Niemeyer em Porto Alegre
Niemeyer na Praça Otávio Rocha - 1949
- Oscar Niemeyer disse
uma vez, dirigindo-se à mocidade que aqui o cercava:
“Sejam idealistas. É preciso apertar o
cinto e trabalhar bem. O dinheiro é um acidente que virá depois. Só assim se
pode fazer boa arquitetura”.
- No seu diário, nas folhas 4 até
9, Fernando Corona (1895-1979)
registrou, em 1975, a vinda de Oscar
Niemeyer a Porto Alegre da seguinte forma,
A Visita a Porto Alegre
Em 1949, desde o momento que três engenheiros terminaram o Curso de
Urbanismo do Instituto de Belas Artes, eles e o Diretor da Escola Tasso Corrêa estiveram em contato com o
arquiteto Oscar Niemeyer, na
ocasião, em São Paulo. Numa carta enviada prometeu vir, terminadas as férias de
verão. Como não viajava de avião, sua vinda a Porto Alegre foi pelo mês de
abril e de uma maneira curiosa.
- Meu filho Eduardo Corona andava em São Paulo acompanhando Oscar Niemeyer por toda parte. Aquele
compromisso de vir paraninfar a turma de urbanistas o preocupava e certo dia Oscar Niemeyer disse:
– Corona, vamos a uma Empresa de
Transportes ver quanto custa uma viagem de ida e volta a Porto Alegre de táxi.
– Vamos os três, você, minha
mulher e eu. – Que tal?
- A timidez do famoso artista é
sua mais nítida característica. A verdade é contrataram o táxi (é claro e
evidente que seria pago pelo IBA) e por aquelas estradas de terra aqui
chegaram.
- Oscar Niemeyer nunca
tinha vindo a Porto Alegre, embora enviasse um projeto de edifício encomendado
pela Previdência do Estado, projeto para a esquina da Avenida Borges de
Medeiros e Rua General Andrade Neves.
- Seria curioso fazer constar que
não fora construído. A prefeitura da capital, ou mais precisão o diretor de
Obras Eng. Paulo Aragão Bozzano, o
recusou, alegando que iria desentoar das demais construções ao lado.
Nota:
- O pavilhão “Mata
Borrão” foi construído 10 anos depois no lugar
do prédio do IPE.
- Era essa, infelizmente, a
mentalidade oficial da nossa capital, mentalidade acanhada, provinciana, por
não dizer ignorante. A nossa cidade perdeu um edifício projetado por um dos
mais afamados arquitetos do mundo.
O Paraninfo
- Em noite memorável, os três
pioneiros em urbanismo do Brasil, colaram grau. O auditório Tasso Corrêa esteve
totalmente ocupado por gente interessada. Tasso
Corrêa abriu a sessão estando a Congregação do Curso acompanhando a
cerimônia em volta da mesa.
Foto de Flávio DAMM da: Revista do Globo, fascículo nº 482, 14.05.1949, p. 45
Oscar Niemeyer com estudantes de Arquitetura e Urbanismo do IBA-RS
- Francisco Riopardense de Macedo que falou pela turma e o paraninfo Oscar Niemeyer, pouco falou e quase ninguém ouviu o que dizia.
É tão tímido que fala para dentro
e baixinho.
O que mais importava era sua
presença.
Conferência no I.A.B.
- Oscar Niemeyer fez
duas conferências com diapositivos que Eduardo
Corona ia passando. Mostrava assim sua obra na Pampulha e o Ministério da
Educação no Rio de Janeiro, então capital da república, assim como algumas
residências por ele projetadas.
Conferência de Oscar Niemeyer no IBA-RS
Entrevista
- Falou a imprensa e em entrevista
ao jornal Correio do Povo disse
entre outras coisas em uma entrevista muito sumária, que aqui fica reproduzida
pela forma exata em que foi obtida, com perguntas e respostas feitas a queima
roupa, no “Hall” do Preto Hotel.
- Qual é a posição da moderna
Arquitetura brasileira em relação ao que se faz sobre a mesma matéria em escala
mundial?
