Os Mestres artífices, os ofícios na construção de
Porto Alegre e do Brasil, suas técnicas e assinaturas dos Mestres (artista). ___Corporação de ofícios.
Estilo Mourisco
“Horror vacui” – Horror dos espaços vazios
. Estuque Ornamental
. Elementos Ornamentais
. Cantaria
. Escultura
. Marmoraria
. Torreões
. Ameias
. Moldes e Moldagens
Ser Imortal
é preservar a sua Memória
Esquecer é Condenar
Mestres
Artífices
Tarquínio
Zambelli
Em 1883, chegou em Caxias. Diplomado pela
Escola de Belas Artes de Milão,
obviamente, encontrou aqui uma acanhada vida cultural na colônia recém fundada.
Zambelli virou santeiro, foi ganhar
a vida com estátuas e esculturas destinadas a igrejas.
É dele, por exemplo:
— Imagem de N.
S. do Rosário da Igreja das Dores em
Porto Alegre, e um
— Divino Espírito Santo da catedral de Caxias.
Medalha de Ouro – 1901
Em
1900, faz a
representação do que encontrara aqui. Numa peça de grande dimensão, aparece a “vila, casa, bodega, animais, a pequena rua. E ainda uma
lavoura, espigas, um menino que segura uma enxada”, a nascente
agricultura. Com este trabalho conquista a medalha
de ouro na Exposição Estadual
de 1901, em Porto Alegre — então o maior espaço para os produtos do
Rio Grande, e com uma seção para as artes.
Seus filhos também seguiriam na arte sacra e com um ateliê que fez história. Michelangelo, o filho do meio (autor da imagem do “Senhor Morto” na Igreja do Santo Sepulcro; que nunca fui conferir, fonte: Athos Damasceno) casaria com uma filha de Pedro Stangherlin.
___Acontece que Stangherlin era o grande concorrente de Tarquínio. O conhecimento da arte que dava autoridade a Tarquínio, contrastava com Stangherlin.
Pedro
Stangherlin
Em
1876, chegou em
Caxias antes, entre as primeiras levas de imigrantes, autodidata, Stangherlin trabalhava a
escultura em madeira. Fez uma:
— N. S. do
Carmo, que pertence à catedral de Caxias, e a
— Imagem de N. S. do Caravaggio, no Santuário em Farroupilha.
Segundo Lugar – 1901
Pedro Stangherlin, talento espontâneo. Tarquínio Zambelli tinha escola. Por isso, talvez, Stangherlin jamais se conformou com o segundo lugar na Exposição Estadual de 1901, em Porto Alegre, perdendo para Zambelli.
___Dedicou 11 meses de trabalho também na representação de Caxias, uma jovem colona em trajes típicos, trazendo a bandeira brasileira e nos cabelos uns cachos de uva.
Inconformado
___Irritado com a decisão do júri, Stangherlin determinou o imediato recolhimento da sua escultura e a devolução para casa. Na volta (lancha até o Caí e carreta até Caxias), estragaram a estátua.
Apesar de várias propostas de compra, sequer retiraria a peça de um caixote. Ficou guardada durante 11 anos até a sua morte, em 1912.
___Aquele
inconformado Stangherlin, por certo,
refutaria este “espírito segunda divisão”.
(Texto publicado no jornal Pioneiro de
Caxias do Sul)
Jacob Aloys Friedrichs
(Merl, da região do Mosela, 03 de fevereiro de 1868 — Porto Alegre, 14
de junho de 1950)
Escultor e ornamentista teuto-brasileiro ativo no Rio Grande do Sul entre o final do século XIX e início do século XX.
___Filho mais jovem de Vinzens Friedrich e Katharina Griebeler, trabalhou por dois anos em vinhedos e depois emigrou para o Brasil
Em 29 de outubro de 1884, chegou ao Rio de Janeiro, capital do Império
Em 13 de novembro 1884, chega a Porto Alegre, capital da província.
___Teve sua nacionalidade alemã cancelada e ficou sem Pátria até ser considerado, aos 51 anos, cidadão brasileiro.
___Aprendeu o seu ofício com o irmão Miguel Friedrichs, que havia transferido para Porto Alegre sua empresa de escultura e decoração de edifícios fundada inicialmente em Lomba Grande (Novo Hamburgo).
___Progrediu rapidamente, e em dois anos já era “oficial de cantaria”.
Logo em seguida matriculou-se na Escola Profissional Noturna e Dominical, mantida pelo engenheiro João Pünder, onde recebeu lições de desenho e cálculo.
___Também foram seus mestres o engenheiro Goldammer, o arquiteto Gustavo Koch e o escultor Franz Schubert, com quem iniciou-se nos trabalhos de mármore.
Deutscher
Turnerschaft von Rio Grande do Sul
Em 1886, Jacob Aloys Friedrichs, foi responsável pela criação da Deutscher Turnerschaft von Rio Grande do Sul (Federação Alemã de Ginástica do Rio Grande do Sul), tinha por finalidade: ___ “Reunir as associações alemãs mediante a preservação dos direitos e da índole alemã assim como a promoção da germanidade como um todo...”.
