Águas
Potável
– Servidas – Saneamento
Porto
Alegre e o Mundo
- Já dizia o viajante francês Nicolau
Dreys, autor da Notícia Descritiva da Província do Rio Grande do Sul:
Que a Porto Alegre do início do
século XIX tinha alguma coisa a desejar:
“... será talvez a maior abundância de água potável; pois a
que se acha no morro corre de um único chafariz aberto na vertente ocidental,
quase no meio da cidade.”
Em Porto Alegre, os rios Guahyba,
Gravatay, Jacarey (Dilúvio), riachos, arroios, córregos, sangas, fontes, vertentes,
poços, várias eram as opções para o abastecimento de água, não para todos, mas
o sistema era precário e de qualidade duvidosa, principalmente para quem não
morava próximo as margens de alguns dos mananciais da cidade.
Séculos XV, XVI e XVII
Os primeiros viajantes
que desembarcaram em terras da América trouxeram consigo doenças contagiosas,
desconhecidas e mortais. A intensa colonização que resultou dos chamados
“Descobrimentos” reproduziu os péssimos hábitos de higiene então vigentes na
Europa. Contagiados de sífilis e outras enfermidades repugnantes, os
conquistadores, envergonhados de seu humilhante estado, escondiam seus corpos
sob roupas pesadas e fugiam da prática dos índios americanos “Banhos Diários”.
Ao aportarem aqui, os discípulos portugueses de Santo Antão,
que nunca lavava os pés, nem pensavam em saneamento nas cidades que fundaram.
“Dos indígenas parece ter ficado no brasileiro rural ou
semi-rural o hábito de defecar longe de casa; em geral no meio de touça de
bananeiras perto do rio. E de manhã, antes do banho. Um gole de cachaça com
caju, e às vezes um pelo-sinal para guardar o corpo precedem ordinariamente
esse banho higiênico. O caju, para limpar o sangue. Toda uma liturgia ou ritual
sanitário e profilático. Nas mulheres a cargo de quem se achava toda a série de
cuidados de higiene doméstica entre os indígenas, com exceção da lavagem das
redes sujas, ainda era maior que os homens o gosto pelo banho e asseio do
corpo”.
Século XVIII
Até meados do século
XVIII, a Colônia era esquecida na hora de receber os benefícios das ações
relacionadas à saúde e ao saneamento, visto que a Portugal somente interessava
garantir a exploração colonial. A maior conquista das coletividades foi
representada pelo fornecimento de água à população por meio de chafarizes,
poços, cisternas e aquedutos. As pessoas de posse tinham água levada em potes
para suas casas, carregados por escravos ou transportados em lombo de animais.
A população pobre, entretanto, pouca atenção recebia, tendo que buscar água
cada vez mais longe, à medida que as cidades iam crescendo e seus mananciais
sendo poluídos.
Em 1723, é implantado o primeiro sistema de abastecimento de
água, na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, constituído de aqueduto
e chafariz localizado no atual Largo da Carioca.
Em 1774, em Porto Alegre, foi executado o primeiro chafariz
público da cidade de São Paulo.
Até 1779, em Porto Alegre a única alternativa de água, era a
retirada diretamente do Guaíba ou uma fonte na esquina das atuais vias Avaí e
João Pessoa, próxima ao Riacho, aliás em péssimo estado.
Em 1780, em Porto Alegre, a Câmara ordenou o seu conserto.
- A Câmara também decidiu pela construção de outra, mais
próxima da maioria da população, já no espigão onde é hoje o cruzamento das
vias Borges de Medeiros com a Jerônimo Coelho, sendo que esta passou a ser
conhecida, na época por Rua do Poço.
A construção do poço da Jerônimo Coelho não foi pacífica.
Por discordar do projeto, o genioso governador José Marcelino de Figueiredo mandou modificar a obra e depois de
discutir com o procurador da Câmara, Manuel
Cardinal, colocou-o na prisão por duas semanas. Não seria para tanto.
