associativismo
A
Origem
- O associativismo
nasceu da necessidade de os homens somarem seus esforços para alcançar um
objetivo comum.
No princípio este objetivo era a sobrevivência da espécie
humana. Posteriormente, transformou-se na necessidade de enfrentar as mudanças
impostas pelo sistema econômico mundial.
Formas
primitivas de cooperação
- Nas sociedades primitivas, nossos ancestrais se utilizavam
da caça para conseguir sua alimentação e, devido aos poucos recursos,
organizavam-se em grupos que, posteriormente, originaram as famílias. Portanto,
a cooperação não é ato irracional, produzido por instinto. Ela é uma resposta
criativa do homem frente aos desafios da natureza.
Ao longo de toda história humana registram-se experiências e
tentativas de organizar o trabalho em comum.
Antiguidade
Na antiguidade, o sistema de produção baseava-se na
escravidão, não existindo, portanto, o contrato livre entre as pessoas. A
associação de trabalho não podia passar de uma atividade obrigatória, imposta
pelos senhores aos escravos.
Entretanto, encontram-se, já nesse período, formas de
associações econômicas com estrutura semelhante às das instituições
cooperativistas modernas.
Na Palestina, entre os anos 356 – 425 d. C; registra-se a
existência de associações mútuas, cooperativas, entre caravanas de mercadores,
para a criação do gado.
Na Grécia e Roma antigas, os mais pobres agrupavam-se para
terem condições de enterrar seus familiares. Mais tarde, começaram a se
organizar em associações profissionais e econômicas. Delas, participavam
cidadãos livres, escravos e estrangeiros, que aspiravam melhores condições de
vida.
Durante o Feudalismo, apesar do regime de servidão
dominante, a organização do trabalho se desenvolvia sob formas bastante
igualitárias e cooperativas. A comuna, unidade econômica da Idade Média era
explorada pelos seus habitantes de forma cooperativa (campos, bosques e
pastagens). Os mosteiros religiosos tinham a produção organizada de forma
cooperativa, onde a produção e o consumo processavam-se em comum. Numa sociedade
não industrializada, os artesãos se agrupavam em associações que, aos poucos,
foram evoluindo para organizações econômicas e políticas.
A
Cooperação na história do Brasil
- O processo de colonização do Brasil teve a participação
ativa do índio e do negro africano. Ambos tinham sua organização social baseada
na tribo (nações) e praticavam o comunitarismo agrário, onde havia o respeito
mútuo, o sentido de justiça e a liberdade era atitude que fortalecia a participação
de todos no processo de constituição da tribo.
A violência do colonizador obrigou-os ao trabalho escravo,
base da economia do Brasil Colônia. No caso dos negros, foram capturados ou
comprados na África e transportados em navios negreiros para o Brasil.
Foram muitas as reações dos índios e negros a este tipo de
dominação e em decorrência surgiram diferentes formas de cooperação organizada,
descritas a seguir.
Os
índios se organizam em comunidades.
Século XIX
Definições
e Origens em Porto Alegre
- As primeiras sociedades e associações esportivas
representando espaços de sociabilidades e lazer em Porto Alegre , capital
do estado do Rio Grande do Sul, surgiram na segunda metade do século XIX.
A associação é um grupo de pessoas que tem um propósito ou
interesse comum, como por exemplo, uma sociedade ou um clube. O associativismo
esportivo representa uma organização voluntária como qualquer organização
pública, formalmente constituída, cuja filiação é opcional, com o propósito de
vivenciar as práticas desportivas e atividades físicas no âmbito da saúde e do
lazer.
A origem das associações e a institucionalização de diversas
práticas esportivas em
Porto Alegre estão relacionadas às profundas transformações
sociais e econômicas ocorridas devido ao processo migratório, a desagregação do
escravismo e crescimento demográfico no século XIX.
Em 1824, com a chegada dos imigrantes alemães em Porto Alegre , se
vincula a necessidade do associativismo esportivo.
Após segunda metade do século XIX, período inicial da
colonização alemã, são fundadas as primeiras associações esportivas em Porto Alegre.
Os imigrantes alemães legaram inúmeras associações,
sociedades e clubes que demonstraram uma vida associativa intensa e variada
destinada ao lazer, à arte, ao canto, ao teatro e outras atividades (Rambo,
1993; 1998; Gertz, 1991; Muller, 1984; 1988).
Germanismo
- As associações voluntárias teuto-brasileiras de caráter
esportivo tinham a tarefa de:
- Zelar pelos
valores e ideais;
- Preservando
os valores culturais de tradição germânica através da promoção das mais diversas atividades esportivas.
Essas associações foram tipificadas do seguinte modo: - religiosas, recreativas, culturais,
trabalhistas, beneficentes e esportivas.
Preservação
da Cultura
- A fundação das associações esportivas está relacionada ao
forte caráter associativo dos alemães e sua rápida ascensão econômica. Outro
fator que concorreu para a propagação do associativismo esportivo foi o
acompanhamento dos acontecimentos e mudanças na Europa, através da comunicação
permanente com a Alemanha. A comunidade alemã era proveniente de imigração
direta da Europa e procurava se manter atualizada com a cultura alemã.
Os imigrantes alemães inicialmente mantiveram-se enquanto
uma comunidade relativamente fechada em suas “diversas instituições de lazer e ensino
próprias, bem como, comunidades religiosas (uma protestante e outra católica),
todas com um forte caráter étnico, que constituíam meios de reconstruir
permanentemente as suas fronteiras étnicas” (Gans, 1996, 162).
As sociedades de ginástica e demais associações esportivas
constituíram-se em espaços de afirmação da identidade cultural dos alemães. A
presença alemã se fez notar na ginástica – primeira prática desportiva
desenvolvida pelas sociedades –, como também na introdução da prática de outros
esportes nas associações.
Contribuição
Imigrante
Além dos Alemães,
outras comunidades de imigrantes organizaram, posteriormente, suas associações
esportivas.
Destaca-se a influência de:
- Portugueses na
criação das associações de turfe;
- Italianos na
prática organizada do ciclismo e remo.
Em síntese, as associações esportivas de Porto Alegre foram
responsáveis pela emergência e desenvolvimento do esporte amador e
profissional. As associações, na sua maioria sem qualquer auxílio do poder
público, expandiram-se através de cotização dos gastos entre os sócios,
recursos privados e empréstimos junto aos bancos. Algumas sedes foram
construídas em terrenos doados pelos associados.
A construção dos estádios, ginásios, piscinas, pistas de
atletismo e outras locais, em geral constituíram investimentos vultosos das
associações.
Século XX
Crescimento
das Associações Desportivas
Até o final da década de 1930, constatou-se a existência de 295 associações desportivas em Porto Alegre.
O cenário desportivo da cidade era expressivo como ilustram
as informações relacionadas a seguir:
a) as associações
filiadas a Ligas, Federações e outras entidades totalizavam 48 em 1937, ampliando-se para 127 em 1939;
b) as associações
não filiadas a Ligas, Federações e outras entidades totalizavam 108 em 1937,
ampliando-se para 168 em 1939;
c) em 1939
totalizava-se 172 associações
com até 5 anos Clubes esportivos e recreativos em Porto Alegre-RS de
fundação, 47 associações que
tinham entre 5 e 10 anos de fundação, 25
associações entre 10 a 20 anos de fundação,31 associações de 20 a 30 anos de
fundação e 20 associações com
mais de 30 anos de fundação;
d) o número de
sócios do sexo masculino era de 38.047, em 1939, e as associadas do sexo
feminino totalizavam 998;
e) em 1939 foram
realizados 7.268 torneios, jogos e paradas atléticas;
f) o público
espectador destas atividades totalizou 23.421, sendo 22.233 do sexo masculino e
1.188 do sexo feminino (Pimentel, 1945, p. 182).
Nacionalização
Década de 1940, marca um período particular para as
associações esportivas identificadas com os grupos de imigrantes alemães e
italianos. A política de nacionalização implantada pelo Estado Novo (1937-1945)
repercutiu no controle normativo das associações esportivas.
Em decorrência do ingresso do Brasil na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o controle sobre as associações
esportivas tornou-se mais rigoroso, pois se desconfiava da presença de
associados simpatizantes com o regime nazista. Neste contexto, a cidade de
Porto Alegre tornou-se palco de ações hostis à comunidade teuto-brasileira.
Algumas associações esportivas foram invadidas e a
documentação queimada ou atirada no Rio Guaíba. Em decorrência desses
acontecimentos, as associações esportivas sofreram um forte abalo na sua identidade
cultural. Houve um deslocamento das suas fronteiras culturais tendo em vista a
formação da identidade nacional brasileira.
