Porto Alegre se projetava com o espetáculo burguês
do viver em cidades.
- As confeitarias, os cafés, os theatros, as
associações carnavalescas, os prados, o “Footing” na Rua da Praia, as sessões iniciando pelos cinemetógraphos, constituíam os
ambientes e as sociedades que atuavam como palco de uma moda europeia para a
burguesia porto-alegrense.
- A prática do “Footing”
— do inglês passeio a pé, caminhada — consistiu em um hábito citadino que
persistiu por décadas não apenas na cosmopolita Porto Alegre, mas também em
outras cidades do país.
- Os praticantes tinham o objetivo de verem e de
serem vistos um pelos outros. Este ato sempre existiu, mas no início do século
XX, começou a se transformar em um ritual.
Prado Rio Grandense - 1909
Tipos de Footing
- Era assim que
rolava a paquera, piscadela, olhares até alguém criar coragem.
- O
divertido ritual de paquera consistia em dar voltas em torno de uma praça, em
algumas cidades moças em um sentido e rapazes no sentido contrário, em outras,
moças rodando e rapazes na calçada observando.
- As meninas passeavam
de braços dados e os meninos olhavam. "Risadas, pequenas sem-vergonhices. Passavam-se semanas até
que o rapaz dirigisse o primeiro olá à sua eleita".
- A
paquera ia rolando, quando o interesse era mutuo saiam da roda para conversar.
Muitos casamentos saíram de Footing.
- No Sábado a maioria das vezes, aquele menear coletivo feminino resultava apenas em
flertes e, assim como um espetáculo, encerrava a sessão às 22 horas.
- Depois vinha o Domingo, e mais Footing.
Nota:
-
O paraibano Loêncio Ramos lembra com
saudade do footing na Rua Maciel Pinheiro, em João Pessoa, no fim da tarde. "Lá eram
dadas as primeiras investidas, junto às garotas, preparando o campo para um
avanço mais ousado, no domingo à noite, após o término da missa na
Catedral", relata. Ele conta ainda que essa paquera se estendia
até, no máximo, às dez horas da noite.
Footing em Porto Alegre - década 1960
Comunicação
- Não
havia celular, computador e o telefone, além de ser quase mobília da casa, era
algo que, na juventude, gerava o risco de se ouvir a voz do pai, da mãe e, na
melhor das hipóteses, do irmão ou da irmã da(o) prometida(o).
Afinal,
o número era familiar e não individualizado como é hoje.
Pais vão Buscar
- Alguns
pais iam para buscar suas filhas. Porém, as jovens, com a empáfia púbere, que
já afetou a todos nessa idade, a fim de evitar o mico de serem vistas
escoltadas pelo pai, regressavam sozinhas, ou não, no ir e vir do relógio.
Insinuar-se
- Era
exatamente no subir dos créditos, no fechar das cortinas, no percurso de volta,
no pescoçar do cuco, que mãos e pernas tornavam-se cúmplices, muitas vezes
acompanhadas de silêncio, olhares de rabo de olho e risos de cantoneira de
boca.
O Possível Beijo
- O Footing era o enredo. O portão dela o clímax.
Da esquina à campainha era um suspense de Hitchcock, pois, além da incerteza e
insegurança do beijo, havia a possibilidade de derrocada proporcionada pelo pai
dela à espreita, qual namoradeira em janela.
Sagrado e Profano
- O Footing ocorria em duas situações: no sagrado
e no profano.
Rapazes
se alvoroçavam para ir à Missa, mas não para provar o sabor da hóstia. O
objetivo era o pós-missa. A praça, vulgo jardim, apinhada de pessoas a
borboletear, era o êxtase adolescente.
- O
ritual migrou para os corredores de lojas e restaurantes.
- Na
praça de alimentação e em seu entorno, era possível ver o vaguear, qual gado em
leilão, da puberdade ouriçada e tímida por um flerte.
Nas Escolas
- Até
mesmo nas escolas havia o Footing do
recreio. Os garotos escorados nas paredes dos corredores, ao redor da cantina,
parados no pátio, observavam, flertavam e paqueravam as garotas que preferiam
saracotear a merendar.
Alunas do Colégio Bom Conselho fazendo
“Footing”
Lilian Wild, Mafalda e Dolores Scholz.
Formatura mocas do Colégio Bom Conselho
Frustração
"O ‘Footing’ era o lugar do primeiro encontro, dos olhares
apaixonados, do bate-papo descontraído". Essa mistura
de espreitada, esperança e encantamento, às vezes, levava à frustração, quando
a pessoa amada não enxergava quem tanto a admirava.
Nada
Comercial
- A prática não tinha nada de comercial - como pode
rolar hoje com os adolescentes que se encontram em shopping centers, por
exemplo - e nem era tão independente.
"Os rapazes faziam uma parede para apreciar o passeio das
meninas. Ninguém comprava nada, era só o passeio".
- Além da paquera
entre os jovens, era comum a presença das famílias também.
