Bairros
História Discriminação
- Essas histórias — e as estórias dessa história — estão traduzidas nos diversos caminhos, prédios e pessoas de cada arraial, areal ou localidade.
Há um precioso patrimônio a ser preservado. E que, por sua vez, é muito pouco conhecido pelos próprios moradores desta cidade de Porto Alegre.
- Ordem numérica de acordo como o mapa de localização dos bairros:
1. Farrapos
Localizado na zona norte da cidade, faz divisa com os bairros Humaitá e
Navegantes.
O Bairro Farrapos foi oficializado pela Lei nº 6218 de 17/11/1988, tendo os seguintes limites:
- Ao norte, desde o limite da faixa portuária seguindo pela Avenida Padre Leopoldo Bretano em toda a sua extensão;
- Ao leste, a partir do ponto de encontro das avenidas Padre Leopoldo Bretano e A. J. Renner seguindo na extensão desta até a Rua Dona Teodora;
- Ao sul, pela Rua Dona Teodora, desde a Avenida A. J. Renner até o ponto de encontro com a Dona Teodora com a Rua Voluntários da Pátria, seguindo em linha perpendicular até e no sentido do Cais Marcílio Dias;
- A oeste, a partir do Cais Marcílio Dias, na altura da Rua Dona Teodora, daí seguindo no sentido da Rua João Moreira Maciel até o limite da faixa portuária.
Mais conhecido como Vila Farrapos, o bairro é uma das regiões mais carentes da cidade. Os habitantes são de origem humilde e muitos vivem em precárias condições de moradia.
Os dois principais conjuntos habitacionais da região são:
Loteamento Castelo Branco,
Vila Esperança, esta última construída pelo Demhab.
A ocupação da região está ligada ao processo de crescimento populacional de Porto Alegre.
Bairro essencialmente residencial possui um posto de saúde para seus habitantes e um pequeno comércio de gêneros alimentícios.
De acordo com dados do Censo do IBGE de 2000, conta com uma população de 17.019 habitantes distribuídos em uma área de 165 hectares .
O Bairro Farrapos até a Copa do Mundo de 2014 passará por grande transformação, superando todas as adversidades atuais de 2010.
2. Humaitá
O Bairro Humaitá foi oficialmente criado pela Lei n.º 6218 em 17/11/1988.
Localizado na Zona Norte da capital, limita-se:
- Ao sul com o Bairro Navegantes,
- Ao norte com o Município de Canoas.
Originalmente uma zona de aterro sanitário, caracteriza-se por ser uma região essencialmente residencial, dispondo de pequeno comércio que atende aos moradores locais.
A partir dos anos de 1960, os problemas da cidade se ampliam, juntamente com o constante aumento populacional trazendo problemas como habitação, transportes e infra-estrutura, que necessitavam de projetos de integração. É neste contexto que a expansão para a zona norte/nordeste da capital torna-se mais efetiva, já que os custos de moradia eram mais acessíveis em função da distância do centro.
O Bairro Humaitá foi um dos setores residenciais projetados pela iniciativa privada nos anos de 1970, com o objetivo de responder aos problemas de habitação da cidade.
A ocupação dessa área aconteceu ao longo dos anos 1980.
Os primeiros prédios construídos no bairro eram de quatro andares, sem elevadores, e contavam em seus projetos com a concentração de equipamentos recreativos na forma de parque urbano. Posteriormente, os prédios construídos eram maiores com dez andares e elevadores.
O Bairro Humaitá também foi atrativo para o ramo imobiliário no final dos anos 1990 e início 2000. Algumas empresas da construção civil verificaram o potencial residencial do bairro, sobretudo para a classe média. Novos condomínios começaram a ser construídos na região aumentando significativamente o número de moradores que, de acordo com o Censo de 2000, já contava com uma população de 10.470 habitantes, distribuídos em uma área de 417 hectares .
Quanto a opções de lazer, o bairro dispõe principalmente do Parque Marechal
Mascarenhas de Moraes, inaugurado em 02/7/1982, com 18,2 hectares . Com uma área de lazer e recreação, e outra considerada de preservação permanente, é um parque de uso misto. O local dispõe de estádio de futebol, cancha de bocha, pista de patinação, quadra de futebol sete, quadras de vôlei e equipamentos esportivos, churrasqueiras e quiosques cobertos, sendo bastante freqüentado pelos moradores do bairro.
Em 2011, está em construção no bairro o novo estádio do Grêmio F.B.P.A. conhecido como “Arena” e grandes condomínios residenciais.
A ligação através do bairro, da Terceira Perimetral com a Freeway, gerou a necessidade de um viaduto sobre a Avenida Farrapos e assim a ligação com o Bairro Humaitá.
3. Anchieta
Localizado à direita da Estrada Federal BR 116 em direção ao Município de Canoas, entre o Aeroporto Internacional e o Município de Gravataí, o bairro Anchieta foi oficializado pela Lei nº 2022 de 12/1959, tendo seus limites assim estabelecidos:
- Ao sul, da Estrada Federal para Canoas, limite desta pelo Bairro São João;
- No leste com uma linha imaginária até a divisa com o rio Gravataí, por este na direção leste/oeste até encontrar novamente a Estrada Federal BR 116 e por esta em direção norte-sul até encontrar o limite com o Bairro São João.
Sua denominação, segundo o cronista Ary Veiga Sanhudo, é em referência ao
Padre Anchieta, fundador do colégio São Paulo, na região que, mais tarde, constituiu o núcleo inicial da capital paulista.
Na década de 1970, o bairro era considerado um lugar novo, em formação na cidade, e o mesmo cronista assim o descrevera:
“Anchieta é bairro na lei, loteamento no aspecto e grama em toda a sua extensão.”
