Hotéis
Porto Alegre Antigo
hospedagem
cidade de Porto Alegre
surgimento e evolução
cidade de Porto Alegre
surgimento e evolução
Homenagem
aos antigos hotéis da capital, tão respeitáveis por sua peculiar elegância e
proeminência de seus hóspedes.
Cada novo dia um tradicional hotel vira história.
Cada novo dia um tradicional hotel vira história.
- A posição geográfica privilegiada de Porto Alegre em
relação aos principais pólos econômicos do Conesul, sua condição de capital de
estado e características cosmopolitas, a identificam, em alguma medida, com as
capitais argentina e uruguaia, fazendo de Porto Alegre um ponto estratégico no
contexto da Região Sul.
- Como conseqüência, o setor turístico, até agora de
secundária importância, tende a desenvolver-se, principalmente no que se refere
ao chamado “turismo
de negócios”, voltado à realização de encontros de trabalho,
convenções e outros eventos do gênero.
- Fazer um “passeio nostálgico e bucólico” por Porto Alegre Antigo, percorrer o seu
centro residencial e descongestionado, andar pela Rua da Praia, com seus charmosos cafés e galerias comerciais e
descansar, finalmente, num banco da Praça
d’Alfândega, de onde ainda se avista o pôr-do-sol no Guaíba.
- Se a importância da arquitetura hoteleira da capital
gaúcha pode ser considerada discreta, exemplos como o do já extinto Grande Hotel, elegante estabelecimento
situado em frente à Praça da Alfândega, e o do Majestic Hotel, atual Centro
de Cultura Mário Quintana, não podem ser desprezados.
hotéis de Porto Alegre
—
primeirAs HospedaRIAS e hotéis
- Muitos hotéis situavam-se na Rua da Praia, a via mais
importante da época. Os mais antigos estabelecimentos de que se tem registro,
com destaque na segunda metade do século XIX, também ali se situavam.
- A cidade de Porto Alegre apresentou na sua área central as
diferentes possibilidades de acomodação para aqueles que por ela passavam. Os
meios de hospedagem são parte integrante da história do lugar, possuem
características peculiares, conforme a cultura e população de um lugar.
- Em
Porto Alegre , verificou-se que o aparecimento deste tipo de
comércio, é muito pouco conhecido, uma vez que não existem registros
específicos sobre eles.
- Para relacionar a formação do parque hoteleiro de Porto
Alegre ao seu crescimento, especificado uma linha histórica dividida em duas
etapas:
- A primeira correspondendo aos acontecimentos desde 1732
até 1835, na Revolução Farroupilha,
- A segunda etapa até 1940.
- Toda a pequena vila ou cidade tem um local onde viajantes,
turistas, comerciantes, caixeiros e passantes podem pernoitar.
O boom Imobiliário
O boom Imobiliário
- É só então que a cidade, capital desde 1773, começa a
recuperar o prestígio e a hegemonia econômica perdidos para Pelotas durante boa
parte do século XIX em função do ciclo das charqueadas. Ocorre um verdadeiro
boom imobiliário e a demanda de arquitetos cresce vertiginosamente.
- Antes da Primeira Guerra Mundial já havia um número
considerável de profissionais em atividade, a maioria alemães, etnia cuja
imigração fora incentivada pela abolição da escravatura e pela instauração da
República, que criou condições para a ascensão das classes burguesas que viviam
do comércio entre a capital e as colônias.
- A estrutura açoriana da cidade tem sua fisionomia
fortemente alterada e as construções, até então influenciadas pela arquitetura
colonial portuguesa, passam a conviver com edifícios robustos, ecléticos, com
um rigor quase militar.
- Dentre esses arquitetos alemães imigrados destacou-se Theo Wiederspahn, responsável por
inúmeras obras de relevo desde sua chegada em 1908.
Hotelaria em Porto Alegre
- A grande maioria dos meios de hospedagem, na época, estava
localizada no centro da cidade, com predominância na Rua dos Andradas e no
Caminho Novo (atual Rua Voluntários da Pátria), o que se devia ao fato de o
acesso à cidade ser por excelência fluvial e estas ruas ficarem nas cercanias
do porto, facilitando o acesso dos hóspedes aos hotéis.
No século XIX, no livro de Athos Damasceno cita os seguintes
hotéis de Porto Alegre:
Hotel
Drügg,
Hotel
dos Artistas,
Hotel
Aliança,
Hotel
do Comércio,
Hotel
Portoalegrense,
Hotel
da Estrela,
Hotel
Figueirense,
Hotel
Nova Fama,
Hotel
Fluminense,
Hotel
Imperial,
Hotel
do Higino,
Hotel
da Marinha,
Hotel
do Silva Santos,
Hotel
Primeiro de Dezembro,
Hotel
d’Europe,
Hotel
Santa Leopoldina,
Hotel
de Portugal,
Hotel
de Veneza,
Hotel
do Fúlvio,
Hotel
do Universo,
Grande
Hotel de Itália,
Hotel
Central,
Hotel
do Louvre,
Hotel
Chinês,
Grande
Hotel da Paz,
Hotel
Roma,
Grande
Hotel do Teatro,
Hotel
Franco Italiano,
Hotel
da Província,
Hotel
Continental,
Hotel
Garibaldi,
Hotel
do Globo,
Hotel
do Pareta,
Hotel
Becker,
Hotel
Rhenano,
Hotel
Preusslerd,
Hotel
Schimdt,
Hotel
Roth.
- Entre os citados estão hotéis de primeira, segunda,
terceira e quarta classe.
O Ramo Comercial
Século XIX, em meados, o
crescimento do ramo hoteleiro em Porto Alegre iniciou efetivamente.
- Existem apenas algumas referências em jornais, revistas e
livros sobre viajantes, anúncios de hotéis, eventuais menções em crônicas
sociais da época, mas nada sistemático ou organizado.
- Nesta época, surgiram vários estabelecimentos hoteleiros,
e estes apontavam à perspectiva do progresso da cidade. Alguns logo ficaram
famosos, com expressão nacional e internacional, como:
Hotel
Brésil, muito procurado por visitantes estrangeiros especialmente
alemães,
Hotel
Siglo,
Hotel
Central,
Hotel
de France,
Hotel
Continental.
Hotel Bruno, na Voluntários da Pátria, 239, atual 769, em frente à antiga Estação Ferroviária de Porto Alegre (Castelinho). Propriedade de Roberto Bruno Petzhold, nas primeiras décadas do século XX. - Gegenüber der Bahnstation''
Hotel Bruno, na Voluntários da Pátria, 239, atual 769, em frente à antiga Estação Ferroviária de Porto Alegre (Castelinho). Propriedade de Roberto Bruno Petzhold, nas primeiras décadas do século XX. - Gegenüber der Bahnstation''
- Todos os hotéis existentes na cidade, naquela época, eram
de propriedade familiar, pertenciam a famílias de destaque na cidade, ou pertenciam
a algum imigrante.
No início do século XX,
encontramos anúncios destes hotéis que salientavam os confortos oferecidos como
as instalações com água corrente quente e fria, a existência de telefone e
calefação, quantos quartos possuíam banheiros e aspectos como arejamento, sol e
ausência de barulho.
- Também era de grande importância o atendimento, que em
geral era feito pelos proprietários, cozinha internacional, “chef”
europeu com freqüência alemão ou francês.
Por volta de 1900, Porto
Alegre já contava com mais de cinqüenta hotéis.
- Nas primeiras décadas do século vinte, Porto Alegre era
uma cidade praticamente horizontal e as torres da Igreja das Dores dominavam a paisagem em meio a um casario modesto.
- Mas era tempo de transformações e a influência da
arquitetura colonial portuguesa diminuía, sendo substituída por determinado
estilo, que misturava elementos da arquitetura germânica a diversas outras
tendências européias.
- Surgiam prédios públicos novos e imponentes como os do Correios e Telégrafos e Delegacia Fiscal. Também na arquitetura
privada, construções recentes redesenhavam o perfil da cidade, como as da Confeitaria Rocco e Cervejaria Bopp ou os prédios das
faculdades junto a Redenção.
- O estímulo a uma arquitetura mais imponente, no caso dos
prédios públicos, também espelhava o desejo da classe dirigente política de
nosso Estado em demonstrar seu poder. No caso da iniciativa privada, prédios
cheios de detalhes e grandiosidade eram a forma concreta de espelhar o sucesso
e a solidez do empreendimento.
Rua da Praia
- A principal via da cidade, a Rua da Praia, transformava-se no local em que ia toda a gente que
quisesse ver e ser vista. Uma grande quantidade de bares, casas de chá e cafés
oferecia-se às pessoas que descansavam ou simplesmente apreciavam o "footing".
É nesse sentido que pode-se compreender o crescimento da hotelaria em Porto Alegre.
Condições Sanitárias
Em 1912, é importante lembrar
que então o sistema de esgotos chegou a Porto Alegre, portanto, naquela época
as condições sanitárias da cidade eram bastante precárias, como dizia Alfredo Malan, que esteve em Porto Alegre no ano
de 1896.
Hotel de Esquina
- O Grande Hotel
e o Hotel Majestic foram os
principais, mas não foram, entretanto, os únicos hotéis importantes que Porto
Alegre possuiu. A arquitetura hoteleira das primeiras décadas do século XX parece
ter sido considerável no contexto central da cidade. Constata-se, pelos poucos
dados existentes, haver um tipo freqüente e talvez predominante: - o
hotel de esquina.
- É provável que a capacidade de investimento e a grande
disponibilidade de lotes centrais permitissem ao proprietário a escolha do “terreno ideal”
para a implantação de seu hotel. Num modelo urbano em que os edifícios,
normalmente estreitos, não possuem recuos laterais, constituindo perfeitamente
a rua, e considerando que o programa hoteleiro pressupõe um grande número de
células habitacionais dispostas em relação a um corredor, o “terreno ideal”
para que se obtivessem as melhores vistas e as melhores condições climáticas
para tais células seria o de esquina.
- Constata-se, de fato, que os hotéis de meio de quadra
possuíam a maioria de seus quartos ventilados e iluminados através de poços,
sem vistas interessantes. O Grande Hotel
exemplificaria o modelo do hotel de esquina, com aposentos voltados ou para as
ruas ou para um pátio situado no quadrante interno do terreno, junto às
divisas. Desta forma, todos os quartos seriam favoravelmente orientados, com
privilégio, sem dúvida, daqueles voltados para fora, numa época em que o centro
era calmo, descongestionado, bem freqüentado e seguro.
Estilo hoteleiro
- Eminentemente ecléticos ou caracterizando uma transição em
direção à arquitetura moderna, com número de pavimentos variável entre quatro (Hotel Moritz) e 10 (Hotel Jung), eram todos grandes
estabelecimentos, com uma base comercial bem marcada, às vezes de dupla altura.
- Normalmente, os quartos principais possuíam varandas voltadas para as ruas. Algumas vezes com aberturas (Moritz,La Porta , Viena), outras
sem (Schmidt), a aresta de esquina
poderia ser arredondada ou em ângulo de 45 graus.
- Alguns, como o Jung, em virtude da acentuada assimetria entre as duas alas, tinham plantas que tendiam mais à linearidade, com a quase totalidade dos quartos voltados para uma das ruas, do que à forma de “L”, mais freqüente.