Em 1889, já se considerava apto para procurar trabalho por conta própria, e contratou a execução de um monumento funerário para a família de Henrique Ritter, de São Sebastião do Caí.
Em 1891, substituiu o irmão na administração da empresa familiar.
Em 1894, com o incêndio da oficina, mudou-se para um prédio junto à Cervejaria Campani, fundou sua oficina de esculturas “Marmor und Steinmetzwerkstatt” (marmoraria e cantaria) no Caminho Novo (Rua Voluntários da Pátria), nº 197 A-B, próximo a oficina de seu irmão de Miguel Friedrichs (1884), no local da atual Galeria Santa Catarina (2011).
___No térreo a loja e nos fundos o escritório, no andar superior a residência, no subsolo a adega e a cantaria.
Nota:
- A firma produtora de lápides e estatuária fúnebre, com sede na Rua Voluntários da Pátria, mais tarde transferida para a Rua Oscar Pereira.
Daí em diante seu negócio se expandiu e passou a contratar auxiliares, dentre os quais destacou-se André Arjonas.
Em 1903 e novamente em 1914, realizou viagens de estudos à Europa, passando pela Alemanha e Itália, pesquisando novas técnicas e materiais para aprimorar seus serviços.
Casa
Aloys
A Casa Aloys, como passou a ser conhecida sua oficina, foi uma das mais importantes empresas de escultura e decoração predial da capital gaúcha em sua época, estendendo suas atividades até o interior do estado.
Premiação
Em 1901, recebendo a medalha de ouro na Grande Exposição Comercial e Industrial de Porto Alegre.
Medalha de Ouro
O Mestre Aloys,
da Casa Aloys, expôs o seguinte:
— Um monumento em Grêz,
— Um monumento em mármore,
— Uma cruz em mármore com o
cruxificado,
— Uma cruz em mármore ricamente
ornamentada com flôres.
Estes trabalhos fizeram juz a medalha de ouro pela Secção de Belas Artes.
Sôbre êste assunto,
o mestre Jacob
Aloys Friedrichs relata mais alguns pormenores:
Os trabalhos acima mencionados tinham sido classificados naturalmente no grupo; e julgados pelos juizes dêste grupo. Entre estes juizes se contava o Snr. Joaquim da Silva Ribeiro, proprietário de uma das primeiras fábricas de artigos de cimento.
Durante a inspeção e exame dos dois monumentos, êste Snr., quando, como perito, verificou que as duas coluninhas laterais do Monumento em grês havia sido executadas no próprio bloco, quasi teve um extasi profissional; ele caminhava em redor do Monumento, chamando a atenção de seus colegas de julgamento para esta maravilha da arte profissional. Assim como o monumento e as cruzes de mármore foram aprovados como muito bom, o laudo dos juizes foi: Medalha de ouro com distinção.
A decisão e confirmação final estava em mãos do presidente da exposição, sendo também presidente dos juizes de julgamento. Dr. José Montaurí de Aguiar Leitão, Intendente Municipal. Aguardei com crescente impaciência a publicação no jornal oficial, mas descobri que o Sr. Intendente não se pronunciou. (Texto da época)
Turnerbund
Em 1892, fundou o Turnerbund, resultado da unificação das duas sociedades de ginástica existentes em Porto Alegre.
Jahn
Incentivador da ginástica (o Riograndenser Turnvater), considerado o Friedrich Ludwig “Jahn” da nova Pátria, ou pai da ginástica no Rio Grande do Sul.
Lider
Na década de 1920, Jacob Aloys Friedrichs era uma das lideranças alemãs mais importantes do Rio Grande do Sul.
Até 1929, foi presidente da sociedade Turnerbund, que depois virou a SOGIPA (Sociedade Ginástica Porto Alegre), sendo responsável pela expansão do clube, incluindo a campanha de arrecadação que possibilitou a compra da sede atual.
Nazismo
Em 1937, foi contra a ascensão Nazista entre a população germânica no Rio Grande do Sul, publicou Grundsächtzliche Betrachtungen zur Anschlussfrage (Considerações a respeito da questão da anexação), junto com Englert e Bercht, defendendo que os teuto-brasileiros não eram "alemães no exterior", mas brasileiros de sangue alemão, não admitindo, portanto, que sua demonstração de fidelidade ao caráter e etnicidade alemã seja confundida com lealdade ao nacional-socialismo.
Até 1950, Aloys produziu. ___Falecido, a viúva manteve a firma por mais algum tempo.
___Congregou, ele quase todos os escultores, mesmo os oriundos da Argentina e Uruguai, e teve encomendas de todo o Estado.
___A Casa Aloys trabalhava mármore de Carrara, além de trabalhos em bronze e pedra grés.
Oficina que grandes serviços prestou para embelezamento das
residências porto-alegrenses e da arte cemiterial.
Túmulo de Karl von Koseritz, Cemitério Evangélico
Nota:
- Friedrichs, também trabalhou com “importação de vinhos” do Reno (Alemanha).
