Praça
da Harmonia
O Jardim
dos Poetas Provincianos
Aqui
já foi o centro da Villa de Porto Alegre
- Segundo Pereira
Coruja, não teria senão, de um lado, o estaleiro de Francisco Batista dos Anjos, e do outro, “uma carreira de casinhas de capim e de
telha com fundos para o rio”.
A Praça da Harmonia
tem atualmente o nome de Praça
Brigadeiro Sampaio, mas ela já teve outros nomes na sua longa história pontilhada
de tristezas, alegrias, esplendor e abandono.
- Quando se anda pelas proximidades do Museu do Trabalho na Volta do Gasômetro, no início da Rua da Praia
(atual Rua dos Andradas), vais encontrar uma praça com grandes árvores e uma
estátua no centro.
- A estátua é de um militar empunhando a espada num gesto de quem comanda um ataque. Trata-se de uma homenagem ao brigadeiro Antônio de Sampaio, um cearense que lutou bravamente na Guerra do Paraguai.
- A estátua é de um militar empunhando a espada num gesto de quem comanda um ataque. Trata-se de uma homenagem ao brigadeiro Antônio de Sampaio, um cearense que lutou bravamente na Guerra do Paraguai.
Ponta das Pedras
Primeiro Cemitério
Primeiro Cemitério
Por volta de 1752, quando
os casais de açorianos aqui chegaram, o local da Praça da Harmonia onde hoje está a atual Praça Brigadeiro Sampaio, foi o primeiro cemitério de Porto Alegre.
- Era uma região deserta, afastada do centro da povoação que
começava a nascer. As pessoas só se aventuravam a chegar até ali quando havia
algum enterro, ou então no dia de finados. O local era evitado pelos mais supersticiosos.
Diziam que as almas penadas rondavam entre as árvores pedindo orações.
- Conhecida, nos início da colonização da vila, como Largo da Forca, caracterizava-se como
um lugar ermo, de mau aspecto, onde ocorriam as execuções de condenados à morte.
Segundo Pereira Coruja, não teria
senão, de um lado, o estaleiro de Francisco
Batista dos Anjos, e do outro, “uma carreira de casinhas de capim e de telha com fundos
para o rio”.
Praça dos Poderes
Em 1772, e assim foi ao
longo de 20 anos, o Governador José Marcelino de Figueiredo mudou a
capital de Viamão para Porto Alegre.
- A região do antigo cemitério foi reabilitada. Marcelino ali instalou o Palácio do
Governo, a Câmara de Vereadores e a cadeia. E foi morar numa casa ao lado do
Palácio, bem defronte ao matagal por onde andariam rondando as almas penadas.
- O local foi se tornando cada vez mais movimentado. O
Governador mandou então limpar o matagal, surgindo ali uma praça ainda sem
nome. Uma espécie de ponto de descanso. As pessoas que iam tratar assuntos com
o Governador ou com os vereadores encontravam abrigo à sombra das árvores num
terreno limpo. Não havia mais notícias de almas penadas. Mas isso foi por pouco
tempo. Uma nova legião de fantasmas logo estaria assombrando aquele local.
- Naquele tempo havia pena de morte no Brasil. Morte por
enforcamento. E aí ocorreu em Porto Alegre a primeira condenação à forca.
- O preto Luis,
escravo de Antônio Francisco Pereira
Jardim, seria executado. Mas ainda não existia uma forca na vila. Assim, o
juiz Vicente Ferreira Gomes enviou
um ofício à Câmara solicitando que fosse providenciada uma forca para que se
cumprisse a sentença com a maior brevidade.
- Como era a primeira vez que aquilo acontecia, a Câmara
decidiu enviar uma cópia do ofício ao Governador pedindo instruções. A Câmara
não encontrava amparo legal no seu Regimento para a instalação da forca. O
Governador então ordenou que a Câmara mandasse levantar a forca o quanto antes,
no lugar que julgasse mais conveniente.