Tratava-se de uma estrutura simples, embora tivesse uma abóboda de madeira.
- Uma terceira fonte seria construída na zona central, no
mesmo ano, em terreno de particulares, mas com acesso.
Século XIX
O Brasil urbano e Imperial
deleitava-se nos passeios em telbúrios, vitórias e cabriolés, vestia pesadas
sobrecasacas e cartolas pretas, escrevia com penas de ganso e usava palmatórias
e varas de espinho para educar as crianças teimosas.
Porém, aos poucos, o Estado tratou de assumir os serviços de
saneamento como atribuição do poder público, mas transferindo a gestão destes à
iniciativa privada.
Na época, as medidas beneficiavam, principalmente, as
empresas de capital inglês, que detinham hegemonia no mercado brasileiro. Em busca
de lucro, as companhias privadas de saneamento priorizavam os locais onde
residiam as elites sociais.
Todavia, a maioria das empresas de saneamento teve vida
curta. As exceções foram a Companhia do Rio de Janeiro, que atuou até 1947, e a
Companhia de Santos, que sobreviveu até 1953. Entre as causas do fracasso das
organizações privadas no setor estavam a insatisfação da população com a
qualidade dos serviços prestados e sua abrangência restrita.
Em Porto
Alegre no início do século XIX, para fornecimento de água potável, só era
possível indo buscar com vasilhas até uma margem, nas precárias fontes ou
comprar do Aguateiro, que ia com a
barrica puxada por mula de porta em porta vendendo água, mas as quantidades
disponíveis eram poucas. De acordo com a procedência da água era necessário ser
fervida antes de ser consumida, isto diariamente.
Em 07 de agosto de 1832, em Porto Alegre, Decreto autoriza a
presidência da Província a construir um chafariz na capital.
Em 1846, em Porto Alegre, no Relatório de Caxias (presidente da Província Duque
de Caxias) onde constam suas realizações, como governador da Província, lê-se
sobre a “Ponte de Tirar Água”:
“Não havendo nesta cidade Fontes públicas, ou outros
mananciais donde possam seus habitantes fornecerem-se de boa água, e mostrando
a experiência que quase todas as moléstias que afligem seu moradores provêm em
parte de impureza da água, apanhada nas praias cheias de imundícies; e convindo
com isso que construíssem pontes de madeira pelo rio adentro , afim de abastecer
a Cidade de água potável; ordenei, em julho do ano passado, que na Praça do
Mercado, em seguimento da Rua de Bragança, se construísse uma destas pontes,
com 200 palmos rio adentro, e feita a planta e orçamento, foi posta a obra em
arrematação, e já nela se trabalha; para esta ponte, e para outra que tem de
construir-se da desembocadura da Rua do Ouvidor, mandei dar a Câmara desta
Cidade a quantia de 6 contos de réis.”
Pontes de Tirar Água:
- Rua de Bragança, na desembocadura, na Praça do Mercado,
- Na saída do Beco do João Inácio, na Rua Nova da Praia (7
de Setembro),
- Na Doca, no Beco do Firme,
- Rua do Arvoredo (Fernando Machado), esquina com a de
Belas.
- A elevação do preço dos aluguéis foi uma decorrência da
melhoria introduzida pela municipalidade naquele local. Os moradores dos
referidos quartos passaram a ter mais conforto com mais oferta de água potável.
- As condições sanitárias de Porto Alegre são pavorosas,
poucas ruas tem calçamento e iluminação, as residências exibem a velha
aparência colonial, inclusive com esteios na calçada para amarrar cavalo.
Em 31 de agosto de 1846, a Câmara de Porto Alegre recebe ofício do Chefe de Polícia, comunicando a colocação de uma “sentinela”
na “ponte de
tirar água”, na desembocadura da Rua de Bragança (Marechal
Floriano).
A qualidade da água era importante, por isso a necessidade
de vigilância da ponte, para a população não jogar imundícies na água, de que
falava o governador Conde de Caxias.