- Normalmente, os quartos principais possuíam varandas voltadas para as ruas. Algumas vezes com aberturas (Moritz,
- Alguns, como o Jung, em virtude da acentuada assimetria entre as duas alas, tinham plantas que tendiam mais à linearidade, com a quase totalidade dos quartos voltados para uma das ruas, do que à forma de “L”, mais freqüente.
- Outra constatação relativa à época considerada é a grande
quantidade de hotéis porto-alegrenses situados junto a praças. Tendência
historicamente importante em cidades de prestígio, centros de negócios e
distritos comerciais europeus e norte-americanos, os hotéis em praças ou
parques urbanos.
- Plaza ou park hotels - ocupam uma área nobre do tecido da cidade, visualmente agradável e livre da interferência de outros edifícios.
- Plaza ou park hotels - ocupam uma área nobre do tecido da cidade, visualmente agradável e livre da interferência de outros edifícios.
- A lista de exemplos é encabeçada pelo Grande Hotel, com acesso pela Rua da Praia, em frente à Praça da
Alfândega, a via mais importante do centro de Porto Alegre, local de encontros,
feiras e eventos culturais de relevo.
A partir de 1940, os meios de
hospedagem já estavam consolidados na história da cidade, constituindo-se em
uma rede hoteleira diversificada e moderna.
A partir da década de 1950, o
centro de Porto Alegre vai perdendo o seu antigo charme. A população de maior
poder aquisitivo desloca-se para bairros menos congestionados, os prédios
outrora residenciais, passam a comerciais e surgem problemas de segurança,
principalmente à noite, quando diminui o movimento de lojas e escritórios.
Na década de 1980, com o
aparecimento de grandes shopping centers,
o tradicional comércio de rua tem sua importância reduzida e o processo de
degradação do centro acentua-se ainda mais.
- Os antigos hotéis vão gradativamente desaparecendo e dão
lugar a empreendimentos mais modernos, adaptados aos novos padrões tecnológicos
e ao novo perfil sócio-econômico dos hóspedes, “o conceito”.
- Além dos citados há outros que estão em plena atividade em Porto Alegre em 2015:
City
Hotel,
Hotel
Continental,
Hotel
Plaza (Plazinha),
Plaza
San Rafael,
Hotel
Embaixador,
Hotel
Everest,
Hotel
Savóia,
Hotel
Plaza Catedral,
Hotel
Roma,
Hotel
Ritter,
Hotel
Tryp Porto Alegre,
Hotel
Master,
Hotel
Sheraton, etc.... também uma
série de hotéis-residência e flats que se espalham por toda a nossa Porto
Alegre.
Hospedagem
Cômodos
- Desde os tempos mais remotos das estalagens até os tempos
modernos os hotéis, estes locais estão dotados de todos os requisitos
necessários ou supérfluos para atender as demandas e exigências do homem até o
século XXI.
- O relato mais antigo referente à hospedagem em Porto Alegre , foi
encontrado no livro “Os viajantes olham Porto Alegre” (1754-1890),
onde Henrique Villaça assim descreve
sua chegada:
”No dia 14 de novembro de 1853, pelas 4
horas da tarde cheguei a Porto Alegre. Depois de me instalar em uma casa de
pasto bastante regular em frente à praça do mercado, [...]” (NOAL
FILHO; FRANCO 2004a, p. 98).
Por volta de 1740, Porto
Alegre era uma pequena villa, constituída basicamente por um núcleo urbano ao
redor do cais do lago Guaíba, circundada por propriedades rurais. Os viajantes
que chegavam à cidade formavam basicamente dois grupos: os imigrantes que se
dirigiam às colônias e os comerciantes do centro do país que se dirigiam ao
Prata, e eram hospedados nas casas dos moradores.
- Mas a cidade foi crescendo, o comércio com a Europa e o
interesse pela região foram aumentando, trazendo novos tipos de visitantes e, a
partir das exigências destes, surge a necessidade de um novo produto: -
hospedar estas pessoas.
- Desta forma, a própria história da formação da capital
mostra que a hotelaria surge, em Porto Alegre , antes do atual conceito de turismo.
- Vários relatos encontrados nos livros “Os viajantes olham Porto Alegre”
(NOAL FILHO; FRANCO, 2004a; 2004b), referem-se à “qualidade e generosidade da hospitalidade
dos habitantes da capital do Estado”, mas são poucos ou raros, os
registros sobre a formação e desenvolvimento do setor hoteleiro na cidade.
Pensões
Em 1890, começam a surgir as Pensões chegando a um número superior a
250 e estavam localizadas na sua
maioria no centro da cidade, predominantemente nas Ruas dos Andradas,
Voluntários da Pátria, Riachuelo e Andrade Neves.
- Mas, também eram encontradas em outros bairros,
particularmente, os bairros Cidade Baixa, hoje incorporado à área central,
Menino Deus, Bom Fim e Azenha.
- As Pensões
tiveram papel importante na história da hospedagem de Porto Alegre,
principalmente nos primeiros anos do século XX. Os imigrantes e comerciantes
que vinham em direção ao Rio de la
Plata , chegavam trazendo família e todos os bens que
possuíam, e hospedavam-se nas pensões familiares.
- Estas Pensões
eram precárias, sem água corrente, e com poucos banheiros de uso coletivo e
localizavam-se ao redor do porto. As pensões eram usadas também como moradia de
pessoas que chegavam para ficar na cidade e, na maioria dos casos, serviam
refeições completas.
- Em muitas destas Pensões,
moravam jovens, principalmente rapazes, que vinham do interior, para estudar e
servir no exército. Aí também moravam famílias, em geral viúvas com filhos: - nesta
época as mulheres não exerciam atividades remuneradas e viviam de “pensão”
deixada por seus falecidos maridos, e desta forma era mais barato viver nas
pensões, o que eliminava o custo da manutenção da moradia, além de serem mais
seguras.
- Quando a mão-de-obra escrava começou a ser substituída por
empregados que vinham da Europa, estes usavam as Pensões como dormitórios.
Início do século XX, as Pensões tiveram seu apogeu, e eram
meios de hospedagem onde pessoas permaneciam por longos períodos de tempo,
pelos mais variados motivos.
- Nas Pensões
eram servidas refeições, e eram na maioria das vezes estritamente familiares:
muitas vezes estes imóveis pertenciam a viúvas, que com o aluguel do espaço
garantia o seu sustento e o de sua prole.
- A constante chegada dos imigrantes, sem destino certo e
sem condições de se deslocarem, lotava as pensões com famílias a espera de uma
instalação definitiva nas colônias.
Década de 1920/1930, as Pensões tiveram seu apogeu.
Casas de Cômodos
As Casas de Cômodos
(ou cortiços) na rua estreita, com ladeira e aberta ao curso natural de uma
expansão urbana não planejada, que na passagem do século XVIII para o XIX passa
a ter uma conotação depreciativa ao mesmo tempo moral, estética e higiênica.
- O “beco” é sinistro, sujo, perigoso e feio,
espaço que concentra o pobre, encravado no coração da cidade. É o mau lugar.
(PESAVENTO, 2001) surgiram com o fim da escravatura em 1888 e com o declínio do
centro da cidade.
Cortiço
- As Casas de Cômodos,
também conhecidos como “cortiços”, que na verdade eram casebres
construídos nos fundos de uma moradia.
- Estes locais passaram a ser constantemente mencionados
pela imprensa, formadora de opinião, como lugares perigosos onde ocorria todo
tipo de contravenção. Estes jornais contribuíram para a construção de imagens
fortes com muitos artifícios e retórica, apontando para uma realidade que nos
deixa visualizar uma grave questão social que já se delineava naquela época.
Estes periódicos, em seus artigos de cunho moralista, referiam-se à alguns
hotéis, que segundo eles, sob a designação de hotéis albergavam o meretrício e
pontos de prostituição.
Segundo Rodrigues
(1989, p. 46) os cortiços constituem:
“Habitações coletivas, em imóveis com pouca ou nenhuma
conservação, de idade média elevada, que proliferam nas áreas centrais. [...]
Os cortiços correspondem a uma das mais antigas formas de habitação das classes
populares.”
- Os jornais mais importantes da época eram: - Correio do Povo, Jornal do Comércio, A
Gazetinha, O Mercantil, e a Gazeta da Tarde (PESAVENTO, 2001, p.
86).
- De acordo com Pesavento
(2001), as Casas de Cômodos se
caracterizavam por serem habitações precárias, insalubres, sem ar e ventilação,
a maioria das vezes sem esgoto e superlotadas.
- Em geral estas casas possuíam uma bica e um tanque para
uso comum.
O Inspetor
Em 1894, o governo criou o
cargo de ‘inspetor
de higiene’ que fiscalizava a salubridade destas casas de cômodo. Em
jornais da época encontravam-se os resultados destas visitas que dão uma idéia da
precariedade daquelas moradias.
- É provável que muitos destes meios de hospedagem fossem
lugares adaptados para tal fim e alugados, sendo talvez esta a explicação para
tantos nomes diferentes em um mesmo endereço. Além disto, é necessário que se
leve em conta que ocorreram várias mudanças na legislação e forma de tributação
de imóveis particulares e comerciais, muitas vezes modificando a maneira como
estes registros eram feitos. Da mesma forma, mudanças no traçado das ruas e
conseqüente modificação na numeração e nomes de ruas, podem ter contribuído
para a confusão de endereços e proprietários muitas vezes encontrada,
principalmente, nos livros de registros de impostos.
A partir de 1920, obtemos
registros das Casas de Cômodos,
porém sabemos que estas aparecem já no final do século XIX, conforme relatos
encontrados no livro “Uma outra cidade” (PESAVENTO, 2001).
Hotéis
Hotel del Siglo
Inaugurado por volta de 1870, o Hotel Del Siglo ou Hotel Siglo estava situado no local do Cine Teatro Guarany, na Rua dos Andradas.
- É assim descrito por Achylles Porto Alegre:
“Era ali na Praça da Alfândega, onde hoje
existem a casa de móveis J. Jamardo e o sobrado da “Previdência do Sul”, em
cujo pavimento térreo está instalado o “Cinema Guarany”.
- O Hotel Siglo, era um vasto e amplo edifício que tinha faces para a
Praça da Alfândega, ficava entre os sobrados onde estava estabelecida a Caixa
Econômica (edifício Abelheira), e que também servia de moradia à família de seu
gerente Afonso Coelho Borges e onde
muitos anos depois esteve o “Correio do Povo”.
- No livro “Porto Alegre. Crônicas da minha cidade”, Sanhudo o descreve como “o hotel da
época”, um “casarão formidável” que abrigava os mais importantes
visitantes da capital.
Hotel de France
- Localizado na esquina da atual Avenida Borges de Medeiros
com rua dos Andradas, onde hoje está o Edifício
Missões, outro reduto de figuras eminentes, principalmente políticos. As
informações a respeito são escassas, mas sabe-se que pertencia ao Sr. João Pedro Bourdette, que mais tarde
participou da fundação do Grande Hotel.
- O edifício de três andares destacava-se de seus vizinhos,
o prédio de um pavimento da Livraria do
Globo e o sobrado de Germano
Petersen Júnior, no térreo do qual ficava a alfaiataria da família,
considerada um “ninho
de politicalha”.