Largo
da Forca
Após vistoriar alguns locais, os vereadores decidiram erguer
a forca na Ponta das Pedras, onde atualmente
fica uma parte da Praça Brigadeiro
Sampaio. O local ganhou então o nome de Largo da Forca. Foi seu primeiro nome.
- Depois da execução do preto Luis, outros condenados foram ali enforcados. Entre eles um negro
chamado Lucas. Quando ele foi
empurrado pelo carrasco, a corda rebentou. Aquilo foi interpretado como um
sinal de inocência.
- E logo um irmão da Santa Casa cobriu o negro Lucas com a Bandeira da Misericórdia.
De acordo com os costumes da época, ele deveria ser perdoado. A corda rebentada
era um aviso da justiça divina à justiça dos homens. Mas o juiz que comandava a
execução resolveu não respeitar o costume, nem ligar para a justiça divina. E
ordenou o enforcamento.
- A partir daí, os mais supersticiosos passaram a evitar
aquele local, pois os fantasmas e as almas penadas estavam de volta, pedindo
orações, ameaçando com vinganças ou então chorando e jurando inocência.
- O terreno era coberto de vegetação rasteira, largado ao abandono. Nem mesmo a armação da forca se via naquele local. Ela era retirada depois de cada execução, para não chocar as pessoas de bem com a imagem ameaçadora.
O Largo da Forca
só recebia cuidados da Câmara quando alguém estava prestes a ser executado. A
praça era então capinada. Erguia-se a forca. Abriam-se os acessos para que o
povo pudesse presenciar o suplício do condenado. Terminada a execução, o local
voltava a ser um terreno baldio, mal cuidado, temido e amaldiçoado.
- O primeiro executado foi, um tal “preto Joaquim”, por ter matado sua “Ama” .
Ritual do Condenado a Forca
- Numa manhã de julho, deve ser uma manhã gelada. Guardas,
que fazem parte da escolta, retiram da prisão um jovem condenado à morte por
parricídio e o conduzem até a Santa Casa, no alto da colina. Os praças estão
fardadas a rigor: - ponche de pano azul, manta de lã. Camisa de algodão, blusa
de brim, calças brancas e chapéu de barbicacho. Empunham espadas nuas, para evitar
a fuga do preso. Marcham a pé, menos o comandante, que vai a cavalo, à frente.
Cortejo atravessa a cidade
- Diante da Santa Casa, uma pequena multidão está reunida
para ver o condenado. No oratório, ele é aguardado por familiares e por um
padre. Pouco depois, chegam o juiz das execuções, o escrivão, o meirinho e
irmãos da Santa Casa vestidos com seus balandraus (capas). Lida a sentença, o
carrasco retira-lhe as algemas, manieta-lhe os braços e veste-lhe um amplo
casacão de algodão branco. O comandante da tropa entra no oratório e comunica
que a força está formada.
- O condenado sai, no centro de um quadrado de soldados,
seguido pelo sacerdote e por um irmão da Santa Casa.
- O cortejo entra na capela de Nosso Senhor dos Passos, onde
o condenado assiste, genuflexo, à missa em intenção de sua alma. A seguir,
inicia-se a marcha para o Largo da Forca,
na Praça da Harmonia. Determina a
lei que o cortejo atravesse a cidade. Esta tem pouco mais de um quilômetro de
extensão entre a Santa Casa e a Praça da
Harmonia; e a largura é de pouco mais de quinhentos metros, contados entre
a Rua da Praia e a Praça da Matriz.
- O cortejo desce a ladeira que liga o Largo da Misericórdia
à Rua da Praia. Noutro tempo, o trecho entre o Largo da Misericórdia e a Rua da
Ladeira, chamava-se Rua da Graça. A Rua da Praia, propriamente dita, começava
na Praça da Alfândega e ia até a Pua da Passagem. A principal artéria comercial
e residencial da cidade, a Rua da Praia se estende à margem do Guaíba.