Década de 1920
Lá pelos anos 1920 - e até talvez os anos 1960/70 -
paquerar era sinônimo de caminhar pelas ruas e, claro, flertar quando pudesse.
Rua da Praia -1930
- O "Footing",
que vem do inglês ‘ir a pé’,
acontecia principalmente nas cidades pequenas. As moças colocavam o melhor
vestido e saíam para caminhar com um objetivo claro: ser observada pelos
rapazes, igualmente bem arrumados.
Porto Alegre de 1920
- As fontes consistem em três poemas e duas cartas
de amor.
Os poemas intitulam-se “Footing”, “As Praças Velhas” e “Canção dos Arrabaldes”. Todos
foram manuscritos a lápis de cor azul.
- Os dois primeiros possuem referência a mês e ano:
agosto de 1923; o que não possui data, todavia, foi escrito no mesmo tipo de
papel, com o mesmo lápis de cor azul. As cartas datam, uma de agosto de 1924 e
outra de 15 de outubro de 1925.
- Tais documentos não serão aqui reproduzidos
integralmente, mas as partes deles transcritas serão destacadas em quadros
numerados e indexados ao final, conservando-se sua grafia original. A
identidade das pessoas envolvidas será preservada. Em comum, estes escritos têm
entre si o fato de pertencerem a um mesmo arquivo privado e de se referirem a
fatos que tiveram lugar na cidade de Porto Alegre.
[...] a cidade, na sua compreensão, é também sociabilidade: ela
comporta atores, relações sociais, personagens, grupos, classes, práticas de
interação e de oposição, ritos e festas, comportamentos e hábitos.
Mas a cidade é, ainda, sensibilidade, [...]. Cidades são, por
excelência, um fenômeno cultural, ou seja, integradas a esse princípio de
atribuição de significado ao mundo.
- Ao examinarmos o poema intitulado “Footing”, encontramos ali descritos
valores que sofrem um questionamento por parte de Francisco, em nítido contexto
de sociabilidade.
Na tarde radiante, todos vão a passeiar, todos vão a rodar,
todos vão a gyrar. Pelas ruas, ascende o perfume da graça, incensando, amoroso,
a alegria que passa, a alegria efêmera e bôa dos momentos.
Quadro 01 ―“Footing”
- Francisco abstrai-se do contexto onde os
personagens vão a “passeiar”. Ele enfatiza a artificialidade destes “passeiantes”,
atores que giram no palco da cidade, que rodam, que se movimentam na
efemeridade do instante, quando o perfume apela à sensorialidade e a alegria se
propaga como esse incenso, cuja duração é passageira, provisória, faceta da
cidade que se traduz por uma multiplicidade de estados onde a individualidade
se perde, e da qual o poeta se exclui, para melhor poder pensar sobre o que vê:
Eu fico a ver esta onda humana que, agitada, a rodopiar, passa
ante os meus olhos cansados. (Que philosophia deliciosa, aphilosophia das
attitudes!)
Quadro 02 ―“Footing”
- Há um viés crítico indisfarçável onde o poeta
questiona os valores que levam os “passeiantes” a
executarem seus giros. Ele procede a uma leitura axiológica do comportamento
dos que se entregam àquela prática cotidiana. Francisco desenha para si mesmo
um local de fala de onde não apenas narra o que se passa à sua volta, como
ainda descreve o cenário e disserta sobre os elementos que tematiza
poeticamente. Enfim, ele filosofa sobre o que identifica poeticamente nas
práticas do dia a dia:
Todos passam... Homens activos, preocupados, homens vagarosos,
homens sabios, mulheres faceiras, a entoar, nos gestos, o hynn imprudente e
ridículo da sedução, mulheres futeis, mulheres inuteis, todos passam pelas
ruas, todos andam, vertiginosamente, pela calçada anonyma das ruas, atraz de um
fim, atraz de um destino...
Quadro 03 ― “Footing”
- Francisco descreve uma cidade onde o comportamento
dos personagens que nela se movem são referenciados com juízos de valor. A
vaidade feminina é francamente hostilizada, ficando claro que ele, poeta, não
se deixa seduzir pelo artificial, muito embora não seja indiferente a esse
feminino que se expressa por gestos sedutores.
- Um feminino urbano, citadino, competitivo,
performático, ciente da presença de outros femininos dentre os quais pretende
destacar-se. Nessa cidade de fragmentos que nos é servida em versos, sobrevive
um testemunho quase profético no que respeita a nossa contemporaneidade, que
impõem um ritmo ainda mais vertiginoso a esses deslocamentos.
E a multidão toda passa, num torvelinho, agitando-se num
movimento de vida. E é uma vitrina esplendorosa onde rebulha a moda, em facetas
de luxo e novidade, pondo os olhos feminis, em mil curiosidades, o grupo
delicado das futilidades decorativas dessas aves dos salões que, ante ella, em
bandos garrulos, alegremente, conversam e discutem, encantadoramente.