– A arquitetura contemporânea superou no
Brasil o período de funcionalismo ortodoxo e apresenta como característica
principal a preocupação da forma plástica dentro dos bons princípios arquitetônicos,
isto é, a forma em função da nova técnica e dos novos processos construtivos.
- O que observou na Arquitetura de
Porto Alegre, do ponto de vista moderno?
– A não ser dois prédios projetados pelo
arquiteto Fernando Corona ( só estive no centro da cidade) confesso que nada vi
de Arquitetura contemporânea em Porto Alegre. Isso é lamentável, uma vez que
nos principais Estados brasileiros a nova Arquitetura está vitoriosa (Rio,
Minas, São Paulo e agora Bahia)
- Será executado o projeto de sua
autoria feito para o Instituto de Previdência do Estado?
– Parece-me que o projeto que fiz tempos
atrás para o Instituto de Previdência do Estado, não será realizado, não tendo
mesmo satisfeito o diretor de obras da Prefeitura de Porto Alegre. Acho tudo
isso muito natural, pois trata-se de um
projeto completamente diferente dos tipos acadêmicos e
passadistas da preferência daquela repartição.
- Que impressão leva do Instituto
de Belas Artes?
– O Instituto de Belas Artes surpreendeu-me
pela forma idealista e compreensiva com que foi organizado. Trata-se de uma
organização exemplar, que muito contribuirá para o desenvolvimento das artes no
Rio Grande do Sul.
Visita a Corona
- Oscar Niemeyer foi
para um bate-papo em uma mesa redonda, na casa de Fernando Corona, onde estariam os acadêmicos de arquitetura e meus
filhos. O local seria na minha casa à rua Dr. Timóteo.
- Uma no jardim na frente da casa,
outra, ele sentado no meu gabinete onde aparece o busto do meu pai.
Oscar Niemeyer no jardim frente a casa de Fernando Corona
SZEKUT Alessandra Rambo Vertentes da Modernidade no Rio
Grande do Sul: a obra do arquiteto Luis Fernando Corona.
Porto Alegre: UFRGS, 2008, p 22 fig. 11
Oscar Niemeyer na sala da casa de Fernando Corona
SZEKUT Alessandra Rambo Vertentes da Modernidade no Rio
Grande do Sul: a obra do arquiteto Luis Fernando Corona.
Porto Alegre: UFRGS, 2008, p 22, fig. 12
- Terminada a missão entre nós, Oscar Niemeyer e senhora e meu filho Eduardo Corona voltaram a São Paulo no
mesmo táxi que vieram. jhu
- Após esta presença de Oscar Niemeyer ao IBA-RS, Fernando Corona
elaborou o projeto do Edifício Jaguaribe
junto com o seu filho Luis Fernando
Corona (1924-1977) e este projetou o prédio da CRT – Campanhia Riograndense
de Telecomunicações e face ao terreno que deveria ter o prédio do IPE projetado por Niemeyer.
- Oscar Niemeyer já
aprendera, certamente, a lição de Lê
Corbusier que escreveu (in Boesiger, 1948, p.10) que as novas gerações “sobem nos
nossos ombros sem constrangimento e, sem agradecer o trampolim, jogam-se além
para projetar, por sua vez, a idéia mais longe”.
- A geração da juventude, que
cercou o arquiteto da Pampulha, e depois de Brasília, na sua vinda a Porto
Alegre, em 1949, soube realizar, no mundo prático, mais um passo na direção dos
projetos que Niemeyer não pode
realizar em Porto Alegre.
O Memorial em Porto Alegre
Em 1989, Oscar Niemeyer aceita realizar o desejo dos amigos de projetar o Memorial Luis Carlos Prestes, o que faz
como doação. O detalhamento do projeto é do bisneto e arquiteto Paulo Niemeyer
Em 1990, aprovação pela
câmara municipal da doação do terreno da Prefeitura para a construção do Memorial.
Em 1998, lançamento da pedra
fundamental do Memorial.
Em 15 de julho de 2008, assinatura
da minuta com a Federação Gaúcha de
Futebol da cedência de 50% do terreno doado pela Prefeitura, com a
contrapartida do compromisso da execução da obra e da posterior manutenção e
segurança do Memorial.
Em 31 de agosto de 2011, aprovação
do projeto arquitetônico assinado por Oscar
Niemeyer na Prefeitura de Porto Alegre.