O processo de nacionalização implicou na fusão de clubes, na
incorporação de práticas esportivas e na reorientação das diretrizes normativas
e estatutárias. A adoção destas medidas representou estratégias para a
sobrevivência de tais associações.
Cronologia das Modalidades
- Para apoiá-las, havia tradições de clubes e de modalidades
esportivas cuja memória é sumarizada a seguir:
Ginástica
Em 1867, cria-se em Porto Alegre a primeira sociedade de ginástica
denominada “Deutscher
Turnverein”. Os fundadores da sociedade de ginástica (atual) SOGIPA
foram C. Pohlmann e Alfred Schütt, imigrantes alemães, que
chegaram em Porto Alegre
por volta de 1865.
- O primeiro prédio da sociedade foi construído com a ajuda
financeira das três grandes cervejarias de Porto Alegre, Bopp, Becker e Sassen,
e Ritter e pela cotização entre os 25 primeiros sócios (Hofmeister Filho, 1987,
p. 12).
Inicio
da prática do Tiro
Em 1870, Alfred
Schütt criou o departamento de tiro ao alvo da sociedade de ginástica
(Daudt, 1942, p. 5). A sociedade foi denominada de Deuscher Turnerbund-Schützenverein (Sociedade de Ginástica e Tiro
Alemã).
- A atual SOGIPA foi a segunda sociedade a instituir a
prática do tiro no Brasil.
Nota:
- A mais antiga Sociedade
de Tiro do Brasil, a “Schützenverein Blumenau”, foi fundada na
cidade de Blumenau (Estado de Santa Catarina), em 2/12/1859.
Atualmente é denominada “Tabajara Tênis Clube” (Ferreira, 1986, p.
75).
Entre 1887 – 1892, Os ginastas resolveram separar-se dos
atiradores da Turnerbund-Schützenverein
em 1887 e criaram o TurnKlub (Clube
de Ginástica) (Daudt, 1942, p. 7).
Em 1892, houve a fusão da “Deuscher Turnerbund-Schützenverein”
e do “TurnKlub”,
sendo a sociedade denominada de “Turnerbund”
(Hofmeister, 1987; Tesche, 1996; Silva, 1997).
Em 1895, organiza-se a Deutscher
Turnerschaft von Rio Grande do Sul
(Federação Alemã de Ginástica do Rio Grande do Sul).
- No princípio, a federação visava a manutenção da memória
alemã, através do cultivo da prática da ginástica e o fortalecimento da unidade
das sociedades alemãs.
Tinha à frente o imigrante alemão, Jacob Aloys Friederichs, ginasta e tesoureiro do Turnerbund (atual SOGIPA).
- Jacob Aloys
Friederichs é considerado o “Pai da Ginástica” (Turnvater) do Rio Grande do
Sul devido a sua contribuição na difusão da ginástica de Jahn no Estado
(Tesche, 1996).
- A prática da ginástica era fomentada pela presença de instrutores
de ginástica provenientes da Alemanha, através da “Verein für das Deutschtum im Ausland -
VDA” (Sociedade para o Germanismo no Estrangeiro) e do “Turnlehrer aus
Deutschland - DT” (Professores de Turnen da Alemanha) (Wieser, 1990,
p. 284-85).
Gans (1996, p. 43 e p. 189) relacionou esses profissionais:
Henrique Englert,
em 1876, técnico de ginástica;
Aloys Friederichs,
1884-1889, instrutor de ginástica (“Pai da Ginástica” no Rio Grande do Sul);
E. Gottfrieden,
1867, instrutor de ginástica;
E. Martens,
1867-1869, assistente do instrutor de ginástica;
A. Weiss, 1867,
assistente do instrutor de ginástica da Turnverein (atual SOGIPA).
Outros alemães envolvidos com a prática desportiva foram:
timoneiro Heinrich
Braue, 1883-1889;
professor e administrador de piscina Joh Poist, 1876-1889;
Heinrich Rosenhaim,
1861 a 1889, “dono
do salão” que sediou a reunião dos primeiros membros do Turnverein.
Inicio
da prática do Bolão
Em 1896, a sociedade de ginástica Turnerbund inicia a prática do bolão. O bolão era um jogo similar
ao boliche (Kreling, 1984) procurado pelos homens para descanso e lazer após o
trabalho.
Em 18 de abril de 1896, foi realizada a primeira competição
entre as sociedades de ginástica do Rio Grande do Sul, no campo de tiro da Sociedade de “Atiradores Alemães”, no
atual Parque Moinhos de Vento. A competição valorizava o desempenho físico e a
disciplina dos ginastas.
O ginasta H. Lüderitz
recebeu um diploma de disciplina e bom comportamento, e o ginasta Carlos Brenner foi contemplado com o
diploma de boa posição e boa marcha (Daudt, 1942).
- A premiação destes ginastas demonstra a preocupação das
sociedades em valorizar o caráter, a moral, e a educação. Os ginastas eram
identificados pela disciplina, robustez, fibra, energia, educação e cultura
para a formação de homens dignos para as lutas da vida.
As sociedades do RS presentes na competição foram:
Leopoldenser Turnverein ou Sociedade Ginástica Leopoldense
(01/09/1885 ou 27/08/1885);
Turner São João do Montenegro (06/03/1887);
Sociedade Ginástica de Lomba Grande (1890);
Sociedade Ginástica de Taquara (1890);
Sociedade Ginástica de Campo Bom (1890);
Sociedade de Ginástica de Santa Cruz do Sul (15/09/1893);
Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo (11/07/1894);
Sociedade Ginástica de Candelária (1895);
Sociedade Ginástica Hamburgo Velho (22/06/1896);
Lajeadenser Turverein Jahn ou Sociedade Ginástica de Lajeado
(1896).
Em 07 de setembro de 1899, foi realizada a primeira
competição de ginástica para crianças no campo da Sociedade de Ciclismo Blitz. A sociedade de ginástica,
diferentemente de outras sociedades esportivas procurou atender todas as faixas
etárias criando departamento de ginástica não apenas para as crianças, como
também para mulheres e veteranos.
Em 1902, as competições de ginástica transformam-se na
principal “festa
interna” das sociedades de ginástica. Os denominados Festivais de Ginástica eram promovidos
pela “Liga de
Ginástica” e restritos as sociedades alemãs. A SOGIPA, nos primeiros
anos somente aceitava alemães; e, depois permitiu o ingresso de associados
brasileiros educados na Alemanha.
- As competições anuais reuniam um número expressivo de
representantes das sociedades nas provas de ginástica e de outros desportos. As
competições das sociedades de ginástica eram “verdadeiras festas olímpicas”
contando com a participação de aproximadamente mil jovens de todo o Rio Grande
do Sul e sendo prestigiada pelo público de aproximadamente 10.000 pessoas
(Daudt, 1942).
As sociedades então existentes eram:
Turverein São Sebastião do Cahy ou Sociedade Ginástica de
São Sebastião do Cai (15/06/1898) ou (1897, conforme Daudt, 1942, p. 44);
Grupo de Ginástica “Gut Heil” (23/10/1898) depois Sociedade de
Ginástica Ijuí (15/11/1914);
Sociedade de Ginástica de Pelotas (1899);
Sociedade Ginástica de Sapiranga (1900);
Sociedade Ginástica de Rio Grande (1900).
Mulheres
começam a participar
Entre 1904 – 1907, as mulheres da sociedade de ginástica Turnerbund, criam em 1904 o grupo
feminino de ginástica. O grupo funcionava de forma autônoma, com diretoria
própria e reunia 37 mulheres (casadas e solteiras).
- A primeira presidente foi a professora Elli Kaufmann da escola Hilfsverein (atual Colégio
Farroupilha).
Em 1905, a sociedade de ginástica encampou o grupo feminino
de ginástica, que passou a ser coordenado pelo professor de “educação física
das moças”.
Em 1907, as mulheres casadas começaram a participar das
sessões de ginástica da sociedade (Daudt, 1942, p. 13). A participação das
mulheres nas atividades físicas e sociais era um traço distintivo da sociedade
de ginástica. A oferta de atividades físicas para as mulheres visava a sua
preparação para o trabalho.
Em 1908, a Federação
Alemã de Ginástica do Rio Grande do Sul é subdividida em quatro regiões
devido a sua grande área de abrangência e Porto Alegre torna-se sede da
primeira região.
- Os festivais regionais de ginástica (Gauturnfeste) foram incrementados significando um momento de
integração entre as sociedades de ginástica do Estado. As confraternizações
constituíam-se em espaços de afirmação da identidade teuto-brasileira:
“Comemorações em honra de Jahn, com várias competições
atléticas, jogos olímpicos, demonstrações nos vários aparelhos, exercícios
físicos, etc.” (Daudt, 1942, p. 15).