Água, Esgoto, Lixo e Doenças
A cena se repetia freqüentemente. Depois do toque de
recolher, às 10 horas da noite, viam-se filas de escravos com potes na cabeça
rumo às margens do Guaíba, sempre vigiados pela polícia. Iam despejar os
dejetos da população da zona urbana, num trapiche montado junto ao Caminho Novo
(atual Voluntários da Pátria), era o despejo dos cubos sanitários, no mesmo
local onde lavadeiras e aguateiros utilizavam as águas.
No período que sucedeu e durante os três cercos dos
Farrapos a Porto Alegre, na Revolução Farroupilha, o lixo ia para os terrenos
baldios ou era amontoado e queimado. Ás vezes também era jogado no Rio Guaíba,
como acontecia com o conteúdo dos cubos, retirados semanalmente das residências
dos mais abastados.
Com desdém, mas não sem certa dose de razão, os rebeldes
chamavam a cidade de “Chiqueiro”, já
naquela época, expressão que chegou a ser usado em requerimento à Câmara, feito
por moradores do Beco da Ópera (atual Uruguai), inconformados com a situação a
que chegou a cidade durante o cerco Farroupilha.
Em geral o porto-alegrense conservava o bom humor, e
chamava os famosos cubos de “Tigres”:
quando passavam, todos fugiam.
Em 1850, em Porto Alegre, o
presidente da Câmara, o renomado médico Luis
da Silva Flores (o Dr. Flores), preocupado com a saúde pública, encarou a
questão com seriedade, incentivando e ajudando a instalar a primeira comissão
de Higiene de Porto Alegre, por Decreto do governo Provincial.
Era interesse incentivar
movimentos para melhorar o fornecimento de água e criar serviço de esgotos na
cidade.
Em
1856, em Porto Alegre, havia apenas 22 médicos na cidade.
- Em 30 de outubro de 1866, em
Porto Alegre, a opinião e o empenho desses médicos, foi importante, para que fosse
proibida a coleta de água no canal do Guaíba, que começava a ficar tão ruim
quanto a das margens poluídas.
Mas a situação tinha chegado a tal ponto, que era fácil
prever o que viria em seguida: - a peste e as doenças contagiosas.
Por duas vezes, a população sofreu com epidemia de cólera
morbus.
- A primeira, em 24 de novembro de 1855, primeiros casos,
seis dias depois, o corpo médico da cidade declara oficialmente a epidemia e
designa a nomeação de um inspetor de saúde.
- A segunda, em 1875-1876, seria mais forte.
Com isto, levou o governo a finalmente implantar um
sistema de transporte de lixos para fora do limite urbano, primeiro por
carretas, iniciou sendo largado no trapiche na Ponta do Melo no Cristal, com a
inauguração da linha Férrea Riacho/Tristeza, o lixo passou a ser largado na
Ponta do Dionísio (na Vila Assunção), onde era lançado o conteúdo das cubas e
outros lixos, longe dos pontos de captação de água e do limite urbano.
Sem
dúvida, as doenças infectocontagiosas ajudaram a acelerar o processo de
alternativas para captação de água potável.
Logo depois da epidemia de cólera de 1855, foram feitos
estudos das condições das águas e da vazão das fontes particulares e até do
Arroio Cascata.
Houve tentativas de captar água no fundo do canal do Guaíba
e bombeá-la, através de tubos e sifões, para depósitos com chafarizes, onde
seria vendida, Não deu certo.
- Também não deu resultado satisfatório o estudo feito
pela Câmara para colher água em pontos estratégicos do lago, a 20 metros da margem, na
ponta de trapiches. O nível da água variava de acordo com as estações do ano, e
estender um trapiche até o canal, no meio do Guaíba, atrapalharia a navegação.
Em 02 de abril de 1861, em Porto Alegre, a Lei 466 autoriza
o presidente da Província a contratar abastecimento de água potável, com a
colocação de “chafarizes”.