Trabalhos
da Casa Aloys
Dentre
suas realizações:
— Altar da Igreja de São José de Porto Alegre, criado por Friedrichs. A estátua é de autoria de André Arjonas.
— Decoração de
diversas capelas de famílias importantes,
— Criação do obelisco
em Ponche Verde,
— Altar da Matriz de
Santa Cruz do Sul,
— Batistério da Igreja da Comunidade Evangélica, em Porto Alegre.
Entre
as dezenas de monumentos fúnebres se encontram:
— De João Pünder,
— Augusto Brochier,
— Caldas Júnior,
— Augusto Pestana,
— Fernando Abbott,
— Barão
de Santo Ângelo,
— Capela Dreher.
Homenagem
___Em homenagem a Jacob Aloys Friedrichs, a Biblioteca da SOGIPA leva o seu nome.
Miguel Friederichs
___Entre os primeiros escultores que se estabeleceram no Estado com oficinas de esculturas, estiveram os Friederichs, família alemã de destaque na escultura funerária.
Em 1884, Miguel Friederichs, imigrante alemão, fundou sua oficina no Caminho Novo (Rua Voluntários da Pátria).
João Vicente
Friedrichs
(Bom Jardim, 30 de outubro de 1880 — ?, ? de ?)
Primeira
metade do século XX, João
Vicente Friedrichs, escultor, ornamentista, canteiro e marmorista.
___Filho de Miguel Friedrichs e sobrinho de Jacob Aloys Friedrichs, também artistas de destaque no estado do Rio Grande do Sul, com eles aprendeu os rudimentos do ofício.
___Recebeu instrução de Carlo Fossati.
Em 1895, sua educação se completaria principalmente na Alemanha, para onde se dirigiu, frequentando a Kunstgewerbeschule (Escola de Artes Industriais) da cidade de Colônia, recebendo aulas de modelagem e desenho, e praticando em diversas oficinas.
Em 1898, deixa a escola antes de diplomar-se, e passa a viajar por alguns países europeus a fim de ampliar seus conhecimentos.
Atelier
Em 1899, regressando a Porto Alegre, abre um pequeno atelier de ornamentação predial, usando contudo os materiais aqui costumeiros — o gesso, o cimento e a argila — e não o “grês e o mármore”, mais usuais nas oficinas de decoração da Europa.
___Sua oficina logo foi reconhecida pelos seus bons serviços.
Em 1900, João Vicente Friederichs, sobrinho de Jacob Aloys Friedrichs, seguindo a tradição da família, estudou na Europa onde adquiriu sólida formação e certamente teria sido um grande nome da “escultura gaúcha” se seu espírito empresarial não tivesse falado mais alto, abrindo seu Atelier de Esculturas.
Reconhecimento
Em 1901, já se destacava na Grande Exposição Commercial e Industrial, em cuja Seção de Artes apresentou dezenas de trabalhos, entre maquetes para ornamentações de edifícios e esculturas independentes. Diversas destas peças não eram de sua autoria, sendo declaradamente realizadas a partir de modelos importados, mas ajudaram a divulgar a proficiência da sua empresa e de sua equipe.
Em 1903, realizado no Salon da Gazeta do Comércio, volta a ser aplaudido, com cópias de obras clássicas de escultura, como de O Rapto da Sabina e da Vênus de Médici.
Oficina
___Nesta época em Porto Alegre ocorria um surto de edificações públicas e privadas de grande porte, e João Vicente Friedrichs tomou partido das circunstâncias favoráveis, atendendo diretamente a inúmeros particulares, colaborando com Affonso Hebert, que era o arquiteto do Governo do Estado, e logo se tornando o fornecedor exclusivo de ornamentos e esculturas decorativas para a firma do engenheiro Rudolph Ahrons, a mais importante empresa construtora da capital no começo do século XX.
___Em vista da magnitude dos projetos de Ahrons, este incentivou Friedrichs a contratar colaboradores experimentados.
Em 1902, assim chega a Porto Alegre Frederico Pellarin, formado em Milão, Veneza e Roma, e com exitosa passagem por Buenos Aires, mas ele logo se desligou da oficina, juntando-se a Gustavo Steigleder.
Em 1906, chegou Luiz Sanguin, diplomado em Pádua e Veneza. Quando o surto imobiliário se intensificou, foi contratado também em Buenos Aires.
Em 1908, juntou-se ao escritório de Ahrons mais um colaborador de primeira linha, o arquiteto Theodor Wiederspahn, que doravante assinaria os projetos.
A partir de 1910, João Vicente Friederichs saia em busca de mais escultores, contratou Wenzel Folberger.
Em 1910, chega a Porto Alegre o escultor e modelador excepcional Giuseppe Gaudenzi, produziu obras notáveis no Estado.
Em 1913, para melhorar ainda mais seu quadro de colaboradores, João Vicente Friederichs contratou o alemão Alfred Hubert Adloff, de Dusseldorf, o mais técnico e completo estatuário que por aqui operou.