- A parte de baixo do edifício era ocupada pela agência da Singer e por um restaurante e, os dois
pavimentos superiores, pelo hotel, que se anunciava com os seguintes dizeres:
“Estabelecimento de primeira ordem, situado
no melhor ponto da capital. Grandes salas para famílias. Quartos para banhos
mornos e de chuva. Serviço culinário com todo o asseio e esmero. Encomendas
para fora. Banquetes, almoços e jantares particulares”.
Hotel Lagache
- O Sr. João Pedro
Bourdette associou-se, anos depois, a seu genro, Sr. Cristino Cuervo, com o qual tornou-se proprietário do Hotel Lagache, fundado por Gustavo Maynard e situado à Rua
Marechal Floriano.
Em 1929, o Hotel Lagache, que um anúncio descrevia
como:
“Situado no melhor ponto da capital – água corrente na
maior parte dos quartos – ótimas salas para banquetes – salas reservadas para
Exmas”.
- Famílias – “Explêndido jardim de inverno”, tudo isso ao
alcance do telefone 4920.
Hotel Brazil
- Nos primeiros anos deste século, no intuito de estenderem
suas atividades, os sócios desfizeram-se do Hotel Lagache e adquiriram o Hotel
Brasil, situado em um antigo prédio na Praça da Alfândega, onde hoje
encontra-se a sede do Clube do Comércio.
Hotel Brazil
- Remodelado, o hotel foi ligado por uma passagem interna ao
edifício pertencente ao antigo Ginásio
São Pedro, situado à Rua General Câmara, próximo à Riachuelo.
Grande Hotel
Em 1908, o Hotel Brasil passou a denominar-se Grande Hotel e já então hospedava
pessoas ilustres e políticos importantes.
- Decorridos alguns anos, os edifícios interligados não mais
preenchiam seus fins, e o Sr. Cristino
Cuervo, sucessor do sogro João Pedro
Bourdette na direção geral do estabelecimento, lançou-se à construção de um
moderno edifício, próprio para a função hoteleira, em terreno na esquina da Rua
da Praia com a Rua Payssandu (atual Caldas Júnior).
Em 1916, as obras do edifício
iniciaram, a cargo do construtor Francisco
Tomatis e fiscalizada pelo engenheiro Viberbo
de Carvalho.
- O edifício tinha planta composta por duas alas ligadas nas
extremidades por um bloco com sanitários, corredor e escada de serviços,
formando a figura de meia cruz suástica. Tal geometria permitia a criação de um
pátio interno voltado para os fundos e a adaptação do edifício a um sobrado
existente exatamente na esquina. Uma das alas tinha frente para a Rua da Praia,
para onde se abriam sete aposentos do pavimento-tipo, e outra para a Rua Payssandu,
com quatro aposentos. Sanitários e demais dormitórios, menos privilegiados,
voltavam-se ou para o pátio ou para as divisas laterais.
- Dos 20
quartos existentes por pavimento, apenas três contavam com banheiro privativo.
O acesso principal dava-se por amplo e requintado lobby, em frente à Praça da
Alfândega, e a majestosa escada, com dois elevadores laterais, conduzia a um
corredor bastante complexo, em zigue-zague e com uma bifurcação na ala da
Payssandu, ora interno, com células de ambos os lados, ora externo, voltado
para o pátio. Tal complexidade era determinada pela localização excêntrica da
circulação vertical em uma das alas.
- O edifício eclético, de fachada profusamente decorada,
tinha base comercial e era encimado por frontões que marcavam a hierarquia
entre ala de acesso – Rua da Praia – e ala lateral – Rua Payssandu. Todos os
aposentos frontais abriam-se para varandas que podiam ser individuais ou
uni-los em grupos de dois ou três, sendo que a comunicação interna entre
células permitia a ocupação por grupos maiores, muitas vezes famílias
residentes no hotel.
- O prédio, conforme os paradigmas da época, se inseria
perfeitamente no tecido urbano. Fazia, inicialmente, divisa com edifícios mais
baixos, de dois a quatro andares.
- Na ala de acesso, em virtude da privilegiada vista da
Praça da Alfândega e da afamada Rua da Praia, situavam-se os melhores quartos,
favorecidos também pela orientação norte, protegida por varandas. A face
voltada para a Rua Payssandu tinha insolação oeste, problemática nos dias de
verão.
Em 1918, as obras terminaram,
em uma Porto Alegre
que não chegara ainda a 200 mil habitantes, concretizando o sonho do imigrante
francês João Pedro Bourdette e seu
genro Cristino Cuervo.
Nota:
- Os dois empresários, no entanto, não viveram o suficiente
para ver a venda do seu patrimônio.
Personalidades
- Talvez não tenha havido construção mais intimamente ligada
à história política dos gaúchos e ao seu “grand monde” da capital do que o Grande Hotel, na Rua dos Andradas,
esquina com a Caldas Júnior, a antiga Rua Payssandu, local onde hoje é o
Shopping Rua da Praia.
- Considerado a mais tradicional, prestigiosa e sofisticada
casa hoteleira de Porto Alegre. Em seus apartamentos se hospedaram poderosos
políticos brasileiros, diplomatas, influentes empresários e personalidades do
mundo das artes e dos esportes. O Marechal
Hermes da Fonseca, pouco antes de ser eleito presidente da república, o grande
senador Pinheiro Machado, Assis Brasil, Flores da Cunha, Getúlio
Vargas, Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, Raul Pila, Salgado Filho,
o general norte-americano Mark Clark,
o Marechal Cândido Rondon.
- Segundo Dante de
Laytano, o Grande Hotel era a
sede não oficial de todos os partidos políticos e vários lideres ali residiam,
assim como famílias de genealogia imponente não admitiam morar noutro lugar
(CARNEIRO, 1992).
Belle Epóque
- Em seus salões aconteciam os banquetes mais elegantes, as
festas mais concorridas, as jogatinas profissionais, flertes, brigas,
luas-de-mel e encontros amorosos.
- Muitas famílias ricas e estudantes abastados ali moravam
de forma permanente. Símbolo da Belle
Epóque porto-alegrense, das suas janelas e sacadas assistia-se o
“footing”
de uma Rua da Praia ainda glamourosa, com seus restaurantes, cafés, cinemas,
lojas finas e homens e mulheres elegantemente trajados.
Em 1923, foi nas dependências
do Grande Hotel (a sede informal de
todos os partidos políticos) que se estabeleceram as premissas para a
pacificação do Rio Grande do Sul do Movimento
de 23.
Em 1927, ocorre a primeira
ampliação, assinada por Carlos Sylla,
e a ala lateral é acrescida de mais 11
dormitórios por pavimento.
Em 1928, com a incorporação
do lote de esquina, o hotel adquire aquela que seria a sua forma final, um “L” perfeito, com 38
quartos por pavimento e quatro poços de iluminação e ventilação.
Supõe-se que a idéia de ocupação de esquina era originalmente prevista, pois o
arranjo inicial da planta baixa possibilitava facilmente as expansões
posteriores. Uma perspectiva do edifício, provavelmente anterior à construção, confirmaria
tal hipótese. Percebe-se que a sua configuração final, anos mais tarde à sua
concepção, toma contornos mais “modernos”, com a supressão dos frontões e sua
substituição por um coroamento mais contínuo e simplificado. O torreão de
esquina, com varandas arredondadas e cúpulas superiores, embasado por grandes
colunas e uma porta que poderia ser de acesso principal, dá lugar a uma aresta
arredondada, mas cega, com a mesma altura do resto do edifício.
- O Grande Hotel
depois de completo possuía 180
salas para diversos fins, e instalações para receber 250 hóspedes, com equipamentos em sua maioria importados,
de alto luxo e requinte.
- As louças e cutelaria eram finíssimas, todas de
procedência estrangeira, inclusive um raríssimo serviço de banquete de Limoges,
de grande valor artístico cuja fabricação há muito havia sido suspensa.
Em 1930, no Grande Hotel se arquitetou o plano para
a Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao Catete e sepultou a
República Velha.
- Flores da Cunha,
Oswaldo Aranha, Maurício Cardoso e outros revolucionários eram hóspedes fiéis do
hotel, que se tornou uma espécie de quartel-general da conspiração e testemunha
de inúmeros incidentes a ela relacionados.
Dante de Laytano
assim o descreve:
“O Grande Hotel era a sede não oficial de
todos os partidos políticos. Seus líderes residiam ali. Era status. Banquetes,
festas oficiais, cerimônias sociais. (...) O tumulto, as brigas, a repressão, a
agitação que naturalmente ficavam sempre ao lado das moças bonitas a desfilarem
pelas calçadas e a rapaziada no meio da rua, defronte ao cordão do meio-fio. A
belle époque, o chapéu das senhoras, as luvas, a elegância de uma sociedade
burguesa, etc. e tal”.
- Depois do falecimento de Sr. Cristiano Cuervo, sucederam-no na direção do hotel seus filhos Pedro, José e Luiz Cuervo
(CORREIO do Povo, 14/05/1967, p.16).
A
Mudança de Ramo
Em 1956, os três filhos de Cristino Cuervo é que dirigiam o
negócio.
Em meados de 1956, naquela
que foi considerada uma das maiores transações imobiliárias de Porto Alegre, o
prédio foi vendido ao Grêmio Beneficente
dos Oficiais do Exército – GBOEX, e rebatizado com o nome de Edifício General Mallet, militar
brasileiro nascido na França, patrono da arma de artilharia.
Até o início de 1957, o Grande Hotel funcionou, quando foi
entregue aos novos proprietários, que o readaptaram para fins comerciais.
- Até essa época a construção, com três alas e sete andares,
contava com 180 salas e
capacidade para receber até 250
hóspedes individuais, que pagavam caro para desfrutar de finíssimas louças e
talheres importados e comer e beber do bom e do melhor.
O
Incêndio
Em 13 de maio de 1967, sábado,
final da tarde, quando a Porto Alegre de 800 mil habitantes dançava ao som da Jovem Guarda e dois dias após a
violenta repressão policial a um protesto de estudantes contra o regime militar
(eles foram espancados até mesmo dentro da Catedral Metropolitana), nesse dia,
data da Abolição da Escravatura no Brasil, véspera do Dia das Mães, um incêndio
de grandes proporções iniciou no quinto andar do Edifício Mallet.
- As chamas se propagaram com tal força e rapidez que muitos
clientes do tradicional Salão Cruzeiro
fugiram com metade da barba por fazer e o cabelo só em parte cortado.
- Eram 18h30 min,
caía a noite e os bombeiros demoraram a chegar – quando isso aconteceu a água
dos raros hidrantes mostrou-se com pouca força e foi necessário buscá-la no rio
Guaíba.
- Dada a intensidade das chamas e dos jatos das mangueiras
temia-se que todo o velho prédio viesse abaixo. Também as fagulhas que se
espalharam geraram o temor de novos focos. Felizmente nenhuma construção
vizinha foi atingida e as grossas paredes de tijolos mantiveram-se de pé.
- Felizmente os Bombeiros
haviam conseguido isolar a tempo os laboratórios onde estavam depositadas
grandes quantidades de ácidos e produtos inflamáveis – atingidos pelo fogo, a
explosão seria monumental e de consequências imprevisíveis.
- Às 23h30 min
o incêndio já estava praticamente dominado.
Prejuízos
e Desempregados
- No coração da cidade, com sua bela e histórica fachada, o
Mallet era um importante centro comercial da capital gaúcha. Grande número de
profissionais liberais, entidades de classe e representações comerciais
operavam em suas salas.