- As sociedades de ginástica criadas no período foram:
Turverein Jahn (05/04/1903) fundiu-se em 1918 com o
Sängerverein de Santa Maria; Sociedade Ginástica de Vera Cruz (1905);
Turverein Navegantes, em Porto Alegre (1906);
Turverein Estrela ou Sociedade de Ginástica Estrela
(30/05/1907);
Sängerverein “Frohsin” (05/01/1908) fundiu-se com o
Schützenverein resultando na Sociedade Ginástica de Cachoeira do Sul, atual
Sociedade Rio Branco;
Turverein Teutônia (1909);
Sociedade Ginástica de Três Coroas (1910);
Sociedade Ginástica de Estância Velha (1910);
Grupo de Ginástica “Gut Heil” ou Sociedade Ginástica Panambi
(01/03/1913).
Em 1913, realiza-se uma corrida que partia de Santa Cruz do
Sul (cidade de colonização alemã) com chegada em Porto Alegre.
Em 1915, a partir de maio os festivais de ginástica passam a
ser divulgados, mensalmente, para os sócios e população em geral, através do
jornal “Deutsche
Turnblätter” editado pela Sociedade
Turnerbund (atual SOGIPA) (Tesche, 1996, p. 75).
Em 1916, em plena Primeira Guerra Mundial realiza-se uma competição
internacional em homenagem a Jahn, em Porto Alegre.
- As sociedades de ginástica caracterizavam-se pela
valorização das raízes germânicas, culto da saúde corporal e educação moral da
juventude (Luz, 2000).
Em 1917, o governo brasileiro passa a exercer forte pressão
para a nacionalização das sociedades e associações esportivas fundadas pelos
imigrantes alemães e italianos.
Entre 1917 – 1920, a Turnerbund
suspende várias atividades neste período de repressão. O número de sócios
manteve-se quase o mesmo refletindo a situação conflituosa.
Em 1919, foram computados 800 associados no Turnerbund. Houve uma interrupção na
fundação de novas sociedades de ginástica no Rio Grande do Sul.
Associações criadas:
Turverein Cruz Alta (04/11/1925);
Sociedade Ginástica de Santo Ângelo (1925);
Sociedade Ginástica de Buricá (1925);
Sociedade Ginástica de Três de Maio (1925);
Sociedade Ginástica de Erechim (1925);
Turverein Navegantes São João (06/06/1927);
Turverein General Osório de Ibirubá (10/07/1927);
Sociedade Cantora e Ginástica de Augusto Pestana
(18/05/1933) (Tesche, 1996, p. 74; Ramos da Luz, 2001, p. 10).
Mulheres
no Atletismo
Em 1924, realizam-se as comemorações do Centenário da Imigração Alemã em Porto Alegre. As mulheres pela primeira vez participaram das competições de atletismo.
Em 1924, ainda é realizada a corrida de revezamento que
percorria o trajeto entre cidades de colonização alemã (Ijuí a São Leopoldo).
- Possivelmente, esta modalidade de corrida de revezamento
foi a primeira realizada no Brasil (Daudt, 1942, p. 44).
- O esporte transformado em fenômeno de massa expande-se
para além de espaços concebidos inicialmente para sua prática. Os desportos de
deslocamento aparecem como formas de “percorrer a nação”, de forma física,
integrando-se ao coletivo. As corridas e marchas a pé são um meio dos
teuto-brasileiros conhecerem e apreenderem o território, o espaço da pátria. Os
teuto-brasileiros percorrem cidades onde vivem seus patrícios (Santa Cruz do
Sul, Ijuí, São Leopoldo e Porto Alegre) comungando além de território
geográfico as fronteiras territoriais culturais.
A partir de 1925, inicia a retomada de novas associações
esportivas.
Em 1927, a futura SOGIPA colabora na fundação da sociedade
de ginástica denominada Turnerbund
Navegantes São João, em
Porto Alegre. A criação de uma segunda sociedade de ginástica
na cidade demonstrou o domínio dos teuto-brasileiros no campo desportivo,
apesar dos abalos sofridos após a Primeira
Guerra Mundial.
Em 1933, realiza-se o 17°
Festa Regional de Ginástica (Turnfest), em São Leopoldo , com o
apoio da SOGIPA, representando a afirmação da identidade cultural dos
teuto-brasileiros.
No convite constava o objetivo do festival:
“Encontrar-nos-emos como pessoas de sangue alemão, como
ginastas alemães, fazendo nossa profissão de fé no povo de Jahn e à ginástica
de Jahn”. (Convite e programa da 17° festa regional de ginástica em São Leopoldo em 28 e
29 de outubro de 1933, segundo Ramos da Luz, 2000, p. 1).
Em 1935, promove-se um grande Festival Regional de Ginástica
em comemoração ao 40º aniversário da
Liga de Ginástica (1895-1935). As comemorações, que também celebravam o Centenário da Revolução Farroupilha, foram
prestigiadas pelo governador do Estado, General
Flores da Cunha, pelo intendente (prefeito) de Porto Alegre, Major Alberto Bins e pela população em
geral (Hofmeister, 1987, p. 90).
- O destaque da SOGIPA nas diversas competições desportivas
locais e estaduais era reconhecido, sendo considerada um “viveiro de campeões e campeãs
riograndenses” (Roche, 1969, p. 645). A SOGIPA tinha os seguintes
departamentos desportivos: - ginástica,
atletismo, bola ao cesto (basquete), bola sobre a rede (voleibol), bola de
punho (punhobol), esgrima, tênis, bolão e xadrez.
Já no final da década de 1930, a SOGIPA tinha ampliado seu
número de associados para 1.360 sócios.
Década de 1940, em conseqüência da campanha de
nacionalização promovida pelo Estado Novo (1937-1945) e dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial (1939-1942), a
sociedade de ginástica Turnenbund sofreu
um forte impacto, sendo obrigada a mudar o nome denominando-se Sociedade de Ginástica Porto Alegre –
1867 (SOGIPA).
Nota:
- A sociedade teve sua sede invadida pela polícia e muitos
dos associados tiveram suas casas vasculhadas.
Escoteirismo
Em 1913, foi criado o grupo de escoteiros da sociedade de
ginástica, pelo professor Georg Black
Sen.
- Os escoteiros realizaram uma marcha a pé partindo de Porto
Alegre até Blumenau (cidade de colonização alemã no Estado de Santa Catarina)
(Daudt, 1942, p. 30). Entre as competições promovidas pelas sociedades estavam
as corridas de revezamento de longa distância denominadas “corridas de estafeta”.
Tiro
Em 1885, funda-se em Porto Alegre , o Von Musterreiter Club Porto Alegre (Clube dos Cavaleiros de
Amostras). A associação “nasceu para congregar os viajantes comerciais que
percorriam as precárias estradas gaúchas, de ponta a ponta, vendendo
mercadorias e, de quebra, cumprindo um papel importante como elo de ligação
cultural, social e política entre a capital e as regiões por eles atendidas”
(Lentz, 2001, p. 46).
- As Sociedades de
Atiradores (Schützenhalte) promoviam os Torneios de Tiro chamado “Festa dos
Atiradores” (Schützenfest), que reunia os moradores da picada, vila ou
cidade, na sociedade durante todo o dia, com danças e muita animação (Muller,
1994).
- Os imigrantes alemães
praticavam o Tiro ao Rei;
- Os italianos
realizavam o tiro nos clubes de caça e pesca (Alencastro e Renaux, 1997).
- As sociedades de tiro e de ginástica estavam ligadas à
emergência da nacionalidade e a representação da identidade de grupo.
No final do século XIX, foi criado o Deutscher Schristzen Verein (Club dos Atiradores Allemães),
conhecido por Tiro Alemão e o Tiro Nacional Porto Alegrense.
No início do século XX, o “tiro ao alvo” (denominação
antiga do esporte), enquanto esporte competitivo foi difundido no país através
de estandes montados pelo exército em diversas cidades para treinamento
militar, denominadas linhas de tiro.
Em 20 de fevereiro de 1907, é fundado o Esporte Clube Navegantes, que visava a prática dos tradicionais
esportes da comunidade alemã: - tiro ao alvo, o bilhar, snnoker, bolão e ping
pong.
Em 1910, a linha de tiro “Tiro 4” representa Porto Alegre no primeiro campeonato brasileiro
de tiro ao alvo.
Em 1916, o Tiro 4
recebeu a visita de Olavo Bilac, “o nosso grande
poeta e propugnador da instrução militar e cívica da mocidade brasileira”
(Pimentel, 1945, p. 152).
Em 1917, as sociedades de tiro são incorporadas pelo
exército brasileiro adotando a denominação de Tiros de Guerra (Decreto Legislativo nº 3.361 de 26/10/1917).
- O Tiro Nacional
Porto Alegrense passou a denominar-se Tiro
de Guerra nº 4.