Quadro 04 ― “Footing”
Bresciani (1997, p. 16) já acentuava: “Modernidade é o
transitório, o rápido, o contingente”. E o homem que se encontra em
meio a essa modernidade:
[...] vive o
impacto da fragmentação, do efêmero e das mudanças caóticas e forma sua
sensibilidade no centro da experiência de tempo, espaço e causalidade, sentidos
equacionados como transitórios, fortuitos e arbitrários (Ibid., 1997, p. 15).
- Há, porém, os contrastes que esse urbano comporta.
Contrastes que também podem ser observados a partir do confronto entre “Footing” e — como agora se verá — “As Praças Velhas”.
- De um lado, os centros e o torvelinho dos que
acorrem ao passeio: uma sociabilidade cheia de códigos aos quais Francisco se
propunha a decifrar através de sua filosofia das atitudes; de outro, o espaço
urbano que já foi palco de acontecimentos, mas que sofreu depois o abandono.
Como as velhas praças, cenário onde se insere a sensação do nostálgico, do
anacrônico que só tem de si aquilo que foi. O que não encontra mais pertinência
no presente vive do passado que só pode sobreviver através de sua evocação,
seguindo a pista dos rastros:
Pobres praças velhas!
Como me comove a sua melancolia,
como eu amo, como eu adoro as praças velhas,
com as suas árvores senis e belas,
.....................
com seu pobre repuxo,
antes faiscante de luxo,
de rica pedraria,
agora, mudo e repassado de ironia,
na sua melancholica solidão
Quadro 05 ― “Praças Velhas”
- A relação é de memória e esquecimento. A emoção do
poeta se expressa pela simpatia, pela identidade que alega estabelecer com a
melancolia que percebe no lugar. Sua sensibilidade o faz ver —para além da
decadência e da mudez do repuxo de “rica pedraria” — o passado da praça, que já
fora glorioso. Do mesmo modo, em prosopopéia, atribui senilidade às árvores, às
quais não retira beleza. Francisco é anacrônico. Vive em si um tempo diferente
do real que acontece à sua volta.
- Está na praça, mas a partir dos dados presentes,
dos elementos materiais concretos que o cercam, ele evoca outro tempo, onde
situa a mesma praça em outra dimensão temporal, tecendo como que duas
perspectivas que só são interpenetráveis pela poesia, pelo elemento nostálgico:
“O nostálgico
não será mais reconhecido como aquele que está fora de um lugar físico, mas
como a figura de um sujeito que vive fora do seu tempo”, diz Beneduzi (2008, p.19).
Pobres praças velhas,
Onde o tempo poz a irradiação da agonia,
E a velhice pintou, no gesto do silencio,
A magestade da melancholia
Quadro 06 ― “Praças Velhas”
- O paradigma é claro. Francisco vive um tempo
impossível, que o faz prisioneiro de um sentimento que ele mesmo aponta como
sendo a agonia, que embora atribua à praça, é mesmo dele, algo que projeta no
lugar, conferindo-lhe um sentido que, em última análise, é pertinente a ele,
poeta. Com isso vive uma angústia que não é apenas sua, que não é particular à
própria subjetividade, mas que acomete o homem moderno:
No final do século XVIII, o advento da sociedade
moderna traria consigo uma profunda transformação na percepção da nostalgia,
porque se experimenta, então, uma nova imagem do tempo.
- O mundo pré-moderno apresentava uma vinculação
recorrente entre temporalidade e espacialidade, uma vez que a recordação de
momentos passados e das horas do dia era vinculada a espaços mnemônicos que
criavam a completude do entendimento sobre a variação temporal, ainda que de
uma maneira imprecisa e variada. (BENEDUZI, 2008, p.23)
- Ora, a recordação morre — a decadência do local,
no caso, a praça velha — deixa entrever apenas vestígios do passado, o que gera
angústia e tensão, pelo componente impreciso provocado pela variação temporal:
Pobres praças velhas!
que já conheceram a agitação,
o tumulto, o delírio e a vida de um movimento;
que já conheceram
todo o esplendor, todo o deslumbramento
dos dias de festa, dos dias de alegria,
quando uma intensa e louca multidão
porellas rodou, gyrando no turbilhão.
................................
Pobres praças velhas!
Uma recordação que vae morrendo,
Uma saudade que vai vivendo.
Quadro 07 ― “Praças Velhas”
- Se a recordação morre, a saudade vive. Fica
assente aqui a sensibilidade do poeta que associa memória e emoção; a memória,
todavia, requer um espaço, não apenas a individual, mas também a memória
coletiva. Chama a atenção que o particular aqui, carregado de subjetividade,
possa expressar o coletivo, e justamente pela via da sensibilidade. Quando
- Francisco se depara com a praça e seu abandono
presente, faz a leitura sensível das marcas e vestígios, assentando-as num
registro que chega a até nós, porque se trata de uma memória comum,
compartilhável e, por que não, coletiva:
Não há memória coletiva que não se desenvolva em um
quadro espacial.