___Este período foi dos mais produtivos, e a associação de Friedrichs com Ahrons e Wiederspahn resultou na construção e decoração de alguns dos mais notáveis prédios históricos da cidade, como:
— Delegacia Fiscal,
— Correios e Telégraphos,
— Previdência do Sul,
— Cervejaria Bopp.
Até 1915, esta frutífera colaboração duraria, quando a firma de Ahrons fechou.
___O volume sempre crescente de encomendas forçaria uma rápida expansão na oficina de Friedrichs, e assim foram contratados outros profissionais, em sua maioria estrangeiros, para auxiliar nos trabalhos.
Foi quando contratou o austríaco Wenzel Forbeger e o berlinense Alfredo Staege e o espanhol Jesus Maria Corona Alonso.
Em
Autoria
___Com essa colaboração adicional, e por causa do costume de não se assinar as peças individuais, hoje em dia fica difícil determinar quais são de autoria do próprio Friedrichs e quais as de seus colaboradores, até mesmo porque na fase de maior movimento do atelier sabe-se que o titular ficava muito tempo absorvido em tarefas administrativas e deixava o trabalho escultórico prático para a sua equipe realizar, apenas supervisionando o processo.
De
sua autoria pessoal são:
— As estátuas da fachada da Igreja das Dores, representando a Fé, a Esperança e a Caridade,
— A ornamentação da desaparecida Confeitaria Schramm.
Embora a oficina com seu nome recebesse os créditos finais pelas decorações, algumas peças podem com alguma segurança ser atribuídas a determinados artífices de sua empresa, como:
— A estátua de Gambrinus na fachada da antiga Cervejaria Bopp.
— O elefante obra do escultor Schob (ou Schauff).
— As estátuas da Delegacia Fiscal.
— O grupo de São José com o Menino Jesus na Igreja São José, todas obras de Alfred Adloff;
— O Atlas nos Correios e Telégraphos de Folberger,
— As esculturas para a fachada da Faculdade de Direito, de Pellari
— As esculturas para a fachada da Faculdade de Medicina, trabalho de Pellarin.
— Fachada dos antigos prédios do Cine Guarany e da
— Farmácia Carvalho, (atual Banco Safra).
Escola
de Artífices
___A Oficina Friederichs, de João Vicente tornou-se uma verdadeira escola, e nela se formou ou atuou uma plêiade de mais de 60 artistas, que contribuíram decisivamente para dar um novo rosto à capital do estado.
Dentre
eles, além dos já citados, contam-se também:
— Jesús Maria Corona,
— Franz Radermacher,
— André Arjonas,
— Alfredo Staege,
— Giuseppe Gaudenzi,
— Fernando Corona,
— Vitório Livi.
___A produção de seu atelier se caracteriza por um ecletismo de traços vigorosos e originais, ainda que mostre frequentemente alguma “rigidez e um acabamento rústico nas figuras”, mas sempre com uma rica inventividade para os ornamentos, num estilo que se distancia dos rígidos cânones clássicos e se aproxima do gosto e entendimento do público comum.
Nos prédios públicos, amiúde serve de ilustração para um “programa narrativo simbólico” de caráter Positivista, que era uma forte tendência na época.
Wenzel Folberger
(? - Porto Alegre, 24 de junho de 1915)
Nas primeiras décadas do século XX, Wenzel Folberger, já cinquentão, escultor de origem germânica. Formado na Escola de Belas Artes de Viena.
Em 1910, foi descoberto em Santa Maria, por João Vicente Friedrichs e contratado para integrar sua oficina de escultura e decoração predial, em Porto Alegre.
___Passou a viver em um modesto chalé de madeira no bairro Navegantes (rua São Carlos, n° 210.
___Um dos seus primeiros trabalhos foi a escultura de Mercúrio para a Cervejaria Bopp na Floresta.
___Participou da ornamentação de muitos prédios hoje históricos da capital gaúcha. Entre os trabalhos que podem com segurança ser atribuídos a ele pessoalmente estão:
— O grupo do Atlas na fachada do prédio do Memorial do Rio Grande do Sul, na Praça da Alfândega,
— O grupo no prédio da antiga Previdência do Sul,
— O grupo no frontispício, as Cariátides e o friso no desaparecido prédio do antigo Banco Alemão.
Wenzel Folberger, morreu atropelado por uma locomotiva, pela manhã, depois de ter saído alcoolizado de uma taverna (bar) na Sertório, em Porto Alegre.
Giuseppe Gaudenzi
Em 1910, chega a Porto Alegre o escultor e modelador excepcional Giuseppe Gaudenzi, produziu obras notáveis no Estado.
Na década de 1920, já era um homem muito ocupado foi professor da Escola Técnica Profissional e gerente da Oficina de Vicente Friederichs.
Alfred Hubert Adloff
Em 1913, para melhorar ainda mais seu quadro de colaboradores, João Vicente Friederichs contratou o alemão Alfred Hubert Adloff, de Dusseldorf (Alemanha).
O Técnico
___Considerado o mais técnico e completo estatuário que por aqui operou, estatutário premiado na Europa, trabalhou em Berlim, Bruxelas e na Itália, de volta a Alemanha na Fábrica de cutelaria e baixelas Griessen e Essen apurou sua técnica de modelar em relevo.