Em 1862, em Porto Alegre, surgiu finalmente a Companhia Hydraúlica Porto Alegrense,
mas a cidade só veria água encanada, quatro anos depois trazida de longe desde
a Lomba do Sabão, na nascente do Riacho (Arroio Dilúvio).
- Quase 100 anos depois de ser elevada a capital Porto
Alegre viu, pela primeira vez, a água jorrar dos canos, implantados por um
concessionário do serviço público.
Ao despontar o século XX, era possível enumerar 57 serviços
públicos de abastecimento de água no Brasil.
Entre esses, incluíam-se os serviços de água das cidades de:
Porto Alegre (1866),
Fortaleza (1867),
Rio de Janeiro (1876),
São Paulo (1877),
Belém e Campinas (1881),
Manaus (1884) e São Luís (1890).
O dia 02 de dezembro de 1866, em Porto Alegre, foi
registrado com orgulho, os reservatórios da hidráulica, com capacidade de 500 litros diários por
residência, foram instalados no local onde hoje está o prédio da Assembléia
Legislativa.
Na década de 1870, em Porto Alegre, a Rua Duque de Caxias já
contava com 121 ligações de água encanada, mas a maioria da população ainda
dependia da água das fontes e poços.
- Antes da era da água encanada, a população apelava para
as fontes públicas, os aguateiros (vendedores de água), os chafarizes e os
trapiches sobre o Guaíba para obter água potável. Quem residia nas proximidades
do Theatro São Pedro, por exemplo, aproveitava a água que jorrava das rochas
nos fundos do prédio. Essa fonte formava um arroio que atravessava a Rua
Riachuelo (Rua da Ponte), descia pela atual Rua Caldas Jr., atravessava a Rua
da Praia, onde havia uma ponte, e ia desembocar no porto. Mas tarde, esse
arroio foi canalizado.
- Fontes de construção mais rebuscadas, só seriam
erguidas a partir da segunda metade do século XIX, como o chafariz da Praça da
Matriz, depois transferida para a Praça São Sebastião, para a construção do
monumento a Julio de Castilhos, havia também o chafariz da Praça Harmonia,
Praça Dom Feliciano, Praça Conde D’Eu, Alto da Bronze.
Ou os chafarizes em ferro fundido, importados da França,
como da Praça Dom Feliciano e da Praça Conde D’Eu (atual Praça XV).
Até então, apenas duas capitais brasileiras não possuíam
ainda sistema de abastecimento de água: Paraíba do Norte (atual João Pessoa) e
Florianópolis.
Quanto aos serviços de esgoto, existiam em 16 cidades no
Brasil.
A cidade do Rio de Janeiro foi a primeira capital
brasileira, e a quinta do mundo, a dispor de sistema de esgotos sanitários, o
que ocorreu em 1864. Recife, em 1873, e São Paulo, em 1875, passaram a contar
também com serviços de esgoto.
Acumulados em barris ou cubos, à noite, os dejetos eram
transportados pelos concessionários até os locais de despejo, praias mais
próximas ou trapiches construídos para tal fim. Os cubos eram movidos até seu
destino final pelos tigres, assim denominados os escravos que suportavam a dura
tarefa que lhes era imposta.
A partir de 1890, houve uma crescente estadualização dos
serviços sanitários, face às dificuldades técnicas e financeiras enfrentadas
pelos municípios. A intervenção dos governos estaduais, nas esferas municipais,
justificava-se pela necessidade de prevenir que localidades com condições
sanitárias precárias gerassem problemas que pudessem atingir áreas urbanas já
saneadas.
Século XX
No
início do século, embora só filtrada, a água chegou a um número maior de residências.
Em 1902, em Porto Alegre, é construída a Hydráulica Guaybense, no Moinhos de
Vento, no alto do espigão.
Em 1904, em Porto Alegre, o município encampa os serviços da
Hidráulica Guaybense e os Reservatórios dos Moinhos de Vento.
Em 28 de setembro de 1912, em Porto Alegre, inaugurada a “primeira etapa dos
serviços de esgotos”, atendendo a 600 domicílios.