Medalha
Olímpica
Em 1920, os portoalegrenses Sebastião Wolf e Dario
Barbosa, membros do Tiro de Guerra
nº 4 conquistaram a medalha de bronze na prova de tiro com pistola em
equipes nos VII Jogos Olímpicos da
Antuérpia (Bélgica) realizados no período de 07 de julho a 12 de setembro
(Revista Panathlon Internacional, 2000, p. 2).
- A equipe de competição de tiro ao alvo foi dirigida por Arnaldo Guinle, Ariovisto de Almeida Rego e Vitor
Nidosi Chermont.
Os atletas eram:
Afrânio Antônio da
Costa (chefe da equipe e competidor da categoria pistola; campeão
brasileiro);
tenente Guilherme
Paraense (categoria revólver; campeão brasileiro na modalidade de Tiro com
revólver em 1918);
Sebastião Wolf (categoria
fuzil);
Fernando Soledade
(categoria pistola);
tenente Mario Machado
Maurity (categoria pistola);
tenente Dermeval
Peixoto (categoria pistola);
Mario Dario Barbosa
(categoria revólver)” (Ribeiro Jr., 1994, p. 23).
Nota:
- Em 1992, a Empresa
de Correios e Telegráfos – ECT lançou selos em homenagem aos campeões das
olimpíadas de 1920.
Em 1939, cria-se a Federação
Gaúcha de Caça e Tiro, mas o desenvolvimento da modalidade não correspondeu
ao crescimento institucional, pois nos anos seguintes a prática do tiro ao alvo
não teve a mesma expressão que nas décadas anteriores.
- A transformação das sociedades de tiro em tiros de guerra
foi um dos motivos que levou ao enfraquecimento do esporte.
Turfe
Segunda metade do século XIX, A diversão predileta dos
portoalegrenses eram as corridas de cavalo conhecidas por “carreiras em cancha reta”.
- As carreiras de cavalos, realizadas freqüentemente no
Morro de Teresópolis, representavam um momento de reunião social e festiva, no
qual as mulheres organizavam piqueniques. As carreiras envolviam apostas em
dinheiro e visavam indiretamente melhorar a raça dos animais pelos criadores de
cavalos.
- A tradição da elite rural portuguesa na criação de cavalos
foi um dos fatores que favoreceu a fundação dos primeiros hipódromos (prados) em Porto Alegre. Quando
surgiram os hipódromos, as corridas de carreiras começaram a perder espaço
(Franco, 1988).
Em 1872, inaugura-se o primeiro Prado denominado Derby Club, na Várzea, atual Parque
Farroupilha (Lemos, 1919)
Em 1877, funda-se o Prado
Bôa Vista, também conhecido por Hipódromo
Portoalegrense, na Estrada Mato Grosso (atual Avenida Bento Gonçalves no
Bairro Santana). Este empreendimento fechou três anos depois, em 1880.
Em 1881, constrói-se o Hipódromo
Rio-Grandense sob direção do engenheiro francês Eugenie Plazollesício. A edificação do hipódromo coincidiu com o
ciclo de prosperidade do arraial Menino Deus (atual Bairro Menino Deus).
A partir de 1874, o arraial (bairro) do Menino Deus, que já
tinha a avenida da Azenha, passou a contar com novos serviços de bondes de
tração animal e iluminação pública a gás. A circulação dos bondes e o Hipódromo Rio-Grandense foram
responsáveis pelo desenvolvimento do Menino Deus, que inicialmente era povoado
apenas por chácaras.
Em 1909, o Hipódromo
Rio-Grandense fechou, quando Porto Alegre já acumulava um número expressivo
de associações de remo.
Em 1891, surgiu o hipódromo ou Prado Navegantes, em razão da expansão do sistema de bondes ao
Bairro Navegantes.
Em 1894, um ano depois da implantação da primeira linha de
bondes no Bairro Independência foi construído o Hipódromo Independência – também conhecido como Hipódromo Moinhos de Vento, no final da
linha do bonde (atual Rua 24 de Outubro).
- O hipódromo e a expansão do serviço de bondes na Avenida
Independência repercutiu no calçamento e intensificação da construção civil.
- A Rua Independência tornou-se um ponto elegante da cidade,
com forte concentração de moradores abastados.
Década de 1890, auge do turfe portoalegrense, considerado um
dos principais espetáculos esportivos até o inicio do novo século.
- As disputas no turfe reuniam a elite portoalegrense e
visitantes ilustres como Carlos Barbosa,
Assis Brasil, José Montaury, Flores da
Cunha, Oswaldo Aranha, Getúlio Vargas e João Goulart (Franco; Silva e Schidrowitz, 1940; Franco, 2000).
Surge
o Football
Início do século XX, os espaços do turfe cedem seu lugar aos
primeiros clubes de futebol em Porto Alegre. O enfraquecimento do turfe está
relacionado à transição para um novo modelo de sociedade. O turfe era uma
prática restrita as elites rurais frequentadoras dos hipódromos, que retratavam
uma sociedade colonial e arcaica.
- O turfe passou a ser associado ao atraso de Porto Alegre,
que desejava tornar-se uma cidade moderna, tendo como referência a capital do
Brasil – Rio de Janeiro na época – e cidades européias. O futebol estava
associado à modernidade. As associações de remo também disputam um espaço
significativo com o turfe no âmbito das representações sociais.
Em 1959, o Hipódromo
Moinhos de Vento transfere-se para o Bairro Cristal, adotando o nome de “Jockey Club do Rio Grande do Sul”. A construção
do novo hipódromo, popularmente chamado de “Hipódromo
do Cristal”, devido a sua localização no Bairro Cristal, teve o apoio da
Associação Protetora do Turf.
- O “Jockey Club” praticamente eliminou as
carreiras em cancha reta, mesmo porque, estas não poderiam acolher um grande
público.
Remo
Década de 1860, há registros de prática do remo em Porto Alegre anterior
ao ano de 1860, entretanto nessa época era realizado sem fins competitivos
entre grupos de amigos.
Regata Imperial
Em 1865, foi realizada a primeira regata considerada oficial
na história do esporte gaúcho, na cidade de Rio Grande, sul do Estado, em
homenagem ao Imperador D. Pedro II,
que estava de passagem pelo Rio Grande do Sul, durante a Guerra do Paraguai.
- A “Regata Imperial” disputada entre remadores de
Rio Grande e Porto Alegre premiou os vencedores da “guarnição dos hamburgueses” daquela
cidade com medalhas de ouro entregues pelo Imperador (Álbum de Porto Alegre,
1940, p. 643).
Em 1888, é fundada a primeira associação de remo em Porto Alegre , o Ruder Club Porto Alegre (Clube de
Regatas Porto Alegre), pelos imigrantes alemães (Hofmeister, 1981, p. 47).
- Em reunião realizada no tradicional Restaurante Continental de Porto Alegre foi criado o clube de remo,
pelo major Alberto Bins, Alfredo Schuett (fundador da SOGIPA), F. Igwersen, Julio Issler Jor, John Day,
Luiz Koehler, H. Schwerin.
Nota:
- Alberto Bins
nasceu em Porto Alegre ,
em 1869. Filho de imigrante alemão, comerciante de destaque na cidade (Franco,
1992, p. 74), foi presidente da Associação Comercial de Porto Alegre, fundador
do Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul e proprietário da
Metalúrgica Berta (Bakos, 1986, p. 73-74). Foi também fundador da VARIG,
intendente/prefeito de Porto Alegre de 1928 a 1936, faleceu em 1957 (Possamai,
1998, p. 74- 6; entrevista realizada em 1952 pelo desportista José Carlos
Daudt, segundo Hofmeister, 1981, p. 48).
- O início da prática do remo foi promovido pelos fundadores
que importaram dois barcos da Alemanha (Hofmeister, 1981, p. 47).
- A sede do clube pioneiro localizava-se à margem do Rio
Guaíba, próximo à Praça da Alfândega. O “Ruder
Club” é considerado o primeiro clube formal (sede e estatutos) de remo do
Brasil (Hofmeister, 198).
Em 1892, é criado o Ruder-Verein
Germania por jovens de descendência alemã, que importaram os barcos da
Alemanha.
Em 17 de fevereiro de 1894, instala-se o “Comitê de Regatas”, com a finalidade
de impulsionar o desenvolvimento do remo através das competições abertas ao
público em geral.
Em 03 de junho de 1894, o Comitê promoveu a primeira regata em Porto Alegre , com a
participação do “Ruder Club Porto
Alegre” (Clube de Remo Porto Alegre) e do “Ruder-Verein Germania” (Clube de Remo Germânia).