A Samaritana
Em
fevereiro de 1919, a revista Kodak,
considerando tal realização como fato inédito na capital gaúcha. O jornalista
saiu empolgadíssimo do atelier porque pôde contemplar bem de pertinho uma moça,
de seios de fora, posando para os olhos discretos do artista.
Consta que a obra foi modelada por Alfred Adloff, um dos nomes mais respeitados na estatuária local daquele tempo.
Em
1925, a Samaritana fora instalada no Largo dos
Açorianos à beira de uma “bacia de granito”.
Realismo
___Foi o que mais realismo imprimiu as figuras funerárias permeado de uma possante sensualidade:
— Túmulo de Júlia Barbosa Friederichs, um de seus primeiros trabalhos funerários em Porto Alegre, a figura da mulher ajoelhada e com o glúteo apoiado nos calcanhares, uma posição de difícil execução.
— Túmulo do Professor Pereira Parobé, a capela funerária com relevos inspirados no Altar da Pátria, em Roma. O painel do lado direito é evocativo do Amor Pátrio, o qual simboliza com figuras da mitologia grega, as “Três Graça, Atenas e Mikéia”. O painel do lado esquerdo é alusivo ao Trabalho, onde revelou sua enorme facilidade com a animalística, o que não era comum. — O mausoléu de Pereira Parobé ilustra a ideologia Positivista que exalta o patriotismo e o trabalho como virtudes superiores.
— Túmulo de Boaventura dos Reis, e a figura do Cristo, onde aos pés lê-se Gavanoplastia Friederichs, na qual era o escultor principal.
Oficina Gaudenzi e Adloff
Oficina Gaudenzi e Adloff (1923-1928) de Alfred Adloff e Giuseppe Gaudenzi, que por quatro ou cinco anos estiveram associados, seus projetos atestam uma perfeita adequação entre o cálculo mercantil e a preocupação artística.
___Gaudenzi bem relacionado e perfeitamente integrado na sociedade gaúcha seria o responsável pela parte comercial e eventualmente, elaborador de concepções dos trabalhos.
___Adloff, mais arredio e falando mal o português devido à sua deficiência auditiva, seria o responsável pela oficina.
Atelier Adloff e Gaudenzi
Na década de 1920, arte funerária gaúcha foi uma das mais “fecundas e criativas”, e os méritos disto em grande parte são derivados desta associação:
— Túmulo Dr. José Carlos Ferreira, as figuras a Dor e a Consolação, baseados numa obra italiana (entrevista Harry Bellomo, 1987) “o homem é que chora”, simbolizando a Dor, “a mulher é que conforta”, representando a Consolação
— Túmulo da Família
Schramm, trata-se do Cristo no Horto (depoimento
Ângelo Piatelli, 1992).
Da firma Gaudenzi & Adloff saíram também diversos monumentos:
— Busto de Apolinário Porto Alegre (1925), de autoria de Adloff, os traços faciais são fortemente marcados e conferem ao retrato uma expressão de tristonha introspecção.
A temática cristã foi um dos mais executados em
nossos cemitérios. Os motivos mais representados foram quatro:
— A Deposição (Pietás),
— A Ressurreição,
— O Coração de Jesus e
— O Cristo da Salvação (Bom Pastor, Cristo recebendo o morto, Cristo Redentor, etc.).
Alfred Adloff imprimiu a figura do “Cristo” um realismo quase sacrílego.
— Mausoléu da Família Morejano, aparece o Cristo da Ressurreição, pode ter sido executado por Adloff ou Gaudanzi.
— Jazigo da Família Risch, a figura simboliza a Saudade, do Atelier Gaudenzi e Adloff.
— Mausoléu da Família Sampaio, figura a Saudade foi representada buscando consolação na Fé, na Cruz sobre a qual se debruça, do Atelier Gaudenzi e Adloff, a possante sensualidade mais uma vez está presente. De costas para o observador, as figuras exibem sua exuberante plástica calipígia (belas nádegas) através da transparência dos tecidos. As rosas que carregam eram flores preferidas de Adolff.
— Capela Saturnino Mathias Velho, pode ter sido da firma Gaudenzi & Adloff.
Família Arjonas
A Família Arjonas, com os irmãos José e André, e Mário, o filho deste último, também trabalharam na arte da estatuária.
___José Arjonas, o mais velho, chegou primeiro.
___André Arjonas, o suplantou em destaque por sua grande produtividade. ___O Monumento dos Imigrantes, em São Leopoldo, é de sua autoria.
___Mario Arjonas, filho de André, continuou produzindo arte funerária, Mario é autor:
— Esculturas das figuras dos apóstolos e profetas colocados no alto da Catedral de Porto Alegre.
— Túmulo de Teixerinha, com a estátua em tamanho natural do artista.
Também eram escultores Leoni Lonardi e Luigi Giusti.
Antônio Caringi
Por volta de 1935, chega em Porto Alegre, é o autor de outros túmulos e mausoléus monumentais:
— Túmulo do governador Daltro Filho, na década de 1930, recebeu escultura representando uma figura vestida de gaúcho.