Essa descrição é feita em virtude da escassa população que residia na região, como o é ainda hoje. A baixa densidade talvez seja em função de situar-se em zona baixa da cidade, que não oferecia atrativos que motivassem a ocupação imediata, pois, sob ponto de vista da urbanização prevista para cidade no Plano Diretor, encontra-se abaixo da cota de construção.
A partir de 1973, instala-se no bairro a CEASA - Centrais de Abastecimento do
RS, na Avenida Fernando Ferrari, 1001, quando produtores e atacadistas foram transferidos da Praia de Belas para o bairro, dando início à fase de comercialização no complexo.
A principal via de acesso ao bairro é a Avenida dos Estados que encontra
registros nos relatórios da Secretaria de Obras Públicas do Estado desde início do século XX.
A preocupação com a pavimentação da avenida iniciou em 1912, porém as obras começaram em 1925, sendo construída a primeira faixa de cimento no ano de 1930.
O nome da avenida foi oficializado em 1960, pela Lei municipal nº 2076.
O bairro Anchieta possui características industriais, além de instalado, armazéns e grandes depósitos.
4. Área não cadastrada (área reservada para ser o novo Centro Comercial planejado de Porto Alegre, um bairro completo)
5. Navegantes
O Bairro Navegantes é um dos mais antigos da cidade. Sua localização já era nítida nas plantas da cidade no final do século XIX.
As origens e ocupação da região estão ligadas ao trajeto para as colônias alemãs a partir 1824 e, em meados do século XIX, a ocupação do bairro já era digna de nota.
Desde seu início, o Bairro Navegantes já demonstrava sua importância devido a ligação que fazia entre o Centro da cidade e a região de imigração (vale do Rio dos Sinos), além da antiga Estrada de Baixo em direção a Gravataí, Santo Antonio e Osório.
Em 1874, houve a implantação da Estrada de Ferro Porto Alegre – Novo Hamburgo, o que dinamizou bastante o bairro, sobretudo após a inauguração da primeira Estação Navegantes, por volta de 1886.
Junto ao Colégio 1º de Maio
Ainda no século XIX, a região revelou-se com forte vocação industrial, e especialmente a partir de 1890, quando várias indústrias da Capital instalam-se no bairro. O crescimento industrial contribuiu para o aumento da população, pois seus moradores eram em sua maioria operários; passaram a habitá-lo em função da proximidade com seus locais de trabalho.
Em 1875, é criada a capela consagrada a Nossa Senhora dos Navegantes, devoção introduzida pelos imigrantes portugueses poucos anos antes.
No entanto, a construção da capela só ficou pronta em 1897, erguida em terreno doado pela senhora Margarida Teixeira de Paiva, dona de vastos terrenos na região.
Em 1919, a capela foi elevada a condição de Paróquia, já na sua atual sede.
Em frente à Igreja, está localizada a Praça Navegantes, onde é realizada uma das maiores expressões religiosas da cidade: - de acordo com a fé católica, é comemorado no dia 02 de fevereiro a devoção a Santa Padroeira da Capital – Nossa Senhora dos Navegantes.
Em 1958, é inaugurado um dos grandes impactos urbanísticos para a região do Bairro Navegantes foi a construção da ponte sobre o Rio Guaíba.
Com a nova edificação, a tradicional Praça Navegantes ficou em baixo de uma das elevadas, mas se manteve centro dos festejos realizados anualmente em honra da Santa Padroeira.
Oficialmente, o Bairro Navegantes foi criado pela Lei nº 2022 de 07/12/1959, sendo seus limites oficiais assim estabelecidos:
- Rua Voluntários da Pátria, da esquina da Avenida Brasil até o seu prolongamento por uma linha na direção oeste/leste, seguindo a margem atual do rio Gravataí até encontrar a Rua Dona Teodora;
- Desta até a Praça do Bombeador; segue pela Avenida Ceará até a Avenida Brasil;
- Desta até encontrar novamente a Rua Voluntários da Pátria.
Porém em 1988, o decreto de lei nº 6218 altera os limites norte do bairro que passa a ser definido a partir do Cais Marcílio Dias no sentido até o ponto de encontro das ruas:
- Voluntários da Pátria e Dona Teodora.
Atualmente, a região mantém seu caráter industrial, entretanto ampliou o setor de serviços.
No bairro está localizado um dos maiores centros comerciais da cidade, o Shopping DC Navegantes, que atende tanto aos moradores do bairro quanto à redondeza, com seu comércio, restaurantes, teatro e, mais recentemente, um campus de faculdade gaúcha.
6. São João
Avenida Assis Brasil
7. Jardim São Pedro
8. Jardim Floresta
9. Sarandí
10. Rubem Berta
Eixo Baltazar - Jardim Leopoldinha
11. São Geraldo
12. Santa Maria Goretti
13. Higienópolis
14. Passo da Areia
Vila do IAPI - 1963
15. Vila Ipiranga
16. Jardim Itu - Sabará
17. Passo das Pedras
18. Mario Quintana
19. Floresta
Hospital Militar - início século XX
Foi pela Estrada da Floresta (atual Avenida Cristóvão Colombo), que tudo começou, “ligando o centro ao longínquo morro coberto de densa vegetação arbustiva, verdadeira mata virgem...”
Com o tempo, esta floresta foi virando lenha para os fogões domésticos ou servindo de matéria-prima para madeireiras da região.
Assim, o morro foi sendo pelado, a estrada habitada e o bairro se gerando.
Década de 1920
Em 1849, no topo do morro ainda bastante arborizado, construiu-se um prédio que em dezembro do mesmo ano, inaugurou um hospital, a Casa de Saúde Bela Vista.
Em 1903, mais de cinqüenta anos depois, o hospital foi adquirido pelo Exército para tornar-se o Hospital Militar da Terceira Região - FGPA, não pertencendo mais aos limites do Bairro Floresta, mas que ao seu tempo, contribuiu para o desenvolvimento urbano de toda aquela região.