Predominam sobrados toscos e desgraciosos que abrigam estabelecimento
comerciais no térreo e residências no segundo pavimento. O calçamento é de
pedras irregulares. Diante de cada casa, há pelo menos dois frades de pedra. O
escoamento pluvial se faz pelas sarjetas.
- A rua está apinhada de gente nos passeios. Há espectadores
à porta de todas as casas comerciais e à janela das residências. O cortejo
avança devagar, horrendamente devagar, em meio a um silêncio pesado, enquanto o
meirinho faz o pregão: - “Vai se executar a sentença de morte natural, na forca,
proferida contra o condenado.” O cortejo é seguido por cães vadios,
que de resto, infestam a cidade.
- Chega-se finalmente à Praça
da Harmonia, grande extensão às margens do rio, na ponta da península.
Trata-se de área pantanosa que anos depois será aterrada. Durante a noite,
limpou-se a vegetação rasteira e construiu-se o cadafalso, diante da igreja das
Dores. No público presente, predominam escravos e escolares, mandados a fim de
escarmentá-los com o exemplo do que acontece aos infratores dos mandamentos e
das leis.
- No cadafalso, o meirinho lê a sentença pela última vez e o
padre reza em voz alta o “Creio em Deus”. Num gesto rápido, o carrasco
coloca o laço no pescoço do condenado e retira o alçapão sob seus pés. O corpo
se contorce e afinal se imobiliza.
- Foram enforcados em Porto Alegre 22 homens na Praça da Forca, sendo 16 negros escravos, a maioria dos crimes eram de ofensa.
Em 1832, a construção de uma cadeia pública é iniciada e abandonada nos alicerces.
Praça
do Arsenal
Em 1856, uma parte do
terreno foi ocupado pelo prédio do Arsenal
da Marinha, a área foi aterrada, ajardinada e arborizada, e o Largo da Forca passou a chamar-se,
oficialmente, de Praça do Arsenal. Um ano após os vereadores sugerem a construção de um Mercado.
- Era uma forma de apagar a triste memória que rondava o local.
- Era uma forma de apagar a triste memória que rondava o local.
Em 03 de novembro de 1857,
ocorreram as últimas execuções em Porto Alegre, no Largo da Forca (Praça da
Harmonia).
- Foram levados ao patíbulo os réus Domingos Batista, Sargento
Félix e o pardo Florentino. Os
dois primeiros eram acusados do latrocínio do súdito português Manoel Tavares, e o terceiro
assassinara o seu senhor Antônio Soares
Leães.
Nota:
- Sobre Domingos Batista, corria a história de
que, às vésperas da execução, pessoa amiga de sua família mandara-lhe um grande
pão-de-ló recheado com uma navalha. Ao encontrar a arma, Batista jogou-a ao chão, exclamando:
- Estão enganados: não me degolo; prefiro morrer enforcado.
Igreja das Dores - séc. XIX
- Para Spalding,
o nome Praça da Harmonia, nas proximidades do Largo da Forca, foi dado ao logradouro,
pela Câmara Municipal, em memória ao fim dos enforcamentos.
- De acordo com o historiador Sérgio da Costa Franco, o Largo
da Forca se situava onde está, hoje, a Praça Brigadeiro Sampaio (antes
Praça da Harmonia).
Em 1857, os vereadores
sugerem a construção de um Mercado.
Em 1858, a Praça da Harmonia, também conhecida
como “Praça dos Namorados”, o
presidente da Província Ângelo
Ferraz, dizia em correspondência que aquele lugar era o ponto mais
destacado para a visão dos que entravam no porto, e o que mais penúria exibia.
”Em
nenhum outro ponto do litoral fez o cólera mais estrago do que nesse distrito,
talvez pela falta de asseio de suas praias”,
lembrava Ferraz.