- A regata foi “uma grande novidade para o povo pôrto-alegrense. A saída
teve início na extinta estação de bondes em Navegantes e a chegada no trapiche
do Germania na distância de 1800 metros” (Pimentel, 1945, p. 157).
- O “Comitê de Regatas” é a mais antiga entidade
estadual de remo no Brasil (CRD, 1999; Melo, 1999).
Luso-brasileiros
no Remo
Em 18 de janeiro de 1903, um grupo de luso-brasileiros que tinham dificuldade em assimilar as instruções
e comandos no idioma alemão criou seu clube de remo em Porto Alegre.
- O Clube de Regatas
Almirante Tamandaré fundado pelo capitão de corveta Gaspar Pinto Fróis de Azevedo é considerado o primeiro centro
náutico que nacionalizou o remo no Brasil. O clube também reunia
teuto-brasileiros que não concordavam com o uso do idioma alemão nos treinos.
Em 1905, remadores do Ruder-Verein
Germânia desentendem-se com o instrutor de remo, que somente se comunicava
em alemão e se desvinculam do clube. Os dissidentes criaram o Clube de Regatas Almirante Barroso, que
adotou o português como língua oficial.
- O clube, diferentemente do “Ruder Verein Germânia” aceitava o ingresso de teuto-brasileiros
(Àlbum Pôrto Alegre, 1940, p. 643).
- O “Barroso” foi
o clube de remo gaúcho que mais obteve vitórias e títulos nacionais e
sul-americanos, o que lhe rendeu o apelido de “O Glorioso”.
Em 1906, um grupo de colegiais teuto-brasileiros, que
estudavam no “Hilfsverein
Schule” (atual Colégio Farroupilha) organizou seu clube de remo com
a ajuda financeira dos pais. A associação foi batizada de “Ruder Verein Freundschaft” (Sociedade de Regatas Amizade), voltada
para a prática do remo e a promoção de atividades sociais, como reuniões
dançantes nas casas dos familiares.
Em 07 de setembro de 1908, o Comitê de Regatas transformou-se na Federação Rio Grandense de Remo. A criação da Federação era uma
demonstração da forte organização dos desportos aquáticos, especialmente, o
remo em relação às outras modalidades desportivas.
Italianos
no Remo
Em 1908, a elite italiana
organiza seu próprio clube de remo, o “Canottieri
Duca degli Abruzzi”, também chamado de Club
Italiano Duca degli Abruzzi (Franco; Silva e Schidrowitz, 1940, p. 644).
- A associação visava “criar, manter e promover entre os sócios os exercícios
higiênicos do remo e da natação” (Arquivo público estadual – 3ª vara
cível e comércio – processo nº 3692).
- Posteriormente, o clube organizou equipes de natação,
voleibol, basquete e ciclismo. O agrupamento da comunidade italiana em torno de
uma associação voltada para os desportos náuticos trouxe implicitamente o significado
de se fazer representar diante da sociedade porto-alegrense.
Em 30 de novembro de 1911, a Federação é extinta e
substituída pela Liga Náutica
Rio-Grandense, atualmente denominada Federação
de Remo do Rio Grande do Sul.
Em 1914, o Clube de
Regatas Almirante Tamandaré organiza a primeira competição porto-alegrense
de “pólo
aquático”, que foi disputada pelas duas equipes do clube no Rio
Guaiba.
Em 1917, é inaugurado o “Clube
de Regatas Vasco da Gama” por “116
elementos representativos da colônia
portuguesa”.
- A associação conhecida como “Clube da Cruz de Malta” tinha
como desporto principal o remo, mas também promovia bolão, natação, pólo
aquático, ciclismo.
- A associação, que inicialmente reunia a comunidade luso-brasileira estava com aproximadamente
três mil associados em 1940.
Em 1940, são implantadas as primeiras medidas de
abrasileiramento das associações que tinham nome em alemão. O “Ruder-Verein Germania” foi pressionado
a mudar o nome para o português denominando-se “Clube de Regatas Guahyba” e o “Ruder
Verein Freundschaft” mudou o nome para “Grêmio
Náutico União”.
Década de 1940, o remo destacava-se entre os desportos mais
prestigiados em Porto
Alegre “emparelhando, em importância e interesse público, com os
demais esportes, bastando citar-se o interesse com que o mundo esportivo
acompanhou, através do noticiário da imprensa e do rádio, o desenrolar da
regata interestadual efetuada em Florianópolis” (Amaro Júnior, 1944,
p. 101).
- A Liga Náutica
Rio-Grandense tinha mais de 5.000 remadores, sócios dos clubes federados a
mesma Liga, em 1940 (Pimentel, 1945, p. 159).
- As regatas promovidas em Porto Alegre se
diferenciavam de outros Estados brasileiros pela qualidade dos barcos
importados da Alemanha (Hofmeister, 1981, p. 48).
Em 1941, as associações de remo porto-alegrense sofrem sua
primeira crise, em decorrência da grande enchente ocorrida em Porto Alegre. As
associações de remo estavam localizadas no litoral ao longo do antigo caminho
do Meio (atual Rua Voluntários da Pátria), em Porto Alegre.
Em 1948, com o início da construção do “Cais de Saneamento”, ao longo
do Bairro Navegantes, as associações de remo deveriam ser deslocadas para outro
local.
- Foi projetado o Parque
Náutico (atual Cais dos Navegantes), onde cada um dos seis clubes receberia
um terreno (50m largura x 80m de frente até a rampa), enquanto prosseguiam as
obras da construção do “Cais de Saneamento Marcílio Dias” (GNU, 1981,
p. 11).
- A proposta do governo foi considerada desvantajosa pelas
associações devido a dificuldade de acesso e pela morosidade na viabilização do
projeto oficial. Neste ínterim, os clubes de regatas Almirante Barroso e Grêmio
Náutico União adquiriram seus terrenos na Ilha do Pavão e retomaram o
desenvolvimento do remo.
Década de 1960, a tardia transferência dos clubes de remo
para o Parque Náutico, um local de difícil acesso, causou o progressivo
afastamento dos associados e o enfraquecimento financeiro da maioria dos clubes
de remo (Coetergers, 1998).
Natação
Em 1885, com início neste ano, a natação passa a ser
promovida pela Sociedade de Ginástica
Turnerbund em uma piscina denominada “basenho” localizada a beira da praia do Rio
Guaíba (à Rua da Conceição, depois da Rua Voluntários da Pátria, próximo aos
armazéns da Viação Férrea do RGS).
Basenho
- O dinheiro para a construção do “basenho” foi obtido com a
colaboração dos associados mediante lançamento de quotas sociais. Conforme
Daudt, (1942, p. 7)
Nota:
- O príncipe Gastão
de Orleans, Conde D’Eu, marido
da princesa-herdeira do Brasil, D.
Isabel que visitou a sociedade em 1885, durante sua estada em Porto Alegre e
contribuiu com uma quantia em
dinheiro. A piscina foi destruída em conseqüência de um
incêndio ocorrido nos armazéns da estrada de ferro, em fins de 1916.
Em 14 de fevereiro de 1953, a sociedade de ginástica Turnerbund construiu uma nova piscina
em sua sede social.
Final do século XIX, o Ruder
Club (Clube de Regatas Porto Alegre) e o Ruder Verein Germânia (Clube de Regatas Guahyba) também passam a
incentivar a prática da natação no Rio Guaíba.
Em 1890, a Sociedade
de Ginástica Turnerbund juntamente com o “Ruder Club Porto Alegre” e a “Naturheilverein”
(Sociedade para a Cura Naturalista) organizam a “Schwimmverband” (Liga de Natação).
Em 1897, realiza-se a primeira prova de natação em “distância
longa” no Rio Guaíba, partindo da Rua Hoffmann até a piscina
(basenho) da SOGIPA.
Início do século XIX. o clube de Regatas Almirante Tamandaré (fundado em 1903), o Clube Almirante Barroso (1905) e o Club Canottieri Duca degli Abruzzi
(1908), além do remo ofereciam natação aos seus associados.
Em 1931, o Clube
Excursionista e Sportivo (1902) inaugura a primeira piscina do Estado, para
a prática da natação e saltos ornamentais.
Em 1932, dois anos depois, o Grêmio Náutico Gaúcho (fundado em 1929) também constrói sua
piscina.
Em dezembro 1942, o Grêmio
Náutico União (1906) inaugura sua piscina com 25 metros. Na época foi
considerada a melhor piscina do Estado para a realização de competições de
natação, pólo aquático e saltos ornamentais.
Na década de 1950, o clube Grêmio Náutico União ampliou seu espaço físico adquirindo novas
sedes em bairros centrais de Porto Alegre e na Ilha do Pavão, sendo conhecido
como o “Clube das Três Sedes”.
