), suíços (263) e outros (105).

O estímulo à industrialização no Brasil, provocado pela Primeira Guerra Mundial, gerou um grande surto de desenvolvimento na região.
Mão-de-obra qualificada não faltava. A atividade fabril desenhou um novo perfil urbano e econômico na cidade, que exigiu a ampliação de toda a infra-estrutura da cidade, inclusive no setor da hotelaria.

Este cenário provocou também o surgimento de hotéis luxuosos, destinados a abrigar os grandes fazendeiros, comerciantes, artistas e os emergentes industriais.
A evolução nos serviços vinculados à hospedagem ajudou a fomentar, na segunda metade do século XIX, o surgimento de hotéis de categoria, funcionando em edifícios especialmente construídos para essa finalidade.
Essa geração de hotéis mudou a imagem que vigorava anteriormente entre os visitantes estrangeiros, a respeito dos hotéis de Porto Alegre.

Nos anos de 1920, a próspera capital portoalegrense vivia uma Belle Epoque, com a inauguração de luxuosos hotéis e de imponentes palacetes, em meio a um processo de embelezamento da cidade.

Nessa mesma época, em Porto Alegre, o glamour dos hotéis notabilizou-se com o sucesso internacional influenciados pelo Hotel Ritz, de Paris, considerado um marco na história da hotelaria mundial, apresentavam inovações hoje triviais, como banheiro privativo em cada quarto e empregados uniformizados.

Grandes alterações urbanas promovidas em Porto Alegre, especialmente nas primeiras décadas do século XX, afetaram a localização e o conceito arquitetônico dos novos hotéis. O alargamento de avenidas, a verticalização e o uso intenso de automóveis traçaram perfis diferenciados nas principais cidades do país.

Assim surgiram, principalmente na Europa, inúmeras empresas de transporte aéreo. No Brasil, entretanto, a aviação comercial só ganharia fôlego ao final dos anos 1920, primeiro em Porto Alegre.
Inaugurada em 1927, a Varig - Viação Aérea Riograndense transportava seus passageiros nos hidroaviões Dornier Wal de nove lugares e um Dornier Merkur, de seis lugares.
Com o fim da Segunda Guerra o avião passou a ser, em todo o mundo, por excelência, um veículo essencial para o desenvolvimento do Turismo e para o intercâmbio entre os povos.

Em 1949, na Europa, foi vendido o primeiro pacote de turismo que utilizava o avião como transporte.

Em 1955, a Varig inaugurou sua linha Rio de Janeiro - Nova Iorque, com os confortáveis Super Constellation. O transporte aéreo já se consolidava como um fator de grande impulso para o Turismo doméstico e internacional.

O crescimento do fluxo de turistas havia propiciado a instalação de novos hotéis em várias capitais brasileiras, como Porto Alegre.

O turismo e a hotelaria sofreram um período de estagnação. A febre imobiliária nas grandes cidades direcionou a maior parte dos investimentos urbanos para a construção de prédios de escritórios e residenciais.
Atenta à necessidade de dispor de um fórum próprio para discutir soluções focadas no turismo, a Confederação Nacional do Comércio, criou, em 1955, o Conselho de Turismo, um órgão de assessoramento que reúne notáveis da hotelaria e da atividade turística nacional.
Neste mesmo ano, empresários do ramo de hospedagem e alimentação uniram-se para fundar a Federação Nacional dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares.
Essa mobilização setorial acabou por despertar as autoridades públicas do País que, em 1958, aprovaram a criação de um órgão nacional responsável pela coordenação das atividades destinadas ao desenvolvimento do turismo interno e externo: a Combratur, Comissão Brasileira de Turismo (Decreto Federal nº 44.863).

No entanto, a crise ainda se arrastaria por mais alguns anos. Em novembro de 1961, os problemas do setor eram apontados pelo presidente do Conselho de Turismo da CNC, Corintho de Arruda Falcão, em reunião da entidade:

“Falta-nos a civilização de como receber o turista nos portos e aeroportos, nos quais cinco ministérios diferentes entravam a entrada de nossos visitantes, com emprego de métodos e processos obsoletos, já abandonados por todos os países do mundo. [...] falta-nos civilização, quando se nota a inexistência de um grande parque hoteleiro, condição sine qua non, para que recebamos hóspedes. Que melancolia, sabermos que todos os apartamentos de classe turística, no Brasil, não atingem o número de 10 mil, enquanto que a França possui 400 mil e a Espanha 280 mil” (FALCÃO, 1961).

Apesar do contraste entre o mercado interno e o cenário internacional, os anos 1960 trouxeram novas perspectivas para o Turismo brasileiro. Novos empreendimentos hoteleiros entraram em cena, estimulados pelo aquecimento da economia no período e pelos incentivos para investimentos oferecidos pela Embratur, empresa estatal criada pelo Decreto-Lei 55, de 1966, com a missão de formular, coordenar e fazer executar a Política Nacional do Turismo.