— Túmulo de Maurício Cardoso, advogado, revolucionário de 1930 ao lado de Getúlio Vargas, e falecido em um desastre de avião. Seu túmulo, o mais monumental, de quantos possuímos, faria inveja a faraós, com sua estátua de cerca de três metros de altura, representando a justiça virtuosa a olhar para o túmulo.
___Fugindo aos modelos clássicos, Caringi esculpiu:
— Túmulo de Aparício Cora de Almeida, advogado gaúcho, fugindo aos modelos clássicos, Caringi esculpiu em baixo relevo de bronze, índios missioneiros atacando em combate, o que representaria a luta pela terra, pelo nativismo, o lado telúrico do gaúcho.
Alguns
dos colaboradores dos Friederichs
trabalhavam para outras firmas como:
— Lonardi Teixeira, que em (1994) seus netos ainda trabalhavam no ramo.
— José Floriani,
— Irmãos Piotelli,
— Irmãos De Angeli, as três últimas ainda em
funcionamento (1994).
Arte
Cemiterial
Arte Funerária
Cemitérios são museus
ao ar livre, ali estão obras de grandes artistas, mas também peças de anônimos.
Algumas vieram da Europa, outras confeccionadas por artistas locais.
O Cemitério da Santa Casa representa um verdadeiro museu ao ar livre, com mais de trezentas estátuas de valor significativo e que, segundo Bellomo (1988), podem ser classificadas em três grupos:
— Tipologia cristã, com seus anjos, santos, crucifixos e pietás;
— Tipologia alegórica, com representações de
sentimentos (desespero, dor, consolo) e
__Princípios
religiosos (fé, coragem, esperança);
— Tipologia cívico-celebrativa, enaltecendo-se personagens do mundo político.
A arte dos cemitérios porto-alegrenses se caracteriza por estátuas, que guardam os túmulos, formando um verdadeiro museu ao ar livre.
___Existem cerca de 300 unidades.
___Foram esculpidas,
entre os anos de
___Mesmo assim,
todos os cemitérios de Porto Alegre possuem
monumentos em sua Arte Cemiterial, de “menor ou maior” valor.
As figuras ornamentais
simbolizam a fé, a esperança, a caridade, a justiça divina, o juízo final, a ressurreição, e os sentimentos humanos diante da morte.
Brazil Colônia
No Brasil Colônia era tradição “enterrar os mortos” nas igrejas, o mais
modestamente possível.
___A Morte era vista com uma perspectiva de humildade, de simplicidade
e despojamento, a grande niveladora dos seres humanos. Portanto, os túmulos
de nossas igrejas eram basicamente semelhantes, quando muito com uma inscrição
diferencial na lápide.
Brazil Império
No século XIX começaram a aparecer os primeiros túmulos mais significativos, no Rio de Janeiro.
___No mosteiro de
Santo Antônio e no Mosteiro da Ajuda, os túmulos da Família Real são os primeiros “monumentais”
para a época, embora bastante modestos, se comparados com o que temos
hoje em dia em Porto Alegre.
A aristocracia de Porto Alegre, foi muito mais modesta, nos túmulos que a burguesia que a substituiu como classe social.
___No período aristocrático os túmulos são bastante simples.
___Nossos “barões, condes e viscondes” do IIº Reinado (1841-1889), são enterrados
no Cemitério da Santa Casa.
Os túmulos da aristocracia são bastante simples, singelos, sendo que alguns, como:
— Túmulo do barão
de Camaquam, no Cemitério da Santa Casa é quase de um indigente.
— Túmulo do conde
de Porto Alegre, está enterrado em um mausoléu bastante modesto, apenas com
o brasão indicando sua classe social.
— Mausoléu da Família do barão de Guaíba é de grande simplicidade, com inscrição dizendo que ai estão enterrados o Barão e a Baronesa.
___Parece que a
aristocracia tinha consciência tão profunda de sua importância e seu realce,
que não precisou reforçar seu status através de túmulos monumentais. ___Colocar
brasão lhes parecia ser suficiente.
Os
primeiros grandes túmulos aparecem no momento em que a burguesia
começa a ficar triunfante:
— Os Comerciantes primeiro e
— Depois os Industriais e Banqueiros, que parecem ter necessidade de realçar seu status “por mortem”, desaparecendo a ideia anterior, de que a Morte é niveladora.
— A Burguesia está
nos mausoléus, nos grandes monumentos
funerários;
— A Classe Média, nas catacumbas de parede;
— Os Pobres, no
chão, sem lápide;
— Sendo que os Muito Pobres acabam empilhados no “Ossário”.
________Assim, as classes sociais se definem após a Morte.
Brasil República
Desde a virada do século vinha se
propagando entre as elites gaúchas o hábito de encomendar figuras ornamentais
para os jazigos familiares.
___A maior parte delas simbolizava conceitos religiosos como a Fé, Esperança, Caridade, Justiça Divina, Juízo Final e Ressurreição.