Década de 1940, nas competições de natação, o público lotava
o Grêmio Náutico União que
rivalizava com o Club Excursionista
Sportivo, até a extinção de seu departamento de natação. Depois, o Grêmio Náutico Gaúcho tornou-se o novo
adversário do Grêmio Náutico União
(Cabral, 1946).
Bolão
Em 1896, a Gesellschaft
(Sociedade Leopoldina, 1863), cria o primeiro grupo de bolão do Brasil
denominado “Grupo
de Bolão 14 de abril”.
- É considerado o segundo grupo de bolão mais antigo da
América do Sul (ALJ, 2001, p. 19).
Em 1918, a prática de algumas modalidades esportivas era comum e extremamente difundida entre as mulheres. O principal dentre outros esportes era o bolão, um grupo de mulheres alemãs, que freqüentavam a Sociedade Leopoldina, criam o “Grupo de Bolão
Violeta Arco-Iris”, em Porto Alegre, do total de 653 atletas de Bolão, 55 eram
mulheres. (ATLAS DO ESPORTE NO RIO GRANDE DO SUL)
Década de 1940, neste estágio existiam
Tênis
Em 1896, foi fundada a primeira associação de tênis, o “Tennis Club Walhalla”, pelos
imigrantes alemães (Oliveira, 1996, p. 163).
Em 1902, o “Club
Excursionista e Sportivo” começa a desenvolver o tênis.
Em 1914, a Sociedade
de Ginástica Turnerbund cria seu departamento de tênis chamado “Tênis Clube
Germânia”.
Em 04 de setembro de 1929, a organização das associações de
tênis possibilitou a criação da Federação
Riograndense de Tênis - FRGT.
Os clubes fundadores foram: - Club Excursionista Sportivo, British
Club, Tennis Club Walhalla, Tennis Club Germânia.
O primeiro presidente da federação foi Max Ertel.
Em 1938, o tênis foi encampado pela Associação Leopoldina Juvenil - ALJ.
A ALJ resultou da fusão da Sociedade Leopoldina (05/12/ 1863) e do Club Recreio Juvenil (1903) (ALJ, 2001, p. 20).
- A Sociedade
Leopoldina, desde o princípio, se diferenciava das outras sociedades pela
promoção dos bailes de gala, festas e homenagens a pessoas e setores
importantes da vida portoalegrense.
- O Club Recreio
Juvenil reunia nas reuniões dançantes e festas sociais somente jovens
solteiros da elite porto-alegrense.
- A Associação
Leopoldina Juvenil seguiu a tradição herdada das entidades antecessoras,
buscando figuras de destaque para ocupar sua presidência.
Em 1940, a FRGT
contava com 7 clubes da capital
filiados e 26 clubes do interior
do Estado.
Ciclismo
Em 1896, imigrantes alemães fundam a primeira sociedade de
ciclismo de Porto Alegre denominada “Rodforvier
Verein Blitz” (Sociedade Ciclística Blitz) (Lima, 1909).
Um dos seus fundadores foi Alberto Bins, que ajudou financeiramente na aquisição do velódromo
à Rua Voluntários da Pátria em
Porto Alegre.
Em 1897, a Sociedade
Blitz promove a primeira corrida ciclística nas ruas de Porto Alegre.
Em 1898, realiza-se a primeira disputa ciclística em pista
oficial no Velódromo Rio-Grandense,
que se estendia até a parte central do Prado
Independência.
Em 1899, cria-se a União
Velocipédica, que neste mesmo ano inaugura seu velódromo no terreno locado
pelo município de Porto Alegre, onde atualmente localiza-se o Instituto Parobé.
Em 1900, iniciam-se as disputas ciclísticas no âmbito
estadual, que passaram a ser realizadas anualmente popularizando o ciclismo em Porto Alegre e no
Estado (Franco, 1988).
- Havia um grande número de ciclistas tanto na Sociedade Blitz como na União Velocipédica. O público
porto-alegrense comparecia aos velódromos para assistir as competições que
tinham um aspecto festivo (Revista do Globo, 1936, p. 15).
Início do século XX, os velódromos são extintos e o ciclismo
começa a desaparecer. A decadência do ciclismo coincide com o aumento do
trânsito de automóveis nas ruas e a ascensão do futebol (Franco, 1988; Damo,
1998).
Em 17 de outubro de 1935, foi organizada a Federação Riograndense de Ciclismo e Motociclismo,
pelo Clube Esperança, Rio Grandense e Júpiter.
Década de 1940, o ciclismo sofre dificuldades com a falta de
peças para suas bicicletas importadas, em conseqüência da segunda guerra
mundial. No período, foram realizadas poucas provas oficiais (Amaro Júnior,
1944, p. 67).
Esgrima
Final do século XIX, neste período, a esgrima era praticada
na SOGIPA. Durante muitos anos esta sociedade de ginástica reuniu os melhores
esgrimistas de Porto Alegre, e promoveu competições somente no âmbito interno
da própria sociedade.
Em 1923, a SOGIPA contrata o mestre-de-armas alemão, Ferdinand Fenchel com o objetivo de
incrementar o número de praticantes e estruturar o departamento de esgrima,
junto com o mestre-de-armas da sociedade, Georg
Black.
Em 1924, a SOGIPA inaugura o novo departamento de esgrima
com o nome de “Grupo de Esgrima
Teutônia”.
Em 1927, realiza-se o Primeiro
Campeonato Estadual de Esgrima, pelo Colégio
Militar de Porto Alegre. Em termos de tradição, cumpre destacar que a
esgrima, juntamente com a ginástica, natação e equitação foi incluída nos
cursos da Escola Militar do Rio Grande do Sul, através do Decreto nº 9.251 de
16/06/1884.
Em 1931, organiza-se a Liga
de Esgrima de Porto Alegre. Mesmo assim, a esgrima continuou
desenvolvendo-se lentamente em relação aos outros esportes. A esgrima reunia
poucos praticantes no Estado e os esgrimistas gaúchos não tinham uma
participação expressiva no cenário nacional.
Década de 1940, a esgrima porto-alegrense começa a ter maior
visibilidade nacional.
Em 29 de outubro de 1941, foi organizada a Federação Riograndense de Esgrima.
Em 1943, pela primeira vez o Estado do Rio Grande do Sul foi
representado no Congresso Brasileiro de Esgrima. Porto Alegre foi designada
para sediar o próximo campeonato nacional, certamente uma deliberação que
visava promover e incentivar a prática da esgrima no Estado (Amaro Júnior,
1944, p. 109).
Bocha
Em 02 de dezembro de 1930, foi criado o “Club de Bocia Caminho do Meio” pela comunidade italiana. A bocha era praticada
exclusivamente pelos homens.
Mulheres
na Bocha
Em 1983, ocorreu a primeira participação das mulheres em
competição, em caráter de demonstração.
Em 1987, as mulheres começaram a participar oficialmente nas
competições.
Em 08 de fevereiro de 1933, a bocha começa a ser
desenvolvida pelo Independente Foot-ball
Clube.
Em 22 de setembro de 1937, foi criado o Círculo Operário Ferroviário do Rio Grande do Sul, cujo esporte
principal era a bocha.
Em 01 de fevereiro de 1938, um grupo de militares do
exército fundou o “Club de Bocias
Central”.
Em 1942, organiza-se a Associação
Porto Alegrense de Bocha. Em cumprimento ao Decreto-Lei nº 3.199 de 1941, a
associação foi extinta e no seu lugar criada a Federação Riograndense de Bocha, em 04/04/1944.
Punhobol
Década de 1900, o punhobol (festball) foi introduzido na Sociedade de Ginástica Turnerbund (Oliveira, 1996).
Em 02 de dezembro de 1927, foi criada a Associação dos Antigos Alunos Maristas de Porto Alegre -AAMPA, cujo
esporte principal era o punhobol.
Década de 1940, a Sociedade
de Ginástica Turnerbund reunia
os melhores jogadores de punhobol de Porto Alegre.
Futebol
Em 1903, criam-se na mesma data os primeiros clubes de
futebol em Porto Alegre :
- Fuss-ball Club
(15/09/1903), pela iniciativa dos ciclistas da “Rodforvier Verein Blitz”;
- Grêmio Foot-ball Portoalegrense
(15/09/1903) por remadores as associações de remo teuto-brasileiras (Oliveira,
1912, p. 97-98).
No início do mês de setembro de 1903, a sociedade
porto-alegrense foi apresentada ao futebol pelo Esporte Clube Rio Grande (1900), o mais antigo clube de futebol
ativo no Brasil.
- A demonstração do futebol no campo improvisado no atual
Parque Farroupilha foi marcada por uma grande festa, com a presença das associações
desportivas, seus dirigentes e atletas e, um razoável público.