Em 1858, os estaleiros
são removidos para o Caminho Novo e o presidente da Província Ângelo Muniz da Silva Ferraz planeja a
urbanização da área, incluindo um cais junto ao Guaíba e um chafariz, pronto em 1859.
A praça foi melhorada sob três alegações:
1 – de que “era o ponto mais destacado para a visão dos que entravam
no porto e o que mais penúria exibia”,
2 – a epidemia de cólera (1855) tinha feito ali muitos
estragos pela “falta
de asseio e mísera situação”,
3 – “porque a cidade não possuía um lugar de refrigério e de
passeio”, além da Praça da Independência (hoje Praça Argentina),
concluída há pouco.
Primeiro Chafariz
Em 1859, o chafariz é
instalado com água puxada mediante bomba manual, movimentada pelos presos da
cadeia, já em ruínas após dois anos.
- O
trabalho para urbanização na Praça da Harmonia (antigo Largo da Forca) foi
árduo, principalmente para os presidiários da cidade. Além dos vasos de mármore
trazidos do Rio de Janeiro, havia ali uma bomba manual que puxava água do
Guaíba à força dos braços dos presos, retirados da cadeia em revezamento e
escoltas especiais.
No
final dos anos 1860, o chafariz, abastecido
por canos que ligavam aos reservatórios da Matriz.
- Para a
construção da Harmonia o aterro avançou um pouco sobre o leito do Guaíba.
- A
Cidade começou a se preocupar com o embelezamento de suas praças, sobretudo com
a arborização, até então desprezada. As melhorias foram feitas nas Praças da Harmonia (antigo Largo da Forca, depois Praça
do Arsenal, atual Brigadeiro Sampaio),
Praça Dom
Pedro II (da Matriz, atual Deodoro da Fonseca),
Praça
da Alfândega (antiga
Quitanda),
Praça
do Paraíso (Conde D’Eu, atual Praça XV),
Praça
da Independência (atual Praça
Argentina), a abertura de novos espaços de convivência, alternativos aos largos
de reuniões e primeiras festividades religiosas.
Praça
da Harmonia
Em 1860, a forca foi
extinta em Porto Alegre e a então Praça
do Arsenal ganhou um novo nome, dado espontaneamente pelo povo e passou a
chamar-se Praça da Harmonia,
celebrando o fim da pena de morte.
- Para Spalding,
o nome Praça da Harmonia, nas
proximidades do Largo da Forca, foi
dado ao logradouro, pela Câmara Municipal, em memória ao fim dos enforcamentos.
- Apesar de ter ganho um novo nome, o local continuou sendo
um terreno baldio e mal cuidado onde pequenos casebres serviam de moradia às
pessoas mais pobres da cidade.
Em 1865, o vereador José Martins de Lima “seu fiel protetor” assumiu com o povo
o compromisso de reabilitar a praça. Começou com uma nova arborização, mandando
plantar 94 árvores.
- Ao cabo de um ano a praça já apresentava novo aspecto. O
coreto do tempo do Governador Ângelo
Ferraz foi reconstruído e uma novidade incorporou-se aos novos
divertimentos.
Ringue de Patinação
- Um ringue de patinação com piso de madeira foi construído,
onde rapazes e moças deslizavam mostrando suas habilidades e, no dizer de um
cronista da época “aproveitando” os tombos para iniciar um namoro.
- As quedas eram pretextos para pegar na mão das mocinhas e
ajuda-las a levantar-se.
Luis Terragno mostra
a Praça da Harmonia por volta de 1865
Terragno foi o
primeiro fotógrafo a utilizar a estereoscopia em Porto Alegre
Glamour
- Ao lado do ringue de patinação foi instalado um quiosque
onde se bebia um chope geladinho, acompanhado de saborosos petiscos. Foi a época
de ouro da Praça da Harmonia,
reunindo ali, democraticamente, ricos, pobres e remediados.
- Era o ponto chique de Porto Alegre, um local de encontros
e bate-papos nos tranqüilos fins-de-tarde, apreciando o pôr-do-sol do Guaíba.