- No último pavimento estava o Círculo Militar de Porto Alegre e no andar térreo localizava-se a
nova Farmácia do GBOEx, o Salão Cruzeiro, a Livraria Jackson, o escritório dos municípios gaúchos e a agência Radional.
- Com o sinistro de maio criou-se também um problema social
e trabalhista. Dezenas de homens e mulheres perderam seus empregos e rendas,
milhares de papéis, contratos e documentos importantes foram destruídos e
vultosos prejuízos de equipamentos e máquinas não puderam ser cobertos pelo
seguro – o do prédio como um todo era igualmente irrisório. Os funcionários do
tradicional Salão Cruzeiro, por
exemplo, trabalhavam como diaristas e passaram os dias seguintes procurando
colocação em outras barbearias. Por sua
vez os empregados em pequenas firmas pouca esperança tinham de uma possível
indenização já que seus patrões também haviam perdido tudo.
- Não só humildes empregados como instituições e nomes
conhecidos da vida de Porto Alegre, inquilinos do prédio incendiado, viveram
dias angustiosos naquele outono de 1967. A relação fornecida pelo próprio GBOEx
incluía o advogado José Henrique
Mariante (o delegado que acudiu durante o incêndio da Casa de Correção,
doze anos antes) o também advogado, jornalista e vereador Alberto André, o político João
Brusa Neto, o jornalista e colunista esportivo Cid Pinheiro Cabral, o ex centro-avante do Grêmio Rubens Mostardeiro Torelly.
- Também tinham endereço no Edifício Mallet a diretoria regional dos Correios e Telégrafos, a
Editora Mérito, a Agência Marítima Interamericana, a Companhia Rádio
Internacional do Brasil, o Banco Ítalo Belga, a União Gaúcha dos Estudantes
Secundários, o Centro de Confraternização Jaguarense, Associação dos
Licenciados do Rio Grande do Sul, o Centro Itaquiense, a Federação Gaúcha de
Futebol de Salão, Dioni York Bado, Livraria Ibal, Centro dos Oficiais
Administrativos do Estado, Territorial Vale do Araguaia.
- Especialmente prejudicados ficaram os segurados do
Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos ,
IAPFESP, um dos principais órgãos de
assistência social brasileiro e cujos fichários locais haviam sido totalmente
consumidos pelo fogo. Com eles desapareceram a história clínica de milhares de
pacientes, além de equipamentos de radiologia, fisioterapia, odontologia, raio
X, entre outros.
O Fim Melancólico
- Chegara ao fim o outrora reduto de políticos, fazendeiros,
homens de negócios; anfitrião de atrizes das companhias teatrais, jogadores
profissionais e estudantes abastados; moradia de famílias ricas e de genealogia
imponente.
Majestic Hotel
- O prédio do Hotel
Majestic foi fruto da ousadia empresarial de Horácio Carvalho.
A proposta inicial consistia num edifício com térreo, mais
cinco pavimentos e duas alas, uma de cada lado da travessa, ligadas por
passarelas suspensas.
Horácio
Carvalho
- Horácio Carvalho.
(Alegrete, 1860 – Porto Alegre, 1938) tornou-se um comerciante de sucesso,
antes mesmo dos 1940 anos.
- Depois de trazer sal e açúcar do Nordeste, adotou novos
empreendimentos, como a importação de cimento e ferro da Alemanha, de outros
materiais de construção, além de continuar com os negócios de origem.
- Ele comprou, então, extensos terrenos à beira do Guaíba,
onde mandou construir trapiches, para ali atracarem navios. Construiu, também,
armazéns que tomavam parte da Rua Sete de Setembro, da Rua Júlio de Castilhos e
da Siqueira Campos. Em suas viagens à Europa, encantou-se com o bom gosto e a
solidez dos prédios que estavam sendo construídos. Como queria, além de sua
vida de empresário, revolucionar também a arquitetura da cidade, estendeu sua
audácia, desejando um prédio que se destacasse entre os demais, e que fosse
reconhecido e identificado ao primeiro olhar.
- A potencialidade do setor foi percebida pelo empresário Horácio de Carvalho, homem ligado ao
ramo da importação e exportação,
- Horácio Carvalho
encontrou no jovem arquiteto alemão Theodor
Alexander Josef Wiederspahn, o profissional reconhecido, com visão e
estilo, que não tinha receio de utilizar novas ideias.
O
Arquiteto
Em 1910, Theo Wiederspahn, arquiteto, nascido em Wiesbaden, Alemanha, morando
no Brasil desde 1908. Em
Porto Alegre projetou a Delegacia
Fiscal (atual MARGS), Correios e
Telégrafos (atual Memorial do Rio Grande do Sul), Secretaria da Fazenda, Edifício
Ely (atual Tumelero), Cervejaria
Bopp (depois Brahma, atual Shopping Total) e muitos outros prédios e
residências que marcaram época, era empregado de uma grande construtora.
Em 27 de maio de 1913, os
trâmites da construção começaram por intermédio do processo 1352/13, entrou na
Intendência Municipal (Prefeitura) com um pedido de licença para pagamento de
impostos referentes à construção do edifício do futuro hotel.
- A seguir, o Sr. Horácio
Carvalho contratou a firma do engenheiro Rudolf Ahrons, ficando o projeto a cargo de seu mais importante
funcionário Theodor Wiederspahn, arquiteto.
- O prédio seria implantado num terreno à Rua da Praia,
entre as atuais ruas João Manoel e Bento Martins, e cortado pela Travessa
Araújo Ribeiro.
- O projeto de Theo
era belo, novo, impressionante: - dois blocos de cinco andares, separados pela
Travessa Araújo Ribeiro e ligados por cima desta, a partir do segundo andar,
por passarelas vazadas e sustentadas por pilares.
- Primeiro grande edifício de Porto Alegre em que se
utilizou concreto armado, foi concebido para ocupar os dois lados da Travessa
Araújo Ribeiro. Interligando a construção, grandes passarelas, embasadas por
arcadas e, contendo terraços, sacadas e colunas.
- O projeto do hotel foi considerado muito ousado para a
cidade, pois a idéia das passarelas suspensas sobre a via pública era inédita
por aqui.
- O início da Primeira
Guerra Mundial atrapalhou.
Em 1916, iniciaram as obras
do Hotel Majestic.
O
Embargo
- A execução da obra é embargada pelo então Presidente do
Estado, Borges de Medeiros, que
alegava o alto risco estrutural apresentado pelas passarelas. Foi construída,
assim, apenas a ala oeste do edifício, com quatro pavimentos e 150 quartos.
Em 1918, é concluindo a
primeira parte do edifício, inicialmente administrado por Horácio de Carvalho, passa a funcionar como pensão de boa categoria
e abrigar, no salão térreo, a Companhia
Sulford de Veículos.
Em 1923, o prédio foi
arrendado para aos irmãos espanhóis Jayme,
Domingos, Ramon e Pedro Masgrau da
empresa Masgrau Irmãos e Cia., que
lhe deram o nome de Majestic Hotel.
- A administração da parte hoteleira ficou a cargo dos
irmãos, e Horacio Carvalho não tinha
ingerência sobre ela.
- A vida do Hotel
Majestic iniciou realmente neste ano, com o arrendamento do prédio, aos
imigrantes espanhóis que estabeleceram-se no Brasil e ligaram-se ao ramo da
importação e exportação.
- O hotel foi totalmente reequipado na sua parte interna,
tendo sido renovado o mobiliário, cortinas, serviços de mesa, e decoração. Os
quartos e os ambientes foram re-decorados pela firma Gerdau dando-lhes um impulso e vida nova.
De acordo com Silva (1992)
o ambiente do hotel “era sóbrio, elegante e agradável”.
- O hotel transformou-se em um marco histórico no
desenvolvimento e modernização de Porto Alegre, com uma localização
privilegiada, quase às margens do Guaíba que, na época, ia até onde atualmente
é a Avenida Mauá.
- Um trapiche trazia diretamente os hóspedes ao Hotel.
A partir da década de 1920, o
Hotel Majestic, Bem freqüentado -
famílias do interior que traziam os filhos para estudar na capital, casais de
bom poder aquisitivo que ali estabeleciam residência, militares e algumas
figuras importantes da política e das artes, o Majestic começa a sua fase áurea e passa a ser o principal
concorrente do Grande Hotel, que,
sem dúvida, absorvia a clientela mais proeminente, quando Porto Alegre, com
pouco mais de cem mil habitantes, sofre processo de desenvolvimento econômico
conseqüente à chegada de grande contingente de imigrantes europeus.
- Os novos donos do poder, provenientes do sistema
pecuarista-latifundiário, adotavam uma orientação que tendia à modernização do
aparato estatal e dos meios de produção, incentivando a ascensão de uma
burguesia urbana que conseguira acumular imensos capitais à custa de
agricultores educados em seculares relações de submissão. Esses capitais
permitiram a estruturação de uma sólida rede bancária que financiava a
instalação de numerosas fábricas e um desenvolvimento econômico e social
inéditos em Porto Alegre.
Em 1926, foi projetada a ala
leste, a segunda parte do projeto, estando localizado, na Rua da Praia, número
54.
Em 1927, por influência do
Intendente Municipal (Prefeito) Dr. Otávio
Rocha, o Presidente do Estado (Governador) Sr. Borges de Medeiros concede licença para a continuação das obras do
hotel.
Em 1929, depois da obra
terminada, constitui-se no maior hotel da cidade com 300 quartos e 310
banheiros, todos com luz e ar diretos, alguns apartamentos especiais
para famílias, salão de refeições de 1125m², funcionando no quinto andar,
permitia acomodação para 600 pessoas.
- O Majestic foi
classificado como um hotel modelo e confortável, e foi um marco histórico no
desenvolvimento e modernização da cidade. Por ficar nas margens do Guaíba que
naquela época ia até a Avenida Mauá, possuía um trapiche que trazia os hóspedes
diretamente ao hotel.
Em 1933, o Majestic possuía sete pavimentos na ala
leste e cinco na ala oeste. O projeto concebido pelo arquiteto Theodor Wiederspahn, com passarelas
suspensas, arcadas para embasamento das passarelas, sacadas, terraços e colunas
foi considerado ousado naquela época, foi também o primeiro edifício onde se
utilizou o ‘concreto
armado’.
Interação
de Alas
- A nova ala, a leste, era composta de seis pavimentos,
produzindo uma assimetria no edifício que, apesar de indesejada, acabou sendo
definitiva. Destacava-se de seus vizinhos, casas residenciais e comerciais
baixas, não só pelo porte, mas também pela originalidade morfológica -
passarelas suspensas, sacadas internas, grandes cúpulas superiores - e pela
imponência eclética, com adornos altamente decorativos.
- Sua linguagem inspirada nos moldes do século XIX,
escondia, entretanto, uma técnica construtiva avançada, transição da arquitetura
de paredes auto-portante para a de estrutura independente. Possuía caixa
externa portante, sem pilares internos, mas com lajes e vigas de concreto
armado. Os grandes espaços, formando um sistema de pórticos, foram repartidos
originalmente por alvenaria leve e estuque.
- O térreo era comercial e os acessos ao hotel davam-se pela
Travessa Araújo Ribeiro, bem no centro de cada ala, sob as passarelas centrais.