A instalação de um hospital gerou a necessidade de abrir-se vias de acesso.
Assim, ano após ano, via-se surgindo em torno da Estrada da Floresta, vielas, casas e logo em seguida, algumas pequenas fábricas, principalmente madeireiras e serralherias. Logo surgiu ali um espírito de comunidade, e com ele a inspiração de se ter uma igreja.
Em 1888 foi construída a Igreja de São Pedro, em terreno doado por uma senhora muito religiosa, Dona Carmen, legitimando o processo de desenvolvimento comunitário do bairro.
Avenida Cristovão Colombo com av. Benjamin Constant - década de 1960
Ainda por esse tempo, o único acesso com a cidade era a Estrada da Floresta, isolando a região do centro da cidade. Com a construção da igreja a urbanização da região toma novo impulso e já pelo início do século XX, vê-se alguns bondinhos passar por lá.
É então que o nome da estrada principal se espalha e estende-se a todo o território, inspirando o surgimento do Bairro Floresta.
Desde o final do século XIX, observa-se a tendência industrial da região, abrigando, entre outras, a Cervejaria Bopp, Sasse, Ritter e Cia, depois Brahma (atual Shopping Total).
Nesta cervejaria fabricou-se as famosas Continental e a Elefante, que a seu tempo foram as melhores cervejas que se tinha.
Não demorou muito para que os funcionários destes inúmeros postos de serviço, construíssem suas casas pelas redondezas de suas fábricas.
Em 1925, o bairro é remodelado, modernizando sua estrutura.
Atualmente conta com grande variedade comercial, preserva ainda algumas de suas indústrias e não deixou de ser residencial.
Outras igrejas foram erguidas, católicas e protestantes, respeitando a homogeneidade de seus moradores.
20. Moinhos de Vento
Vista, início século XX
Lago Chácara Mostadeiros
Hydráulica Municipal
21. Auxiliadora
Através da Estrada da Aldeia (Avenida 24 de Outubro), que ligava a capital à Freguesia da Aldeia dos Anjos (Município de Gravataí), a região que compreende o bairro Auxiliadora começou a se desenvolver no final do século XIX.
É com a instalação de moinhos de vento, aos arredores da cidade, nas propriedades do então conhecido Carlos Mineiro (Antônio Martins Barbosa), que a Estrada da Aldeia passa a ser mais freqüentada.
Logo seu nome é adaptado a sua atual função, passando a chamar-se Estrada dos Moinhos de Vento.
Em 1893, crescendo lentamente, o bairro ganha novo impulso quando uma linha de bonde cruza suas terras.
Em 1894, é construído o Prado da Independência que levou mais visitantes e possíveis moradores a região.
Em um ritmo acelerado, com sucessivas implantações de linhas de bonde e novas construções no local, o Auxiliadora vai tomando ares de bairro.
Em 1912/13, inicia-se o processo de loteamento das terras da região, acrescentando valor imobiliário ao território já bastante conhecido.
Em 1916, é erguida a Capela de Nossa Senhora Auxiliadora, batizando o local com seu nome.
Em 1919, a capela tornou-se paróquia, mais de quarenta anos depois, em 1961, inaugura-se o novo prédio da Igreja; em estilo greco-romano, ele imita o templo francês Madeleine de Paris.
Em 1933, a Estrada do Moinhos de Vento mudou seu nome para o atual, “24 de Outubro” em homenagem à data do golpe militar que depôs o Presidente Washington Luís Pereira de Souza, em 1930 (Revolução de 30).
Nesta época a linha de bonde era denominavam “Auxiliadora”, reafirmando o nome e o bairro.
Tem como uma de suas características as ruas planejadas, herança de sua ocupação por meio de loteamento organizado. Estas ruas trazem a sua paisagem, um misto de casas antigas, da nostálgica época do início do século, e modernos edifícios, que buscam nas alturas uma melhor vista da cidade.
Em contraste com a boa infra-estrutura, que permite ao bairro ter um comércio variado, que oferece aos moradores uma tranqüilidade hospitaleira, quase esquecendo de sua proximidade ao centro da cidade.
Em permanente processo de desenvolvimento, o Bairro Auxiliadora oferece à juventude porto-alegrense uma variedade considerável de bares e danceterias, além de restaurantes “chiques” da cidade, onde paladares exigentes podem apreciar deliciosos pratos internacionais.
A diversão é para todas as idades, gostos e bolsos.
Adaptado de Renata Ferreira Rios
22. Boa Vista
23. Centro
O CENTRO e a história da capital dos gaúchos
Vista do Centro - 1906
A origem do Centro
- Oficialmente contando com uma população de quase 37 mil moradores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Bairro Centro foi criado e delimitado pela Lei n º 2.022, de 1959, mas sua origem remonta os primórdios da ocupação de Porto Alegre.
Com seu povoamento e desenvolvimento, em função da criação da Freguesia Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, em 1772.
Possui íntima ligação com a Rua dos Andradas que, ainda hoje, é chamada de Rua da Praia, sua primeira denominação. E foi nela, a rua mais antiga da cidade, que se estabeleceu a primeira Capela da Vila com invocação de São Francisco.
A abertura das atuais ruas Riachuelo e Duque de Caxias formavam junto com a Rua da Praia, as principais vias da Vila, onde se assentaram as mais antigas residências e casas comerciais.
Os arrabaldes mais próximos, como a atual Cidade Baixa, eram considerados zonas rurais.