- Ora, o espaço é uma realidade que dura: nossas
emoções concorrem entre si, nada permanece em nosso espírito, e não se
compreenderia que pudéssemos retomar o passado se, com efeito, não o
conservássemos pelo meio material que nos cerca. (HALBWACHS, 2008, p. 146)
- O terceiro poema a ser examinado chama-se “Canção dos
Arrabaldes”. As notas tristes se repetem, não como na praça, cujo
lamento decorria de um tempo passado, de um ontem que já foi glorioso, festivo,
marcante. Os arrabaldes são tristes, porque monótonos, porque empobrecidos,
acanhados e sem expressão econômica que lhes empreste majestade. São diferentes
nichos urbanos da cidade que Francisco nos mostra em sua poesia:
Arrabaldes de muros quebrados,
Das casas pobres e pequeninas,
Das ruas desertas e cheias de pó,
Por onde passeiam, ironicamente,
Entre a poeira doirada do caminho,
A ansia e o tedio da vida.
Quadro 08 ― “Canção dos Arrabaldes”
- Nos arrabaldes não acontece o “Footing”. Eles modulam um viver tedioso, e isso é ironizado pelo
poeta, porque a poeira do caminho, sendo dourada, não deveria produzir os
sentimentos que ele constata. A prosopopeia, neste caso, omite o sujeito: o
homem que ocupa aquele espaço.
- O poeta registra a diferença social e mesmo o
caráter excludente desta paisagem, onde não brilha o luxo citadino, onde não
desfila a vaidade, onde os comportamentos se moldam a um ambiente no qual tempo
é percebido de modo diverso. Na poesia, o espaço determina o homem, confere-lhe
um destino. Os arrabaldes de Francisco persistem hoje na periferia das grandes
cidades, cujo caráter determinante da exclusão social não parece duvidoso.
- A cidade sempre se dá a ver, pela materialidade de
sua arquitetura ou pelo traçado de suas ruas, mas também se dá a ler, pela
possibilidade de enxergar, nela, o passado de outras cidades, contidas na
cidade do presente. Assim, o espaço construído se propõe como uma leitura do
tempo, em uma ambivalência de dimensões que se cruzam e se entrelaçam.
(PESAVENTO, 2007, p. 16)
- Francisco, ao descrever os arrabaldes, nos dá
pistas de quem são os sujeitos que se encontram inseridos naquele espaço.
Lugares e grupos mantêm relações de identidade.
- Quando um grupo está inserido em uma parte do
espaço, ele o transforma à sua imagem, mas, ao mesmo tempo, ele se dobra e se
adapta às coisas materiais que lhe resistem. Ele se encerra no quadro que
construiu. A imagem do meio exterior e as relações estáveis que mantêm com esse
meio transmitem, em primeiro plano, a ideia que ele faz de si mesmo.
(HALBWACHS, 2008, p. 132)
- Até aqui ocupamo-nos de poemas que tinham por tema
a cidade a partir de três diferentes perspectivas. Agora examinaremos parte do
conteúdo de duas cartas que Francisco remeteu à Maria. Na primeira delas,
Francisco conta que andou pela cidade buscando encontrar a amada, ainda que a
soubesse distante. Ou seja: ele volta a percorrer o espaço físico da cidade,
provocando a memória, para assim sentir-se mais próximo da mulher amada: - Maria
― Longos dias a te procurar em vão, andei pelas ruas da cidade. Meu vulto
doloroso, meio esbatido entre a nevoa destes ultimos dias, era todo o anceio de
uma busca e o desanimo de uma desillusão. Tu não me apparecias...
Quadro 09 ― Carta de agosto de 1924
- É tentador comparar a poesia de Francisco à de Baudelaire
(1857 apud BRESCIANI, 1997, p. 14), quando ambos falam de sua vivência do
urbano:
Dans les plis sinueux des vielles capitales,
Oú tout même l’horreur, tourne aux enchantements,
Je guette [...]
............
La forme d’une ville
Change plus vite, helás,
que le coeur d’un mortel [...]
Le cygnet 1
(BAUDELAIRE, 1857 apud BRESCIANI, 1997, p. 14).
- Nesses dois relatos sobre as sinuosidades das
capitais encontram-se observações a propósito das mudanças. Todavia, o coração
é estável. O de Francisco não se deixa demover nem pela névoa, nem pelo tempo
decorrido. Ele procura Maria, mesmo em vão. Procura-a ainda que saiba que não a
encontrará, porque nesta busca evoca sua memória, presentifica-a nele mesmo.
- O coração de Baudelaire, por sua vez, muda menos
rapidamente que essa cidade, a velha capital da qual fala, sinuosa, ora
encantadora, ora terrível. Com alguma atenção, podese perceber uma quebra de
identidade, um estranhamento: o tempo do coração em ritmo diverso do tempo da
cidade. Francisco prossegue, descrevendo as voltas que dá pelos caminhos da
cidade onde não encontra Maria:
1 Em dobras sinuosas das antigas capitais/ Onde mesmo o horror
se transforma em encantamentos/ Eu observo [...] ............ A forma de uma
cidade/ Infelizmente, muda mais depressa/ que o coração de um mortal [...].