O requintado lobby, de pé-direito alto e marcado por duas grandes colunas
revestidas de mármore, tinha ao fundo a escada e os elevadores que
desembocavam, a cada pavimento, em um amplo saguão frontal à passarela central,
que servia como espaço de convívio. Formavam-se, desta forma, dois tipos de
percurso dentro do hotel: um transversal-vertical, amplo, semi-público, ligando
lobby, saguões, passarelas e salas coletivas do último andar; outro
longitudinal-horizontal, contido, reservado, através dos corredores de ligação
das células habitacionais.
As
Passarelas de Ligação
- O percurso transversal-vertical proporcionava um
interessante jogo entre espaços internos, externos, públicos e privados: num
extremo estava a travessa, espaço aberto que permitia o encontro entre hóspedes
e passantes; no meio do percurso estavam as salas de estar, ora protegidas por
paredes, ora na forma de grandes varandas abertas ao exterior, próprias para
encontros entre hóspedes; no extremo superior ficavam restaurante e salão de
baile, onde aconteciam eventos sociais que reuniam os membros mais seletos da
comunidade porto-alegrense.
- O percurso longitudinal-horizontal, introvertido,
caracterizava o movimento no pavimento-tipo, em fita dupla, com células
habitacionais voltadas para a travessa e serviços de apoio, sanitários
coletivos e circulação vertical ao longo das divisas, recortadas por quatro
estreitos poços. A disposição das células permitia sua iluminação e ventilação
direta, o que constituía exceção numa época em que os quartos de hotéis eram
climatizados, em grande parte, através de poços internos.
O
Espaço
- A verdadeira chave do projeto era, sem dúvida, a travessa
Araújo Ribeiro. Ao incorporá-la ao hotel, Theo
Wiederspahn criou um espaço ao mesmo tempo aberto e contido, com zonas de
expansão e retração, com alternância de alturas e luminosidade; nem tão privado
que constituísse uma barreira aos passantes, mas nem tão público que não
funcionasse como filtro aos transeuntes da cidade. Sua escala era agradável. As
varandas privadas conferiam-lhe um ar familiar, de vizinhança; as passarelas e
cúpulas davam-lhe “monumentalidade”.
- Era o “coração” do hotel, seu centro de convívio e
integração.
Os anos 1930 e 1940, no
apogeu do Majestic, Porto Alegre
dispunha de muitos atrativos, várias companhias de revista por aqui
transitavam, seguindo depois para Montevideo e Buenos Aires.
- O ambiente sofisticado, com mármores portugueses nas
escadarias e nos pisos, os gradis das sacadas, a refinada cozinha e a orquestra
tocando todas as noites atraíram hóspedes ilustres, como: - Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, João Neves
da Fontoura, Lindolfo Collor e João Goulart, ou artistas como Francisco Alves, na época o maior
cantor do Brasil, e a vedete Virgínia
Lane, a preferida do Presidente Getúlio Vargas.
O
Declínio
No final dos anos 1940, marcaram
o início do declínio do Majestic Hotel,
que tem sua fisionomia gradativamente alterada.
O
caso de uma Época
Nos anos 1950, iniciou-se o
processo de desgaste do hotel. A nova administração passou a não selecionar os
hóspedes e logo as pessoas de alto poder aquisitivo ou prestígio foram
substituídas por caixeiros-viajantes.
- O período denominado de "desenvolvimentista" não
foi bom para o Majestic, que, vítima
da desfiguração que atingiu o centro da maioria das cidades, ainda sofria a
concorrência de novos hotéis, com instalações mais modernas e amplas.
- Além de tudo, a antiga localização, antes privilegiada,
agora era problemática. As elites saíram do centro e foram instalar-se em
bairros diferenciados. O centro tornou-se local de serviços diurnos, com um
comércio agitado que fechava suas portas à noite, quando a Rua dos Andradas
transformava-se em local perigoso. As pessoas não viajavam mais nos vapores, o muro
da Mauá impedia o acesso livre ao porto e a construção da nova rodoviária
proporcionara o surgimento de vários hotéis a sua volta.
Na década de 1960, após
sucessivas mudanças administrativas, passou a não selecionar os hóspedes e logo
as pessoas de alto poder aquisitivo ou prestígio foram substituídas por
lutadores de "cath"
e luta livre que substituíram antigos hóspedes, além de solteiros, viúvos,
boêmios e poetas solitários como Mario
Quintana, que ali hospedou-se de 1968 a 1980, o tradicional estabelecimento
passa a funcionar como uma espécie de pensão mensalista, lar de antigos
clientes, pequenos funcionários, aposentados, idosos.
- Ao final, dos 300
quartos, passou a ter funcionando pouco menos de 100.
Na década de 1970, o edifício
foi posto à venda, em dez anos, apenas dois interessados surgiram, os quais
desanimaram frente às reais condições do prédio.
Da pressão popular
surge uma Casa de Cultura.
No final dos anos 1970,
surgiu toda uma discussão entre a população sobre nosso patrimônio cultural.
Uma das conseqüências foi a realização de um levantamento dos prédios antigos,
com o fim de resgatar e preservar sua arquitetura.
- A humanização da área central da cidade também entrou na
discussão e vários prédios foram tombados pelos órgãos do patrimônio histórico.
Em 1980, foi anunciado e realizado
um leilão com os móveis e utensílios do Hotel
Majestic, que hoje encontram-se dispersos e em mãos de particulares.
Em julho de 1980, o prédio
foi adquirido pelo Banrisul – Banco
do Estado do Rio Grande do Sul, no governo Amaral
de Souza. O negócio foi feito para que o governo do Estado pudesse
comprá-lo, já que não tinha verba suficiente para o valor real.
Em 29 de dezembro de 1982, o
governo do Estado adquiriu o Majestic
Hotel do Banrisul.
Em 1983, o Hotel Majestic é tombado pelo Patrimônio Histórico.
A partir de 1983, os
prefeitos, propuseram projetos para remodelar a área central e o Majestic foi lembrado nessa
movimentação da população pela valorização de sua história. Mas antes disso
muito se perdeu.
Em 1983, em seguida, o Majestic foi arrolado como prédio de
valor histórico e iniciada sua transformação em Casa de Cultura.
- No mesmo ano, através da lei 7803 de 08 de julho, recebeu
a denominação de Mário Quintana,
passando a fazer parte da Subsecretaria de Cultura do Estado.
Casa
de Cultura
De 1987 a 1990, a obra de
transformação física do Hotel em Casa de Cultura, entre elaboração do
projeto e construção, desenvolveu-se.
- O projeto arquitetônico foi assinado pelos arquitetos Flávio Kiefer e Joel Gorski, os quais tiveram o desafio de planejar 12.000 m2 de
área construída para a área cultural, em 1.540m2 de terreno.
Em 25 de setembro de 1990,
foi inaugurado como a Casa de Cultura
Mario Quintana, poeta gaúcho morador do Majestic no período de 1968 até 1980 (CARVALHO, 1994), em homengem
a seu famoso hóspede.
Moderno Hotel
- Para o lado da Estação Ferroviária, em plena Rua Voluntários
da Pátria, ficava o Moderno Hotel,
antigo Hotel Coliseu.
“Edifício de cimento armado, servido de elevador,
instalação de água corrente e luz directa em todos os quartos, cozinha de primeira
ordem, banhos quentes e frios”, tudo isso “exclusivamente para famílias”.
Grande Hotel Schmidt, situado na esquina da Rua dos Andradas com a
Rua Marechal Floriano.
Grande Hotel Schmidt.
Vista Rua Andradas com Marechal Floriano.
Vista Rua Andradas com Marechal Floriano.
Arquivo fotográfico da Faculdade de Arquitetura
da UFRGS.
Atualmente (2015)
Hotel e Pensão Schmidt , na Rua Voluntários da Pátria, mais
para o lado do Mercado Público,
ficava o Grande Hotel Schmidt, que,
entre outras virtudes, alardeava “um belíssimo e frondoso jardim”.
- Seu proprietário foi Frederico
Schmidt.
Guahyba Hotel, ficava na Rua Voluntários da Pátria, mais
próximo do Centro, aceitava pensionistas.
Hotel La Porta ,
na esquina da Rua dos Andradas com a Rua Uruguai.
Hotel Moritz, na Rua 7 de Setembro esquina Rua João Manoel.
Hotel Viena, na Rua dos Andradas com a Rua General Câmara,
são bons exemplos.
- Também junto à Praça da Alfândega, mas na esquina oposta,
em frente à antiga Confeitaria Colombo,
ficava o Hotel Viena, reduto de
intelectuais e artistas.
Hotel Nacional
- Localizado na Rua Sete de Setembro, na esquina com a Rua General João Manoel.
Em 1919, o prédio foi
projetado pelo arquiteto italiano Augusto
Sartori, a pedido do comerciante Guilherme
Alves.
- Erguido em estilo eclético, possuia seis pavimentos, cada
um deles decorado rica e diferentemente.
Na década de 1940, o Hotel Nacional entrou em decadência.
Em 1953, o prédio abrigou um
escritório de engenharia.
Em 1991, o antigo Hotel Nacional sofreu um incêndio que o
devastou enormemente, deixando somente a fachada e a torre de circulação.
Em 04 de junho de 2003, o
antigo Hotel Nacional foi tombado
pela prefeitura municipal, estando inscrito no Livro do Tombo n.° 64.
Em 2006, o Conselho Municipal
do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (COMPHAC) aprovou um estudo de
viabilidade urbanística para reformar e restaurar o imóvel, que receberá
financiamento do Projeto Monumenta.
- O projeto prevê a instalação de uma agência bancária no
térreo do prédio e de salas comerciais nos demais pavimentos.
Sendo restaurado (2015)
Hotel Carraro
Em 1924, é fundado pelos
proprietários da firma Amante Carraro e
Irmãos, o Hotel Carraro à Rua
Marechal Floriano, com Rua São Rafel (atual Alberto Bins).
Em 1935, o Hotel Carraro transfere-se para um
magnífico edifício em frente à Praça Otávio Rocha.
- Posteriormente o prédio foi utilizado pelas lojas de departamentos, Magazine Mesbla e Loja Manlec – Mega Store.
- O Preto Hotel ficava na Avenida Salgado Filho, próximo onde
hoje há uma sede da Brasil Telecom, junto à Avenida Borges de Medeiros.
Em 1949, teve um hospéde ilustre o arquiteto Oscar Niemeyer, em sua primeira visita a cidade para ser paraninfo em formandos de arquitetura, onde no halldeu entrevista ao jornal Correio do Povo.
Hotel Uruguai
Antigo Hotel Jung
De 1913 à 1914, é construído o
Antigo Hotel
Jung na Rua Voluntários da Pátria, o mais próximo da Praça XV ficava
na primeira quadra.
“Neste estabelecimento, as Exmas. Famílias encontrarão o
máximo conforto e segurança, pois que mantém um regulamento pelo qual prima o
respeito, a ordem e a moral. Dispõe de pessoal attencioso e habilitado, tanto
para a cosinha como para salão e serviços de quartos, sendo estes empregados
antigos do estabelecimento”, diz o anúncio da Guia Pública de Porto
Alegre – 1929.
- E acrescenta: - “Empregados do Hotel à disposição nas chegadas dos trens
e vapores”, para bem receber os fregueses para seus 125
quartos .