No início dos anos 1970, a hotelaria e o empresariado do setor deram mostras de novo vigor.
A diversificação de serviços com perfil de luxo e o aumento da profissionalização no setor foram fatores decisivos não apenas para a promoção da hotelaria nacional, mas especialmente para o incremento da imagem do Brasil como destino importante do turismo internacional.

Referências:

Sílvia Leão graduou-se pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS, em 1982. De 1983 a 1994, lecionou na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina. Em 1995, após concluir o curso de mestrado no PROPAR-UFRGS, transferiu-se para a Faculdade de Arquitetura da UFRGS, onde hoje atua como docente, pesquisadora e editora da revista ARQTexto.

Notas:

1. LEÃO, Sílvia.  Arquitetura de hotéis: caso de Porto alegre-RS.   Porto Alegre, Departamento de Arquitetura, 1998.   Pesquisa.
2. LEÃO, Sílvia.  Hotel: origens e formas atuais. Caso de Florianópolis-SC.  Porto Alegre,  PROPAR-UFRGS, 1995.  Dissertação de Mestrado.
3. O Professor Arquiteto Günter Weimer forneceu os dados necessários ao acesso direto aos microfilmes da Prefeitura de Porto Alegre.
4. O Professor Arquiteto Carlos Azevedo Moura, devido a ligações familiares, cedeu  fotos originais e inéditas do antigo Grande Hotel.
5. SANHUDO, Ary Veiga. Porto Alegre. Crônicas da minha cidade. Porto Alegre, Sulina, 1961.  p. 89.
6. Id. ibid.
7. FORTINI, Archimedes.  O passado através da fotografia.  Porto Alegre, Grafipel, 1959.  p. 58-60.
8. FOGO revive uma página da história de Porto Alegre. Correio do Povo, Porto Alegre, 14 mai. 1967, s. n. p.
9. A repartição federal atendia pela sigla IAPFESP. Em: FOGO revive (...), op. cit.
10. Grande Hotel, o maior ponto de referência.  Zero Hora, Porto Alegre, 3 out. 1980.  Caderno ZH, p. IV-V.
11. LAYTANO, D. Uma pequena introdução à história de um hotel.  Zero Hora, Porto Alegre, 3 out. 1980.  Caderno ZH, p. IV-V.
12. KIEFER, Flávio.  Casa de Cultura Mário Quintana: a utopia sobrevive.  Projeto, São Paulo, n. 144, p. 64-71, ago. 1991.
13. WEIMER, Günter.  Theo Wiederspahn, arquiteto.  Projeto, São Paulo, n. 80, p. 98-102, out. 1985.
14. Id. ibid.
15. Ainda em 1908 Wiederspahn foi contratado pelo Escritório de Engenharia Rodolfo Ahrons, que foi a primeira grande empresa construtora da cidade de Porto Alegre. Id. ibid.
16. Sabe-se, entretanto, que o embargo deveu-se muito mais a divergências ideológicas existentes entre Borges de Medeiros e Horácio Carvalho, que mantinha boas relações com a comunidade alemã residente na cidade à época da I Guerra. Em: SILVA, Liana Koslowsky.  Majestic Hotel. Memórias de um monumento.  Porto Alegre, Movimento, 1992, p. 26 - 27.
17. SILVA, op. cit., p. 44 - 45.
18. Id. ibid., p. 52.
19. SILVA, Liana Koslowski da & HENEMANN, Claudio.  Breve histórico do Hotel Majestic - hoje Casa de Cultura Mário Quintana. Arquivos da Casa de Cultura Mário Quintana,  datilografado, p.2.
20. LOPEZ, Luiz Roberto.  Porto Alegre e o Majestic.  Mimeografado, out/1990.
21. O poeta Mário Quintana, que deu nome à posterior Casa de Cultura,  instala-se no Majestic em 1968, residindo ali até 1980. SILVA, L. K. Majestic Hotel. Memórias de um monumento, op. cit., p. 86 e 99.
22. Id. ibid., p. 73 - 134.
23. LEÃO, 1995, op. cit., p. 69-70.
24. Informação fornecida pelo Professor Arquiteto Günter Weimer.
25. RIO GRANDE DO SUL. Imagem da terra gaúcha.  Major Morency do Couto e Silva, Dr. Arthur Porto Pires e Léo Jerônimo Schidrovitz. Porto Alegre, Cosmos, 1924, p. 618.
26. Id. ibid.