A peculiar denominação de logradouros antigos do Centro é o fato de fazerem referência a alguma característica que possuía, como:
- Rua do Arvoredo (atual Fernando Machado),
- Rua do Riacho (atual Washington Luis),
- Rua da Varzinha (atual Demétrio Ribeiro),
- Beco do Fanha, depois denominada Travessa Paysandu (atual Caldas Júnior),
- Rua do Poço (atual Jerônimo Coelho), entre outras.
A antiga e tradicional Rua Duque de Caxias teve mais de uma denominação, conforme diferentes registros: - Rua Formosa, Rua Direita da Igreja, Rua Alegre e Rua da Igreja. Mas o primeiro nome oficial foi o de Rua da Igreja, por ali localizar-se o único santuário da cidade. Foi, por anos, a rua mais nobre da cidade, residindo ali políticos, comerciantes e militares de altas patentes em luxuosos sobrados e solares das famílias aristocráticas da cidade, como o Solar dos Câmaras, mais antigo prédio residencial de Porto Alegre.
Nos “Altos da Praia” foi construída a Igreja da Matriz, atual Catedral Metropolitana e a atual Praça Marechal Deodoro (antiga Praça Dom Pedro II), mas conhecida como Praça da Matriz.
Abriga os prédios dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Teatro São Pedro, o mais antigo da cidade, concluído em 1858.
A Rua Riachuelo também teve outras denominações, como Rua do Cotovelo, nas proximidades do Teatro São Pedro, e Rua da Ponte. Suas primeiras residências remontam ao ano de 1788, típica rua de zona central, nela residiam pessoas ligadas à classe dirigente.
As igrejas do Centro são também locais que nos remontam a histórias e costumes de seus habitantes.
A Catedral Metropolitana teve sua primeira edificação em 1794, porém só foi finalizada no século XIX, com a construção de suas duas torres em 1846.
No ano de 1915, o arcebispo Dom João Becker inicia estudos preliminares para a construção da grande Catedral, cujas primeiras obras iniciam em 1920, e a finalização da nova Igreja da Matriz, no seu estilo Romano Renascentista, ocorreu em 1972, com a conclusão da cúpula.
Mas, somente em 1986, ela é inaugurada e dada por concluída.
A Igreja Nossa Senhora dos Dores, na Rua dos Andradas, é a mais antiga da cidade, e sua construção pela irmandade Ordem Terceira Nossa Senhora das Dores, remonta a 1807, somente sendo concluída em 1904.
A primeira edificação da Igreja Nossa Senhora do Rosário, localizada na Rua Vigário José Inácio, em estilo barroco, foi realizada entre os anos de 1817 e 1827, pela Irmandade Nossa Senhora do Rosário, confraria de negros livres e escravos, cumprindo importante papel, durante todo o século XIX, na vida de pessoas dessa comunidade.
Sob alegação de não comportar seus fiéis, em 1950 a Mitra Arquidiocesana mandou demolir o prédio, erigindo a atual sede da Igreja.
No chamado paralelo 30, na Praça Montevidéo, está implantado o Paço Municipal, sede da Prefeitura de Porto Alegre, iniciada em 1898.
Em frente ao prédio está a Fonte Talavera, doada pela comunidade espanhola através da “Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos”, em homenagem ao centenário da Revolução Farroupilha.
Do outro lado da Avenida Borges de Medeiros está o Mercado Público Central, edificado pela primeira vez em 1844, como espaço de comercialização e sociabilização da população.
No ano de 1870 foi inaugurado o novo prédio. O Mercado Público sempre teve importante papel para cidade, além de seu comércio, durante o século XIX era o local onde circulavam as últimas notícias do Brasil, devido ao intenso fluxo de pessoas, sobretudo em função do Porto. Seus bares também eram referências para encontros, principalmente pela boemia da cidade. No térreo do Mercado encontra-se o mais antigo bar da cidade, O Naval, onde se pode encontrar uma boa parte da memória da cidade.
O atual prédio do Mercado Público, no Largo Glênio Peres, possui a mesma aparência externa, mesmo após o incêndio de 1912 e da construção do segundo piso, no ano de 1913, na administração republicana do Intendente José Montaury.
Sua restauração foi inaugurada em 1997.
A Avenida Borges de Medeiros, outro logradouro importante que atravessa a área central, teve sua obra iniciada na segunda década do século XX, na administração do intendente Otávio Rocha. O projeto incluía a construção do Viaduto Otávio Rocha, primeiro viaduto da cidade.
As obras foram concluídas na década de 1940, na administração de José Loureiro da Silva. Nesta administração o centro da cidade começou a adquirir, cada vez mais, características das modernas cidades do século XX, com suas amplas avenidas e arranha-céus.
O Centro dispõe dos mais diversos e variados serviços e entretenimento, sobretudo ligados às atividades histórico-culturais.
Na Rua Duque de Caxias está localizado o Museu Júlio de Castilhos - instituição cultural criada por decreto estadual, em 1903 - com caráter de museu antropológico, artístico e histórico. O prédio, em estilo neoclássico, foi residência do presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Julio de Castilhos até o ano de 1905, quando foi adquirido pelo Governo Estadual para abrigar o Museu.
Na Rua dos Andradas, encontramos, entre outros:
- Museu da Brigada Militar.
- Museu do Trabalho.
- Museu do Exército, próximo ao Gasômetro.
- O imponente prédio do Hotel Majestic, atual Casa de Cultura Mario Quintana, transformado em centro cultural no final da década de 1980,
- Museu José Hipólito da Costa, na esquina com a Rua Caldas Júnior, no prédio onde funcionava a sede do Jornal A Federação.
- Sede do Grupo Caldas Júnior (Correio do Povo), em frente ao Museu Hipólito, ocupando a quadra que vai até a Rua Sete de Setembro.
- Museu de Arte do Rio Grande do Sul Aldo Malagoli, Santander Cultural e o Memorial do Rio Grande do Sul, na Praça da Alfândega;
- Usina do Gasômetro, na extremidade oeste, no local antigamente chamado Praia do Riacho.