Em 1904, o Grêmio
Foot-ball Porto-Alegrense fez um empréstimo junto ao Banco Alemão para a
aquisição do terreno do campo de futebol próximo das instalações do Clube de “Tiro Alemão”, no atual Parque
Moinhos de Vento (GFBPA, 1983; Ostermann, 2000).
Até 1909, das 19 disputas
do Grêmio, 17 partidas foram
realizadas com o Fuss-ball Club. As
duas outras partidas foram disputadas com clubes teuto-brasileiros de outras
cidades do interior do Rio Grande do Sul (Damo, 1998, p. 92).
Em 1909, o predomínio germânico nas associações de futebol
portoalegrense sofre uma “reação nativa” com a criação de uma
associação pluriétnica, o “Sport Club
Internacional” (Jesus, 2001, p. 208).
- A organização da nova associação foi impulsionada por
homens de “camadas
médias e oriundos de segmentos étnicos subalternos no contexto local”.
O Internacional iniciou com o
futebol, seu esporte principal e, posteriormente introduziu o atletismo e
basquete.
Em 1909, a sociedade de ginástica cria a equipe de futebol
denominada “Frisch-Auf” dirigida
pelo professor de ginástica e ex-jogador do Grêmio Foot-ball Porto-Alegrense, sr, Georg Black Sen. A sociedade de ginástica comprou um terreno para a
construção do campo em 1910, com auxílio do Hilfsverein (Colégio Farroupilha) e de um grupo de voluntários
chamados “amigos
do estádio”. Os primeiros jogos de futebol do “Frisch-Auf” foram disputados por volta de 1912. As partidas eram
disputadas somente com o Grêmio Football
Porto-Alegrense, uma associação de futebol que integrava a rede da
comunidade teuto-brasileira.
Em 1910, a partir deste ano multiplicaram-se as associações
de futebol:
Esporte Clube São José (1913),
Sociedade Esportiva Sokol (1913),
Esporte Clube Cruzeiro (1913),
Sport Club Ruy Barbosa (1915),
Ipiranga Futebol Club (1917).
O
Acontecimento
Em 1917, o time de futebol da sociedade chamado “Manschaft Frisch Auf” (Equipe Sempre
Avante) foi o centro de um conflito ocorrido durante uma partida com o popular Clube Porto-Alegrense. O campo de
futebol foi invadido pela torcida armada de paus e garrafas vazias ocasionando
uma briga generalizada envolvendo o árbitro e jogadores (Tesche, 1996). Este
acontecimento reproduziu em campo velhas desavenças étnicas entre os luso-brasileiros e alemães relacionadas à formação de um sentimento nacional de
brasilidade.
Em 1918, surge a Liga
Porto Alegrense de Futebol (atual Federação Gaúcha de Futebol), com
destacada influência do Grêmio Foot-ball
Porto Alegrense.
Década de 1920, aparecem 13
novas associações de futebol em Porto Alegre. O futebol sofre os reflexos da
consolidação da sociedade urbano-industrial e da participação da população
brasileira no quadro político nacional, sob a influência do populismo (Sodré,
1977). O futebol que era desenvolvido pelas associações desportivas de forma
amadora começou a se profissionalizar.
Década de 1930, criam-se 66
novas associações de futebol e muitas associações esportivas existentes
incorporaram a prática do futebol.
Ao final da década de 1930, totalizava-se 88 associações, cujo esporte principal
ou único esporte praticado era o futebol. Os moradores de bairros, vilas e
empresas porto-alegrenses criaram seus times.
O
Desmantelamento
- O associativismo estendeu-se para as camadas populares,
através do futebol. As tradicionais associações de remo de Porto Alegre
criticavam o desmantelamento dos ideais do associativismo.
No final desta década, o Campeonato Popular de Futebol de Porto Alegre era destacado pela
imprensa gaúcha, como o maior neste gênero realizado no país.
- O número de associações participantes crescia a cada ano:
1937 – 60
clubes;
1938 – 102
clubes;
1939 – 106
clubes;
1940 – 172 clubes.
A abertura do campeonato – uma grande parada olímpica, era
prestigiada pelo público aproximado de 4.000 pessoas (Pimentel, 1940).
Em 1938, a Federação
Rio Grandense de Futebol – FGF registrou 65
clubes filiados e 3.008 atletas, além de um campeonato de futebol e 24 jogos oficiais de campeonatos
dirigidos diretamente pela Federação.
Em 1941, constatou-se a existência de 111 associações de futebol, em Porto Alegre. A
incorporação do futebol como uma das marcas do povo brasileiro aconteceu
juntamente com o estabelecimento do Estado Novo (1937-1945). O futebol
consagra-se perante as demais práticas esportivas em Porto Alegre.
Foram registrados 349
clubes filiados e 10.095 atletas, a realização de 29 campeonatos e 926
jogos oficiais.
A Federação Gaúcha de
Futebol possuía 10.095 atletas registrados, sendo 9.964 atletas de
nacionalidade brasileira.
Os demais atletas pertenciam as seguintes nacionalidades:
46 uruguaia,
21 polonesa,
18 italiana,
14 argentina,
7 lituana,
7 portuguesa,
7 alemã,
3 espanhola,
2 russa,
1 paraguaia,
1 húngara (Pimentel, 1945, p. 164 e p. 182).
Em 1943, estes dados foram apresentados no Congresso Estadual de Futebol, com a
finalidade era discutir uma nova estrutura administrativa para o futebol no Rio
Grande do Sul, realizado em
Porto Alegre.
Basquete e Voleibol
Em 26 de novembro de 1901, a Associação Cristã de Moços (ACM) foi instalada em Porto Alegre , pelo
professor americano Frank Long. A
ACM divulgou especialmente o basquete e o voleibol (Buono, 2001).
Em 1925, organizada a Liga
Atlética Riograndense – LARG
para supervisionar o voleibol, o basquete, o atletismo e a esgrima.
A LARG foi fundada pelas seguintes associações:
Associação Cristã de Moços,
Grêmio Foot-ball Porto Alegrense,
Clube de Regatas Almirante Barroso,
Sociedade de Ginástica Turnerbund,
Clube de Regatas Guaíba,
Esporte Clube Eiche e
Clube de Regatas Pôrto Alegre.
No final de 1929, o Esporte Clube Internacional, o Esporte
Clube Cruzeiro, a Sociedade de Ginástica Navegantes São João, o Fuss Ball Clube
Pôrto Alegre e o Grêmio Náutico Gaúcho ingressaram na LARG.
Em 1926, a SOGIPA introduziu a prática do basquete e do
voleibol e, dois anos depois participou do campeonato da cidade (Tesche, 1996,
p. 68).
Década de 1940, o basquete era praticado na Sociedade Turnerbund, na ACM, na Academia da Policia Militar.
Boxe
Década de 1920, as lutas de boxe são promovidas em Porto Alegre.
- A ACM foi
responsável pela difusão do boxe em Porto Alegre e no Brasil.
- A academia “Southern
Boxing Club” promovia o boxe em Porto Alegre , com as disputas sendo realizadas
nos salões da Sociedade Leopoldina
(atual ALJ) e no palco do Cinema Carlos Gomes (Revista do Globo, n. 323,
p. 62).
Golfe
Em 1930, funda-se neste ano o Country Club dedicado ao golfe que teve como presidentes
representantes dos teuto-brasileiros. O funcionário da portaria do clube
testemunhou que “em
cinco décadas, ele já viu passar por esta porta gerações de famílias
tradicionais” (Jornal Zero Hora, Revista ZH DONNA, 10 de junho de
2001, p. 5).
Final da década de 1930, organiza-se a Federação Riograndense de Golf.
Vela
Década de 1930, o esporte dos barcos à vela começa a fazer
parte do estilo de vida da elite porto-alegrense. Fundam-se:
Grêmio Desportivo
Masson (1930) ,
Iate Clube Guaíba,
o Yacht-Club de Porto Alegre (1933),
Sociedade Náutica
Veleiros do Sul (1934).
- Além do iatismo, os clubes promoviam bailes e festas que
congregavam a elite política e econômica de Porto Alegre (Franco; Silva e
Schidrowitz, 1940, p. 637).
Em 21 de novembro de 1936, organizou-se a Federação de Vela e Motor do Rio Grande do
Sul.
A partir de 09 de junho de 1941, foi chamada de Federação de Vela e Motor do Rio Grande do
Sul.
Em 1941, fundou-se o Clube
dos Jangadeiros.
Copa do Mundo
Em 1959, o Clube dos Jangadeiros foi sede da Copa do Mundo de Iatismo (Revista
Panathlon Internacional, 2000, p. 2).
Em 21 de novembro de 1984, denomina-se Federação de Vela do Rio Grande do Sul.