DREHER, Martha. Rua da Praia de Antigamente. Correio do Povo. setembro de 1977. RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas cidades brasileiras. São Paulo: Contexto, 1989

PORTO ALEGRE DE ONTEM .... ALGUNS HOTÉIS DE PORTO ALEGRE                                                                                            por Antonio Paulo Ribeiro     

HOTELARIA EM PORTO ALEGRE
Carla Schlieper de Castilho,  Naira de Oliveira Peroni

CARNEIRO, Luiz Carlos; PENNA, Rejane. Porto Alegre - de Aldeia a Metrópole. Porto Alegre: Marsiaj Oliveira, Oficina de História, 1992.
CARVALHO, Haroldo Loguercio. A modernização em Porto Alegre e a modernidade do Majestic Hotel.1994.. Dissertação (mestrado em História) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1994.
CORREIO DO POVO, 14/05/1967, p. 16. NOAL FILHO, Valter Antonio;
FRANCO, Sérgio da Costa. Os viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890. Santa Maria: Anaterra, 2004a. .Os viajantes olham Porto Alegre: 1890-1941. Santa Maria: Anaterra, 2004b.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Uma outra cidade: o mundo dos excluídos no final do século XIX. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001.
RICHARDSON, Roberto Jarry et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas cidades brasileiras. São Paulo. Ed. Contexto, 1989.
SILVA, Liana Koslowsky. Majestic Hotel: Memórias de um monumento. Porto Alegre: Ed. Movimento, 1992. Fontes de pesquisa Imposto localizado / Imposto por valor locativo (códigos: 5.3.1.1.7.1 até 5.3.1.1.7.30). Arquivo Histórico Moisés Velinho. Imposto por espécie. (códigos: 5.3.1.1.4/1 até 5.3.1.1.4/40). Arquivo Histórico Moisés Velinho.
Page 16
CASTILHO, C. S.; PERONI, N. O. Hotelaria em Porto Alegre. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo. v. 2, n. 1, p. 4-19, mar. 2008

Wikimédia – Antigo Hotel Nacional

Carvalho, Haroldo Loguercio. A modernização em Porto Alegre e a modernidade do Majestic Hotel.
Dissertação de Mestrado na área de História do Brasil apresentada ao curso de pós-Graduação em História. PUCRS, Porto Alegre, 1994.
Silva, Liana Koslowsky. Majestic Hotel: memórias de um monumento. Porto Alegre: Ed.Movimento, 1992.
Museus - duas décadas de arquitetura. Casa de Cultura Mário Quintana. Suplemento técnico. Revista Brasileira de Arquitetura, Planejamento, desenho industrial e construção. s/data.

Fontes Disponíveis:

- Livros, jornais como O Correio do Povo, Jornal do Comércio, Diário de Noticias, entre outros e também em algumas revistas tais como a Revista do Globo, Máscara, Kodac, e outras que foram encontradas na Biblioteca do Centro Universitário Metodista IPA, Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul e no Instituto Histórico Geográfico; jornais e fotos foram encontrados no Museu da Comunicação Hypólito da Costa; informações foram coletadas nos livros de registros de impostos, (imposto localizado, imposto por valor locativo e imposto por espécie), do período de 1890 até 1933, que estão no Museu Histórico de Porto Alegre Moisés Velhinho.

Também foram considerados como fonte de pesquisa, relatos de familiares e amigos cujos antepassados, por diversos motivos, residiram em pensões no período.

11 comentários:

  1. Excelente artigo, muito completo e recheado de informações. Obrigado pela coleta e pelo amplo estudo, usarei algumas informações em um trabalho sobre hotelaria.

    Grande abraço,

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  2. Sensacional. Não tinha a menor ideia de como era a Hotelaria em poa nos anos 20 até agora. Parabéns.

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  3. Só faltou o hotel mais TOP da época...o UMBU HOTEL !

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  4. Faltou o Hotel Bruno na Voluntários da Pátria,239,moderno 769,Enfrente à Estação da Estrada de Ferro. Prop : Roberto Bruno Petzhold. Nas primeiras décadas do século XX. Gegenüber der Bahnstation !

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  5. Ótimo trabalho de pesquisa; li todo o texto que, infelizmente, teve a parte referente ao Hotel Continental "truncada" e a parte final sem informações, apenas com fotos. Creio que o texto foi "recortado" ou faltou "fôlego" do pesquisador para digitar e finalizar o texto. Mesmo assim, repito: foi um ótimo trabalho de pesquisa.

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  6. Parabéns. Lindo trabalho.Muitas informações que merecem ter sido resgatadas e colocadas ao público.
    estou interessada no Hotel Umbu. Nome do proprietário na época da fundação e qualquer coisa dos anos 60. tens alguma direção que eu possa seguir? no novo Hotel Umbu não há nada devido às diversas trocas de proprietários. Podes me dizer se havia serviços de contabilidade ou se os próprios hotéis que faziam registros de funcionários? eu busco um empregado do Hotel nos anos entre 1961 a 1965. não estou sabendo onde buscar. ele era estrangeiro então não me resolve os arquivos de nascimento do Arquivo Histórico.
    Grata

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  7. Adorei a matéria e gostaria de perguntar......
    Havia um prédio perto do viaduto da Conceição e lá encima, perto do telhado, dizia...WELP....
    Era um hotel? Vocês têm alguma informação sobre isso?

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  8. Oi James, adorei tua matéria, parabéns!
    Gostaria de alguns dados sobre o Hotel Majestic. Gostaria de saber se podes me ajudar? Meu email ff_depaula@hotmail.com
    Obrigada

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  9. Estou procurando dados do hotel glória, no centro de Porto alegre

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