Em 1917, uma comissão nomeada pela Academia Nacional de
Medicina (ANM) apresentou ao Governo Federal um projeto de reorganização dos
serviços sanitários, tendo como principal proposta a criação do Ministério de
Saúde Pública, com o objetivo de centralizar as ações de saúde e saneamento com
autonomia política, técnica e financeira.
Em 1918, a população rural do Brasil era de 20 milhões de
habitantes. Destes, 16 milhões estavam enfraquecidos pelos parasitas
intestinais e três milhões atacados pela malária. A população, em geral,
padecia de mais de uma enfermidade. O diagnóstico do Brasil doente revelou a
importância da atuação do Governo Federal no saneamento e na promoção da saúde
pública, por meio de uma política para agregar as unidades federativas em torno
de um só objetivo. Era vital destruir o elo da interdependência humana,
representado pelo agente causal da doença. Compreendeu-se que a doença,
causadora da improdutividade do homem rural, transitava livremente pelo
território brasileiro, alcançando as periferias e centros urbanos.
Criada em 11 de fevereiro de 1918, a “Liga Pró-Saneamento do Brasil” reuniu indivíduos, instituições e
órgãos públicos em torno de um consenso geral acerca da sociabilidade das
doenças. O industrialismo parasitário e a política de urbanização em ascensão
foram duramente criticados pela Liga. A entidade visualizava uma via potencial
de disseminação de doenças trazidas do sertão para a cidade, sob a forma de
verminoses, no crescimento desordenado dos centros urbanos. No sentido
contrário, o sertão era invadido pelas mazelas urbanas, como a sífilis, o
alcoolismo, a tuberculose e a imoralidade. A divulgação dos trabalhos da Liga
conseguiu reunir muitos interessados pela causa. Entre eles, destacaram-se
membros da Academia Nacional de Medicina, catedráticos das Faculdades de
Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, cientistas do Instituto Oswaldo Cruz,
antropólogos do Museu Nacional e funcionários dos serviços públicos federais.
Aderiram, também, políticos e escritores, entre estes Monteiro Lobato.
Em dezembro de 1919, foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), subordinado ao
Ministério da Justiça e Negócios Interiores (MJNI), inaugurando-se, assim, nova
fase no desenvolvimento de políticas sanitárias. Os decretos que regulamentaram
o DNSP estabeleceram um fundo especial para o financiamento de obras de
saneamento, constituído por imposto sobre bebidas alcoólicas destiladas, venda
de selo sanitário, renda dos laboratórios e dos institutos de pesquisa
federais, saldos apurados nas verbas do MJNI e taxa de 15% sobre produtos de
jogos de azar.
Na década de 1920, em Porto Alegre, os serviços de água e
esgoto melhoram, mas os recursos municipais destinados são menores do que o
investido em espaços para usufruto da elite, mas no geral a água ainda é turva.
Beber da torneira sem ferver era doença na certa.
Em dias de chuva, então, aquele líquido turvo e amarelado
chegava a causar repugnância.
Até que em 1926, em Porto Alegre, o intendente (prefeito) Otávio Rocha (14.10.1924 a 27.02.1928),
decidiu que a situação era insuportável, tomou um empréstimo de US$ 4 milhões e
contratou a empresa norte-americana Ulen
& Cia. para modernizar a estação de tratamento da Hydráulica dos Moinhos de Vento.
O velho sistema alemão de filtros lentos foi substituído
pelo americano, mais rápido, que veio acompanhado de laboratório de controle de
qualidade da água.
A Ulen & Cia. aproveitou os reservatórios subterrâneos e
construiu um novo para 6,5 milhões de litro, além de aumentar a capacidade das
turbinas das bombas de recalque.
Na administração de Otávio Rocha, foi criada as “diretorias de
águas e esgotos”.