Segundo Chafariz
Em 1870, outro chafariz
foi instalado pela Hidráulica Porto-Alegrense na Praça da Harmonia. Este chafariz foi colocado no mesmo lugar onde
anteriormente havia uma fonte pública que bombeava água diretamente do Guaíba.
Este bombeamento era feito pelos presos da Casa de Correção que ficava ao lado.
Em 1875, com o final da Guerra do Paraguai, o local recebe o nome de Praça da Harmonia, comemorando a paz que deveria reinar entre os países da Bacia do Prata.
Em 1878, a Câmara concede licença para implantação
de um rinque de patinação (skating rink), pelo prazo de cinco anos, “formando para
este efeito um grande circo”, alterando o nome da Praça para Praça Martins
Lima, falecido naquele ano.
Praça Martins de Lima
Praça Martins de Lima
- Quando o vereador José
Martins de Lima faleceu, a Câmara decidiu mudar o nome da Praça da Harmonia
que passou então a chamar-se Praça
Martins de Lima, em homenagem àquele que tinha conseguido dar ao local o
tratamento que merecia.
- O povo, entretanto, continuou chamando de Praça da Harmonia.
- O povo, entretanto, continuou chamando de Praça da Harmonia.
Em 1911,
a Praça da Harmonia foi destruída, utilizada como depósito de
materiais para a construção do Cais Mauá.
A
partir de 1920, a Praça da Harmonia começou a ser descaracterizada, até
ser totalmente destruída, pois virou canteiro de obras para a construção da
continuação do novo Porto da cidade, o Cais
Central, a praça nunca mais recuperou o seu aspecto glamouroso.
Em 1924, podemos observar abaixo em que se transformou a velha praça após se tornar canteiro de obras da empresa
que construía o novo cais.
- Bem ao fundo aparece a Casa de Correção e ao lado, o terreno já terraplanado onde se iniciaria, em seguida, a construção da Usina do Gasômetro.
- Bem ao fundo aparece a Casa de Correção e ao lado, o terreno já terraplanado onde se iniciaria, em seguida, a construção da Usina do Gasômetro.
Praça Três de Outubro
Em
novembro de 1930, a Praça Martins de Lima muda de nome por decreto de intendente
(Prefeito) Alberto Bins que passou a
chamar Praça Três de Outubro, em
homenagem a revolução que levou Getúlio
Vargas a presidência da república.
- Mesmo com a conclusão das obras do porto, a área não
fora devolvida ao município, encontrando-se ocupada por barracões de
repartições militares e de depósito de material e pelo Departamento Autônomo de
Estradas de Rodagem.
O Verso
Em 1936, a Praça da Harmonia (atual Praça
Brigadeiro Sampaio), destruída e nunca mais refeita, durante a construção do
Caís Mauá, teve seu verso:
Praça da
Harmonia
-
Fragmento “Poemas da minha cidade” de Athos Damasceno Ferreira:
Ela foi
o jardim dos poetas provincianos
- a
velha Praça da Harmonia,
-
rodeada de frades de pedra, alumiada de lampiões a gás,
debaixo
das paineiras, com estátuas de louça à beira das aléias e bancos,
sob a
fronde amorosa das tílias...
O
Álvaro, o Felipe, o Dionélio, o Eduardo,
O
Wamosy, o De Souza... andaram por ali...
Eles
liam Samain,
Rodenbach,
Verlaine...
Ao
fundo, junto ao plinto e ao gradil da amurada,
o
Guaíba embalava, às vezes, um veleiro...
E a
noite camarada e cheirosa de orvalho
Acordava
violões, nas esquinas, cantando...
Que é
dos poetas que, um dia, ó velha praça morta,
embriagaste
com o filtro amável dos teus luares,
das
tuas sombras cariciosas,
dos
teus silêncios confidentes?...
Década
de 1940, a área da antiga Praça da Harmonia é ocupada com instalações do Exército.