- Da primeira claridade do dia, no meio do bulicio,
entre o torvelinho humano, à meia tinta do crepúsculo, sempre em vão, rodei
pelos caminhos, em procura da minha vida, em procura de mim mesmo...
Quadro 10 ― Carta de agosto de 1924
- Marcas de sensibilidades: o homem que não mora em
si mesmo, que busca a si próprio na amada, cujo vulto se perde entre o
torvelinho humano e as meias-tintas do entardecer, ocasionando-lhe o engano, a
ilusão que ele reconhece como tal, na efemeridade do imaterial:
- E tua figura, vezes e vezes, ephemeramente, aos
olhos da minha illusão, na figura das outras mulheres que passavam, vagas,
indistintas, tecendo o meu engano.
- Rodavam comigo a Saudade, a soluçar a canção das
lagrimas, e o meu cigarro.
Quadro 11 ― Carta de agosto de 1924
- Cumpre agora examinar a última das cartas
escolhidas para esta pesquisa. Ela foi deixada para o final, porque sua
interpretação vai nos remeter à própria cidade imaginária, a
- Porto Alegre situada no espaço-tempo da sensibilidade:
a Porto Alegre mulher, a Porto Alegre guardiã que protege e esconde Maria:
- Como vae essa mulher? “Que mulher?”... Essa que vive eternamente deitada, numa
indolência de princesa oriental, ao longo do Guahyba, a espelhar no Crystal
móvel das suas aguas? Essa, em quem Deus, no logar da boca, em vez de boca, poz
um coração a sangrar de amor? Essa, em louvor da qual o sol acende lampadas de
ouro?
- Essa, que esconde, num dos seus palácios
encantados, a menina linda, a menina feliz, que é, afinal, a menina destes
olhos tristes e exilados? Do teu Francisco.
Quadro 12 ― Carta de outubro de 1925
- Essa passagem é mais enigmática do que se pode
supor numa primeira leitura.
- Francisco fala de Porto Alegre, refletida pelo
Guaíba, pelo cristal movediço de suas águas, em sua indolência de princesa das
mil e uma noites, e por isso adjetivada de oriental. É uma cidade que não fala,
pois no lugar da boca lhe foi posto um coração. É uma cidade muda, que guarda
um segredo, o segredo de um amor que causa sofrimento, daí o coração que
sangra.
- É uma cidade que o próprio sol louva, quando
acende lâmpadas de ouro, ou seja, sempre que acontece, em Porto Alegre, seu
famoso pôr do sol. E é uma cidade que esconde, em um de seus palácios
encantados, a menina feliz, Maria, que habita uma das casas desta cidade
especular, cidade que, como a Valdrada de Calvino (1985, p.53), nasceu à beira
de um lago, formando assim outra cidade, idêntica, que repete coisas e pessoas,
pois: “Nada existe e nada acontece na primeira Valdrada sem que se repita na
segunda”. Extraída de seu próprio espaço, ela se concretiza na intimidade do
leitor.
- Francisco faz como Calvino ao apresentar as suas
cidades invisíveis, propondo ao leitor que se identifique com múltiplos
fragmentos que quase sempre encontra em si, conduzido por alguma memória que
lhe ficou de lugares que já percorreu. Ele também fala de cidades que não podem
ser localizadas nem no espaço nem no tempo, mas que se concretizam na
imaginação, como as que Marco Polo descreveu, ou mesmo criou, com a performance
de seu discurso.
- Há coisas não sabidas dos homens, e para as quais
só os deuses têm respostas. Isso ocorre quando se está diante de um “processo
imaginário de construção de espaço-tempo, na invenção de um passado e de um
futuro, a cidade está sempre a explicar o seu presente”, diz Pesavento (2007, p. 17), ao referir-se à
obra de Calvino:
- É preciso, diz ele, buscar os elementos comuns que
distinguem uma cidade da outra. Tal como os antigos, que buscavam o espírito da
cidade invocando os nomes dos deuses que presidiram a sua fundação, os homens
modernos precisam exercer uma espécie de despojamento do olhar, identificando,
simplificando e reduzindo a multiplicidade de traços que uma cidade oferece
para dizer quem é.
- Dificilmente se pode classificar como menos do que
evidente esse conteúdo universal que se depreende dos escritos de Francisco,
não obstante o caráter tanto particular e privado da correspondência, quanto a
subjetividade do escritor. Se compararmos entre si todas essas diferentes
propostas do ambiente urbano, encontraremos nelas as mais diversas intensidades
da ligação do homem ao meio, ou, ao dizer de Bresciani (1997, p. 20),
diferentes “fragmentos
do imaginário social”.
- Estes restos arcaicos, traços, resíduos,
fragmentos de várias camadas de imagens que ligam o homem-livre à cidade compõe
representações globais da sociedade, ideias-imagens por meio das quais as
sociedades, vale dizer, nós, os habitantes das cidades e os urbanistas que
pensam e projetam as cidades elaboramos uma auto-identidade individual e
coletiva.