Em 19 de abril de 1928, em Porto Alegre, finalmente, a Caixa d’Água, como passaria a ser
chamada a Hidráulica dos Moinhos de Vento, ganhou inauguração festiva, de Alberto Bins (27.02.1928 a 22.10.1937),
já que Otávio Rocha havia falecido,
e assim a água tratada chegava às casas de bairros mais centrais em Porto Alegre.
Em 1930, na época, existiam no Brasil 344 cidades atendidas
com serviços de água e 150 com serviços de esgoto.
Em 10 de julho de 1934, o Governo Federal através do Decreto
n° 24.645, o “Código das Águas”. Substituído somente em 1997, pela Lei 9.433,
ele precedeu em 15 anos a abertura do primeiro curso de pós-graduação em
engenharia sanitária no Brasil, na Faculdade de Higiene e Saúde Pública de São
Paulo, em 1949. A iniciativa contou com o apoio dos Estados Unidos, que exerceu
forte influência na matriz sanitária da engenharia nacional. A implantação
desenfreada de estações de tratamento de água do tipo convencional, composta
das unidades de coagulação, floculação, sedimentação, filtração rápida,
desinfecção, fluoretação e correção do pH, a partir dos anos 1950, é um exemplo
dessa afirmativa.
Em 1935, em Porto Alegre, o intendente (prefeito) Alberto Bins inauguraria o serviço de
abastecimento de água dos bairros da Glória e Teresópolis.
Em 1937, 20 anos após proposta de 1917, é criada a estrutura
ministerial de Saúde Pública.
Em 1953, é editado o “Primeiro Plano Nacional de
Financiamento para Abastecimento de Água”, contemplando cidades com até 50.000
habitantes. O plano priorizou inicialmente os municípios que não possuíam ainda
sistemas de abastecimento.
Depois, foram financiadas obras de ampliação nos sistemas
existentes que já estavam saturados. Os financiamentos contraídos pelos
municípios, entre 1953 e 1955, podiam ser pagos em 15 anos, com juros de 8% ao
ano, ou em 20 anos, com juros de 9% ao ano.
Em 15 de outubro de 1953, a cidade de Baixo Guandu, situada
às margens do Rio Doce, no Estado do Espírito Santo, teve o privilégio de ser a
primeira cidade brasileira a ter flúor aplicado na água tratada distribuída à
população.
Criada em 15 de dezembro de 1959, através da Lei nº 3.692, a
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), vinculada ao
Ministério do Interior, teve significativa atuação na área de saneamento
básico, inclusive como órgão técnico do Banco Nacional da Habitação (BNH) para
a Região Nordeste.
Também neste ano, foi criado o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), o qual deu nova dinâmica ao financiamento dos serviços
de saneamento no Brasil. Da mesma forma, o BID contribuiu para a mudança do
modelo de referência para a gestão do saneamento, já que era exigida total
autonomia dos serviços para contratação de empréstimos, além da necessidade de
realização de estudos de viabilidade econômica para comprovar sua amortização
via tarifa.
Em1961, em reunião promovida pelo Programa da Aliança para o
Progresso, em Punta del Este, no Uruguai, o Brasil foi classificado em
penúltimo e último lugar, respectivamente, em relação aos índices de cobertura
em água e esgoto, entre os países da América Latina. Naquela oportunidade, foi
firmado documento de compromisso entre os países, estabelecendo metas para o
ano de 1971. O acordo tinha como objetivo final atender 70% da população urbana
com serviços de água e esgotos; e 50% da população rural com água potável e
esgoto ou disposição sanitária de excreta.
Em 15 de dezembro de 1961, em Porto Alegre, fato relevante
no período, foi a criação do Departamento
Municipal de Água e Esgotos (DMAE), em Porto Alegre.
Em 1963, passados apenas 10 anos após implantado, um levantamento
epidemiológico da cárie dental constatou uma redução média de 62,3% no índice
de dentes cariados, perdidos e restaurados, entre o grupo etário de 6 a 14 anos
da população da cidade de Baixo.