Antecedentes históricos
- A origem do Centro urbano de Porto Alegre confunde-se com a própria origem da cidade. Isto porque foi exatamente neste sítio, habitando por indígenas de diversas raças como Charruas, Tapes e Guaicanãs, até 1700, que se originou o processo de colonização.
Com o avanço paulista em direção ao Sul, a fundação de Lages em 1684, Viamão em 1730 e da Colônia do Sacramento, abre-se o caminho ao comércio e ao surgimento das cidades.
Os bandeirantes dividem entre si as terras da região, cabendo a Jerônimo de Ornelas uma sesmaria às margens do Guaíba, cuja área aproximava-se a do atual Município de Porto Alegre.
A posse desta área foi reconhecida em carta oficial em 1740, data considerada como a de origem da nova cidade.
As primeiras manifestações urbanas ocorreram na Praia do Arsenal conhecida como Ponta da Cadeia, com a construção dos primeiros prédios públicos:
- Casa da Câmara do Governador, Cadeia e Forca, esta última fronteira ao desembarcadouro.
A partir deste ponto são estabelecidas ligações através de caminhos, com a localidade de Viamão e os aldeamentos índios, primeiro esboço da futura estrutura viária urbana. Considerando os condicionantes históricos, políticos e econômicos da época, como as lutas entre Portugal e a Espanha pela conquista de territórios, compreende-se o rápido desenvolvimento ocorrido, em detrimento de outros núcleos contemporâneos. Efetivamente, a posição geográfica de Porto Alegre foi decisiva na questão militar e adequada ao comércio nos momentos de paz. O próprio governo português, reconhecendo esta posição privilegiada, enviou Famílias de Açorianos para a nova localidade.
No período colonial, o desenvolvimento do núcleo era caracterizado pelo crescimento ao longo do rio, a partir da Ponta da Cadeia na direção leste e paralelo ao cais.
A encosta norte do promontório favorecia as embarcações e ali eram realizados os contatos com o exterior.
Naturalmente situaram-se nesta zona as principais atividades comerciais e residenciais, sendo que a encosta sul não possui
ía valor.
Ainda neste período foi criado o segundo centro cívico na parte mais elevada da colina, no entorno da Praça da Matriz, com a edificação da Catedral e o Palácio do Governo.
No ano de 1773 as muralhas, paliçadas de madeira foram construídas ao longo das atuais Rua da Conceição, Praça do Portão, Sarmento Leite, Praia de Belas, servindo, durante 100 anos, de anteparo ao desenvolvimento em direção ao continente.
No aspecto urbano, o período colonial é caracterizado, fundamentalmente, pelo preenchimento dos vazios no interior das muralhas. Fora delas há o plantio, fundamentalmente de trigo, um pequeno comércio e o artesanato.
A situação de crescimento intra-muros acentuou-se, ainda mais, no período Imperial, com o advento da Revolução Farroupilha (1835/45). Há uma atrofia no crescimento urbano e um adensamento desproporcional na área Central, originando as bases polarizadoras do futuro.
Mesmo com a chegada dos imigrantes com tradição manufatureira e o rompimento das muralhas, em termos de crescimento territorial urbano, a valorização da área central permanece. Efetivamente quase a totalidade dos edifícios públicos e comerciais foram construídos nesta área, atraindo a população que ocupava, gradativamente, as cristas e os vales, porque ali ocorriam as suas atividades principais.
Os primitivos caminhos foram transformados em avenidas que, por sua vez, geraram as vias secundárias.
Todo esquema assim disposto converge para o centro urbano que, fisicamente, não tem possibilidade de se expandir, a não ser verticalmente.
Aquela qualidade primitiva do promontório que dominava as planícies ao sul e o estuário do Guaíba, desaparecida a questão militar, e abertos novos caminhos para o “Interland”, tornou-se um fator de anomalia para o desenvolvimento da área central. No século XX e XXI, o pólo principal está geograficamente excêntrico à cidade, asfixiando suas atividades pelo adensamento violento de uma pequena área que preservou a mesma estrutura do período colonial com uma população várias vezes maior.
O Centro é a área de Porto Alegre que, por sua antigüidade, concentra a maior parte dos marcos históricos da Capital.
Um passeio pelas suas ruas permite reconstruir a história da cidade de Porto Alegre e do estado do Rio Grande do Sul.
Largo dos Medeiros - 1920
Na Praça Marechal Deodoro (Praça da Matriz), começou a história de Porto Alegre, com a sua primeira igreja. Ali também teve início a Revolução Farroupilha, graças ao exaltado pronunciamento feito por Bento Gonçalves na Assembléia Legislativa.
Década de 1940
Pela Rua da Praia (Rua dos Andradas) desfilaram as tropas gaúchas que participaram das maiores revoluções do país — como a Revolução de 30 (1930).
Na Praça da Alfândega, o cais do porto marcava o ponto de contato do Estado com o resto do país e do mundo: até a década de vinte deste século, a navegação de cabotagem era o principal meio de transporte de cargas e passageiros. Na Rua Professor Annes Dias, a Santa Casa de Misericórdia é um marco de quase dois séculos da medicina no Estado.
Na fachada da Biblioteca Pública há um raríssimo calendário positivista. E, no seu interior, salas cujas decorações homenageiam culturas tão diversas como a egípcia e a mourisca.
No cimo do Paço Municipal (a prefeitura velha), uma estátua da Justiça contempla os porto-alegrenses. Essa é uma das raríssimas estátuas da Justiça, no mundo, que não tem os olhos vendados — mas poucos sequer a vêem.
Na Rua General Câmara (Rua da Ladeira), na esquina com a Rua dos Andradas (Rua da Praia), um prédio em estilo “art noveaux” resiste, intacto, ao tempo.