___Alguns correspondiam a sentimentos humanos diante da Morte, como a “Dor” consolando-se na Fé, a Resignação, à Saudade e o Luto.
___Outros biografavam aspectos da vida do morto como suas virtudes, suas atividades e preferências.
___Inicialmente a
maior partes destas figuras eram importadas da Europa.
O apogeu
da Arte Funerária em Porto Alegre
aconteceu entre 1900 e 1940, período de expansão industrial, comercial e
econômica da cidade e do apogeu do governo Positivista
do presidente do estado Júlio de
Castilhos, também denominado ditadura científica Positivista.
Fazia parte do pensamento do
governo Positivista desta época o patrocínio
de monumentos públicos e jazigos monumentais, entre os quais se podem citar os
monumentos funerários de:
— Júlio de
Castilhos,
— Pinheiro Machado e
—Otávio Rocha.
___Em geral, essas
sepulturas foram financiadas pelo governo estadual, por corporações e entidades
empresariais.
Na primeira metade do século, era
usual que, em torno destes mausoléus, existisse um verdadeiro culto cívico.
Só após a Primeira Guerra Mundial cresceram as encomendas de esculturas aos artistas aqui domiciliados.
___Após a Guerra declinou o costume social de ornamentar
profusamente fachadas dos prédios, para compensar essa perda, outras
possibilidades se abriram no campo de trabalho dos escultores, sendo uma delas
a ornamentação de mausoléus para os vários
artistas estrangeiros “escultores” que
chegaram a Porto Alegre desde o início do século XX e que muito colaboram na
arte funerária,
Entre
os primeiros escultores que se estabeleceram no Estado com oficinas de
esculturas, estiveram os Friederichs,
família alemã de destaque na escultura funerária:
- Miguel Friederichs (1884),
- Jacob Aloys Friederichs (1891),
- João Vicente Friederichs (1900),
As três primeiras décadas, as famílias enriquecidas começam a adotar padrões mais requintados, com obras aprimoradas, com padrões europeus de nítida influência clássica, greco-romana, que chega até Porto Alegre através da França.
___Como a França nesse período transita pelo neo-clássico, realismo, “art-nouveau” até o modernismo, encontramos em nossos cemitérios todos esses modelos, até a presença da arte moderna, na década de 1930.
As obras desse
período apresentam três tipologias distintas:
- Obras alegóricas com certa visão romântica do século XIX, tipo
Anjo da Saudade, da Esperança, Anjo Maternal, do Sofrimento, da Morte, do Juízo
Final. Este anjo, na virada do século cede lugar a figuras simbólicas de
sofrimento, saudade, consolação, maternidade e esperança. O material substitui
o espiritual.
- Rosto e mãos expressivas, roupas que escondem corpos apenas
delineados, aos poucos vão adquirindo certa sensualidade.
- As roupagens das figuras femininas vão ficando mais finas,
permitindo modelar formas anatômicas, seios, uma perna que avança, bem
delineada, figuras masculinas vão sendo despidas até alcançarem o nu, como
ocorre em dois túmulos
Parece que a sociedade está
perdendo valores espirituais e se materializando. Há falta de mensagem cristã:
A postura diante da morte é mais de desespero, aparece mulher
chorando, saudosa, alegoria do desespero, da saudade.
Outra tipologia é a religiosa, com presença da mensagem cristã:
- estátuas de Cristo ressuscitado, Cristo que ressuscita Lázaro, Pietá, e, de
1930 em diante, algumas Nossa Senhora, Santa Teresinha e Coração de Jesus.
A tipologia cívico-patriótica aparece no túmulo dos grandes homens, geralmente financiados pelo Governo, com “glorificação ao herói”. É a ideologia do sistema.
— Túmulos de Dr. Júlio de Castilhos, do escultor Décio Villares.
— Túmulo do Senador Pinheiro Machado, do escultor carioca Pinto e Canto, de concepção Positivista, são deste teor, há a glorificação ao senador morto por assassinato.
— Túmulo de Plácido de Castro, também assassinado, substitui a glorificação por uma placa contestatória ao regime, que não puniu os assassinos, conhecidos.
Os cemitérios que apresentam maior número de estátuas são:
Cemitério Arcanjo São Miguel e Almas
— Mausoléu da Família Mathias Velho, antigos proprietários das terras onde se situa o bairro Mathias Velho, no município de Canoas. O conjunto é o “maior e mais importante da arte funerária” de Porto Alegre.
— Mausoléu da Família Ramos, com a representação do anjo da fé, evidenciando a cruz como símbolo da fé.
— Túmulos da Colônia Chinesa, ala tradicional.
E os jazigos das
grandes famílias de Porto Alegre do século XIX e XX.
Localização: Av. Oscar Pereira, 400.
Cemitério da Santa Casa da Misericórdia
— Jazigo-monumento de Júlio de Castilhos, importante líder político e Presidente do Estado no início do século XX, onde a Pátria é simbolizada por uma figura feminina que carrega a bandeira nacional, obra do escultor Décio Villares.