Novo Hotel Jung
Em 1931, o prédio foi projetado por Agnello Nilo de Lucca a serviço da Firma Azevedo Moura e Gertum
(OLIVEIRA, 2010).
- A edificação foi um dos marcos
do Modernismo da capital na década de 1930, sendo representante do estilo Art Déco com seus 10
andares, algo monumental para a época.
- O prédio de 10 pavimentos, na esquina da Avenida São Rafael (hoje Otávio Rocha) com a Praça XV de Novembro, era um dos mais altos da Capital à época.
- Com 120 quartos, vista para o rio Guaíba dos andares mais altos e todas as comodidades disponíveis na época de sua construção.
- O prédio de 10 pavimentos, na esquina da Avenida São Rafael (hoje Otávio Rocha) com a Praça XV de Novembro, era um dos mais altos da Capital à época.
Em 1932, o Edifício Frederico
Mentz sediou durante anos o segundo prédio do hotel, o antigo hotel muda
de endereço e é substituído pelo Novo Hotel
Jung.
- O moderno arranha-céu localizou-se no cruzamento da Praça
XV de Novembro, um dos pontos centrais mais movimentados da cidade.
Em 1934, ali se hospedou o vice-cônsul da Itália em São Paulo, Americo Gigli, ao chegar à cidade para assumir o consulado local.
Em 1935, o escritor e ativista político paulista Caio Prado Jr. esteve ali – onde, aliás, foi detido pela polícia gaúcha por sua atuação na Aliança Nacional Libertadora.
- Atualmente, o prédio abriga pequenas casas de comércio e escritórios.
City Hotel
Em 1950, inicia atividade o City Hotel, na Rua Dr. José Montaury, 20, Centro Histórico, e sua
famosa feijoada aos sábados, de uma época quando ainda transitavam os bondes, a televisão era
novidade, mensageiros levavam os recados e ligações telefônicas eram
solicitadas às telefonistas.
Entrada City Hotel
Umbú Hotel
- Situado na Avenida Farrapos, esquina Rua Barros Cassal, foi local de hóspedes do
interior do estado, tinha um excelente restaurante.
Em 2004, o prédio que foi a sede
do hotel foi fechado e abriga um projeto social para moradias populares do
governo do PT – Partido dos Trabalhadores.
- Na década de 2000, o empreendimento Umbu Hotel passou para outro edifício, do outro lado da Avenida Farrapos, próximo ao Viaduto da Conceição, no número, 45
Novo Umbu Hotel
Hotel de Conto
- Localizado na Avenida Farrapos, no bairro São João, na entrada da cidade, de propriedade de Ivo de Conto.
- Localizado na Avenida Farrapos, no bairro São João, na entrada da cidade, de propriedade de Ivo de Conto.
Hotel Lancaster
- O Edifício Alcaraz está localizado na Rua Andrade Neves com
a Travessa Acilino de Carvalho (também chamada de Rua 24 Horas).
Em 1930, o projeto foi
assinado pela dupla de arquitetos Saul Macchiavello e Antonio Rubio, O nome do prédio se deve ao seu antigo dono, Alexandre Alcaraz
(OLIVEIRA, 2010).
- O prédio foi construído em concreto armado e
apresentava elevadores, servindo como hotel desde o seu início.
- Atualmente o
local é utilizado pela empresa Hotel Lacaster.
De acordo com Oliveira (2010), o
local era visto como um marco da arquitetura moderna da capital com seu estilo
despojado.
Hotel Embaixador
Em 1963, é inaugurado o Hotel
Embaixador, referência de hotelaria em Porto Alegre.
Lobby
Hotel Everest Porto Alegre
- R. Duque de Caxias, 1357 - Centro Histórico, junto a escadaria do Viaduto Otávio Rocha.
Em 21 de maio de 1964, o Hotel Everest foi fundado por Alberto
Augusto Fett.
- O grupo conta com três hotéis, sendo que o primeiro é o Everest Porto Alegre, com 125
apartamentos, todos reformados e aptos a atender nas categorias, standard
executivo, luxo executivo, executivo.
Aos 50 anos - 2014
Plazinha
- Rua Senhor dos Passos, 154 – Centro Histórico
Criada em 1953, com a constituição de um grupo de
empresários da capital gaúcha liderado por João
Ernesto Schmidt, a Rede Plaza de
Hotéis, Resorts e SPAs.
Em 05 de agosto de 1958, começou a atuar no setor com a
inauguração do Plaza Porto Alegre Hotel,
conhecido como “Plazinha”.
- O hotel é tratado sempre com carinho e atenção pela
capital gaúcha, pelos seus milhares de clientes e pelos “viciados” em freqüentá-lo e é
um dos raros hotéis brasileiros que têm hóspedes cativos e até moradores
permanentes. Logo depois da inauguração, o Plazinha
ficou forte e se solidificou como o melhor hotel do Rio Grande do Sul.
- A rede sentiu que o caminho estava aberto para novas iniciativas empreendedoras, abrindo novos Hotéis e Resorts.
- A rede sentiu que o caminho estava aberto para novas iniciativas empreendedoras, abrindo novos Hotéis e Resorts.
- O Plazinha é o hotel
mais simpático da rede porque foi o primeiro, o mais respeitável e o mais
admirado. “É
por isso que sempre está novo, moderno, atualizado, com equipamentos de última
geração porque é clássico, forte e soberano”, garante a administração.
- O Plazinha era o hotel preferido dos artistas em turnê por Porto Alegre.
- Em um livro comemorativo, a Rede Plaza apresenta o médico como seu primeiro hóspede. Além de antigo, ele é um cliente fiel. Durante mais de meio século, hospedou-se lá. A última vez foi em março. Levava sempre uma santinha, que deixava na mesa de cabeceira. Quando a viam, os funcionários já sabiam que se tratava do "dr. Paulo" e caprichavam.
Em maio de 2015, o hotel carinhosamente conhecido como
Plazinha, inaugurado em 1958, hotel do centro de Porto Alegre encerrou as
atividades, tinha 152 amplos apartamentos, sete
suítes, restaurante, bar e salão de eventos. Obras de arte e móveis de design
refinado ornamentavam os andares.
- O ar-condicionado e o carrinho para levar malas importado da
Europa eram considerados diferenciais inovadores.
- Empresários, políticos e celebridades hospedavam-se lá durante estadas em Porto Alegre.
- Empresários, políticos e celebridades hospedavam-se lá durante estadas em Porto Alegre.
- A sociedade
local disputava o espaço para realizar festas. Era chique, mesmo para moradores
da Capital, passar lá a noite de núpcias.
- Rede Plaza interrompe serviços do Plazinha em reflexo ao
momento econômico
— Era o grande hotel da cidade, o de mais classe. Todos
tínhamos carinho pelo Plazinha.
Foi por causa desse passado glamouroso e das lembranças de
momentos marcantes que o fechamento do estabelecimento, na semana passada,
causou surpresa e consternação em muitos dos que o conheceram nos dias de
glória.
- Antes, tão bem-sucedido, que estimulou o mesmo grupo a fundar,
em 1973, o Plaza São Rafael, outro marco da hotelaria gaúcha, o velho Plaza
suspendeu as atividades assolado pela baixa ocupação.
- Segundo a empresa proprietária, a medida não é definitiva, e o espaço voltará a ser aberto, com um novo modelo de negócios.
- Segundo a empresa proprietária, a medida não é definitiva, e o espaço voltará a ser aberto, com um novo modelo de negócios.
Hotel mais elegante
- O quarto do Hotel Plaza onde o senador Pedro Simon passou a noite de núpcias debruçava suas janelas sobre a Rua Senhor dos Passos, no centro de Porto Alegre. O então deputado estadual do MDB e sua noiva, Tânia, haviam chegado havia pouco da cerimônia na igreja. Lá fora, a Praça Otávio Rocha ardia em convulsão.
Era a noite de 28 de junho de 1968, e a cidade vivenciava um levante contra a ditadura, marcado por quebra-quebra e confronto entre manifestantes e polícia. Do quarto, Simon ouvia pedidos de socorro e testemunhava cenas de violência. Em dado momento, não se conteve. Resolveu se juntar à multidão. Tânia se postou diante da porta:
- O quarto do Hotel Plaza onde o senador Pedro Simon passou a noite de núpcias debruçava suas janelas sobre a Rua Senhor dos Passos, no centro de Porto Alegre. O então deputado estadual do MDB e sua noiva, Tânia, haviam chegado havia pouco da cerimônia na igreja. Lá fora, a Praça Otávio Rocha ardia em convulsão.
Era a noite de 28 de junho de 1968, e a cidade vivenciava um levante contra a ditadura, marcado por quebra-quebra e confronto entre manifestantes e polícia. Do quarto, Simon ouvia pedidos de socorro e testemunhava cenas de violência. Em dado momento, não se conteve. Resolveu se juntar à multidão. Tânia se postou diante da porta:
— Daqui de dentro, tu não sais!
— Mas estão morrendo ali — argumentou Simon.
— Sabe o que vão dizer se tu fores? Vão dizer que tu és tão de política, tão de política, que até abandonou tua mulher na noite de núpcias.
Quase meio século depois, o ex-governador, ex-ministro e ex-senador relata o desfecho do episódio:
— Não fui.
- O Plaza era, quando Simon lá se hospedou, o hotel mais elegante e suntuoso da Capital.
Era top de linha
- Celia Ribeiro, colunista de ZH, costumava ir ao hotel para entrevistar artistas de passagem. Ela conta que o Plaza era importante ponto de encontro. No final da tarde, executivos e empresários reuniam-se no bar. Aos sábados, tornou-se famosa a feijoada do restaurante.
- Celia Ribeiro, colunista de ZH, costumava ir ao hotel para entrevistar artistas de passagem. Ela conta que o Plaza era importante ponto de encontro. No final da tarde, executivos e empresários reuniam-se no bar. Aos sábados, tornou-se famosa a feijoada do restaurante.
— Durante muitos anos, o Plazinha foi referência.
- Na interpretação de Celia e de outros observadores, o hotel
foi, de certa forma, vítima do próprio sucesso. Ao mostrar que havia espaço em
Porto Alegre para um hotel de classe, motivou a abertura do Plaza São Rafael.
O vizinho acabaria por ofuscá-lo
— Com a inauguração do São Rafael, surgiu o nome Plazinha.
Antes, era o Plaza. O diminutivo não deixava de ser pejorativo — diz Celia.
Espaço de camaradagem e arte
- Outro político com lembranças calorosas do hotel é o
ex-ministro da Educação Carlos Chiarelli. eleito senador em 1982, ele passou a
hospedar-se no estabelecimento durante suas vindas de Brasília. Costumava
chegar na noite de quinta ou na manhã de sexta, para passar o fim de semana. O
Plaza virou uma espécie de escritório, inclusive quando se tornou ministro, na
década de 1990. Durante anos, recebia nos salões do hotel correligionários,
deputados, prefeitos, líderes sindicais, empresários e jornalistas.
— Ali no Plaza nasceram muitas coisas. Era o interlocutor
dos interesses de várias áreas do Estado.
- Às 23h30min, ainda estava recebendo
gente no hotel. A equipe era fantástica, com um ambiente de camaradagem. As
telefonistas faziam um pouco o trabalho de secretárias. O Plazinha faz parte da
minha vida. A notícia do fechamento não me dá alegria — relata Chiarelli.