Sua porta, altamente ornamentada, sobrevive a consecutivas camadas de pintura com a mesma beleza que tinha quando foi inicialmente esculpida.
Exemplos como esse, se multiplicam, em locais como a Praça Senador Florêncio (atual Praça da Alfândega), onde o Banco Safra ocupa um conjunto arquitetônico formado, antigamente, por uma Farmácia Carvalho e o Cinema Guarany, o Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS) e o prédio do Correio (correio velho, visto que há um correio novo logo atrás) atual Memorial do RGS, formam um dos mais conhecidos cartões postais da cidade.
O próprio nome das ruas, praças e prédios, se constitui em uma história à parte.
O Centro é o lugar onde as denominações originais das principais ruas e praças se mantêm intactas, graças ao uso popular.
A Rua da Praia, a mais central, é, na verdade, a Rua dos Andradas.
E é no Centro que está “A Paineira”, assim denominada e aceita por todos os habitantes em uma cidade em que há milhares de paineiras, e que é um ponto de referência da Rua Siqueira Campos.
Por outro lado, é no centro que se encontram alguns dos principais locais de irradiação cultural da cidade.
Basta lembrar que ali estão:
- O Museu Júlio de Castilhos, a Casa de Cultura Mário Quintana, a Usina do Gasômetro, a Biblioteca Pública, o Museu de Artes do Rio Grande do Sul, o Memorial, Museu Hipólito José da Costa, Santander Cultural, Praça dos Poderes (Praça da Matriz), Paço Municipal e o Museu da Companhia Estadual de Energia Elétrica.
24. Independência
Vista Rua Esperança, (atual Rua Miguel Tostes) e Rua Independência
25. Rio Branco
HISTÓRICO - RIO BRANCO
Início século XX
Originariamente, onde hoje é o Rio Branco, localizava-se, no século XIX, uma das “Colônias Africanas” que existiam em Porto Alegre.
Abrigando escravos alforriados e, mais tarde, os libertos pela Lei Áurea, a região, longe de ser o bairro agradável que encontramos hoje, não era muito bem vista pela população da cidade, talvez por causa da pouca urbanização no local, que misturava casas e ruas a matos e macegas.
Diferenciando da maioria dos bairros da cidade, o Rio Branco não se desenvolveu ao redor de uma igreja, apesar ter uma capela, a de Nossa Senhora da Piedade, desde 1890. Isso deve-se, principalmente, pela população caracterizar-se por escravos, de origem africana, que costumavam praticar cultos trazidos de sua terra natal.
***
Beirando o Caminho do Meio (atual Protásio Alves), a área se limitava a meia dúzia de ruas, que se chamavam na época:
- Rua Boa Vista (Cabral ), Rua Casemiro de Abreu, Rua Castro Alves, Rua Venâncio Aires (Rua Vasco da Gama), Rua Liberdade e, mais tarde, Rua Esperança (Rua Miguel Tostes).
Estas poucas ruas, nas noites quentes do verão, atraiam, misteriosamente, “a malandragem da bacia do Mont’Serrat, do outro lado, e sitiava a praça para melhor farrear.”
A Rua Esperança foi a que primeiro contribuiu para o desenvolvimento do Rio Branco. Provavelmente, a rua deve o seu nome à maior proprietária de terras dali, que aos poucos foi estruturando o bairro a medida que ia loteando suas terras.
A este tempo, o local começa a se transformar, deixando de ser Colônia Africana, abrindo espaço para novos moradores e se estendendo, cobrindo quase toda a região que hoje lhe pertence.
Entre esses novos moradores vieram os judeus, que espalhados também pelo Bom Fim, construíram Sinagogas na região, dando assim uma característica marcante aos dois bairros vizinhos.
É então que vê-se necessária a mudança do nome, surge assim a idéia de homenagear o Barão do Rio Branco, chanceler da República, pela sua morte em 1912 .
A partir deste momento se desenvolvendo como área residencial.
No século XX e XXI, é um bairro de comércio próspero, bom para se morar mas também para se divertir. Tem uma das noites mais agitadas da cidade.
26. Mon't Serrat
HISTÓRICO - MON'T SERRAT
Início século XX
Um dos bairros mais jovens de Porto Alegre, seu início dá-se por volta de 1910.
É neste ano que ergue-se a Igreja de Nossa Senhora da Auxiliadora, ao lado da que hoje habita a Rua 24 de Outubro, que torna-se o ponto referencial para a formação e desenvolvimento do local, bem como do seu vizinho, o Auxiliadora.
Mas é só em 1913 que uma empresa, a Cia. Predial e Agrícola começa a lotear as terras localizadas á Rua Dr. Freire Alemão.
Nesta época, já se espalhavam alguns aventureiros que decidiram por lá morar.
Era pelos valões da antiga Rua Álvaro Chaves, atualmente, Rua Arthur Rocha. Mas a rua mais antiga das redondezas era a Estrada Moinhos de Vento. Cruzava os bairros Independência, Moinhos de Vento, Auxiliadora e costeava o Mont Serrat, hoje conhecida como Rua 24 de Outubro.
Mesmo a Igreja sendo sua referencia central, o bairro mantinha o status de
“zona temível”.
Era assim por abrigar uma certa malandragem da cidade, a mesma que sitiava o bairro Rio Branco, e lá aprontavam as desordens.
Há duas versões distintas para a origem do nome, um tanto quanto exótico para a cidade.
A primeira versão:
- “É referência à famosa montanha da Catalunha, nas proximidades de Barcelona, sede do Mosteiro de Beneditinos onde se venera Nossa Senhora de Mont’Serrat.”