Resultados e Legado
Nos Diários Oficiais de 1950, entre as 317 Associações Voluntárias inventariadas, 96 são associações esportivas. Destas, podemos destacar
algumas associações esportivas de fundação Teuto-brasileira, importantes por
manterem suas atividades até os dias atuais:
- Sociedade de Ginástica de Porto Alegre (Turnerbund),
- Grêmio Náutico União (Ruder Verein-Freundschaft)
- Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo (Turnverein New
Hamburg) entre outras.
Em 1924, na obra Cem anos de Germanidade no Rio Grande do Sul
(1824-1924), ano do Centenário da Imigração Alemã no RS, encontramos o registro
de 327 Associações Voluntárias, todas elas Teuto-brasileiras, e em grande
parte, associações esportivas.
Entre as principais, podemos destacar:
- Sociedade Leopoldina (Gesellschaft),
- Sociedade de Remo Guayba,
- Sociedade de Remo Porto Alegre.
Em 1886, o fenômeno do associativismo esportivo
teuto-brasileiro explica-se pela criação da Federação das Associações Alemãs de Porto Alegre que tinha por
finalidade:
“Reunir as associações alemãs mediante a preservação dos
direitos e da índole alemã assim como a promoção da germanidade como um
todo...” (Rambo, 1999).
Segundo Mazo (2007):
“É provável que os teuto-brasileiros produziram uma identificação
através da fundação de associações esportivas. (...) Sendo assim, o associativismo
esportivo, que engloba um amplo repertório de símbolos, valores, normas,
comportamentos e outras formas de representações, pode ser visto como um
mecanismo de afirmação da identidade cultural teuto-brasileira.” (p.
494).
Dos diversos esportes praticados pelos imigrantes europeus
de cultura alemã, podemos citar o basquete, a bocha, o bolão, o boxe, caça e
tiro, ciclismo, esgrima, futebol, futsal, ginástica, golfe, hipismo, judô, luta
livre, motociclismo, natação, pólo, pólo aquático, punhobol, remo, saltos
ornamentais, tênis, tiro ao alvo, turfe, voleibol e xadrez, entre outros.
Em 1867, o Deutscher
Turnverein (Sociedade Alemã de Ginástica) foi fundado por um grupo de
imigrantes alemães.
Em 1892, é fundado o Turnerbund,
pela fusão do Deutscher Turnerverein
ao Turnklub. Entre suas atividades
principais até 1950 estão: - ginástica, tiro ao alvo, natação, esgrima, bolão,
atletismo, futebol, punhobol, tênis, voleibol, basquete e pugilismo.
Em 1924, em ocasião da comemoração do Centenário da Imigração Alemã, a Sociedade Turnerbund contou pela primeira vez com a participação de
mulheres na competição de atletismo.
Em 1906, o Ruder
Verein-Freundschaft (Sociedade de Regatas Amizade) foi fundado por seis
garotos de etnia alemã, e tinha como objetivo principal a prática do remo,
entre outros esportes.
Nota:
- Segundo a história do clube, as mulheres tiveram
participação importante na fundação: as irmãs dos garotos que fundaram o clube
criaram a primeira bandeira.
A Turnverein New
Hamburg, fundada em 1894, teve a inauguração de sua sede própria apenas em
1912 e entre suas atividades estavam a ginástica, o bolão, o tênis e o
punhobol. Muitos dos aparelhos utilizados na ginástica foram trazidos
diretamente da Alemanha.
Em 1863, foi fundada a Sociedade
Leopoldina (Gesellschaft).
Em 1906, a Sociedade
Leopoldina (Gesellschaft) passou a ter uma sede própria.
Em 1940, a Sociedade
Leopoldina juntou-se ao Club Recreio
Juvenil passando a denominar-se Associação
Leopoldina Juvenil.
Em 1888, o Ruder Club
foi fundado.
Em 1892, é fundado o Ruder-Verein
Germania. Todas essas associações teuto-brasileiras possuíam o objetivo
comum de construir espaços para o desenvolvimento do “germanismo”, para o resgate da
cultura alemã, o cultivo das tradições e o fortalecimento frente às pressões
sofridas pelas tentativas de nacionalização, durante a Primeira Guerra Mundial.
- Uma das principais exigências impostas às associações
teuto-brasileiras foi a da mudança de nome. Toda a associação deveria ter sua
denominação em língua portuguesa.
- Em função disto, o Turnerbund
passou a se chamar Sociedade de
Ginástica de Porto Alegre, o Ruder
Verein-Freundschaft passa a chamar-se Grêmio
Náutico União e o Turnverein New
Hamburg passa a chamar-se de Sociedade
de Ginástica de Novo Hamburgo.
Isso acontece antes de 1950, pois nos registros coletados
nos Diários Oficiais daquele ano (extratos de estatutos), essas Associações já
aparecem com a denominação em Língua Portuguesa. A Gesellschaft, o Ruder Club e o Club
de Remo Germânia também tiveram seus nomes modificados, e foram encontrados
nos registros de 1924 “Cem anos de Germanidade no Rio Grande do Sul
(1824-1924)”, denominando-se Sociedade
Leopoldina, Clube de Remo Porto Alegre e Clube de
Regatas Guayba,
respectivamente.
Na década de 1930, após a Primeira Guerra Mundial, houve um ressurgimento do sentimento de
nacionalismo alemão que se confrontou com as idéias do nacionalismo brasileiro
(Mazo, 1997).
- A partir do Governo do presidente Getúlio Vargas que pretendia consolidar o Estado Nacional, foram
adotadas medidas mais firmes na tentativa de nacionalização. Essas medidas
refletiram numa grande interferência por parte do governo nas associações
esportivas teuto-brasileiras, pois estas eram sinônimos de expressivas manifestações
culturais dos associados à sua pátria-mãe e muitas foram inclusive denunciadas
como “núcleos
nazistas” ou “facistas”.
- Decretos-Lei como o de número 3.199, do dia 14 de abril de
1941 que “Estabelece
as bases de organização dos desportos em todo o país.” Foram medidas
decisivas para a intervenção direta nas organizações esportivas.
- Essas organizações tiveram que se adaptar às exigências do
governo para continuarem suas atividades durante a Segunda Guerra Mundial, principalmente após o Brasil colocar-se a
favor dos países aliados.
Final
- A partir das ações de nacionalização muitas das Associações modificaram seus estatutos
e colaboraram com o novo quadro político, outras apesar da maior resistência,
mantiveram-se em funcionamento e outras não resistiram às pressões externas e
acabaram por encerrar suas atividades.
Mas todas as Associações
Desportivas contribuíram e deixaram seu legado.
Adaptado
dos grandes trabalhos:
- DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS D O ESPORTE N O BRASIL.
RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 6.13
- O ASSOCIATIVISMO NO RIO GRANDE DO SUL (1920-1950)
Associações esportivas teuto-brasileiras
Por OSWALD, Tamara
Acadêmica de História-UFPel, bolsista FAPERGS
(tamyzinha-sls@hotmail.com).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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http://www.cref2rs.org.br/atlas/cd/index.htm, acesso dia 20
de agosto de 2009, às 15:00 horas.
COHEN, Jean
L., ARATO, Andrew. Sociedad civil y teoría política. México: Fondo de
Cultura Económica, 2000. HOFFMANN, Stefan-Ludwig. Democracy and Associations in the Long Nineteenth
Century:
Toward a Transnational Perspective. The Journal of Modern History. V.
75,
June 2003, p. 269-299.
MAZO, Janice Zarpellon. “A nacionalização das associações
esportivas em Porto
Alegre (1937-1945)”. In: Movimento. v. 13, n. 03. Porto
Alegre: setembro/dezembro de 2007, p. 43-63.
NOVAK,
William J. The American Law of
Association: The Legal-Political Construction of Civil Society. Studies in
American Political Development. V. 15, Fall
2001, p. 163-188.
PORTES, Alejandro.
Capital Social: Origens e Aplicações na Sociologia
Contemporânea. Sociologia, Problemas e Práticas, n. 33,
2000, pp. 133-158.
PUTNAM, R.
Bowling alone: the collapse and revival of american community. New
York: Simon & Schuster, 2000. Comunidade e Democracia. A
experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas,
1996.
RAMBO, Arthur Blasio. Hunder Jahre Deutschtum in Rio Grande
do Sul – Cem anos de Germanidade no Rio Grande do Sul (1824-1924). São
Leopoldo, Ed. Unisinos,
1999.
SILVA Jr. Adhemar Lourenço da. O associativismo no Rio Grande do Sul
(1920-1950). Projeto de Pesquisa apresentado à FAPERGS, 2008.
TOCQUEVILLE, Alexis de.
A democracia na América: sentimentos e opiniões. Deuma profusão de
sentimentos e opiniões que o estado social democrático fez nascer entre os
americanos. São Paulo: Martins Fontes, 2000
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