Um dos responsáveis pela elegância do hotel
Na década de 1970, o artista plástico Vitório Gheno, 90 anos, foi convidado a fazer a decoração do estabelecimento. Reformou o lobby, desenhou o restaurante, projetou móveis e espalhou obras de arte.
Na década de 1970, o artista plástico Vitório Gheno, 90 anos, foi convidado a fazer a decoração do estabelecimento. Reformou o lobby, desenhou o restaurante, projetou móveis e espalhou obras de arte.
— O Plazinha é um hotel com arte. Tem obras em todas as
unidades. Na minha opinião, é o esboço de um hotel-butique. O salão de estar
tem objetos e obras de arte com mobiliário contemporâneo, moderno e clássico.
Gosto muito de entrar no Plazinha. Agora tenho de conjugar no passado, porque,
para minha tristeza, o Plazinha fechou — registrou Gheno, em texto enviado a
ZH.
Primeiro hóspede é também considerado o cliente mais fiel
- Também recebeu a notícia do fechamento com pesar o médico de
Pelotas Paulo Crespo Ribeiro, 88 anos.
Em 1945, quando veio estudar Medicina na Capital, ele
instalou-se na Pensão Familiar Brasileira, que ficava na Senhor dos Passos.
Mais tarde, o Plaza foi erguido no mesmo lugar. Habituado à vizinhança, Ribeiro
passou a se hospedar lá.
- Em um livro comemorativo, a Rede Plaza apresenta o médico como seu primeiro hóspede. Além de antigo, ele é um cliente fiel. Durante mais de meio século, hospedou-se lá. A última vez foi em março. Levava sempre uma santinha, que deixava na mesa de cabeceira. Quando a viam, os funcionários já sabiam que se tratava do "dr. Paulo" e caprichavam.
Hotel Plaza São Rafael
Em 19 de abril de 1988, é inaugurado do outro lado da rua, o Centro de Convenções São José no lugar do antigo Colégio São José, ao lado da igreja São José, atualmente Centro de Eventos São Rafael.
Hotel Continental
Inaugurado em 1980, situado no centro de Porto Alegre, em frente ao Terminal Rodoviário Internacional e a 10 minutos do Aeroporto Internacional.
Largo
Vespasiano Julio Veppo 77, Centro
Porto
Alegre, RS, 90035-040, Brasil
+55
51 3433.1900 ou 3027.1900Inaugurado em 1980, situado no centro de Porto Alegre, em frente ao Terminal Rodoviário Internacional e a 10 minutos do Aeroporto Internacional.
- Possui 217 apartamentos com ar condicionado, frigobar, TV
a cabo, telefone.
Conta com Restaurante Internacional, Lobby bar, Room Service
24 horas, Piscina, Sala de Fitness, Centro de Eventos com capacidade para até
800 pessoas, Estacionamento.
Savoy Hotel Sheraton
- O Savoy Hotel localizado na Avenida Borges de Medeiros, 688, esquina Jerônimo Coelho, Centro Histórico, no inicio da escadaria do Viaduto Otávio Rocha.
Sheraton Hotel
Hotel Express
Sem o
requinte de tempos passados, os atuais Hotéis de negócios estão privados da
tranqüilidade e da elegância das antigas ruas centrais. Mais pragmáticos e
econômicos, substituem os grandes edifícios de esquina, os agradáveis Hotéis de
praça e misturam-se a uma massa de inexpressivos edifícios dispostos em meio a
um tecido heterogêneo, denso e intrincado.
Hotelaria e Turismo
Brasil - séculos XIX e XX
Na rota da evolução empreendida pelo Turismo nos séculos
anteriores, intensificaram-se no século XIX as viagens em busca de cultura,
recreação e negócios. Nesse período houve um contínuo processo de massificação
do turismo. A evolução dos meios de transporte tornou as viagens mais
acessíveis para outros segmentos da população que não a nobreza.
“Os trens eram sinônimo
de rapidez e elemento facilitador da atividade turística. Os navios exerciam
verdadeira atração sobre a população. Surge a classe média, com salários
melhores e maior possibilidade de gastos com entretenimento [...]”
(BADARÓ, 2005).
Os hotéis de melhor categoria começaram a surgir em antigas
mansões. Esta opção oferecia maior conforto, requinte e paisagem exuberante,
sem os inconvenientes da confusão das ruas e da falta de saneamento da cidade.
Os hotéis foram responsáveis pelo desenvolvimento do centro.
Além dos bondes, outros serviços de transporte coletivo de tração animal -
ônibus, gôndolas e tílburis - facilitavam a opção por hotéis.
Outras novidades competitivas eram aos poucos assimiladas no
atendimento ao turista no Brasil. Até meados do século 19, o simples ato de
banhar-se representou um desafio difícil para os hotéis que precisavam dar um
salto de qualidade. Muitos hotéis nem sequer possuíam quartos de banho. Os
hóspedes precisavam recorrer a casas de banho públicas, que também não eram
numerosas.
Uma grande novidade que fez a diferença nos melhores hotéis
por volta de 1880 foi o telefone. Dom Pedro II havia se surpreendido com essa
maravilhosa invenção na Exposição Internacional de Filadélfia, em 1877, e pouco
tempo depois os primeiros telefones estavam sendo fabricados no Brasil, para
serem instalados no palácio do Imperador. Sugestivamente, uma casa comercial
chamada "Ao Rei dos Mágicos" instalou a primeira rede telefônica do
país, interligando-se a várias repartições públicas na cidade. Somente com a
criação da CTB - Companhia Telefônica Brasileira, em 1881, o serviço ganhou
corpo. Mas o Brasil estava adiantado neste setor, em relação ao restante do
mundo.
Desde 1879 havia hotéis com telefone à disposição do
público, inicialmente apenas para solicitar transporte.
Outra inovação bastante alardeada foi a eletricidade. Os
avanços nessa área vieram por etapas. Primeiramente, o conforto de uma
campainha elétrica em todos os quartos, para o hóspede solicitar serviços sem
precisar ir até a recepção. Depois, a iluminação de alguns setores,
especialmente os de uso comum. Depois, os quartos. E, nos prédios altos, os
elevadores movidos a energia elétrica causavam admiração.
Além das novidades tecnológicas, a inserção dos hotéis na
vida social não somente conferiu notoriedade aos que souberam seguir esse
caminho, como colaborou para a transformação de costumes arraigados da antiga
sociedade colonial. Trazendo artistas de companhias estrangeiras para os palcos
portoalegrenses. A partir daí, os hotéis também se incorporaram aos
divertimentos da cidade. Começaram discretamente, exibindo bandas de música, e
em pouco tempo já promoviam os primeiros bailes carnavalescos em salões,
poupando os foliões de grosserias inconvenientes dos entrudos, nas ruas.
No Rio Grande do Sul, a cidade de Porto Alegre ganhou em
1870 o sofisticado Hotel del Siglo, localizado na Praça da Alfândega (Almanaque
Gaúcho, 2005).
Nessa época, nada foi mais impactante para o turismo no
Brasil do que a imigração, não apenas pela exigência de acomodações para os
imigrantes, mas também pela experiência que traziam nos serviços de hotelaria
europeu.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, de 1859 a 1875, o Governo
da Província registrou o número de 12.563 estrangeiros, das seguintes
nacionalidades: alemães (8.412), austríacos (1.452), italianos (729), franceses
(648), suíços (263) e outros (105).
O estímulo à industrialização no Brasil, provocado pela
Primeira Guerra Mundial, gerou um grande surto de desenvolvimento na região.
Mão-de-obra qualificada não faltava. A atividade fabril
desenhou um novo perfil urbano e econômico na cidade, que exigiu a ampliação de
toda a infra-estrutura da cidade, inclusive no setor da hotelaria.
Este cenário provocou também o surgimento de hotéis
luxuosos, destinados a abrigar os grandes fazendeiros, comerciantes, artistas e
os emergentes industriais.
A evolução nos serviços vinculados à hospedagem ajudou a
fomentar, na segunda metade do século XIX, o surgimento de hotéis de categoria,
funcionando em edifícios especialmente construídos para essa finalidade.
Essa geração de hotéis mudou a imagem que vigorava
anteriormente entre os visitantes estrangeiros, a respeito dos hotéis de Porto
Alegre.
Nos anos de 1920, a próspera capital portoalegrense vivia
uma Belle Epoque, com a inauguração de luxuosos hotéis e de imponentes
palacetes, em meio a um processo de embelezamento da cidade.
Nessa mesma época, em Porto Alegre, o glamour dos hotéis
notabilizou-se com o sucesso internacional influenciados pelo Hotel Ritz, de
Paris, considerado um marco na história da hotelaria mundial, apresentavam
inovações hoje triviais, como banheiro privativo em cada quarto e empregados
uniformizados.
Grandes alterações urbanas promovidas em Porto Alegre,
especialmente nas primeiras décadas do século XX, afetaram a localização e o
conceito arquitetônico dos novos hotéis. O alargamento de avenidas, a
verticalização e o uso intenso de automóveis traçaram perfis diferenciados nas
principais cidades do país.
Assim surgiram, principalmente na Europa, inúmeras empresas
de transporte aéreo. No Brasil, entretanto, a aviação comercial só ganharia
fôlego ao final dos anos 1920, primeiro em Porto Alegre.
Inaugurada em 1927, a Varig - Viação Aérea Riograndense
transportava seus passageiros nos hidroaviões Dornier Wal de nove lugares e um
Dornier Merkur, de seis lugares.
Com o fim da Segunda Guerra o avião passou a ser, em todo o
mundo, por excelência, um veículo essencial para o desenvolvimento do Turismo e
para o intercâmbio entre os povos.
Em 1949, na Europa, foi vendido o primeiro pacote de turismo
que utilizava o avião como transporte.
Em 1955, a Varig inaugurou sua linha Rio de Janeiro - Nova
Iorque, com os confortáveis Super Constellation. O transporte aéreo já se
consolidava como um fator de grande impulso para o Turismo doméstico e
internacional.
O crescimento do fluxo de turistas havia propiciado a
instalação de novos hotéis em várias capitais brasileiras, como Porto Alegre.
O turismo e a hotelaria sofreram um período de estagnação. A
febre imobiliária nas grandes cidades direcionou a maior parte dos
investimentos urbanos para a construção de prédios de escritórios e
residenciais.
Atenta à necessidade de dispor de um fórum próprio para
discutir soluções focadas no turismo, a Confederação Nacional do Comércio,
criou, em 1955, o Conselho de Turismo, um órgão de assessoramento que reúne
notáveis da hotelaria e da atividade turística nacional.
Neste mesmo ano, empresários do ramo de hospedagem e
alimentação uniram-se para fundar a Federação Nacional dos Hotéis, Restaurantes,
Bares e Similares.
Essa mobilização setorial acabou por despertar as
autoridades públicas do País que, em 1958, aprovaram a criação de um órgão
nacional responsável pela coordenação das atividades destinadas ao
desenvolvimento do turismo interno e externo: a Combratur, Comissão Brasileira
de Turismo (Decreto Federal nº 44.863).
No entanto, a crise ainda se arrastaria por mais alguns
anos. Em novembro de 1961, os problemas do setor eram apontados pelo presidente
do Conselho de Turismo da CNC, Corintho de Arruda Falcão, em reunião da
entidade:
“Falta-nos a
civilização de como receber o turista nos portos e aeroportos, nos quais cinco
ministérios diferentes entravam a entrada de nossos visitantes, com emprego de
métodos e processos obsoletos, já abandonados por todos os países do mundo.