Em 11 de abril de 2012, início
da obra do Memorial.
Em dezembro de 2012, 70% da
obra já estava realizada.
Em março de 2013, previsão de
conclusão e inauguração do Memorial
– O Memorial Luís
Carlos Prestes e o Caminho da
Soberania são as duas últimas obras importantes que Oscar Niemeyer fez – sentencia o arquiteto Paulo Niemeyer, responsável pelo detalhamento dos esboços de ambas
criações junto com o bisavô. Paulo se
refere aos dois projetos de Oscar
Niemeyer para a Capital: além do Memorial, prestes a receber o fechamento
de vidro na semana que vem, e o outro, em homenagem a outros vultos da História,
Jango, Getúlio e Brizola, este ainda na condição de projeto.
- Projeto do Memorial a Luís
Carlos Prestes foi encomendado em 1989 e teve obra iniciada em agosto de
2011 com previsão de inauguração em 2013.
- Quando o Oscar
Niemeyer biológico morre, sua mais recente obra cresce em Porto Alegre, de
concreto, vidro e curvas, como deve ser um Niemeyer.
Atrás de tapumes numa ponta da Avenida Beira-Rio se esconde um gol antes da Copa do Mundo de Futebol, o Memorial Luís Carlos Prestes,
instituição com inauguração prevista para março de 2013.
- Numa área da orla de conexão entre as obras do português Álvaro Siza, com a Fundação Iberê Camargo, e o espanhol Fermín Vázquez, autor do projeto de modernização do Cais do Porto, Oscar Niemeyer fecha o traçado de um caminho de arquitetura de
nível internacional em Porto Alegre.
- Em particular, Paulo
Niemeyer ressalta o apreço de Oscar
Niemeyer pelo projeto do Memorial, em função da amizade com o camarada Luís Carlos Prestes. O seu cuidado com
essa criação chegava ao ponto de Oscar
Niemeyer estar preocupado com a museologia da instituição e não admitir
outro curador senão ele mesmo para a área expositiva com o acervo encarregado
de contar a história do “Cavaleiro da Esperança”, nascido na Capital.
– É um projeto inovador no conceito do trabalho porque a
parede que sustenta a obra funciona como uma coluna, mostrando beleza, solto do
chão, como uma escultura – diz Paulo
Niemeyer, referindo-se ao volume vermelho que envolve o prédio e à relação
do Memorial com o entorno – vizinho à área do Caminho da Soberania e ao fato de ser obra pública.
Edson dos Santos,
presidente do Instituto Olga Benário
Prestes, entidade nacional com sede na Capital, participa do grupo de
amigos comunistas de todo país envolvidos no encaminhamento da criação do Memorial Luís Carlos Prestes. Junto com
o agrônomo Luís Carlos Pinheiro Machado,
representa a todos na fiscalização informal do prédio.
Responsável pela execução das obras recentes no Estado e
pela "costura"
dessa empreitada, o arquiteto Hermes
Teixeira da Rosa lembra do momento em que Oscar Niemeyer aprovou com elogios o projeto estrutural, trabalho
do engenheiro José Sussekind,
encarregado de manter o estilo "solto" da proposta:
– O “corpo da mulher” era a arquitetura dele –
disse, referindo-se ao melhor clichê gerado pela arquitetura contemporânea.
- Como havia dificuldade de executar a obra no terreno enorme,
de 11,25 mil metros quadrados, a solução foi uma parceria com a Federação
Gaúcha de Futebol: em troca da metade da área, a instituição se encarregou de
financiar a execução da obra e, após concluída, de manter o Memorial, resultado
da aproximação dos prestistas com a Federação. Niemeyer viu na divisão do terreno a oportunidade de fazer
deslanchar a obra.
- Devido à concretagem, as rampas foram os elementos mais
complexos de ser executados. A obra, de pé-direito de 5,5 metros, construída em
área com um metro de elevação em relação ao prédio da Federação, erguida com
blocos de concreto e teto de laje dupla. Instalação de dois vidros de 5mm cada
no contorno de concreto pintado de preto.