***
A segunda versão:
- O tema é brasileiro mesmo e parece dever-se ao “cerro que existe na cidade de Santos, em São Paulo. Provavelmente , quem batizou o nosso Mont Serrat, naquela época, está claro, deve ter encontrado alguma semelhança entre o monte santista e a colina do além Moinhos de Vento.”
Diferente dos tipos que o habitavam naqueles tempos, hoje o bairro é agradável, moderno, bons ares e belas vistas.
Seu comércio, como a empresa imobiliária, vem crescendo, e transformando o bairro num dos mais valorizados da cidade.
27. Bela Vista
28. Três Figueiras
29. Chácara das Pedras
30. Vila Jardim
31. Petrópolis
HISTÓRICO - PETRÓPOLIS
A origem do bairro Petrópolis remonta à década de 1920.
Ocupado inicialmente por chácaras, cujas áreas eram tomadas por laranjais, o bairro desenvolveu-se a partir do eixo viário conhecido como Caminho do Meio: - assim chamado por localizar-se entre duas outras estradas rurais que saíam de Porto Alegre em direção aos atuais municípios de Viamão e de Gravataí. Tal caminho, hoje, corresponde à Avenida Protásio Alves.
Com zonas de alta e baixa altitude, o bairro tornou-se famoso por seu clima ameno e por suas colinas verdejantes (uma área na qual se realizavam, ainda na década de 1930, manobras e exercícios militares).
Foram esses aspectos naturais que atraíram setores de classe média em ascensão, responsáveis pela povoação do local.
Em 1937, a criação da linha de bondes Petrópolis, pela Companhia Carris, teve o efeito de consolidar esta ocupação. Sérgio da Costa Franco salienta, contudo, que o bairro “tinha suas gradações: - era modesto ... de um modo geral, em todas as áreas de baixa altitude, mas valorizado e até opulento ... em suas construções das áreas altas”.
Década de 1960
A origem da denominação do bairro é incerta. Supõe-se que tenha sido uma homenagem à cidade do Estado do Rio de Janeiro, por parte dos colonos alemães que já ocupavam a região desde o início do século XX.
Dentre estes primeiros habitantes destaca-se a figura de Willing Kuss, proprietário de terras responsável por uma série de loteamentos que deram início ao processo de povoamento do Petrópolis.
Uma característica do bairro são os nomes de vias públicas que homenageiam municípios gaúchos.
Vale lembrar as ruas Carazinho, Bagé, Taquara, Montenegro, Lajeado, entre outras. Até o fim da década de 1930, também as mulheres eram homenageadas: ruas eram chamadas de Dona Marta, Dona Paula, Dona Inês, Dona Adélia e outras.
Boa parte dos antigos nomes foi alterada, em 1939, substituindo-se as “donas” por generais, juristas e médicos.
Os nomes femininos nas ruas, segundo Ary Veiga Sanhudo, representavam “a preponderância da presença da mulher na vida silenciosa das localidades perdidas e abandonadas”. Alguns nomes, no entanto, permaneceram: é o caso da Rua Dona Eugênia, Rua Dona Alice e Rua Dona Lúcia.
A expansão do bairro foi concluída nas décadas de 1940 e 1950, quando o desenvolvimento urbanístico e o aumento populacional foram intensificados. Atualmente, Petrópolis é uma localidade independente do centro da cidade, com um comércio ativo e variado que se estende ao longo da Avenida Protásio Alves.
32. Praia de Belas
HISTÓRICO - PRAIA DE BELAS
Vista década de 1960
Bairro atípico de Porto Alegre, o Praia de Belas foi planejado em todas as dimensões. Fruto da boa vontade do Guaíba, em outros tempos, quase toda sua extensão era o Rio. Mas a história do bairro inicia antes; começa por uma rua, que de tanto crescer e atrair moradores, pediu licença ao rio, apoio de alguns políticos e muita terra, para então transformar-se em bairro.
Com enchente
Por 1800, um senhor chamado Antônio Rodrigues Belas tinha como sua propriedade uma chácara à beira do Rio Guaíba. Como acesso ao centro da cidade, o morador construiu uma estrada e que aos poucos tornou-se de freqüente passagem em vistas do comércio de escravos que lá se desenvolveu, “...quando alguém tinha algum negócio ou precisava fazer qualquer referência sobre essa zona, logo dizia - fica lá na praia do Belas.”
Esta é uma das versões para a origem do nome, sendo a mais acolhida pelos historiadores locais.
Contudo, o que sabemos é que a radial existe desde 1839 e dela o bairro herdou o nome.
A partir daí, começa a se configurar o interesse populacional em construir um bairro que usufruísse a beleza do rio. São construídas algumas casas ao longo da estrada, ainda mal traçada, mas que aos poucos toma formas definidas e vai se aproximando do que é no século XX.
É com a construção de um cais de pedra, em 1870, que os olhos da cidade voltam-se para a região. Nesse momento, a população que reside na estrada Praia de Belas começou a crescer, tornando-se necessária a formação e sua expansão.
Foz do Arroio Dilúvio
Finalmente, em 1960, se concluem as obras para o aterro do Rio Guaíba e dali nasce o bairro de nome agradável e uma das mais belas vistas da cidade, “...ali está o rio, magnífico e encantador, quer pela sua maravilhosa luminosidade nas manhãs outonais ou primaveris, quer pelo seu formoso e colorido entardecer.”
Ainda em desenvolvimento, o Praia de Belas luta para se afirmar, se diferenciando dos arredores, assumindo sua identidade.
Atualmente abriga muitos prédios públicos, que roubam do Guaíba a sua melhor imagem, parques e, como não falar, o Estádio Beira Rio e o Gigantinho, que em dias de futebol agita a torcida colorada do bairro (e da cidade) e em noites de show sacode a juventude portoalegrense.