- Ora, quem é Porto Alegre senão que a cidade onde o
amor acontece? A cidade onde mora Maria. Esta Porto Alegre é composta de
fragmentos da escrita de Francisco, particulares onde se escondem universais,
células do sensível — poemas e cartas de amor — que se abrigam no social — o
ato de cartear-se, a comunicação que se estabelece entre um eu que fala e outro
que escuta.
- Interceptar essa conversa, depois de passadas
décadas, não é obra de imaginação nem delírio de um pesquisador que, supostamente,
pode pensar-se como mais próximo aos domínios da arte que aqueles da academia.
Pensamento e linguagem não se limitam à lógica formal, antes a lógica se torna
formal por determinação que ambos lhe assinam.
“A compreensão concede à imaginação um lugar essencial na
construção da história. Transferir para uma situação histórica esquemas
explicativos, experimentados no presente, colocar-se no lugar daqueles que se
estuda, é imaginar situações e homens” (PROST,
1996, p. 168).
- Cada vez mais se buscam novos referenciais que nos
permitam compreender a relação entre homem e cidade; novas fontes e novos
objetos se oferecem ao pesquisador. “Compreender, no entanto, nada tem de uma atitude
passiva. Para fazer uma ciência, será sempre preciso duas coisas: uma
realidade, mas também um homem” (BLOCH,
2001, p. 128)
Década de 1940
Pela década de 1940, se cruzavam naquela rua olhares
inocentes e sorrisos cheios de futuro.
"Propostas que hoje não soariam tão indecorosas
quanto as que algumas vezes fizeram acelerar nossos coraçõezinhos".
Naquela época, esse era o jeito mais fácil de
rapazes e moças se encontrarem e se apaixonarem.
Ekegancia na Rua da Praia ( Andradas)
No Fim de Semana
- Os homens andavam dando voltas e as moças faziam o caminho contrário - e assim muitos se
- A hora do Footing
era sagrada, começava pela noite de sábado e terminava na tarde de domingo. As
primeiras donzelas iam chegando de mansinho, sempre acompanhadas de amigas ou
familiares. Um pouco mais tarde chegavam os homens, e então começava o Footing.
Começar
o Fim de Semana
- Programa tradicional do porto-alegrense, também
tradicional, começa com o café da manhã, geralmente acompanhado da leitura o
Correio do Povo.
- Missa, culto, papo na Rua, aperitivo no boteco da
esquina, preparar um churrasco ou, então, partir para aquele almoço em um
parente ou restaurante.
Lá se foi a manhã e metade da tarde.
- À tarde uma boa sesta, porque ninguém é de ferro.
Lá se foi o domingo de grande parte dos porto-alegrense.
- Os mais acesos ainda vão enfrentar um estádio de
futebol; aqueles que não gostam da esbórnia se ligam na televisão, ou vão para
o bar, assistir aos jogos acompanhados por uma gelada, porque ninguém continua
sendo de ferro.
Esta rotina não é seguida por todos.
- Tem aqueles que passeiam nos diversos parques
existentes na cidade. Outros dão um pulinho até as praias, Ipanema, Belém Novo,
o nosso litoral.
Ipanema - Anos 1970
- Para a juventude, o grande programa de domingo é
frequentar as lanchonetes e os cinemas de rua instalados na cidade.
- Nas domingueiras de antigamente, o negócio era
diferente. As missas principais eram realizadas às 11 da matina – era um
verdadeiro desfile de modas, o pessoal ia mais para se ver do que para assistir
ao ofício religioso.
- Pela manhã, o movimento do Parque da Redenção era
estritamente familiar, quando ali estavam os pais passeando com a crianças.
- Já à tarde, o ambiente era invadido pela
soldadesca que vinha paquerar as empregadas domésticas, que curtiam sua modesta
folga de domingo.
- Os cinemas no centro da cidade começavam seus movimentos
logo pela manhã, com apresentações das matinés infantis com desenhos animados e
até mesmo, incluindo na programação de auditório, a presença de artistas mirins
que faziam parte dos programas da Rádio Farroupilha.
- Na parte da tarde, o centro de Porto Alegre
fervia.
- Logo após o almoço, a juventude e mesmo o pessoal
mais taludo desembarcavam aos magotes dos bondes e ônibus, vindos dos bairros e
arrabaldes, enchendo as matinés dos cinemas.
- Ao término das sessões, era realizado um Footing
pela Rua da Praia, seguindo por ruas adjacentes, e vice-versa. Havia domingos
em que o tráfego de automóveis era interditado, ficando o leito dessas ruas
para uso exclusivo dos pedestres.
- Os aficionados pelas corridas de cavalos se
aboletavam no Prado do Moinhos de Vento. Principalmente nos domingos de Grandes
Prêmios, quando a elegância dos frequentadores era a tônica da reunião. Para
preencher parte do dia, ainda eram realizadas tardes dançantes por alguns
clubes.