- O prédio, circundado por um espelho d’água, é marcado por um
volume vermelho em alusão a uma foice estilizada. Tudo protegido por tela
galvanizada no fechamento do terreno de 900 metros quadrados e área construída
de 750 metros quadrados.
- Dentro, a protagonista área de exposição, biblioteca e mini-auditório
(o Memorial usará a estrutura da Federação, projeto de Debiagi Arquitetos e
Urbanistas, em obra).
Obras de Oscar
Niemeyer concluídas no estado:
Memorial
a Getúlio Vargas – São Borja
- Memorial a Getúlio Vargas, em São Borja (Cláudio Gottfried/Especial)
Inaugurado em 2004, na passagem dos 50 anos de falecimento
de Getúlio Vargas, o mausoléu fica na praça que leva o nome do ex-presidente.
Do projeto original, falta a construção de um espelho d'água. O arquiteto
responsável, Hermes Rosa, viajará à cidade para garantir que o projeto fique
completo. A prefeitura diz que foram feitas quatro licitações para contratar
uma empresa que construísse o espelho d'água, mas ninguém se interessou. Outra
tomada de preços será feita.
Casa
do Povo – Vacaria
- O prédio, inaugurado em 1986, é Patrimônio Artístico e
Histórico do Estado desde 2008. O cilindro de concreto, com grandes janelas
circulares, distribuídas ao longo da fachada, guarda um auditório para 450
pessoas. No início dos anos 2000, Niemeyer teria rejeitado a obra, em razão de
modificações radicais feitas no traçado original e em decorrência do abandono.
Havia, entre outras intervenções, uma churrasqueira. Em 2005, a obra voltou a
integrar o catálogo do escritório do arquiteto carioca.
- Projeto de Oscar
Niemeyer não concretizadas:
Caminho
da Soberania
Em 2008, A doação para o
terreno da obra foi sancionada, pelo prefeito José Fogaça.
Em 2008, Oscar Niemeyer revela que o círculo que risca na folha branca é o
esboço do Caminho da Soberania Nacional,
a ser construído na orla do Guaíba no centro de Porto Alegre.
'Será um caminho oval de 25 por 15 metros de diâmetro',
diz. 'É formado por quatro bustos e memoriais dispostos ao longo do perímetro,
cada um deles dedicado a um herói gaúcho da liberdade:
- Luís Carlos Prestes,
- Getúlio Vargas,
- João Goulart,
- Leonel Brizola.'
- No centro, o arquiteto projeta um espaço para exposições e
eventos. Não há data fixada para a execução. 'Ainda há muito para concretizar',
diz, inquieto com os projetos que não passaram do estágio de maquetes - ou
estão incompletos.
- Segundo o Jornal Zero Hora, o arquiteto Paulo Niemeyer deve se encontrar com o prefeito José Fortunati para protocolar o Caminho da Soberania — uma obra em
homenagem a Jango, Getúlio e Brizola, que deve ser construída em uma área de 23
mil metros quadrados à beira do Guaíba.
- O empreendimento cultural reunirá acervos que desvelam a
história pessoal e política dos homenageados. Três bustos de bronze, cada um
com três metros de altura, disputarão a atenção de motoristas e pedestres que
passarem pela via.
- A idéia é utilizar a área como um pequeno parque, sem acesso
a automóveis. Por dentro, as estruturas abrigarão objetos e documentos que
contarão passagens importantes de um século — entre elas, a Revolução de 1930, a Legalidade em 1961 e o Golpe Militar de 1964.
- O arquiteto responsável pela execução do Caminho da Soberania, quando for
construído, Hermes Teixeira da Rosa,
espera sensibilizar o poder público neste momento da morte de Oscar Niemeyer para aprovar o projeto
da construção de 1,75 mil metros quadrados junto à Prefeitura Municipal,
assunto que está sendo encaminhado pelo deputado Carlos Eduardo Vieira da Cunha.
- Essa região deve receber a sequência de uma rua na lateral
que irá facilitar o acesso.