Em 1964, o Governo Federal instala a Comissão Coordenadora
do Plano de Investimentos no Setor de Saneamento. Criado em 21 de agosto,
através da Lei nº 4.380, o BNH contando basicamente com recursos do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) a serem aplicados em habitação (60%),
saneamento (30%) e infra-estrutura (10%), foi o principal agente responsável
pelo avanço nas coberturas de água e esgoto no país, esta última em menor
escala.
Em 1966, por ato do governador do Rio Grande do Sul, Ildo
Meneghetti, dá-se a abertura da Companhia
Riograndense de Saneamento (CORSAN), hoje (2013) uma das quatro maiores
empresas do setor no país.
Em 1972, é realizada na Suécia a 1ª Conferência das Nações
Unidas Sobre Meio Ambiente - Conferência de Estocolmo. O encontro teve como
objetivo conscientizar os países sobre a importância de promover cuidados com a
qualidade do ar nos grandes centros urbanos, a limpeza dos rios, nas bacias
hidrográficas mais povoadas, e o combate à poluição marinha. Na ocasião, a
preservação dos recursos naturais foi formalmente aceita pelos países
participantes, e a reunião culminou com a Declaração de Estocolmo Sobre o Meio
Ambiente. A partir daí, a questão ambiental tornou-se uma preocupação global e
passou a fazer parte das negociações internacionais.
Assim, foi criado, ainda em 1972, o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), com sede em Nairobi, Quênia.
Formado em 29 de março de 1978, através da Portaria
Interministerial n° 90, do Ministério de Minas e Energia e do Ministério do
Interior, o Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas
(CEEIBH).
Em 11 de maio de 1978, através da Lei nº 6.258, foi
institucionalizado o sistema tarifário para os serviços de água e esgoto.
Em 16 de novembro de 1978, deu-se a regulamentação da Lei nº
6.258i, que dispõe sobre as tarifas dos serviços públicos de saneamento básico,
através do Decreto nº 82.587.
Em 1983, ao final do ano, por iniciativa do PNUMA, foi
instalada, na Assembléia Geral da ONU, a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD), a qual produziu o relatório “Nosso Futuro Comum”.
As conclusões e propostas contidas nesse documento foram
discutidas mais tarde, na 2ª Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro – a ECO 92.
Por extensão, através de uma iniciativa do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do BID, foi estabelecida, em
1989, a Comissão de Desenvolvimento e Meio Ambiente da América Latina e do
Caribe (CDMA/ALC). Liderada pelo presidente do BID e pelo diretor do Programa
Regional para a América Latina e Caribe do PNUD, contava com treze
personalidades latino-americanas e 23 peritos.
Século XXI
O DMAE é o maior
operador municipal de serviços de água e esgoto do país. A capital gaúcha é
beneficiária de uma cobertura em água de 99,5%, e, em esgoto, de 48%. O índice
de esgoto coletado e tratado é de 27%, tendo sido fixada a meta de 77% a ser
alcançada até 2014.
Água
Potável: em
pleno século XXI, neste início, a Prefeitura de Porto Alegre não conseguiu
fornecer água tratada a 100% da população, mas está próximo, através do Departamento Municipal de Águas e Esgotos
- DMAE.
Esgoto: grande esforço é feito,
por várias administrações para ser possível até 2014 que o recolhimento e
tratamento de esgotos cheguem a 80% dos domicílios, através do projeto PISA – Projeto Integrado Sócio-Ambiental,
que devolve também a balneabilidade das águas do Guaíba, cartão postal de Porto
Alegre, poluídas acima dos limites suportáveis desde a década de 1980.
Fontes:
Pesquisa no documento “Definição de uma estrutura para o
setor de prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento
sanitário e sua regulação no Estado do Rio Grande do Sul”, elaborado pelos
engenheiros Luiz Corrêa Noronha e Percy Antonio Pinto Soares, em dezembro de
2005, com base em dados coletados pelo Sindicato dos Trabalhadores de Água e
Esgoto do Estado de Santa Catarina (SITAESC).
Biblioteca Pública do Estado do RGS
Internet: Blogs e sites.
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