Em
1941, a quarta grande enchente em 15 anos foi
a mais avassaladora de todas. Correios e Telégrafos, o Mercado Público, a
Prefeitura, o Cais do Porto, a Estação Ferroviária, o Aeroporto Municipal e a
Usina do Gasômetro ficam alagados.
Em 08
de maio de 1941, a enchente chegou ao ponto
mais crítico, quando a régua da administração portuária atingiu a altura
recorde de 4,74 metros na Praça da
Harmonia.
Em
1963, estavam sendo ultimados os preparativos para fazer-se o
renascimento da tão decantada Praça da
Harmonia.
O Empenho do Povo
- Nesta
Praça deveria ser criada a Alameda dos
Poetas, podendo ser de imediato ser transladado para lá o busto de Eduardo Guimarães inaugurado em 1944,
na Praça Dom Feliciano, antiga Praça da Misericórdia.
A sugestão é do jornal Correio do Povo na edição de 06.07.1963.
- Visava
como sugestão erguer-se um monumento a Alceu
Wamosy, entre os demais poetas provincianos, já que ele fora um dos grandes
adoradores e freqüentadores da Praça da
Harmonia nos velhos e bons tempos.
Em 1965, é promovida uma
campanha para o restabelecimento da praça, diante de tanta insistência com o
antigo nome, levantou-se na imprensa e na Câmara de Vereadores, um forte
movimento para que o nome dado espontaneamente pelo povo, fosse consagrado
oficialmente.
- Primeiro o estado e depois o exército retiram os
estabelecimentos mantidos naquele espaço que é re-urbanizado, já com novo nome
- Praça Brigadeiro Sampaio, em
homenagem ao patrono da infantaria brasileira.
Novamente
Praça da Harmonia
Em julho de 1965, por uma
lei votada foi oficializado o nome de Praça
da Harmonia.
Praça
Brigadeiro Sampaio
Em 1975, apesar dos
apelos do povo e do reconhecimento dos vereadores, a praça mudou de nome mais
uma vez.
Jornal
Correio do Povo 17.08.1980:
- Com a
inauguração do Monumento ao
brigadeiro Antonio de Sampaio (1810-1866),
Patrono da Arma da Infantaria do Exército, na nova Praça Brigadeiro Sampaio (antiga Praça da Harmonia), esta de volta
a cidade.
- Área
verde de grande valor com 9.945 m2 totalmente re-urbanizada, mas
sem o glamour de outrora.
- A
Comissão presidida pelo general Ramão
Menna Barreto, levantou os fundos necessários para a confecção do monumento
e urbanização da nova praça, feito pelo Exercito.
- Atualmente a Praça da Harmonia está delimitada pela Rua dos Andradas,
Siqueira Campos, General Portinho e Primeira Perimetral (Avenida Presidente
João Goulart).
Sempre Praça da Harmonia
- Esta praça nunca mais encontrou o glamour dos bons tempos
Fontes:
Terra, Eloy. As Ruas de Porto Alegre. AGE. 2001
Datas Rio-Grandenses, de Coruja Filho (Sebastião Leão).
Datas Rio-Grandenses, de Coruja Filho (Sebastião Leão)
Augusto Porto Alegre, A Fundação de Porto Alegre
Franco, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto
Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS)/Prefeitura Municipal,
1988
Secretaria Municipal do Meio Ambiente
Foto: Praça da Harmonia em 1894. Acervo Museu da UFRGS
Em 1973 prestei serviço militar no quartel localizado nesta praça,mas só depois de muito tempo que fiquei sabendo que este local ocorria enforcamento de pessoas.Isso confirma alguns pontos que poderia comentar sobre este local.
ResponderExcluirEm 1973 prestei serviço militar no quartel localizado nesta praça,mas só depois de muito tempo que fiquei sabendo que este local ocorria enforcamento de pessoas.Isso confirma alguns pontos que poderia comentar sobre este local.
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