Instituto
de Previdência do Estado (IPE) – Porto Alegre
- O prédio da sede do Instituto de Previdência do Estado (IPE)
foi o primeiro grande e não executado projeto de Oscar Niemeyer para Porto
Alegre. O edifício concebido por Niemeyer teria 16 andares _ quatro pavimentos
para o IPE, cinco para escritórios privados e sete de apartamentos. De acordo
com a assessoria do IPE, o projeto do arquiteto ficará apenas na lembrança,
pois não há intenção de colocar a obra prevista inicialmente em execução, projeto para a esquina da Avenida Borges de Medeiros e Rua
General Andrade Neves.
- Seria curioso fazer constar que
não fora construído. A prefeitura da capital, ou mais precisão o diretor de
Obras Eng. Paulo Aragão Bozzano, o
recusou, alegando que iria desentoar das demais construções ao lado.
Centro
Amrigs – Porto Alegre
- Projetado para ser erguido no centro de Porto Alegre, o
Centro Amrigs, hoje na Avenida Ipiranga, deveria ser o segundo prédio de
Niemeyer na Capital. A construção abrigaria hotel, centro administrativo,
restaurante e auditório de 2 mil lugares. O edifício construído pouco lembra a
escala e as formas do projeto original. A Amrigs guarda todo o material
produzido pelo arquiteto e pretende fazer uma exposição.
Memorial
Oswaldo Aranha – Alegrete
- Idealizado pelo ex-prefeito Adão Faraco (1983 _ 1987), o
Memorial Oswaldo Aranha será construído a partir de uma parceria entre poder
público e patrocinadores, com gerência do Instituto Memorial Oswaldo Aranha,
coordenada por familiares do alegretense homenageado. No início deste ano, a
prefeitura doou uma área de 872 metros quadrados, às margens da rodovia
Alegrete-Uruguaiana (BR-290).
- A construção, avaliada em R$ 1,5 milhão, será iniciada em
2013.
Notícias
A Polêmica
Em 08 de novembro 2014, sábado,
perto a ser inaugurado em Porto Alegre, o Memorial
Luiz Carlos Prestes foi alvo de manifestações contra o comunismo. Cartazes,
cruzes até uma coroa de flores foram colocadas na tela em frente ao prédio
projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer,
em frente ao Anfiteatro Pôr do Sol.
Os cartazes traziam frases como “abaixo o comunismo”, “traidor da
democracia” e “vamos derrubar o memorial ao comuna Prestes”.
O ato, organizado pelas redes sociais, foi intitulado “Aniversário da Queda do Muro de Berlim e
Homenagem às Vítimas do Comunismo”.
- Como arquiteto dessa obra, é uma coisa que me deixa muito
triste. É lamentável esse tipo de coisa no Grande do Sul, comentou o arquiteto Hermes Teixeira da Rosa, responsável
pela execução da obra.
Segundo o arquiteto, os manifestantes não tiveram acesso ao
prédio, previsto para ser inaugurado até o final do ano. O local receberá uma
mostra permanente de objetos pessoais, fotos, armas utilizadas por Prestes e
seus companheiros revolucionários e alguns documentos, além de um espaço para
exposições temporárias.
Nota:
- Nascido em Porto
Alegre, Luis Carlos Prestes
(1898-1990) foi um militar e político comunista que liderou a Coluna Prestes. O
movimento político, de 1925 a 1927, era contrário ao governo da República
Velha. Os integrantes percorreram cerca de 25 mil quilômetros pelo interior do
país.
A Mobilização
Em 29 de novembro de 2014, sábado,
e em outro dia do mês de dezembro ainda a definir, o Memorial Luiz Carlos Prestes, será palco de mobilizações. Ao
contrário do que aconteceu no começo do mês, estes serão a favor da construção
do prédio e da homenagem a Luiz Carlos
Prestes.
- Paulo Niemeyer,
arquiteto responsável pela obra e neto de Oscar
Niemeyer está no grupo que prepara os novos atos.
“O primeiro será de repúdio ao que considero que foi um
ato grave para a democracia. Será apartidário e mais de 30 organizações já
confirmaram presença. Também estamos marcando outro, que ainda não definimos
data, mas que será uma sequência deste, porém mais formal, para pensar as
medidas para funcionamento do memorial com as pessoas, incluindo o público, que
levarão adiante o projeto e as atividades”.
- No começo do mês, quando se completou 25 anos da queda do
Muro de Berlim, cerca de 30 pessoas realizaram um ato em frente ao memorial.