— Jazigo-monumento do senador José Gomes Pinheiro Machado (08.05.1851-08.09.1915), líder político gaúcho e Senador da República, ornado com crianças, simbolizando as gerações futuras, e um baixo relevo que representa a marcha da humanidade. Obra do escultor português Pinto do Couto radicado no Rio de Janeiro, executado em Florença, Itália (1922).
— Túmulo do músico Vítor Matheus Teixeira, o Teixeirinha, famoso compositor e interprete de músicas regionais, com uma estátua em tamanho natural do artista, obra do escultor Mário Arjonas, homenageado todos os anos nos finados pela fluidez de fãs ao seu jazigo.
— Capela singela do Conde de Porto Alegre, o general Manoel Marques de Sousa, soldado do Império, dono da primeira estátua de Porto Alegre
— Túmulo de Plácido de Castro (1873-1908), o Herói da conquista do Acre.
Cemitério São José I e II
— Túmulo do intendente José Montaury de Aguiar Leitão, cujo monumento foi erguido pela própria municipalidade.
— Túmulo do major Alberto Bins, intendente da cidade de Porto Alegre entre 1928-1937, com destaque par o Cristo em tamanho natural, a figura aponta para o Céu, em testemunho de Fé.
Localização: Av. Oscar Pereira, 410.
Cemitério São José II
Localização: Av. Oscar Pereira,
Cemitério Evangélico I
— Túmulo de Rubem Berta, fundador e Presidente da Varig (Viação Aérea Rio-Grandense), a alegoria em mármore branco apresenta “Ícaro”, figura mitológica, que constrói asas com as quais procura voar.
As grandes famílias de origem alemã de Porto Alegre, também estão aqui sepultadas.
— Túmulo da Família Bauer Pires, modesto, instalado na rua em frente ao monumento de Rubem Berta, ali estão José Rodrigues Pires Neto (Patriarca), Emma Bauer Pires (Matriarca), Claudio Bauer Pires (Filho).
Iara Bauer
___Nesse túmulo está
a cantora Iara Bauer Pires (Ex-Pires
Muller), artista plástica, designe de moda, artesã
e poetisa, ___ “excelente mãe”, extravagante e moderna para o seu
tempo, rompeu barreiras da época.
Cemitério Evangélico II
— Túmulo da Família Renner, onde está A. J. Renner, importante industrial do início do século XX.
Localização: Rua Guilherme Schell, 467.
Morte
Declínio da
Arte Cemiterial
A partir de 1940, as esculturas funerárias começam a desaparecer, inicia-se a decadência da arte cemiterial, não por contenção econômica, mas devido, principalmente, à alteração dos valores sociais e ideológicos e o declínio da ideologia Positivista, que quase atinge a paralisação, depois de 1950.
Todas as sociedades desenvolvem um ou mais sistemas fúnebres pelos quais pode se entender a Morte em seus aspectos pessoais e sociais.
Despedida de Luxo
___Em muitas culturas, a noção de “dar aos mortos uma boa despedida” é um tema proeminente. Isso pode incluir o gasto de grandes somas em dinheiro em um caixão luxuoso, com o morto adereçado com roupas de luxo, joias e maquiagens.
Fotografar
___Depois do advento da fotografia, tornou-se hábito entre a Classe Dominante fotografar o morto.
A tradição foi incorporada pelas Classes Populares, nas quais ela ainda está viva. Veja-se, por exemplo, o sensível texto de Koury (1999), acerca do processo de luto de uma mulher nordestina pelo filho morto tragicamente:
- "O retrato do meu filho vivia no meu peito.
Na foto parece que meu menino está rodeado de luz..."
A
Perda
___De qualquer maneira, o funeral é percebido como um reflexo das realizações da vida do indivíduo e um conforto para os vivos. O sistema mortuário é o meio que a sociedade encontra de reconstituir sua integridade após a perda de um dos membros.
Tempos Imemoriais
___Trata-se do portão de uma capela mortuária, adornado pela figura de dois anjos. Desde “tempos imemoriais”, ao penetrar nos umbrais da Morte, fazia-se necessária a presença protetora de um guardião, um acompanhante, um protetor.
___Hermes, na Grécia, fazia o papel do deus mensageiro, o Daimon, guia das almas pelos mundos inferiores, espírito protetor, sábio, guardião dos mistérios do outro lado. "Anjos protetores, dêem-nos o acesso" poderia ser a legenda desta foto.
Mausoléu da Família Mathias Velho
— No Cemitério
São Miguel e Almas,
um dos melhores exemplos de arte funerária de Porto Alegre se encontra no
mausoléu da tradicional Família Mathias
Velho, onde anjos abrem o túmulo de Cristo diante de um romano espantado. A família
era proprietária das terras localizadas no município de Canoas, denominadas Fazenda da Brigadeira, cuja sede
compreende hoje o bairro Mathias Velho. Além disso, a família tinha terras em
Rio Pardo e Mostardas.
Arte dos Mestres
Transformações
— O Cemitério
da Santa Casa expressa,
através da “Arte Cemiterial”, as
transformações sociais, econômicas, políticas e culturais ocorridas ao longo do
tempo na história de Porto Alegre e de todo o Estado.
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