33. Cidade Baixa
HISTÓRICO - CIDADE BAIXA
Apesar das propostas de arruamento desde 1856, boa parte da Cidade Baixa permaneceu desabitada por vários anos, principalmente o trecho entre as atuais Rua Venâncio Aires e Rua da República. Consistia em um terreno baixo e acidentado, cortado por árvores e capões, que dificultavam o trânsito e facilitavam os esconderijos. O lugar abrigava tanto escravos fugidos quanto bandidos.
A implantação das linhas de bonde de tração animal, através do Caminho da Azenha (Avenida João Pessoa) e da Rua da Margem (João Alfredo) contribuiu para a urbanização do local.
A partir de1880 novas ruas foram inauguradas, como a Lopo Gonçalves e a Luiz Afonso.
A atual Rua Joaquim Nabuco também foi oficialmente aberta nessa época, batizada:
- Rua Venezianos, pois sediava o famoso grupo carnavalesco “Venezianos”.
O carnaval da Cidade Baixa, era conhecido e prestigiado, com destaque para os coros e corsos que movimentavam as ruas.
Em meados do século XIX, “Cidade Baixa” foi a designação utilizada para toda a região situada ao sul da colina da Rua Duque de Caxias. Mas, o território que hoje é conhecido como bairro Cidade Baixa possuiu vários nomes associados ao seu território:
- Arraial da Baronesa, Emboscada e Ilhota.
O terreno baixo é irregular como define o próprio nome do bairro Cidade Baixa, deixou o bairro isolado por muitos anos apesar das várias tentativas de ocupação que surgiram desde 1856, da Azenha (atual João Pessoa), e da Rua da Margem (atual João Alfredo), onde, na época chegava, o rio. Da Rua da Margem saíam várias ruelas todas conhecidas por becos. Muitas delas se tornariam famosas por seus nomes estranhos tais como:
- Beco do Vintém, Beco do Curral das Éguas, Beco dos Coqueiros e Beco Ajuda-me a Viver.
Apesar de projetos de arruamento terem sido propostos desde 1856, boa parte da Cidade Baixa permaneceu desabitada por vários anos, principalmente o trecho entre as atuais Venâncio Aires e Rua da República, conhecido pelo nome de “Emboscadas”.
Consistia em um terreno baixo e acidentado, cortado por árvores e capões, que dificultavam o trânsito e facilitavam os esconderijos.
O lugar abrigava tanto escravos fugidos como bandidos e caracterizava-se como “uma zona de meter medo aos mais valentes”, segundo Ary V. Sanhudo.
A partir da década de 1880, novas ruas foram abertas como a Rua Lopo Gonçalves e a Rua Luiz Afonso que homenageavam vereadores da cidade. A Rua Joaquim Nabuco, chamada também de Rua dos Venezianos, foi aberta nesta época. O nome era uma homenagem a um famoso grupo carnavalesco.
Aliás, o carnaval da Cidade Baixa era um dos mais reconhecidos e prestigiados da época. Outra característica marcante do bairro era a atmosfera familiar que imperava. As famílias de classe média costumavam colocar cadeiras na calçada, assistiam matinês no Cinema Capitólio e freqüentavam armarinhos em busca de secos e molhados.
Em meados do século XIX, “Cidade Baixa” foi a designação utilizada para toda região situada ao sul da colina da Rua Duque de Caxias. Mas, o território que hoje é conhecido como bairro Cidade Baixa possuiu vários nomes associados ao seu território: Arraial da Baronesa, Emboscadas, Areal da Baronesa e Ilhota.
A implantação das linhas de bonde de tração animal, através do Caminho da Azenha (Avenida João Pessoa) e da Rua da Margem (João Alfredo) contribuiu para a urbanização do local. A antiga Rua da Margem era atravessada por várias ruelas — todas chamadas becos — que se tornaram célebres por seus nomes exóticos: Beco do Vintém, Beco do Curral das Éguas, Beco dos Coqueiros e Beco Ajuda-me a viver!...
Estação Riacho junto ao Arroio Sabão - 1901
Av. João Pessoa junto a rua José Bonifácio, década de 1910
O bairro acabaria se notabilizando pela existência de uma “classe média singularmente diferenciada”. Composta por famílias que “ainda botavam cadeiras nas calçadas”, assistiam às matinês do cinema Capitólio e freqüentavam os armazéns em busca de “secos e molhados”. Essa “atmosfera” característica, segundo Carlos Reverbel, definia exemplarmente a vida na Cidade Baixa.
Características atuais
Atualmente, o bairro se caracteriza pela grande quantidade de bares e é conhecido por ser o local preferido dos boêmios da cidade, principalmente nas ruas General Lima e Silva, República e João Alfredo.
Situa-se próximo ao Parque Farroupilha (conhecido como Redenção), uma das áreas mais arborizadas da capital gaúcha. A proximidade do campus antigo da UFRGS favorece a concentração de universitários, intelectuais e artistas.
Limites atuais
Avenida Praia de Belas até a Rua Barão do Gravataí; desta até seu encontro com a Av. Getúlio Vargas; por esta via, sentido sul-norte, até a Av. Venâncio Aires; desta até a Av. João Pessoa e por esta até a Avenida Perimetral, até encontrar a convergência da Av. Borges de Medeiros com Av. Praia de Belas.
João Pessoa, junto ao Parque Farroupilha - década de 1960
34. Farroupilha
35. Santa Cecília
36. Jardim Botânico
37. Bom Jesus
38. Jardim do Salso
39. Jardim Carvalho
40. Protásio Alves
– Continua na Parte II.
James, convido a ti e a teus leitores para conhecerem e participarem com suas produções literárias do Urbanasvariedades, o modo long play do Urbanascidades, blog cultural de produção coletiva. Visite urbanasvariedades.blogspot.com. e solte o verbo.
ResponderExcluirUm abraço,
Paulo Bettanin.