Além de palavras de ordem ofensivas, os manifestantes portavam coroas de flores
e cartazes com frases como “devemos derrubar o memorial”, “abaixo o comunismo”
e desenhos da cruz suástica, fazendo clara referência ao nazismo promovido por Adolf Hitler, na Alemanha.
- Segundo Anita Leocádia Prestes o ato foi “revelador da
existência, da audácia e do cinismo desses pequenos grupos de fascistas,
existentes, em particular, no Rio Grande do Sul. Segundo sei, os responsáveis
pelo Memorial estão agindo junto à Justiça”. Para a filha de Prestes
com a militante comunista alemã Olga
Benário “todos
os homens de bem, todas as forças democráticas do país devem repudiar com
energia esse tipo de ação”.
O
Memorial
- O projeto do memorial que se pretende inaugurar até final
deste ano, é o único do arquiteto Oscar
Niemeyer construído na cidade de Porto Alegre. Por esse motivo a obra passa
a ter dupla importância, segundo o prefeito José Fortunati.
- A primeira é a homenagem à pessoa de Luiz Carlos Prestes como um homem que lutou contra a exploração das
camadas mais pobres, a segunda é a própria construção projetada por Oscar Niemeyer “que sem dúvida vai valorizar toda a região
na orla do Guaíba”, disse o prefeito da cidade em ocasião da visita,
em junho deste ano, da viúva e dos filhos de Prestes.
- Paulo Niemeyer se
lembra dos momentos em que começaram as discussões sobre o Memorial no
escritório de seu avô. “O Oscar tinha
um carinho fora do comum por esse projeto. Ele considerava um dos mais
importantes da sua vida. Acompanhei as conversas que se iniciaram logo após a
morte de Prestes, quando todos
decidiram que, por sua obra e importância, deveria ser homenageado na forma de
um memorial, para lembrar quem foi o ‘Cavaleiro
da Esperança’, nome dado por Jorge
Amado e reconhecido por muitos como Pablo
Neruda, Thiago de Melo e outros”,
declara Paulo.
- O projeto só começou ser conhecido quando em 1990, o
vereador Vieira da Cunha criou uma
lei que contribuiu para a continuação do projeto. Foi aí que tomou força e a
proposta cresceu.
- O prédio tem aproximadamente 700 m² de área edificada e se
localiza perto do Lago Guaíba. Em alusão ao símbolo comunista tem uma foice e
um martelo no teto. Depois de inaugurado, terá uma área de exposição permanente
com acervo de fotos, documentos, objetos pessoais e algumas armas usadas por Prestes e seus companheiros.
- Um espaço será reservado para exposições temporárias e outro
para a biblioteca. Além disso, o memorial dividirá um auditório com a Federação Gaúcha de Futebol, que está
construindo seu prédio no mesmo terreno, e que servirá para a realização de
eventos.
“Não tenho dúvidas de que o Memorial sempre será um ponto
de discussão política, de ideias e um ponto turístico de extrema importância,
tanto pela carga histórica do homenageado quanto pela arquitetura, e isso por
si só, deve ser respeitado, além de ser motivo de orgulho para qualquer
brasileiro”, finaliza Paulo
Niemeyer.
Passei em frente durante o final de semana passado.
ResponderExcluirPareceu-me abandonado, com tinta descascando, esquadrias estragadas e mato crescendo ao redor.
Triste quando uma obra de caráter arquitetônico tende a pagar pela incompetência administrativa e pela falta de interesse (justificável) no conteúdo que abriga.
Uma obra de valorização da busca de ideais de liberdade e igualdade comunal que em sua época foi pautada por grande valor social e hoje, teoria e prática comprovadamente ultrapassadas, pouco interesse parece atrair na população em geral.
Edifício ilustre desconhecido.
Definhou por si só...
Visitei este local neste domingo, por conta de um trabalho da faculdade. Lamentável que uma edificação projetada por um arquiteto tão importante no mundo fique abandonada por questões políticas ou de afinidade. Porto Alegre que é uma cidade que carece de lugares culturais e quando um sai do papel, não pode ser inaugurado. É triste.
ResponderExcluir