Prado Moinhos de Vento, Getúlio Vargas e comitiva - 1930
- O domingo porto-alegrense não se restringia ao
centro da cidade, pois a periferia também se animava com os famosos festivais
de várzea e as saudosas festas e quermesses das igrejas, que varavam o dia em
animação constante proporcionada pelos serviços de alto-falantes, nos quais a
rapaziada dedicava músicas para as moças, com o locutor sempre descrevendo como
a homenageada estava trajada, o que causava rubor e risinhos na jovem apontada e
nas que a acompanhavam.
E assim terminava um Domingo porto-alegrense dos bons tempos.
Década de 1950
- Cada época com seus costumes. Todas as noites, em
Porto Alegre a Rua da Praia estava livre para que as pessoas pudessem fazer
seus Footing. As moças colocavam o
melhor vestido e saíam para caminhar com um objetivo de serem observadas pelos
rapazes, igualmente bem arrumados.
- O ‘Footing’
era o lugar dos encontros, dos olhares apaixonados, da conversa descontraída.
Naquela época, esse era o jeito mais fácil de rapazes e moças se encontrarem.
- Os homens andavam dando voltas e as moças faziam o
caminho contrário.
Lá pelos anos 1950 até 1960 - paquerar era sinônimo
de caminhar pelas ruas e, claro, flertar quando pudesse.
- Em Porto Alegre, nenhum aviso determinava normas
para o Footing. Mas havia uma
separação de classes sociais que todos respeitavam.
- Na calçada beirando aos prédios da Cinelandia,
circulavam as moças da elite. Um verdadeiro desfile de modas.
Cine Imperial - Rua da Praia
Cine Vitória - Av. Borges de Medeiros
- No lado oposto, calçadão largo do Mercado, mal
iluminado, circulavam as empregadas domésticas, negros e pardos - classe C.
- Na rua, lugar dos carros, a classe média,
principalmente, rapazes e moças.
Nos anos 1950, em
Porto Alegre, os chamados "Anos Dourados", com sua efervescência
cultural, com os famosos Bailes da
Reitoria da UFRGS, as lambretas da "Juventude Transviada", o crescimento econômico, a estabilidade
social e os novos hábitos de consumo e entretenimento, geralmente não leva em
conta o aprofundamento das diferenças sociais entre as classes e a segregação
que aconteceu neste período, fato revelado pela rápida expansão das favelas e
pela "Higienização" dos
bairros nobres para uso exclusivo das elites.
Em 1955, Praça da Alfandega na época dos anos dourados
o local de paquera da juventude porto-alegrense que freqüentava aquele local e
desfrutava de momentos de alegria e descontração.
- Nessa praça também se praticava o famoso “Footing” seguindo até o período
noturno pelas 22 horas, quando as moças andavam pela parte inferior das
calçadas e os rapazes ficavam parados junto ao meio fio assistindo ao desfile e
nessa passagem aconteciam os “flirts”, os olhares, os sorrisos, os
galanteios e daí o começo de namoros e tantos casamentos.
O Fim do Footing
- O Footing zarpou ao som da buzina de navio. O tempo
não afetou apenas a comunicação, mas a relação entre as pessoas. Alguns homens
perderam o instinto perdigueiro que há mais neles. Deixaram de farejar e
investir em mulheres desconhecidas.
- Ao
passo que alguns adicionam mulheres desconhecidas em redes sociais sem, ao
menos, tê-la fitado. O que antes demorava a expectativa de dias para dar
prosseguimento ao diálogo, evoluiu em dedos, minutos e redes sociais.
- O melífluo
tête-à-tête foi substituído pelo absorto tela-a-tela. A conquista, que era a
prestações, hoje se tornou à vista
- A paquera, como a
gente conhece hoje, despreocupada, direta, muito mais aberta, caminhou bastante
para chegar onde está. E caminhou literalmente.
Rua da Praia (Andradas)
A
Explicação
- A mocinha de 13 anos e inglês precário veio me
perguntar: “Tio,
o que era footing?” Duas coisas:
ela pronunciou “fótingue”, sinal de que realmente desconhecia a palavra que
acabara de ler em uma crônica brasileira dos anos 50, e disse “era”, dando a
entender que para ela se tratava de coisa extinta; tipo máquina de escrever ou
anel de doutor.
— Foot eu
sei que é pé, mas Footing? Pisando?
— Querida sobrinha, o sentido aqui dá uma
escorregada, escorrega de “pé” para caminhada,
o ato de andar a pé.
— Andar a pé não é walk?
— É, é também. Footing
aqui não é verbo, é substantivo, é o ato de andar. Pode ter vários sentidos em
inglês, mas esse aí do seu livro de crônicas é um lance brasileiro. A ideia é
outra.
— Não tem sentido, tio. Aqui diz que elas foram “fazer footing
alvoroçadas”.
Como assim, “fazer” Footing? Fazer o ato de andar?
Alvoroçadas com o quê?
Expliquei o melhor que pude: que era um programa de
jovens de tempos atrás, um desfile, uma paquera coletiva, feita a pé; as moças
caminhavam por um longo corredor de rapazes e de olhares, formado em volta de
uma praça ou ao longo de uma avenida. Era como passear no shopping, só que não
havia shopping nem vitrines, o que havia para ver e escolher eram as pessoas
namoráveis.