[...] falta-nos civilização, quando se nota a inexistência de um grande parque
hoteleiro, condição sine qua non, para que recebamos hóspedes. Que melancolia,
sabermos que todos os apartamentos de classe turística, no Brasil, não atingem
o número de 10 mil, enquanto que a França possui 400 mil e a Espanha 280 mil”
(FALCÃO, 1961).
Apesar do contraste entre o mercado interno e o cenário
internacional, os anos 1960 trouxeram novas perspectivas para o Turismo
brasileiro. Novos empreendimentos hoteleiros entraram em cena, estimulados pelo
aquecimento da economia no período e pelos incentivos para investimentos oferecidos
pela Embratur, empresa estatal criada pelo Decreto-Lei 55, de 1966, com a
missão de formular, coordenar e fazer executar a Política Nacional do Turismo.
No início dos anos 1970, a hotelaria e o empresariado do setor
deram mostras de novo vigor.
A diversificação de serviços com perfil de luxo e o aumento
da profissionalização no setor foram fatores decisivos não apenas para a
promoção da hotelaria nacional, mas especialmente para o incremento da imagem
do Brasil como destino importante do turismo internacional.Referências:
Sílvia Leão graduou-se pela Faculdade de Arquitetura da
UFRGS, em 1982. De 1983 a 1994, lecionou na Faculdade de Arquitetura da
Universidade Federal de Santa Catarina. Em 1995, após concluir o curso de
mestrado no PROPAR-UFRGS, transferiu-se para a Faculdade de Arquitetura da
UFRGS, onde hoje atua como docente, pesquisadora e editora da revista ARQTexto.
Notas:
1. LEÃO, Sílvia. Arquitetura de hotéis: caso de Porto
alegre-RS. Porto Alegre, Departamento
de Arquitetura, 1998. Pesquisa.
2. LEÃO, Sílvia. Hotel: origens e formas atuais. Caso de
Florianópolis-SC. Porto Alegre, PROPAR-UFRGS, 1995. Dissertação de Mestrado.
3. O Professor Arquiteto
Günter Weimer forneceu os dados necessários ao acesso direto aos microfilmes da
Prefeitura de Porto Alegre.
4. O Professor Arquiteto
Carlos Azevedo Moura, devido a ligações familiares, cedeu fotos originais e inéditas do antigo Grande
Hotel.
5. SANHUDO, Ary Veiga. Porto
Alegre. Crônicas da minha cidade. Porto Alegre, Sulina, 1961. p. 89.
6. Id. ibid.
7. FORTINI, Archimedes. O passado através da fotografia. Porto Alegre, Grafipel, 1959. p. 58-60.
8. FOGO revive uma página da
história de Porto Alegre. Correio do Povo, Porto Alegre, 14 mai. 1967, s. n. p.
9. A repartição federal
atendia pela sigla IAPFESP. Em: FOGO revive (...), op. cit.
10. Grande Hotel, o maior
ponto de referência. Zero Hora, Porto
Alegre, 3 out. 1980. Caderno ZH, p.
IV-V.
11. LAYTANO, D. Uma pequena
introdução à história de um hotel. Zero
Hora, Porto Alegre, 3 out. 1980. Caderno
ZH, p. IV-V.
12. KIEFER, Flávio. Casa de Cultura Mário Quintana: a utopia
sobrevive. Projeto, São Paulo, n. 144,
p. 64-71, ago. 1991.
13. WEIMER, Günter. Theo Wiederspahn, arquiteto. Projeto, São Paulo, n. 80, p. 98-102, out.
1985.
14. Id. ibid.
15. Ainda em 1908 Wiederspahn
foi contratado pelo Escritório de Engenharia Rodolfo Ahrons, que foi a primeira
grande empresa construtora da cidade de Porto Alegre. Id. ibid.
16. Sabe-se, entretanto, que
o embargo deveu-se muito mais a divergências ideológicas existentes entre
Borges de Medeiros e Horácio Carvalho, que mantinha boas relações com a
comunidade alemã residente na cidade à época da I Guerra. Em: SILVA, Liana
Koslowsky. Majestic Hotel. Memórias de
um monumento. Porto Alegre, Movimento,
1992, p. 26 - 27.
17. SILVA, op. cit., p. 44 -
45.
18. Id. ibid., p. 52.
19. SILVA, Liana Koslowski da
& HENEMANN, Claudio. Breve histórico
do Hotel Majestic - hoje Casa de Cultura Mário Quintana. Arquivos da Casa de
Cultura Mário Quintana, datilografado,
p.2.
20. LOPEZ, Luiz Roberto. Porto Alegre e o Majestic. Mimeografado, out/1990.
21. O poeta Mário Quintana,
que deu nome à posterior Casa de Cultura,
instala-se no Majestic em 1968, residindo ali até 1980. SILVA, L. K.
Majestic Hotel. Memórias de um monumento, op. cit., p. 86 e 99.
22. Id. ibid., p. 73 - 134.
23. LEÃO, 1995, op. cit., p.
69-70.
24. Informação fornecida pelo
Professor Arquiteto Günter Weimer.
25. RIO GRANDE DO SUL. Imagem
da terra gaúcha. Major Morency do Couto
e Silva, Dr. Arthur Porto Pires e Léo Jerônimo Schidrovitz. Porto Alegre,
Cosmos, 1924, p. 618.
26. Id. ibid.
DREHER, Martha. Rua da Praia
de Antigamente. Correio do Povo. setembro de 1977. RODRIGUES, Arlete Moysés.
Moradia nas cidades brasileiras. São Paulo: Contexto, 1989
PORTO ALEGRE DE ONTEM .... ALGUNS
HOTÉIS DE PORTO ALEGRE por
Antonio Paulo Ribeiro
HOTELARIA EM PORTO ALEGRE
Carla Schlieper de Castilho, Naira de Oliveira Peroni
CARNEIRO, Luiz Carlos; PENNA,
Rejane. Porto Alegre - de Aldeia a Metrópole. Porto Alegre: Marsiaj Oliveira,
Oficina de História, 1992.
CARVALHO, Haroldo Loguercio.
A modernização em Porto
Alegre e a modernidade do Majestic Hotel.1994.. Dissertação
(mestrado em História) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 1994.
CORREIO DO POVO, 14/05/1967,
p. 16. NOAL FILHO, Valter Antonio;
FRANCO, Sérgio da Costa. Os
viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890. Santa Maria: Anaterra, 2004a. .Os
viajantes olham Porto Alegre: 1890-1941. Santa Maria: Anaterra, 2004b.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Uma
outra cidade: o mundo dos excluídos no final do século XIX. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2001.
RICHARDSON, Roberto Jarry et
al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
RODRIGUES, Arlete Moysés.
Moradia nas cidades brasileiras. São Paulo. Ed. Contexto, 1989.
SILVA, Liana Koslowsky.
Majestic Hotel: Memórias de um monumento. Porto Alegre: Ed. Movimento, 1992.
Fontes de pesquisa Imposto localizado / Imposto por valor locativo (códigos:
5.3.1.1.7.1 até 5.3.1.1.7.30). Arquivo Histórico Moisés Velinho. Imposto por
espécie. (códigos: 5.3.1.1.4/1 até 5.3.1.1.4/40). Arquivo Histórico Moisés
Velinho.
Page 16
CASTILHO, C. S.; PERONI, N.
O. Hotelaria em
Porto Alegre. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo. v.
2, n. 1, p. 4-19, mar. 2008
Wikimédia – Antigo Hotel
Nacional
Carvalho, Haroldo Loguercio.
A modernização em Porto
Alegre e a modernidade do Majestic Hotel.
Dissertação de Mestrado na
área de História do Brasil apresentada ao curso de pós-Graduação em História. PUCRS ,
Porto Alegre, 1994.
Silva, Liana Koslowsky.
Majestic Hotel: memórias de um monumento. Porto Alegre: Ed.Movimento, 1992.
Museus - duas décadas de
arquitetura. Casa de Cultura Mário Quintana. Suplemento técnico. Revista
Brasileira de Arquitetura, Planejamento, desenho industrial e construção.
s/data.
Fontes Disponíveis:
- Livros, jornais como O
Correio do Povo, Jornal do Comércio, Diário de Noticias, entre outros e também
em algumas revistas tais como a Revista do Globo, Máscara, Kodac, e outras que
foram encontradas na Biblioteca do Centro Universitário Metodista IPA,
Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul e no Instituto Histórico
Geográfico; jornais e fotos foram encontrados no Museu da Comunicação Hypólito
da Costa; informações foram coletadas nos livros de registros de impostos,
(imposto localizado, imposto por valor locativo e imposto por espécie), do
período de 1890 até 1933, que estão no Museu Histórico de Porto Alegre Moisés
Velhinho.
Também foram considerados
como fonte de pesquisa, relatos de familiares e amigos cujos antepassados, por
diversos motivos, residiram em pensões no período.
Excelente artigo, muito completo e recheado de informações. Obrigado pela coleta e pelo amplo estudo, usarei algumas informações em um trabalho sobre hotelaria.
ResponderExcluirGrande abraço,
Sensacional. Não tinha a menor ideia de como era a Hotelaria em poa nos anos 20 até agora. Parabéns.
ResponderExcluirSó faltou o hotel mais TOP da época...o UMBU HOTEL !
ResponderExcluirFaltou o Hotel Bruno na Voluntários da Pátria,239,moderno 769,Enfrente à Estação da Estrada de Ferro. Prop : Roberto Bruno Petzhold. Nas primeiras décadas do século XX. Gegenüber der Bahnstation !
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirÓtimo trabalho de pesquisa; li todo o texto que, infelizmente, teve a parte referente ao Hotel Continental "truncada" e a parte final sem informações, apenas com fotos. Creio que o texto foi "recortado" ou faltou "fôlego" do pesquisador para digitar e finalizar o texto. Mesmo assim, repito: foi um ótimo trabalho de pesquisa.
ResponderExcluirParabéns. Lindo trabalho.Muitas informações que merecem ter sido resgatadas e colocadas ao público.
ResponderExcluirestou interessada no Hotel Umbu. Nome do proprietário na época da fundação e qualquer coisa dos anos 60. tens alguma direção que eu possa seguir? no novo Hotel Umbu não há nada devido às diversas trocas de proprietários. Podes me dizer se havia serviços de contabilidade ou se os próprios hotéis que faziam registros de funcionários? eu busco um empregado do Hotel nos anos entre 1961 a 1965. não estou sabendo onde buscar. ele era estrangeiro então não me resolve os arquivos de nascimento do Arquivo Histórico.
Grata
Fantastico texto.....
ResponderExcluirAdorei a matéria e gostaria de perguntar......
ResponderExcluirHavia um prédio perto do viaduto da Conceição e lá encima, perto do telhado, dizia...WELP....
Era um hotel? Vocês têm alguma informação sobre isso?
Oi James, adorei tua matéria, parabéns!
ResponderExcluirGostaria de alguns dados sobre o Hotel Majestic. Gostaria de saber se podes me ajudar? Meu email ff_depaula@hotmail.com
Obrigada
Estou procurando dados do hotel glória, no centro de Porto alegre
ResponderExcluir