Fiquei devendo nessas explicações, mas era o que
cabia para uma menina de 13 anos. Footing
era mais do que isso, eram olhos, pernas, colos, cinturas, ancas, balanço,
cabelos, tórax, ombros, pescoços, bocas, peles, roupas, excitação, insinuações
— por isso as moças da crônica iam para lá alvoroçadas.
A excitação de olhar era o programa, repetido toda
semana, no mesmo dia e local. Havia outros locais, em outro dia da semana, e
eram outros olhares. Sentimentos românticos eram despertados com aquele mínimo;
eriçava a pele das moças o apenas saber-se destacada do grupo por um olhar
caloroso, o perceber-se desejada, sensação cuja intensidade se esvaneceu,
porque hoje o mínimo excitante é mais ousado. Provisoriamente casto, o programa
mascarava significados de oferta e avaliação, de sedução e conquista — de
promessas. A caça oferecia-se ao caçador sob a enorme placa
“É proibido
caçar”.
Rapazes tentavam ser engraçados, conquistar
sorrisos, que valiam tanto quanto um olhar. Eram bobagens do tipo que sedizia
para uma dupla de moças: “Ô de cá, pergunta pra de lá se eu posso falar com a do
meio”; ou: “Seu irmãozinho tem telefone?”; ou: “Quantos anos
você me dá?”
Eles escolhiam suas amadas, fugazes ou eternas,
nesses desfiles de olhares. Era um jogo de subentendidos, teatralizado, porque
a sociedade era mais fechada, assim como as pernas femininas, se é que me
entendem. A ideia de moças desfilarem para a avaliação masculina é incompatível
com a sociedade de hoje.
Não há mais ingenuidades, embora os olhares de
avaliação permaneçam, em outros cenários. As mulheres não mais se prestariam a
ser avaliadas pelo olhar de um corredor de homens, e voltar, e passar de novo,
sabendo qual era o jogo. Ou será que acreditavam, as caminhantes pelo corredor,
que elas, sim, é que avaliavam e escolhiam os artigos da vitrine?
Referências Bibliográficas
BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Diplomática e tipologia
documental em arquivos. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.
BENEDUZI, Luis Fernando. Nostalgia do Tempo em um
Tempo de Nostalgia. In:
PESAVENTO, Sandra Jatahy; SANTOS, Nádia Maria Weber;
ROSSINI, Miriam de Souza (org.). Narrativas, Imagens e Práticas Sociais; percursos
em História Cultural. Porto Alegre: Asterisco, 2008.
BLOCH, Marc. Apologia da História. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001, p. 54-55.
BRESCIANI, Maria Stella. Cidade, Cidadania e
Imaginário. In: SOUZA, Célia Ferraz de;
PESAVENTO, Sandra Jatahy (Org). Imagens Urbanas: os diversos
olhares na formação do imaginário urbano. Porto Alegre: Editora da
Universidade: UFRGS, 1997.
CALVINO, 1985. As Cidades Invisíveis. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990.
CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Os arquivos e o
acesso à verdade. In: SANTOS, Cecília MacDowell et al. (org). Desarquivando a
ditadura: memória e justiça do Brasil. São Paulo: Hucitec, 2009, v.2,
p.424-443.
HALBWACHS, Maurice. La mémoire collective. Paris:
Presses Universitaires de France, 1968.
HOBBS, Catherine. The character of personal
archives: reflections on the value of records of individuals. Archivaria 52, p.
126-135, Fall 2001.
PESAVENTO, Sandra Jatahy (org). Imagens Urbanas: os
diversos olhares na formação do imaginário urbano. Porto Alegre: Editora da
Universidade: UFRGS, 1997_______. Sensibilidades no Tempo, Tempo das
Sensibilidades. Nuevo Mundo Mundos Nuevos. Coloquios, Puesto en línea el 4
febrero 2005. Disponível em: . Acesso
em: 7 nov. 2012. __________. Cidades Visíveis, Cidades Sensíveis, Cidades
Imaginárias. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.27, n.53, p. 11-23,
jan.-jun., 2007.
PESAVENTO, Sandra Jatahy; SANTOS, Nádia Maria Weber;
ROSSINI, Miriam de Souza (Org.). Narrativas, Imagens e Práticas Sociais; percursos
em História Cultural. Porto Alegre: Asterisco, 2008. __________. Sensibilidades
no Tempo, Tempo das Sensibilidades. Nuevo Mundo Mundos Nuevos. Coloquios,
Puesto en línea el 4 febrero 2005. Disponível em: .
Acesso em: 7 nov. 2012.
PROST, Antoine. Imagination et imputation causale.
In: Douze leçons sur l’histoire. Paris: Éditionsduseuil, 1996, p. 169-187.
SILVA, Kalina Vanderlei, SILVA, Maciel Henrique.
Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2013.
FOOTING NA PRAÇA - texto de Helena Machado
Por Maristela Bleggi Tomasini – Porto Alegre 1920
Nenhum comentário:
Postar um comentário